Agenda dos candidatos

BOM DIA MERCADO

Prosseguem nos EUA as negociações para incluir o Canadá no acordo comercial fechado com o México, que entusiasmou os mercados em NY e derrubou o dólar em escala global, contagiando positivamente os negócios no Brasil. Mas o risco de volatilidade permanece com o cenário eleitoral. Sem pesquisa hoje, Bolsonaro está no foco, com julgamento de denúncia no STF e entrevista à noite no JN, um batismo de fogo para o candidato.

A longa e improdutiva carreira como deputado e o conhecimento superficial dos assuntos nacionais também devem ser explorados, com o risco de a TV Globo colar nele o carimbo de despreparado para o cargo.

... Por outro lado, com pouquíssimo tempo na televisão, o JN pode ser a grande chance de Bolsonaro conquistar votos, se conseguir deixar a impressão  de que é o melhor candidato para fazer as mudanças desejadas.

... Horas antes, a denúncia por racismo da PGR contra Bolsonaro será julgada pela Segunda Turma do STF. Se for aceita, ele se torna réu. Ontem, disse que não está preocupado, que "a intenção é criar um fato político".

HADDAD - Também o candidato a candidato do PT enrolou-se com a Justiça em plena campanha, com uma ação de improbidade administrativa do MP de São Paulo, que o acusa de enriquecimento ilícito.

... O MP sustenta que Haddad "tinha pleno domínio" sobre o pagamento, pela UTC Engenharia, de uma dívida de R$ 2,6 milhões da campanha de 2012 à Prefeitura e pediu o bloqueio de bens no valor de R$ 15,1 milhões.

... Ainda nesta 2ªF, a 1.ª Zona Eleitoral de SP negou pedido da defesa de Haddad de "nulidade processual" por causa do compartilhamento de provas da Operação Custo Brasil e "inépcia formal da denúncia".

... Em seu despacho, o magistrado manteve o petista como réu, mas só marcou nova audiência para novembro.

LULA - A decisão de Fachin de liberar para julgamento virtual do plenário do STF o recurso do HC negado a Lula em abril, entre 7 e 13 de setembro, informado pela Folha, não resultará em liberdade do ex-presidente.

... Trata-se de embargo de declaração que não possui efeito modificativo da sentença ou do mérito.

HADDAD VS BOLSONARO - Em análise no Broadcast, a Eurasia vê grandes chances de os dois candidatos irem para o segundo turno, apostando que o substituto de Lula deve crescer para 15% a 20%, "podendo ir além".

... A consultoria acredita que Alckmin também crescerá no horário eleitoral, mas "com mais dificuldades", até 15%. Sua chance seria dada por campanha negativa contra Bolsonaro. Marina seria opção de voto útil.

ALCKMIN - Às vésperas de começar a propaganda na TV, o tucano dá sinais de que vai "bater" em Bolsonaro. Ontem, em Pelotas (RS), já disse que "o País não vai mudar no berro, com violência, mas com diálogo".

... No blog de Andreia Sadi, Alckmin quer usar um terço do tempo da campanha na TV, que terá início no próximo sábado, dia 1º/9, para atacar o que seus assessores chamam de "inconsistências" de Bolsonaro.

... A aliança com o Centrão deu ao candidato do PSDB o maior tempo, 5 minutos e 32 segundos, e 12 inserções diárias de 30 segundos durante a programação, onde deve seriam feitas as críticas a Bolsonaro.

... Uma das peças já decididas apontará o assalto que Bolsonaro sofreu no Rio, em 1995, quando não reagiu, mesmo portando um revólver. Hoje, ele promete armar a população e condecorar o cidadão que reagir.

... Assessores de Alckmin acreditam que Bolsonaro vai desidratar, mas têm dúvidas sobre quem herdaria os seus votos, admitindo que os ataques ao candidato do PSL possam ser revistos no andamento da campanha.

SABATINAS DO ESTADÃO - João Amoêdo (10h) e Marina (14h) serão os entrevistados de hoje, com transmissão ao vivo pelos sites do Estado e da Faap e pelos canais do jornal e da fundação nas redes sociais.

... Ontem à noite, Marina encerrou a série de entrevistas da RecordTV, onde deixou claro que é contra o aborto, mas que, se eleita, submeterá a atual lei à consulta popular, por meio de plebiscito.

... Em outro evento mais cedo, com a ONG Educafro, defendeu cotas raciais em concurso público no Estado.

AMOÊDO - Pesquisa do BTG Pactual/FSB surpreendeu com crescimento do candidato do Novo para 4% no cenário sem Lula. Bolsonaro lidera (24%), seguido de Marina (15%), Alckmin (9%), Ciro (8%), Haddad (5%).

... O resultado movimentou os seguidores de Amoêdo nas redes sociais, esperançosos de uma "reviravolta". Na mesma pesquisa, divulgada ontem, Alckmin lidera a rejeição entre os candidatos, com 59%.

APAGUE A LUZ - Em terceiro lugar nas pesquisas para a reeleição ao Senado, Romero Jucá deixou a liderança do governo, por "discordar da forma como Temer está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima".

... O ministro Marun disse que ninguém é insubstituível e que um novo nome para a vaga será decidido nesta 3ªF.

AGENDA FRACA - Só prevê o resultado da Sondagem da Indústria em agosto (8h).

... Nos EUA, o humor do consumidor americano, em meio à tensão comercial, será sinalizado pelo índice de confiança (11h) do Conference Board em agosto, com previsão de piora para 126,5, de 127,4 em julho.

... No mesmo horário, sai a atividade regional medida pelo FED de Richmond em agosto (17, de 20 em julho).

... Em visita à África do Sul, a premiê britânica, Theresa May, realiza discurso sobre comércio, sem horário confirmado. Na Alemanha, o economista-chefe do BCE, Peter Praet, participa de painel econômico às 9h.

AS APARÊNCIAS ENGANAM - Surfando na onda externa positiva do pacto comercial dos EUA com o México (abaixo), a bolsa chegou a tocar os 78 mil pontos na máxima do dia, o dólar caiu e o DI devolveu prêmio.

... Mas o mercado não está melhor, nem pior. Continua tudo igual, dentro da normalidade esperada para um período volátil e sem tendência definida, com a eleição em aberto, que mantém a especulação e o tiro curto.

... Em dia sem notícias negativas, o Ibovespa aproveitou para desfrutar do otimismo em NY. Fechou em alta de 2,19%, aos 77.929,68 pontos. Prova de que o investidor continua inseguro foi o volume inferior a R$ 7,5 bilhões.

... Os bancos estenderam a rodada compradora da última 6ªF: BB ON, +3,07%, Bradesco PN, +2,68% (R$ 29,08), Itaú PN, +3,32% (R$ 43,00). O setor, porém, ainda acumula perdas de 5% a 10%, na volatilidade eleitoral.

... Entre as blue chips das commodities, Petrobras não desperdiçou a alta do petróleo. PN subiu 2,24% (R$ 18,71), ON, +1,71% (R$ 21,45), com o Brent cotado a US$ 76,21 (+0,51%) e o WTI (+0,21%) a US$ 68,87.

... Já Vale desprezou a queda do minério de ferro (-1,8%) e do dólar, para operar em alta firme de 2,81%, cotada em R$ 55,67. É favorecida pelos fundamentos positivos: caixa forte e possibilidade de recompra de ações.

ELETROBRAS - Voláteis diante da proximidade do leilão das distribuidoras (5ªF), os papéis dispararam quase 7% (ON, +6,55%, e PNB, +6,68%), em dia de entrega das propostas dos interessados em participar da disputa.

... Pelo menos dois grupos compareceram à bolsa com lances pelas subsidiárias. Analistas do Bradesco BBI dizem que Equatorial e Energisa são as principais candidatas à aquisição da Eletroacre e Ceron (Rondônia).

... Já a Boa Vista (Roraima) pode não receber oferta de compra, por causa das incertezas relacionadas à oferta de energia vinda da Venezuela para o Estado, que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

SPREAD DA ELEIÇÃO - O dólar importou a queda externa, caiu 0,59%, mas completou cinco sessões acima da marca de R$ 4, cotado a R$ 4,0812. Para o BTG Pactual, tanto pode ir a R$ 4,60, como voltar a R$ 3,45.

... O largo intervalo das projeções para a moeda deixa evidente como está todo mundo perdido em combate com o cenário embolado para outubro. Na dúvida, o dólar tem flutuado mais para cima que para baixo.

... Os alívios ocorrem sem respaldo do volume no câmbio, reduzido ontem à metade de um dia normal.

... Traders ouvidos pelo Broadcast não descartam pressão adicional de venda de dólar esta semana, por conta da ptax, que se decide na 6ªF, 31, e do vencimento de US$ 2,5 bilhões em empréstimos de linha com recompra.

... O BC pode entrar com leilão desta modalidade e também deve anunciar nos próximos dias a estratégia para a rolagem do vencimento de swap cambial de outubro, de quase US$ 10 bilhões.

... No DI, o Tesouro observou ontem que já vê condições técnicas melhores no mercado, embora não descarte novas intervenções, que estarão condicionadas ao grau de sensibilidade ao ambiente eleitoral.

... Aproveitando o dia mais leve, os juros futuros ampliaram a queda. Jan/20 fechou 8,45%, de 8,50%, jan/21 recuou de 9,68% para 9,61%, jan/23 encerrou a 11,18%, de 11,27%, e jan/25 foi de 11,99% para 11,89%.

ARRIBA! - A confirmação do pacto firmado pelos EUA com o México contagiou os mercados globais e ampliou o sentimento positivo que já vinha se instalando em NY com o tom mais light do FED.

... A expectativa se desloca agora para a possível inclusão do Canadá na negociação de livre comércio. O premiê canadense, Justin Trudeau, disse ontem à noite que teve uma conversa produtiva com Trump.

... Embora Washington já tenha manifestado o desejo de que o Canadá se junte ao acordo ainda esta semana, o governo americano avisou que pode recorrer a tarifas sobre automóveis, se a negociação fracassar.

... Ainda na escalada protecionista, as sanções dos EUA contra a Rússia pelo envenenamento do espião entraram em vigor ontem e pode haver nova retaliação, sem garantias de Moscou de que não usará arma química.

... Também o fato de americanos e chineses continuarem se estranhando mantém a cautela no radar.

... O acordo bilateral com os mexicanos será submetido ao Congresso na 6ªF e aumentou de 62,5% para 75% a exigência de que autopeças usadas nos veículos fabricados nos EUA e México tenham origem nesses países.

... Além disso, as novas regras comerciais contemplam salários mais altos aos trabalhadores das montadoras.

... Estrategistas da BMO Capital Markets comentaram que o acordo com o México esvazia parte da tensão comercial citada pelo FED na ata da semana passada e mantém a porta aberta para o ciclo de aperto do juro.

EFEITO TEQUILA - No impulso do sucesso das negociações comerciais, o Dow Jones (+1,01%) superou os 26 mil pontos (26.049,64) e o Nasdaq (+0,91%) fechou acima do patamar inédito dos 8 mil pontos (8.071,90).

... S&P 500 (+0,77%) renovou o recorde histórico (2.896,74 pontos) e as montadoras deslancharam (Ford, +3,2%, Fiat Chrysler, +4,82%, e GM, +4,84%). Prometem ir mais longe, se o Canadá também aderir ao acordo.

... Na reação clássica, o investidor comprou bolsa e vendeu Treasuries, projetando o juro da Note de dez anos em 2,845%, de 2,810%. No câmbio, subiram o peso mexicano (18,7908/US$) e dólar canadense (1,2964/US$).

... Já o euro avançou para US$ 1,1680, na esperança de que também as tratativas comerciais com a UE possam progredir. Na queda generalizada, o dólar ainda perdeu terreno contra o iene, cotado a 111,09/US$.