sexta-feira, 30 de junho de 2017

Momento crucial Janot sai, Dodge chega, mas a Lava Jato e a pressão sobre Temer continuam Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo 30 Junho 2017

Estes dois meses e meio serão vitais para Michel Temer, que estará toureando a CCJ e o plenário da Câmara contra a denúncia de corrupção passiva, enquanto o procurador-geral Rodrigo Janot estará aguardando o melhor (ou o pior?) momento para apresentar novas denúncias contra ele.
Antes, Temer tinha pressa e Janot, não. Agora, os dois têm, porque o presidente corre o risco de perder apoios decisivos no Congresso e o procurador vai deixar o cargo em setembro. Com a indicação da sucessora, Raquel Dodge, a opinião pública e a própria da PGR mudam o foco.
O tempo, porém, é suficiente para Janot concluir duas novas denúncias contra Temer. Uma por obstrução da Justiça, com base na gravação dele com Joesley Batista, em que – na versão da PGR – eles teriam confirmado o pagamento para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o “operador” Lúcio Funaro não fazerem delação premiada.
A terceira, por formação de quadrilha, reuniria três inquéritos: um com base na delação de Sérgio Machado (4327), outro na da Odebrecht (4462) e o terceiro nas da JBS (4483). O que há em comum nelas? O “PMDB da Câmara”: Temer, seus ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco e seus ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, agora preso, assim como Cunha. É esse grupo, que se opõe ao “PMDB do Senado” e ao ex-líder Renan Calheiros, que pode complicar Temer ainda mais.
Janot quer deixar isso pronto antes de deixar o cargo, mas se engana quem acha que Raquel Dodge vai ser “boazinha”. Ela foi votada pelos próprios colegas, fez mestrado em Harvard e é muito técnica. Bateu de frente com Janot, mas apenas têm estilos diferentes.
Ao denunciar Temer, Janot disse aos colegas que “ninguém está acima da lei”. Ao concorrer à vaga dele, Raquel acrescentou: “Ninguém está acima da lei e farei um esforço para que ninguém esteja abaixo da lei”. Uma forma de dizer que vai ser dura no combate à corrupção, mas sem forçar a mão ao interpretar a lei.
Também pareceu sutil e confusa a discussão no Supremo sobre os poderes do plenário para revisar acordos de delação como os de Joesley e Wesley Batista, que foram homologados monocraticamente por Edson Fachin e depois criticados como excessivamente complacente.
A curiosidade é que votaram da mesma forma três antigos desafetos no STF, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, até mesmo com trocas de deferências. Os três perderam, mas realmente causa estranheza que o plenário de um colegiado não possa revisar uma decisão individual.
De toda forma, os delatores pretéritos e futuros que se cuidem, inclusive os irmãos Batista. As cláusulas da delação estão valendo e, se mentirem, omitirem ou forem declarados chefes de organização criminosa, cabe revisão, sim. Aliás, a própria PGR avisa que, se descobrirem que eles omitiram voluntariamente Lula, os benefícios serão rediscutidos.
Temer luta na Câmara para salvar o mandato, muda-se o procurador-geral e o STF decide sobre limites de revisão das delação, mas a Lava Jato continua firme. Que Temer não decida tirar Leandro Daiello da PF justamente agora. Não afetaria a Lava Jato na prática, mas pioraria ainda mais a imagem do governo e poderia gerar dúvidas – injustas, frise-se – contra a própria escolha de Raquel.
Fachin x Moro. O relator Edson Fachin já retirou cinco processos do juiz Sérgio Moro, quatro contra Lula, um contra Guido Mantega. Sorte de Lula e Mantega ou da Lava Jato?
Dúvida atroz. Por que Temer não diz que a mala de R$ 500 mil era de Rocha Loures e ele não tinha nada a ver com ele e com ela? Teme ser desmentido, ou que o ex-assessor conte segredos inconfessáveis?

Adriano Soares Costa

Posicionei-me:
1. Contra o impedimento a que Lula assumisse o cargo de ministro de Estado sob a absurda alegação de que estaria obstruindo a Justiça, quando o ato de nomeação de cargo em comissão é de livre escolha do Chefe do Poder Executivo, estava o nomeado de posse dos seus direitos políticos e se tratava de um ex-presidente da República. Decisão absurda e juridicamente violenta.
2. Contra a existência de provas sérias de que Lula seja o proprietário oculto do famoso triplex de Guarujá, uma vez que o imóvel não apenas continua no patrimônio da OAS, como foi dado em garantia pela empresa para a emissão de debêntures. As provas são indiciárias, fracas e sem afastar a dúvida razoável, devendo ser ele absolvido, se for feito um julgamento dentro dos marcos do direito penal.
3. Contra a legalidade e divulgação do grampo de uma presidente da República, feito - ainda que fortuitamente - por um juiz de primeiro grau, em clara violação da Constituição, havendo riscos para a segurança nacional.
4. Contra a prisão em flagrante de Delcídio do Amaral, baseada em uma interpretação de crime permanente que viola as garantias dos parlamentares e infirma a norma constitucional que impede a sua prisão, salvo muito excepcionalmente.
Apenas para lembrar aos que têm bandido de estimação. Aqui, defendo o Estado de Direito, preocupo-me com as garantias individuais, entendo que o combate à corrupção não pode ser feito com o atropelo das formalidades legais (o devido processo legal, o respeito ao amplo direito de defesa e ao contraditório, etc.).
O que me irrita em alguns petistas e seus genéricos é a dupla moral: não defendem uma visão do Direito, mas uma ideologia em que tudo deve estar ao seu serviço.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Celebridade de esquerda ignorante

Luis Carlos Mendonça de Barros

Em 1954 o principal órgão da imprensa que ataca Getúlio e o acusava de corrupção era a TRIBUNA DA IMPRENSA de Carlos Lacerda. hoje o grupo O GLOBO tomou o lugar da TRIBUNA DA IMPRENSA, Muito estranho.....

Fachin envia denuncia contra Temer para a Câmara

O ministro do STF Edson Fachin decidiu encaminhar para a Câmara dos Deputados a denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, sem pedir defesa prévia do peemedebista. A acusação será encaminhada à Câmara pela presidente do STF, Cármen Lúcia. O ministro utilizou como precedente de 2001, quando a 2ª Turma do STF concedeu um habeas corpus ao então governador Itamar Franco, de Minas, para apresentar resposta apenas depois do juízo político feito pela assembleia. Atendeu, portanto, um pedido do advogado de Temer. Seu objetivo, agilizar o processo. 

terça-feira, 27 de junho de 2017

"CRISE, "HORIZONTE TEMPORAL" E RISCO PARA REFORMAS", RAFAEL CORTEZ

"Horizonte Temporal". Trata-se de um jargão fartamente utilizado entre os analistas políticos. Em linhas gerais, a constatação da redução do horizonte temporal das lideranças partidárias está associada ao aumento da percepção de risco. Decisões políticas tomadas sob forte incerteza, em geral, são marcadas pela miopia da classe política. Os ganhos de curto prazo esconderiam, na verdade, ineficiências e custos não esperados no longo prazo. Crises políticas agudas, em geral, são situações em que os indivíduos e organizações perdem a capacidade de antecipar resultados. Não por um acaso, crises são marcadas por instabilidade, rompimento de acordos e perda de popularidade de lideranças.
Existe a temor de que a associação política com um governo com baixa popularidade reduza as chances de vitória em 2018. Se a eleição funciona como uma espécie de plebiscito do governo do momento, Temer não representa um ativo político em linha com a enorme rejeição e a ausência de um "fato novo" para apresentar ao eleitorado. Assim, a sociedade buscaria nomes distantes do governo, afetando as chances eleitorais do PSDB.
O dilema existencial do partido começou à época do impeachment da ex-presidente Dilma.
O apoio à troca presidencial retirou dos tucanos o espaço privilegiado no sistema partidário brasileiro: o status monopolista do antipetismo. Apoiar um governo com agenda de políticas semelhantes àquelas associadas à legenda significou criar um concorrente eleitoral na mobilização do eleitorado descontente com Dilma e o PT e limitou a capacidade dos líderes em criar uma identidade junto ao eleitorado.
Dito de modo mais direto: a legenda perdeu o controle do seu destino eleitoral justamente no momento de queda vertiginosa do seu principal adversário. O partido associou seu destino ao governo Temer. A esperança inicial dos líderes era de eventual cassação da chapa presidencial e, por consequência, realização de novo pleito, se tal decisão ocorresse nos primeiros dois anos do novo mandato Dilma.
O partido, então, resolveu escutar as ruas. A combinação do "basta corrupção" com "com a Dilma não dá" levaram os tucanos a apoiar o impeachment sob o risco de perder contato com suas bases. O partido cada vez mais era pressionado a apoiar uma transição de governo que no longo prazo representaria um dilema existencial para a legenda.
O encurtamento do horizonte temporal do partido, no limite, é que explica seus desafios de sobrevivência. Quando apoiou o impeachment, o PSDB seguiu a racionalidade de curto prazo, sem a capacidade de antecipar os custos não esperados da decisão. O partido foi incapaz de mensurar seu grau de exposição aos desdobramentos políticos das operações judiciais e a perda de autonomia ao se colocar como fiador do PMDB.
A lógica de união entre PSDB e PMDB é racional. De fato, o adversário principal no plano político é o PT. A eventual fragmentação no campo da centro-esquerda facilita o retorno do petismo ao poder, especialmente sob o cenário de candidatura Lula. Na verdade, há risco de o divórcio entre os partidos resulte na ausência no segundo turno em 2018 de um nome governista. A narrativa de aproximação é que problematiza. Os tucanos reforçaram a polarização política e bem como a agenda do controle seletivo à corrupção. A busca pelo apoio do centro (PMDB) veio por meio da saída traumática do impeachment. Uma vez governo, o custo da agenda negativa caiu no colo do partido.
A principal fonte de risco político decorre fundamentalmente do encurtamento do horizonte temporal da classe política. Nesse sentido, o dilema dos partidos em relação ao apoio ao governo não é exclusivo aos tucanos. O senso de urgência que serviu de base para a construção de ampla coalizão, a despeito da baixa popularidade do chefe do Executivo, não é mais suficiente para gerar suporte legislativo às medidas bastante complexas presentes na agenda econômica.
Cresce entre os partidos a percepção de que o governo não conseguirá gerar um fato político capaz de resultar em benefício eleitoral em 2018. Dito de modo mais direto: o esperado crescimento econômico futuro a partir da aprovação das reformas não superaria o custo reputacional do apoio a um governo bom baixa popularidade em luta pela manutenção do mandato. Sob incerteza, há risco de conservadorismo.
O governo deve usar esse limitado recurso de poder para garantir a continuidade do mandato. A extensão dessa luta pode minar as chances de aprovação da reforma da previdência, reforçando a percepção de crise dos agentes econômicos.
Rafael Cortez, doutor em Ciência Política pela USP, é Sócio da Tendências Consultoria e escreve quinzenalmente, às sextas-feiras, para o Broadcast

Esperança europeia Macron tem uma virtude suplementar para Bruxelas: ele tem fé na Europa Gilles Lapouge, CORRESPONDENTE / PARIS, O Estado de S.Paulo 23 Junho 2017

Na quinta-feira, começou a Cúpula Europeia. Coisa de rotina? Não. O continente atravessa um período estranho, com más estrelas (as teimosia de Trump, em particular, sobre o clima, o início das conversações sobre o Brexit com uma Theresa May enfraquecida e, portanto, imprevisível), mas também estrelas boas: fim da demorada crise econômica mundial, retomada das indústrias, reveses dos partidos populistas de extrema direita e antieuropeus em todos os países, a começar pela França onde Marine Le Pen vacilou.
Emmanuel Macron, o jovem presidente francês saído como um prestidigitador do nada será a vedete absoluta. Toda a Europa observa este Óvni com os olhos arregalados. Arregalados demais. Uma passagem em revista da imprensa europeia seria quase cômica.
Europa. Mais união com Macron e Merkel na direção Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch
Para o Financial Times, Macron é o rei Luis XIV (séculos 17 e 18); para Le Temps (suíço), ele é o general De Gaulle; La Stampa (Itália) e El País (Espanha) o intitulam “Macron 1.º, rei da França”. Para outros, Macron é Napoleão. O Financial Times analisa “o terremoto Macron”; The Economist, de Londres, que é uma publicação sisuda, sob o título “O salvador da Europa” mostra o francês andando sobre a água, o lado de uma Theresa May se afogando. 
A admiração do novo presidente francês, pela arte com que ele moveu todas suas peças, pela maneira como reduziu a pó Marine Le Pen num debate eleitoral, pela maneira como este jovem frágil aguentou firme o punho de Donald Trump, pela calma com que ele enfrentou Putin, enquanto reatava alguns fios rompidos estupidamente por François Hollande. Mas além de todos esses detalhes, Macron tem uma virtude suplementar para o pessoal de Bruxelas: ele tem fé na Europa.
Ocorre que hoje em dia a fé na Europa é uma mercadoria rara e, portanto, sem preço. Ela ainda é encontrada em alguns exemplares nos países simpáticos, mas sem grande importância, como a Itália e a Espanha. Em outros países, prevalece o euroceticismo dos países do Leste (Hungria, Polônia) ou então um fervor pró-europeu fatigado e sem brilho.
O único chefe de Estado que crê realmente na Europa é a chanceler Angela Merkel, da Alemanha. Mas aos olhos dos países vizinhos, o afeto que Merkel tem pela Europa só se explica pelos benefícios que valem para a Alemanha a posição proeminente de Berlin na UE e no continente em geral. Ao contrário, certo ou erradamente, a maioria dos dirigentes da UE pensa que o apego de Macron pela Europa é nítido, desinteressado e leal.
Motor franco-alemão. O que a União Europeia aguarda com expectativa é que Macron e Merkel consigam recolocar em movimento o famoso motor franco-alemão que funcionava às mil maravilhas no tempo de François Mitterrand / Helmut Kohl, para se apagar em seguida nos governos de Chirac, Sarkozy e Hollande.
Mas isso é bom: como todo o mundo, Merkel está fascinada pelo francês. Ela compartilha com ele o desejo de livrar a UE de suas poeiras, de lhe dar vida e cores, por exemplo, criando uma Europa da Defesa, um Ministério das Finanças do grupo do euro, e adotando uma política comum sobre os imigrantes, as fronteiras, etc.
Macron avança por esses caminhos escabrosos com energia, mas também com prudência. Ele compreende que a locomotiva franco-alemã corre o risco de irritar e até mesmo ferir as suscetibilidades dos outros membros da comunidade. Ele já se encontrou em Paris com alguns responsáveis dos outros países europeus. Em Bruxelas, programou várias reuniões privadas com os pequenos da Europa do oeste e do leste.
Ainda não se sabe se ele anda sobre a água, como pretende The Economist. Em compensação, uma coisa é certa: ele avança resolutamente, mas a passos silenciosos, procurando não ofender seus parceiros.

Temer chama denúncia de 'ilação' em ataque à Procuradoria Em pronunciamento, presidente acusado critica 'denúncias frágeis e precárias' que 'atentam contra o País', Carla Araújo e Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo 27 Junho 2017

Com uma claque de deputados aliados e ministros, o presidente Michel Temer fez nesta tarde de terça-feira, 27, um pronunciamento no Palácio do Planalto em que criticou o fatiamento da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, oferecida contra ele ao Supremo Tribunal Federal. “Se fatiam as denúncias para provocar fatos semanais contra o governo. Querem parar o País, parar o Congresso num ato político, com denúncias frágeis e precárias. Atingem a Presidência da República, atentam contra o País”, disse.
Conforme antecipou o Estado/Brodcast, Temer disse que “reinventaram o Código Penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação”. “Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, logo sou também criminoso”, disse. Janot denunciou criminalmente ao STF na segunda-feira, 26, o presidente por corrupção passiva com base na delação dos acionistas e executivos do Grupo J&F, que controla a JBS. O ex-assessor especial do presidente e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures também foi acusado formalmente.
Presidente Michel Temer faz pronunciamento de cerca de 20 minutos após ser denunciado pela Procuradoria, no Palácio do Planalto Foto: Dida Sampaio/Estadão
Sem citar nenhuma vez o nome de Janot, Temer disse ainda está disposto a lutar pelo governo e por sua honra. “Não fugirei das batalhas, nem da guerra que temos pela frente. A minha disposição não diminuirá com os ataques irresponsáveis à instituição Presidência da República, nem ao homem Michel Temer. Não me falta a coragem para seguir na reconstrução do Brasil e na defesa de minha dignidade pessoal”, disse Temer no fim do discurso de cerca de 20 minutos.
O presidente afirmou que foi denunciado por corrupção passiva, sem jamais ter recebido valores. “Nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Reinventaram o código penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação. Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, logo sou também criminoso”, reforçou.
Temer destacou ainda que é advogado e que está tranquilo em relação a denúncia no âmbito jurídico, e que ela é na realidade uma “infâmia de natureza política”. “No momento que estamos colocando o País nos trilhos somos vítimas desta infâmia de natureza politica”, disse o presidente, destacando que foi denunciado “a essa altura da vida por corrupção passiva”.
Segundo Temer, “abriu-se ontem perigosíssimo precedente em nosso Direito”. “Esse tipo de trabalho trôpego permite as mais variadas conclusões sobre pessoas de bem e honestas”, disse.
Delator. Assim como fez no pronunciamento após a revalação da gravação e Joesley, Temer falou que “o desespero de se safar da cadeia moveu Joesley e seus capangas”. “Criaram uma trama de novela. A denúncia é uma ficção”, afirmou.
O presidente disse ainda que devia explicações “ao povo, a cada cidadão brasileiro, a minha família e amigos”. “O procurador-geral (Rodrigo Janot) e Joesley tentam atribuir a mim um ato criminoso. Não conseguirão porque não existe. Mas quem deveria estar na cadeia, está solto para voar a Nova Iorque ou Pequim. E conseguiram isso porque foram preparados treinados, prova armada, conversas induzidas”, ressaltou.
Ao falar da visita de Joesley no dia 7 de março no Palácio do Jaburu, Temer falou que era criticado por “ter recebido tarde da noite”, mas na realidade abriu as portas de sua casa para o empresário Joesley Batista. “Recebi, sim, o maior produtor de proteína animal do mundo. Descobri o verdadeiro Joesley, o bandido confesso, junto com todos brasileiros, quando ele revelou os crimes que cometeu ao Ministério Público”, afirmou.
Temer aproveitou sua fala para rebater também a legalidade das provas e questionou a gravação. “O fruto dessa conversa é uma prova ilícita, inválida para a justiça”, afirmou. Segundo ele, as regras da Constituição não podem ser esquecidas, jogadas no lixo, tripudiadas pela embriagez da “denúncia que busca a revanche, a destruição e a vingança”. Em seu discurso, Temer fez citações a melhorias na economia como a queda da inflação e redução dos juros e disse que trabalha pelo fim da recessão. “Falo hoje em defesa da instituição Presidência da República e na defesa de minha honra pessoal. Tenho orgulho de ser presidente, especialmente pelos avanços que meu governo praticou. E não permitirei que me acusem de crimes que jamais cometi. Minha disposição é continuar a trabalhar pelo Brasil. Para gerar crescimento e emprego. Para continuar as reformas trabalhista e da Previdência”, destacou.

Carta de Otto Lara Resende a Fernando Sabino

Nessa carta a Fernando Sabino -- que considero extraordinária --, Otto faz alusão à "questão de Minas", que vem a ser "as reações, por vezes passionais, provocadas por um artigo que Vinicius de Moraes publicou em 'O Jornal', do Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1944". O título do artigo: "Carta contra os escritores mineiros (Por muito amar)". Nele, Vinicius questionava: "Por que só olhais o mundo das janelas de vossas casas ou dos vossos escritórios?". "Por que economizais e para quê: para comprar o vosso túmulo?".
Belo Horizonte, 23 de dezembro de 1944
Nesta chatíssima questão de Minas*, você me coloca como sujeito tipicamente sem caráter, que não quer perder os partidos, que quer navegar nas duas margens. Você me pergunta por que escrevi ao Tristão**. Porque achei que devia e estou certo que devia mesmo, por nada mais. Estou burro para dizer o que quero, a mão está dura, mas continuo. Eu não vejo nenhuma atitude de subserviência na carta. Você aí vê demais, porque você quer me ver como você me imagina: aquele farrapo de fraquezas e conciliações, aquela miséria bem procedida que não quer ofender... Coitado do Otto! Um sujeito de certo talento, mas perdido, sufocado, abafado, emaranhado naquela falta de caráter, incapaz de atitudes claras e corajosas, como nós! Vós, os heróis, sim, vós sois os heróis. Olhe: não concordo com o que você disse do Tristão, acho besta e com ar de menino embirrado que quer se mostrar livre das exigências paternas... Desculpe se não concordo uma vez com você, vou dar um jeitinho para nos arranjarmos, não quero ofendê-lo, perdão, mil perdões. Que coisa, meu Deus! Meus parabéns pela sua superação genial. Você que era assim, está agora assim. Muito bem! É uma conquista, um progresso = e o progresso é natural... Você agora é o homem das atitudes claríssimas, só se compreende a você, só aceita a você mesmo, você é a verdade, ide a vós os transviados: que maravilha! Belo caminho aberto à incompreensão, à intolerância, ao narcisismo de bazar chinês... Me desculpe, eu é que estou com minha falta de caráter, sujamente querendo aceitar todo mundo, compreender todo mundo, abrir a todo mundo meus braços onde todo mundo cabe. É minha mania de ser humano, de querer compreender antes de julgar... Certamente sou ótima carne para vossas ferozes guilhotinas do mundo novo que virá e que se levantará sobre o sangue dos fracos e dos conciliadores. Pode passar, com sua banda de tambores argentinos, ruflando piruetas e clarins: eu entro pra casa meio desapontado, chupando o dedo feito menino bobo, de lágrima presa e coração esmagado. Fico à espera da vossa Gestapo que vai libertar o mundo dos inúteis. Adeus.
Carta e notas In: Resende, Otto Lara. "O rio é tão longe: cartas a Fernando Sabino". Introdução e notas de Humberto Werneck -- São Paulo: Companhia das Letras, 2011, pp. 22/24.

Em Curitiba...

sábado, 24 de junho de 2017

Nova ortodoxia??

Eu não gosto de rótulos. Isso é o anti-pensar, anti-inteligência. Existem coisas certas em uma linha de pensamento e em outra também. Uma das premissas de ser intelectual é estar sempre em dúvida, senão passa a ser religião, é fé. Nada mais inapropriado para a fé do que a teoria monetária. André Lara Resende

Juros, moeda e ortodoxia, por André Lara Resende...

O livro “Juros, moeda e ortodoxia. Teorias monetárias e controvérsias políticas”, da Companhia das Letras (selo Portfolio-Penguin), é uma coleção de ensaios sobre o tema, escrito por André Lara Resende. 

Diz ele sobre a política monetária atual, que esta é a nova ortodoxia. Baseada nas reuniões do Copom e na condução da taxa de juros de curto prazo, visando alcançar o centro do sistema de meta de inflação, diz Lara que este mecanismo de balizamento é limitado e tende a trazer mais custos sociais do q benefícios. 

Sou economista há 27 anos no mercado e fico lá com os meus botões refletindo. Concordo com ele qdo diz q o intelectual deve ser um iconoclasta, sempre questionador. Acho, no entanto, é que na Política Monetária o mais importante é atuar nas expectativas, na chamada ancoragem destas. 
Sempre sendo transparente e tentando antecipar movimentos, tudo fica mais fácil para o ganho de credibilidade dos mercados, da sociedade. 

Acho que a definição de regras estáveis de política monetária se torna essencial para esta ancoragem de expectativas sendo a taxa Selic apenas um "fio condutor". Não acho esta política ortodoxa. Na época, em meados de 1999, qdo anunciada, todos acharam extremamente moderna na sua implantação, depois da transição do regime semifixo do Gustavo Franco, ainda na "construção" da estabilização inflacionária, sob o égide do Plano Real.

 Só acho que a política monetária sozinha não se sustenta por muito tempo. Precisa da complementaridade de uma política fiscal também de ajuste, até para reforçar a confiança dos agentes. Sem isso, acaba se perdendo no meio do caminho...

O juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, 24/06/2017, Demétrio Magnoli, FSP

O Reino do Terror terminou no 9 do Termidor, 27 de julho de 1794, dia da queda de Robespierre e do início da repressão contra os jacobinos. Treze meses depois, instalou-se a ditadura do Diretório, que abriu caminho ao 18 do Brumário, 9 de novembro de 1799, elevação de Napoleão Bonaparte a Primeiro Cônsul.
A Lava Jato perecerá, desgastada por uma reação termidoriana, se não for contido o espírito jacobino que anima uma parcela do Ministério Público. Deploravelmente, o STF hesita em mostrar o caminho da lei, abortando o embrião de um Terror policial e judiciário.
Até há pouco, o jacobinismo circunscrevia-se às esferas do discurso e de atos judiciais periféricos. O juiz Sergio Moro ordena conduções coercitivas abusivas, como notoriamente a de Lula, de olho em seus impactos na opinião pública.
Jovens procuradores bradam, em tons messiânicos, sobre a "falência do sistema político", embalados pela fantasia de que corporificam um Comitê de Salvação Pública. Nada disso, porém, atinge irreparavelmente as garantias constitucionais.
A operação Joesley assinala a ruptura. Ela expôs, certamente, as fétidas cavalariças de Temer e Aécio, mas ao preço de brutais violações legais. O Robespierre da história escreveu que "o Terror é nada mais que justiça imediata, severa, inflexível".
Janot, nosso Robespierre carnavalesco, subscreveu o enunciado ao associar-se com o corruptor geral da República numa trama politicamente motivada. Já o STF, ao validar o prêmio escandaloso concedido ao delator, desperdiçou a primeira oportunidade para dissociar a palavra "justiça" da palavra "Terror".
Dois fatos são indisputáveis: 1) Antes de delatar oficialmente, Joesley foi instruído por um procurador e um delegado da PF; 2) Como prêmio pela entrega das gravações, obteve imunidade judicial absoluta. Nas suas argumentações, os ministros do STF esconderam-se atrás do biombo dos sofismas para não enfrentar tais flagrantes ilegalidades.
Celso de Mello disse que Janot não poderia ser surpreendido por um "gesto desleal" do Judiciário –como se o STF devesse lealdade ao procurador-geral, não à Constituição. Roberto Barroso insistiu na tese demagógica de que a impugnação do acordo com Joesley abalaria todo o edifício de delações da Lava Jato –como se a solidez de uma curva dependesse do ponto fora da curva.
Prevaleceu o espírito de corpo: os juízes resolveram não desautorizar Fachin, assim como antes não desautorizaram Lewandowski, que jogou a Constituição pela janela para preservar os direitos políticos de Dilma. Nesse passo, em nome do mais estreito corporativismo, criam um precedente para novas operações jacobinas.
Logo mais, na decisão sobre o mandato de Aécio, o STF terá uma segunda oportunidade. A Constituição não admite a cassação judicial de mandatos parlamentares: só os eleitos podem cassar os eleitos. O princípio foi violado no caso de Eduardo Cunha, por meio da manobra da "suspensão" do mandato.
Na ocasião, Teori Zavascki, autor da sentença, justificou-a como uma "excepcionalidade", admitindo implicitamente que cometia uma ilegalidade. Fachin, que age como despachante de Janot, apoiou-se no precedente para determinar a suspensão do mandato de Aécio. Se, uma vez mais, o STF colocar o espírito de corpo acima da letra da lei, a exceção se converterá em norma, destruindo a independência dos Poderes.
Temer é uma desgraça e Aécio vale menos que a tinta desse texto, mas ambos não passam de notas de pé de página na nossa história. O jacobinismo, por outro lado, ameaça valores preciosos –e, inclusive, a própria Lava Jato. Os fins e os meios estão ligados por um fio inquebrável.
Procuradores e juízes devem implodir as máfias político-empresariais incrustadas no Estado brasileiro seguindo, escrupulosamente, as tábuas da lei. A alternativa é o Terror –e, depois, o Termidor.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Pois é...

Fernando Henrique Cardoso

“O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não é minha formação cultural, mas não tem mais jeito, ou você realmente aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao Estado pelos setores políticos e corporativos."

quarta-feira, 21 de junho de 2017

MB Associados: Dúvida é se governo vai conseguir se reorganizar 2017-06-21 15:37:33.396 GMT. Por Ana Carolina Siedschlag

Votação na CCJ é risco grande para o governo
Temer, que precisa mostrar que ainda tem capacidade de passar
alguma reforma e sinalizar o que podemos esperar da Previdência,
disse Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, em
entrevista por telefone. Veja principais pontos:
* Governo precisa pensar num plano B, pensar no que dá para
fazer para que a reforma previdenciária passe de alguma maneira
* A essa altura, em junho, não há mais tempo hábil para pensar
numa grande reforma
** Mais provável é que votação da Previdência comece num momento
em que já estaremos olhando para o ano que vem, para as eleições
* "Talvez ainda não tenha caído a ficha do mercado", mas reforma
da Previdência só deve voltar a ser discutida de verdade em
2019, dependendo ainda de quem ganhar
* "Infelizmente, crise política continua maior que o cenário
econômico"
* IPCA-15 desta 6ª-feira deve vir a 3,46% a/a, reafirma
possibilidade de deflação para junho
* Poderia abrir espaço para BC mudar de posição, mas fica tudo
em relação ao noticiário político
* Ainda bem que o cenário externo continua positivo e deve
permanecer assim pelas próximas semanas
** Nada muito complicado para o Brasil vindo de fora
** "Era só o que faltava, ter algo ruim de fora no meio da crise
doméstica"
** Retomada de crescimento na Europa é boa, e até uma possível
saída do Trump da presidência seria positiva para o Brasil.

FERNANDO DANTAS: KAWALL EXPLICA POR QUE NÃO VÊ LENIÊNCIA NO MERCADO - 21/06

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, discorda dos analistas que veem excesso de complacência do mercado doméstico e internacional em relação ao Brasil. Por outro lado, Kawall vê riscos ao atual cenário, que se mantém relativamente benigno mesmo diante da dificílima situação econômica e da gravíssima crise política que atingem o Brasil.
Resumidamente, sua visão é de que os preços dos ativos brasileiros estão aproximadamente corretos enquanto aqueles riscos não se materializarem de forma mais contundente. Mas há que acompanhar de perto a possibilidade de que isto ocorra.
Em relação aos aspectos do cenário que justificam a reação moderada dos mercados à conjuntura brasileira, Kawall cita inicialmente o ambiente internacional favorável. Ele nota o bom crescimento das principais economias, os preços razoáveis das commodities e a inflação surpreendente baixa, que reduziu a ansiedade em relação a uma alta de juros mais intensa este ano.
O economista observa que, no início do ano, cogitava-se de uma rentabilidade dos títulos do Tesouro americano de dez anos que chegaria a 3%, ou até a 4% em algumas análises, com o suposto reinflacionamento da economia americana por Donald Trump. Hoje, a taxa dos "treasuries" de dez anos está em apenas 2,15% (quando esta coluna foi concluída).
Com a eclosão da crise política sentida nos mercados a partir de 18 de maio, o risco Brasil e o dólar subiram, mas não explosivamente. Kawall cita, como fatores positivos que contiveram uma reação mais drástica, o baixo déficit de transações correntes; os fluxos vigorosos de investimento direto; a perspectiva de reabertura do mercado de capitais para ofertas iniciais de ações (IPOs), o que inclusive é benéfico para a planejada venda de ativos pelo governo, como o IRB e leilões nos setores de petróleo e energia elétrica; e a grande redução do estoque de swaps cambiais, que deixa o BC em melhor posição para intervenções que mitiguem a volatilidade.
"Até onde eu apreendo, o apetite pelo Brasil continua favorável", ele diz.
Entretanto, para Kawall, o fator mais importante de sustentação dos ativos brasileiros é o cenário prospectivo de queda dos juros domésticos. Para ele, esta é uma grande diferença entre o momento atual e o pânico no segundo semestre de 2015. Naquela ocasião, a resistência da inflação ainda era um grande problema e, com a Selic subindo em julho para chegar ao pico recente de 14,25% e o câmbio disparando até ultrapassar R$ 4 na virada de 2015 para 2016, criou-se o temor da dominância fiscal e de que o arcabouço macroeconômico fosse pelos ares.
Agora, como nota o economista do Safra, a inflação está desabando com força e a discussão é sobre o quanto a Selic vai cair - mesmo que não chegue aos níveis projetados antes de 18 de maio, com certeza a taxa básica mantém-se em vigorosa trajetória de queda.
O economista chama a atenção para uma comparação impressionante: com a prevista deflação em junho, o IPCA no primeiro semestre de 2017 pode ficar igual ou inferior ao indicador de apenas janeiro de 2016, que foi de 1,27%. Aliás, pelo outro lado, Kawall está muito pouco entusiasmado quanto ao vigor da prevista retomada da economia até o fim do ano.
Em termos políticos, ele considera que o governo Temer provavelmente perdeu a capacidade de aprovar medidas no Congresso por maiorias de três quintos, como as emendas constitucionais, o que significa que a reforma da Previdência não deve passar, nem em versão mais branda, na sua avaliação.
Porém, para o analista, o governo retém a capacidade de comandar vitórias por maioria simples no Congresso, o que inclui uma pauta relevante de Medidas Provisórias e é decisivo para mudanças importantes como as reonerações tributárias e a criação da TLP.
"Não vejo a paralisia política total do final do governo de Dilma, em que havia inclusive a pauta bomba e aberta hostilidade do Congresso ao Executivo", avalia Kawall. Para ele, "a reforma da Previdência de fato virou um sonho de uma noite de verão, mas isto não significa que o governo e o Congresso não estejam mais trabalhando - eu entendo que a agenda que está dentro do guarda-chuva da maioria simples vai avançar".
Equipe econômica
É quando menciona a equipe econômica de alta qualidade do governo Temer, a seu ver o grande trunfo que ancora e potencializa muitos dos aspectos positivos do cenário atual, que o economista do Safra revela também o seu maior temor quanto a uma possível deterioração.
O risco seria de que, no afã de atender a grupos de pressão para se sustentar no poder, o presidente em algum momento rompesse de forma mais cabal o seu compromisso com a austeridade e fizesse concessões em demasia. Essa possibilidade poderia criar uma situação insustentável para a atual equipe econômica, que poderia resultar numa debandada parcial ou total na hora em que, nas palavras do economista, "o contrato com a equipe econômica seja rompido, no sentido de que eles entraram lá para fazer alguma coisa que já não é mais possível fazer".
Kawall vê a saída de Maria Silvia Bastos Marques do BNDES como uma manifestação pontual desse risco, mas que ainda não significa uma ruptura. Ele enxerga com grande preocupação as pressões de lobbies empresariais sobre o BNDES, e vê como importante a permanência em seus atuais postos de membros da diretoria trazidos por Maria Silvia.
Da mesma forma, pressões contra a agenda de reoneração e de criação da TLP devem ser acompanhadas com lupa, diz o economista do Safra, para se avaliar até que ponto "os fiadores de toda a aparente tranquilidade que temos (isto é, a equipe econômica) terão condições de continuar a fazer o seu trabalho e permanecer no governo".
Se essa continuidade for possível, Kawall vê medidas importantes da agenda por maioria simples sendo aprovada nos próximos três a quatro meses. A partir daí, entra-se na dinâmica da eleição de 2018, e o humor do mercado e as condições da economia dependerão das chances eleitorais de candidatos que sinalizem a manutenção da agenda reformista - Kawall acredita que este é um cenário possível.
Assim, ele não vê hoje "leniência" do mercado em relação ao Brasil, mas sim uma atitude relativamente serena e cautelosa diante de riscos reais, mas que ainda não se tornaram realidades.
"Se um ou mais desses pilares que eu mencionei desabarem, aí sim nós poderíamos viver de novo um cenário mais parecido com aquele de 2015", conclui o economista.
Fernando Dantas é colunista do Broadcast

O Tempo – 21/06/2017 Por Murillo de Aragão

O afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff uniu as elites. Grande mídia, alto empresariado, mercado, sistema financeiro, entidades empresariais etc. apoiaram ampla e rapidamente o processo de impeachment da petista. Até mesmo centrais sindicais de trabalhadores, como a Força Sindical e a UGT, se manifestaram a favor da saída da ex-presidente.
Com Michel Temer, a situação é diferente. Existe um racha nas elites e até mesmo na base política que sustenta o governo no Congresso. Na grande mídia, “O Globo” e “Veja” assumiram uma postura claramente pró-renúncia ou pró-impeachment de Michel Temer. A “Folha de S.Paulo”, ainda que tenda à defesa da saída do presidente, adota postura mais institucional. “O Estado de S.Paulo” demonstra cautela maior e questionou fortemente as denúncias de Joesley Batista à Procuradoria Geral da República.
Entre as redes de televisão, enquanto a cobertura jornalística da TV Globo empreende uma demolição diária da imagem do presidente da República, as demais adotam postura não belicosa e mais institucional. Algumas estão a seu lado e torcem para que consiga superar a crise.
Na base governista, a maioria dos partidos ainda apoia Michel Temer, enquanto o PSDB se debate no dilema de respaldar o governo do presidente até o final, apresentando como argumento a defesa do programa de reformas. Entre os partidos mais relevantes, apenas o PPS deixou a base governista. Mas o efeito prático é quase nenhum.
No mercado, a presença de Temer ainda é bem vista a partir da esperança de que ele consiga prosseguir com sua agenda voltada para o equilíbrio fiscal. Em especial, a reforma trabalhista e “alguma” reforma previdenciária. No sistema financeiro, a visão é que, se as coisas não estão bem com Temer, podem ficar pior sem ele. A imprensa financeira mundial pensa assim e trata o caso de forma mais ou menos olímpica.
O mundo cultural, ainda que sem apoio popular e sem emoção, embarcou no movimento “Fora, Temer”, slogan que anima eventos de esquerda. Hoje, limitado aos artistas de sempre e a alguns viúvos do naufragado sonho “lulopetista”, continua sendo periférico à sociedade e limitado às colunas de costumes da imprensa.
Apesar da elevada desaprovação e da confusão causada pelas denúncias do empresário Joesley Batista, quase um mês após o ocorrido não há mobilização popular contra o presidente. Ele continua a se aproveitar de uma espécie de desaprovação desinteressada e desmobilizada. O que pode ser parcialmente explicado pelo racha das elites.
A melhora discreta do ambiente econômico e o controle dos juros e da inflação também contribuem para desarmar os espíritos contra o presidente. Se a recessão prosseguisse aguda, a insatisfação poderia ser mobilizada a partir do episódio da JBS.
Há outro fator muito importante que domina o horizonte econômico com muita força. A exemplo do que aconteceu com as empreiteiras, especula-se a respeito da desarticulação das atividades da JBS, à qual faltariam recursos para se manter na atividade exuberante que ostentou no passado recente. Os parceiros deixaram de acreditar na capacidade de pagamento de gado no prazo clássico de 48 horas que prevalece no mercado.
Os irmãos Batista estariam próximos da exclusão do negócio que até há pouco tempo comandavam no planeta. Estão deixando aos poucos as páginas de economia da mídia e se transformando num caso judicial internacional interminável.

Sem sair da cadeia em Curitiba, Eduardo Cunha deixou em frangalhos as fantasias criadas pelo dono da JBS para livrar do castigo o ex-presidente

Por Augusto Nunes
21 jun 2017, 14h19 - Publicado em 21 jun 2017, 14h18
(Montagem/Reprodução)
Ao resumir numa carta manuscrita o encontro com Lula na casa de Joesley Batista, ocorrido em 26 de março de 2016, e revelar que o trio se reuniu para confabular sobre o impeachment de Dilma Rousseff, o prisioneiro Eduardo Cunha desferiu um golpe de caneta que deixou grogue um esquartejador da verdade e levou novamente às cordas a alma viva mais cínica do Brasil. No fim de semana, na entrevista a Diego Escosteguy, Joesley repetira que só viu Lula a um metro de distância duas vezes ─ em 2006 e 2013, quando se limitaram a trocar ideias exemplarmente republicanas. Nesta segunda-feira, foi obrigado pelo ex-presidente da Câmara a confessar que esteve com o chefão “em outras ocasiões” ─ certamente para tratar de negócios nada republicanos.
É o começo do fim da farsa encenada pelo açougueiro predileto de Lula e do BNDES. É o que faltava para o sepultamento da meia delação premiadíssima. Ou Janot rasga a fantasia e admite que não pretende investigar a organização criminosa que patrocinou a entrada de Joesley no clube dos bilionários ou reduz a farrapos as fantasias do dono da JBS com a convocação para uma nova série de depoimentos. É hora de forçá-lo a abrir o bico sobre o bando que, nas palavras do próprio depoente, institucionalizou a corrupção no país. Se insistir em vender Lula e seus comparsas como exemplos de honradez, estará implorando pela pronta interdição do direito de ir e vir.
No texto escrito de próprio punho na cadeia em Curitiba, Cunha tornou a exibir a vocação para arquivista. “Ele fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013”, lembra o signatário. “Mentira. Ele apenas se esqueceu que promoveu (sic) um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência na rua França, 553, em São Paulo, entre eu, ele e Lula, a pedido do Lula, a fim de discutir o processo de impeachment, ocorrido em 17 de abril, onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham”.
A profusão de minúcias deixa claro qual dos dois está mentindo. Para facilitar o trabalho de jornalistas e policiais incumbidos de checar as informações contidas na carta, o ex-deputado oferece meia dúzia de testemunhas. Que tal ouvir os seguranças da Câmara que o escoltaram na incursão por São Paulo? Que tal uma visita à locadora do veículo usado por Cunha para deslocar-se pela capital paulista? O Brasil decente torce para que seja longa e reveladora a briga de foice entre integrantes de duas organizações criminosas ─ ORCRINS, prefere Joesley ─ que roubaram em perfeita harmonia até o divórcio consumado pelo despejo de Dilma Rousseff.
Tomara que todos os bandidos contem tudo o que sabem uns dos outros. E que o bate-boca continue nas cadeias onde estarão alojados os corruptos, hoje desavindos, que a partir de 2003 produziram juntos a maior sequência de assaltos aos cofres do Brasil registrada desde o Descobrimento.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

The Last - Despedida (11)

Além do jazz e dos museus (e de zanzar pela cidade, é claro), nosso lazer por aqui consiste principalmente em teatro e concertos. Em ambos há uma certa frustração, porque a oferta de alternativas é enorme, mas os preços subiram violentamente nos últimos anos, especialmente o de entradas para teatro. Poucos anos atrás, a entrada mais cara numa produção Broadway (teatro, não musicais) custava 70 dólares. Hoje, custa 150 dólares ou mais. Alguns espetáculos simplesmente não têm como ser vistos, com entradas esgotadas meses antes da estreia, como o “Hamilton”. Alguns fazem loterias de vez em quando, mas aí é loteria mesmo, é preciso muita sorte porque há sempre muita gente concorrendo. Há uma alternativa barata, que é o quiosque na Times Square que vende entradas poucas horas antes de a peça começar, por preços mais baixos (reservas canceladas e coisas assim), mas você não pode escolher o que quer ver, ou lugar, nada. É’ pegar ou largar.
Ir a um teatro aqui, especialmente para quem mora no Rio, é uma grande experiência. Em São Paulo ainda sobrevive um teatro mais profissional. No Rio, o que sobrou de plateia são as velhinhas da van. As peças duram, em geral, uma hora, porque a van vem buscar as senhorinhas e não pode ficar esperando. Grande parte do que se monta são monólogos ou diálogos. Três atores já é “grande elenco”. Cenários são normalmente cadeiras e cortinas pretas. Textos mais importantes são apresentados no que chamam de “leitura do diretor”, ou seja, tesouradas de tudo o que for possível, para caber em uma hora e baratear a produção.
Quando ainda estávamos no Rio, costumávamos ir a São Paulo periodicamente para ver um texto inteiro e, bênção das bênçãos, cenários! Aqui, a cadeira e as cortinas pretas são usadas só em vanguardas marginais, para quem gosta. Textos são sempre integrais (os espetáculos duram em média duas horas, duas horas e meia, às vezes três). A “leitura do diretor” está no modo como é montada, mas não tem essa história de um bobão qualquer cortando textos originais.
Teatro sempre foi uma das minhas maiores demandas. Houve época, nos bons tempos das entradas mais baratas, em que vi seis peças em sete dias passados aqui. Agora temos que escolher bem e depois torcer para que consigamos entradas. Vimos grandes, embora relativamente poucas, peças nesses dois anos, todas muito boas. Eu tendo a escolher pelo elenco (bons textos sempre podem ser lidos; para mim, ler as peças já satisfaz). Bons atores normalmente são cuidadosos ao escolher em que trabalham, porque uma crítica desastrosa pode ter consequências sérias.
Vimos coisas belíssimas (como “The Band’s Visit”), coisas muito impactantes (como “Blackbird”). Quem gosta de teatro (e está com o ouvido em dia com a lingua) vindo aqui, não deve perder a chance. Os musicais têm muito público, ficam muito conhecidos, mas hoje em dia viajam pra todo lugar, é possível ver as mesmas coisas no Brasil, mas o teatro de texto não viaja. Uma frustração é o Shakespeare in the Park, montagens gratuitas que são feitas no verão do Dellacorte, no Central Park. As entradas são distribuidas no dia da apresentação, e as filas começam a se formar não sei a que horas. Já tentamos bem cedo e a fila já era maior que a disponibilidade de ingressos. Há também uma loteria diária, mas nós nunca ganhamos nada em sorteios. Agora estão montando uma versão do “Júlio César” que está fazendo um certo auê, porque puseram o César parecido com o Trump, e a cena do assassinato no senado gerou muita conversa. Pessoalmente, me parece que comparar Trump com Júlio César é uma infelicidade para Cesar, mas, enfim, é a leitura do diretor! Os programas das peças são padronizados (se chama “playbill”), e nós guardamos os de todas as peças que vimos aqui desde os anos 80 (é de graça, ao contrário do que se faz no Brasil). No Rio, costumávamos olhar de vez em quando. Agora a coleção está lá e nós estamos aqui, fica para o futuro.
Para quem gosta de coisas de vanguarda, a oferta é também muito grande, mas eu confesso que dificilmente iria ver (é, eu sei, uma visão muito reacionária!).
Concertos também são caros, mas nem tanto, mas nós ficamos mal acostumados com um privilégio a que tivemos acesso nesses dois anos. Aqui ao lado de casa fica a Rockefeller University, e nela, toda sexta-feira, acontecem concertos ao meio-dia, financiados pela universidade e algumas outras instituições, além de contribuições do público. Os concertos não são formalmente abertos para o público, mas ninguém controla a entrada. São concertos ótimos, profissionais (em geral, músicos que vêm a NY e tocam lá antes da apresentação em alguma casa de concertos maior) e nós costumávamos ir a praticamente todos.
Mas há muitas escolhas mais acessíveis. Eu não gosto muito de sinfônicas, prefiro música de câmara, e aqui há a Chamber Music Society, que organiza concertos no Alice Tully Hall, a sala que fica no prédio da Julliard, no Lincoln Center, que organiza coisas belíssimas, inclusive uma inequecível apresentação dos “Concertos de Brandenburg” antes do Natal (fazem isso todo ano; vimos em 2015). Para quem gosta, é uma delícia. Músicos excelentes, na sua maioria jovens, muito entusiasmados. É contagiante. Para quem gosta de coisas mais tradicionais, grandes orquestras, há sempre o Carnegie Hall, na 57. 

Despedida (10) - Mais sobre o professor Cardim

Nesta próxima quinta, eu me despeço de um dos lugares que mais frequentei nesses dois anos, a Penn Station (também frequentávamos muito nos anos 80, era por ali que chegávamos a Nova York vindos de New Brunswick). Eu nunca cheguei a ver, é claro, a Penn Station original. Pelas fotos e pelo pessoal da época, era muito bonita. Agora é um horror, além de completamente disfuncional, pequena demais para o movimento de passageiros que suporta. Meu trem para Rhinecliff (a estação mais próxima do Bard) sai dali. Ninguém passeia pela Penn Station, a não ser que seja completamente desavisado ou masoquista.
É o contrário da Grand Central, na Rua 42. Os passageiros são muitos, mas dá a impressão de que, mesmo assim, a maioria das pessoas que está lá é turista. O saguão principal é mesmo lindíssimo. Já era antes da restauração que fizeram, agora está ainda melhor. No térreo há grandes áreas vazias, em que, às vezes, se faz alguma exposição, naquele prédio de tetos altíssimos. Desce-se um nível para o saguão principal, onde se compra passagens e se tenta andar no meio daquela multidão de gente olhando para cima, para a abóboda da estação, ou tirando fotos de família inteira com essas varetas metálicas em que põem o smartphone na ponta. No andar inferior ficam os restaurantes, inclusive o semi-histórico Oyster Bar, que, como comentei em outro lugar, vale a visita, e enquanto se visita se pode pedir, nos balcões, uma porção de ostras que é muito boa (há a opção com uma lagosta, mas não foi tão boa, a lagosta parecia ter sido cozida de manhã e ficado ali, à espera de consumidores todo o dia).
A Grand Central é bem mais perto de casa, 42 com Lexington, mas ali não corre a Amtrak. Para mim, só serviria o Metro North, que é, na verdade, uma extensão do metrô que vai até Pooghkeepsie, a estação anterior a Rhinecliff, mas bem mais longe do Bard. Além disso, em ambos, a viagem dura cerca de duas horas (descontados os atrasos que a Amtrak costuma respeitar religiosamente), apesar de o percurso para Pooghkeepsie ser significativamente menor, por causa do número maior de paradas. Para chegar à Penn, eu tenho de pegar duas linhas de metrô, mas ainda assim acaba valendo a pena.
O metrô é um capítulo em si mesmo. A cobertura de Manhattan é muito boa, especialmente do lado oeste (o lado leste tem muito menos linhas). Em princípio, pode-se chegar a praticamente qualquer ponto da ilha de metrô, ou em combinação com ônibus (antigamente, era preciso pegar um “transfer” para fazer isso, agora fica registrado na fita magnética do Metrocard). Há muitas obras em andamento, porque o metrô é, quase todo, muito velho. As estações mais antigas tendem a ser muito, mas muito mesmo, sujas. Um dos passatempos enquanto se espera pelo trem é ficar olhando o passeio das ratazanas entre os trilhos. Por causa da velhice e das obras, o metrô ficou menos confiável. As linhas estão lá, mas todos os dias há alguma interrupção e, às vezes, é preciso esperar muito tempo pelo trem, mesmo quando, aparentemente, não há nenhum problema. Se se tem hora marcada, é sempre bom dar algum desconto quando se planeja a saída de casa.
Mas, com todos os problemas, o metrô é infinitamente melhor que a alternativa, o ônibus. Como muitas estações do metrô não têm elevador ou escadas rolantes, as pessoas de mais idade (e há muitas pessoas de mais idade em Manhattan) usam o ônibus. Os motoristas são sempre atenciosos e pacientes, muito mais do que os passageiros, que têm de esperar muito tempo a cada parada para que o ônibus comece a se mover. De novo, no lado leste não há muitas escolhas, são poucas as linhas do metrô. Mas eu costumo preferir pegar o metrô, mesmo assim, e depois andar para o lugar a que me destino. Assim, toda quarta-feira, eu costumava pegar a linha Q do metrô (que é nova, inaugurada no primeiro dia deste ano), para a rua 42, e lá pegar a C ou a E para a Penn (a estação é praticamente dentro da estação ferroviária). Na rua 42, para passar de uma linha a outra, anda-se bastante, mas isso é quase um programa turístico (em dois anos, a atração diminui rapidamente).
Eu tenho dúvidas se em algum lugar do mundo há uma estação de metrô maior que a da rua 42, que vai da Port Authority, na Oitava Avenida, à Grand Central, na Lexington. É uma estação tão grande que tem sua própria linha de metrô, para ligar os dois extremos, a linha S. Muitas lojas, bares, músicos, artistas, pregadores e malucos de toda natureza parecem morar na estação. A qualquer hora em que se passa, há muitos deles em todo lugar. E muita, muita gente, andando apressada em todas as direções (os passageiros estão sempre apressados). Vale uma visita, lembra um pouco aqueles filmes pós-apocalípticos em que os humanos sobreviventes passam a habitar os subterrâneos, embora, em algum momento, seja possível sentir alguma claustrofobia.

CDBs dos bancos

A seguir, confira o ranking dos bancos que oferecem CDBs com as maiores rentabilidades médias, para aplicar até 5 mil reais por até um ano:

Banco
Rentabilidade média do CDB para investir até R$ 5 mil por até um ano
Desvio padrão
1. Máxima
110,66% do CDI
1,03%
2. Indusval
110,16% do CDI
2,04%
3. Modal
109,67% do CDI
0,52%
4. Sofisa
108,49 do CDI
1,64%
5. Pine
106,83% do CDI
1,17%
6. Bonsucesso
106,82% do CDI
2,04%
7. Daycoval
106,40% do CDI
2,77%
8. Haitong
106,17% do CDI
0,52%
9. BMG
105,83% do CDI
1,17%
10. Paraná Banco
104,58% do CDI
1,20%

Warren Buffet

segunda-feira, 12 de junho de 2017

CVM vai julgar Graça Foster e Gabrielli

A Comissão de Valores Mobiliários vai julgar em 11 de julho os ex-presidentes da Petrobrás Graças Foster e José Sérgio Gabrielli por supostas irregularidades na condução da oferta pública de ações da estatal que levantou 69,9 bilhões de dólares em 2010, informa o Estadão.

https://pbs.twimg.com/media/DCIMcY2WAAA98zO.jpg

domingo, 11 de junho de 2017

ISTO É DINHEIRO

Opiniões: melhor tê-las....

Acho engraçado agora as pessoas estarem tão preocupadas em pegar o Temer. Praticamente morto politicamente, pelos eventos recentes, será ruim se ele continuar até 2018. No entanto me intriga a sanha por acabar com o seu governo. 

Sou economista e sim, sei q a sua gestão foi a melhor em 14 anos, depois da enganação da gestão do lulo-petismo e da "gerentona" Dilma. Nestes, seus objetivos no poder foram praticar muito populismo e montar os maiores dutos de corrupção da história republicana. Com Temer, reformas estruturais, essenciais, foram colocadas na agenda, assim como mudanças de regimes tentados. O BNDES, o BB, a Petrobras passaram por revoluções gerenciais. A inflação esta em 3,6% e o juro Selic rumo a 8,5%. Claro q nada disso tem a menor importância. Importante é saber q Temer foi pego em gravações pouco republicanas com um patife q prosperou, no seu Império de carne, no ciclo petista. Por que ele não tentou pegar o Lula??? 


Favores, muitos favores devidos. Simples assim. Claro q a escandalosa decisão do TSE chocou, mas sofismas por sofismas, todos continuam mentindo descaradamente sobre tudo. Por que o Lula, considerado capo, chefe de toda esta quadrilha q se espalhou por este Brasil, continua solto? Até acho saudável uma eleição direta antecipada, mas antes prendam o Lula e joguem todos os quadrilheiros do PT e correlatos na cadeia....Uma Refundação da República se faz urgente....

Despedidas (9)


Nos tivemos de mudar muitas coisas de nossos hábitos para a transição de Lisboa para cá. Em Portugal, o lazer principal era comer e viajar (na verdade, era cuidar e brincar com, as crianças, e isso continua sendo a principal atividade, cá como lá). Aqui, como ja falei antes, as prioridades são outras. Há muito o que fazer que não havia em Portugal (para ser justo, não ha’ em lugar algum, pelo menos não no volume que se tem aqui), mas comer e viajar não são comparáveis. Também já comentei em algum lugar que Manhattan e’ peculiar por que nao tem um centro em nenhum sentido. A vida urbana e’ construída em  sub áreas do espaço, não propriamente bairros, mas que sao separados por alguma linha que, apesar de invisível, todo mundo conhece. Dentro de cada uma dessas areas ha’ praticamente tudo, com poucas exceções (por exemplo, os grandes museus, o distrito teatral, etc). Mas nao e’ apenas o pequeno comercio que se espalha por essas áreas, como em qualquer outra cidade, mas sao também muitas formas de lazer, restaurantes, etc. Ha’ restaurantes famosos e ha, mais que em qualquer outro lugar, as grandes cadeias, do MacDonald’s ao Red Lobster, muitas, fazendo todo tipo de comida. Mas voce tem a sua volta bons lugares, a precos normais (nao turísticos), que sao conhecidos pelos moradores da area, mas que praticamente nao sao frequentados por mais ninguém. Nos nos adaptamos sem grande dificuldade a essa geografia. Ha’ um numero enorme de pizzarias aqui em volta, como em toda a ilha. Como a comunidade de emigrantes italianos e descendentes e’ muito grande, as pizzas tendem a ser boas (em Portugal tinhamos muita saudade de pizzas melhorzinhas: ha’ poucos italianos, o pessoal que faz pizza parece ter aprendido pelo google). Mas alguns lugares sao muito bons. Aqui perto de casa, na Primeira com 74, ha’ uma chamada Numero 28, que faz uma pizza branca (sem molho de tomate) trufada que e’ um delirio, pelo gusto e pelo perfume do azeite trufado. As outras sao boas tambem, mas a de trufas e’ o nosso pedido de sempre. Mais perto ainda, na Segunda com 65, ha’ um restaurante italiano muito bom tambem, chamado Mediterraneo, que serve entre as entradas uma polenta com pesto que nos reconciliaria com a vida, tivessemos nos alguma queixa mais seria. O resto do cardapio e’ muito bom, mas depois da polenta com pesto, a gente aceitaria qualquer coisa. Nos ainda nao nos conformamos com a perda do lugar a que iamos muito, a duas quadras de casa, chamado Bistrot 61, na Primeira com (pois e’) 61, onde se comia mexilhoes com fritas deliciosos, alem de um hamburger Rossini (com um pedaco de escalope de foie gras por cima) magnifico. Em todos esses lugares se e’ (ou era, no caso do 61) atendido por jovens estudantes muito simpaticos. Nosso consume mais frequente acaba sendo comida vietnamita, no Spicy Saigon, na Primeira com 67, um bistrot operado por uma familia vietnamita, com comida deliciosa e precos muito baixos. A poucas quadras de casa ha’ ainda um classico local que frequent ha’, literalmente, decadas, o Burger Heaven, onde se come um cheeseburger ao modo tradicional, acompanhado de batatas fritas, cole slaw e pickles de pepino. Rarissimas vezes, nesses dois anos, comemos fora desse perimetro. Uma ou outra vez para visitar algum lugar muito tradicional, como Oyster Bar, na Grand Central, mais pelo folklore do que realmente pela comida. Ha’ muitos outros lugares em volta, servindo sushis, comida Indiana, e outras mais incomuns, como persa, afghan, cambodjana, e por ai vai. Mas eu confesso que meu gusto pelo exotico e’ limitado, ao contrario do resto da familia. Esses lugares “de bairro” tem sempre precos melhores (mas e’ sempre preciso tomar cuidado com o vinho, que muitas vezes dobra a conta, e se lembrar que ha’ tambem o imposto, cerca de 8% e a gorjeta, mais 17%, que nao estao incluidos no precos do cardapio). Mas ha’ outra alternativa, muitas vezes mais interessante, para quem passa temporadas mais longas, os lugares onde se pode comprar coisas para comer em casa (da’ para comer em hoteis tambem, com certeza), mas a esses eu volto depois.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...