sexta-feira, 29 de maio de 2020

EDUCAÇÃO III

Importante uma breve abordagem sobre o estado dos cursos de Economia nas universidades públicas brasileiras. Falarei das que eu mais conheço, ou estudei, mesmo que brevemente, UFRJ e UFF.
Minhas experiências nestas duas instituições foram breves, mas intensas. Importante destacar a excelência acadêmica em muitas áreas, mas não ignorando, ou deixar de comentar, o crescente aparelhamento na área de humanas.
Na UFF, onde fiz o mestrado acadêmico, me chamou atenção na Economia Política, o predomínio de abordagens marxistas, ou "marxianas", aqueles que lêem os "grundises" (do original alemão).
Tantos e tão diversos pensadores, formuladores teóricos de uma ciência nascente e cheio de energia e vieses, e nós apenas lendo Karl Marx (um clássico meio decadente?)!!
Seria tolerável uma aberração destas?
A impressão que eu tinha é que ali eu não estava para estudar, mas fazer militância, ou sofrer uma "lavagem cerebral", como tantos tolos alunos que se guiaram pelo professor Doutor da época, um filósofo formado em Berlim. Nada contra ele. Contra, eu tinha sim a esta imposição de uma agenda esquerdista, tola e desatualizada, num mestrado acadêmico de Economia.
Durante este mestrado eu acabei conseguindo um emprego, que se tornou o da minha vida inteira. Na LOPES FILHO & ASSOCIADOS, a partir de 1993, e na área que mais me interessava, desenvolvi variadas análise MACRO, de indicadores econômicos e financeiros de mercado, debates variados, etc.
Por lá, me firmei como Economista-Chefe e conheci bem o mercado financeiro, embora pouco acesso às casas de investimento que começavam a pintar, aqui e acolá, conhecidas também como gestoras ou assets. Para estas, apenas os yuppies da PUC e da EPGE.
Fiz todos os créditos deste mestrado acadêmico na UFF. Depois resolvi fazer um Mestrado Profissionalizante e defender a dissertação sobre "Crises Cambiais nos anos 90". Lembrando que tese é só no Doutoramento. Fiz na UCAM, num dos primeiros Mestrados Profissionalizantes do País, na qual era possível conciliar uma "pegada acadêmica", sem perder o foco no mercado de trabalho, necessidade de se atualizar e também ganhar um salário decente.
Interessante que eu sempre achei uma "bobagem" esta tola dicotomia entre economistas de mercado e acadêmicos. Todos são um só, profissionais nas suas áreas respectivas de atuação.
Comenta-se que isso é muito mais presente entre os economistas heterodoxos, todos cheios de desdém para falar dos economistas que trabalham no mercado financeiro ou tinha uma linhagem mais ortodoxa, estes mais aderentes ao uso de modelos macrométricos, matemáticos, para explicar parte da realidade.
Já os primeiros gostavam mais de análises descritivas, "historicistas". Nada contra. Acho que uma complementa a outra.
Aliás, não acho saudável esta dicotomia de heterodoxos não respeitarem os ortodoxos (e vice-versa).
Em poucas palavras, os primeiros, heterodoxos, acham saudável expandir os gastos do governo, pelos seus efeitos multiplicadores sobre investimentos, renda e emprego, mesmo que o déficit aumentasse muito. Na leitura deles, a demanda estimulada empurraria o PIB para frente e geraria ganhos de arrecadação, o que depois compensaria qualquer "desbalanceamento" fiscal. Neste contexto, suas leituras, bem keynesianas e anti-cícilicas, era de que o governo era o principal endutor da economia. Claro, Keynes não é só isso, é mto mais.
Inclusive, foi um avanço, uma evolução, ver um destes heterodoxos, o João Sicsú, da UFRJ, conversando nesta semana, com o André Perfeito, economista da NECTON. O João é considerado um dos maiores pós-keynesianos da atualidade, numa leitura mais alternativa da Teoria Geral, por colocar mais pimenta na discussão sobre a incerteza numa Economia Monetária de Produção.
Aliás, perfeita a leitura dos economistas keynesianos sobre este tema. Nada a discordar. Assim como eu acho importante no "cabedal" de conhecimentos dos economistas haver uma agregação de ferramentas quantitativas, até para ser melhor aceito pelo outro lado. Na comunidade científica internacional, é por este caminho que devemos transitar. A dos modelos quantitativos como alternativa à leitura acadêmica.
Este mesmo lado que tem uma leitura mais voltada para a produtividade, ganhos de eficiência, aumento da oferta. Sendo assim, os heteros olham mais para a demanda e os ortos mais pelos lado da oferta.
Acho que ambas as leituras devem se complementar. Os primeiros acham que a economia será impulsionada pelos estímulos à demanda e a arrecadação crescerá como resposta. Acham estes que ajustes necessários devem ocorrer pelo lado das receitas, sempre batendo sob a tecla da taxação sobre fortunas e heranças. O problema é que eles não se atentam muito para as necessidades de melhoria na eficiência dos gastos públicos, na sua qualidade. Não observam que para uma "sociedade do bem-estar" ("welfare state"), é importante focar na qualidade dos serviços públicos prestados.
Já os ortodoxos possuem uma série de nuances. Atuam mais pelo lado da oferta, pelo debate em torno da necessidade de elevar a produtividade. Areditam no ato salutar, para a economia como um todo, de um ajuste fiscal que readeque as despesas à capacidade de arrecadação federal, enchergam ser importante reduzir a carga de impostos sobre a produção, no objetivo de estimular as empresas, acham que inflação é um fenômeno monetário, muito mais decorrente de remarcações das empresas, dentre outras.
Acho que ambas as leituras são válidas. O que deve predominar, depois de uma boa análise, é um filtro e muito equilíbrio e bom senso.
Em crises, como a pandemia de agora, não resta dúvida sobre o providencial papel do Estado como agente indutor e atuando nos "vazios sociais". Concordo plenamente. Aahh, então todos somos keynesianos? Não. Somos o que devemos ser, de acordo com as circunstâncias do momento. Acho terrível estes rótulos forçados.
Sou contrário à rótulos, assim como à demonização pura e simples.
Importante é sermos plurais, abertos à novas correntes e sermos sempre curiosos, absorvendo conhecimentos novos.
Vamos conversando.

Meritocracia é bom, mas cuidado!

EDUCAÇÃO II

Aqui em PORTUGAL (estou numa pequena cidade de 50 mil habitantes, chamada Évora, mas muito tranquila) as experências vêm sendo bem marcantes.

Cheguei aqui ao fim de 2018 para o início do Doutoramento. Estou em tema de tese sobre SUSTENTABILIDADE DE DÍVIDA PÚBLICA NO LONGO PRAZO, versando sobre a experiência de dez países menos desenvolvidos nesta área. Quero dizer que estava meio à meia bomba, mas deu uma boa retomada por estes dias de pandemia. Meu interesse? Meu enriquecimento intelectual e a arte de iniciar um pouco na área de pesquisa científica de verdade.

Em paralelo, venho acompanhando, discretamente, a evolução do meu jovem filhote de 17 anos, Bruno, no seu objetivo de integrar na universidade. E muito venho me emocionando com a dedicação dele (é claro) e dos professores (formadores) pelos objetivos do seu aluno. Que diferença para a primeira escola onde meu filho estudou parte da sua formação em JACAREPAGUÁ, RJ!!
Meu filho estuda numa escola pública aqui em Évora. Sua estrutura FÍSICA, porém, nada deve aos melhores padrões das "medalhadas" escolas privadas do Brasil. Faço questão de falar o nome da escola, Escola Pública Gabriel Pereira.
O menino ingressou nesta escola entre o segundo e o terceiro ano, em fins de 2018, início de 2019. Ingressou na verdade no segundo trimestre do segundo, e foi atropelando...Impressionante!

Aqui em Portugal o período letivo vai de setembro/X0 a setembro/X1. Ele chegou em dez e começou as aulas em jan19, na verdade tendo perdido set a dez. Se recuperou e terminou entre os melhores alunos da turma. E olha que a escola é pública, mas é boa! Está bem ranqueada no sistema de ensino de PTG. São ótimos os professores, mas, claro. Aqui, como em todos os lugares, existem bons professores e razoáveis, assim como existem os bons e os desinteressados alunos.

Para o terceiro ano, ele logo foi alocado na turma focada em Exatas, pois seu objetivo é fazer ENGENHARIA AEROESPACIAL. Aqui as notas variam até 20, e a sua média oscila entre 18 e 20. Só que esta engenharia é mais "hardcore" do que Medicina, é barra pesada! Tenho o prescentimento que ele passa. Sua universidade é a "POLITÉCNICA DE LISBOA". Ou seja, em setembro estaremos todos morando na capital.

O que mais me emociona, no entanto, é a dedicação dos professores em elevar o nível do meu filho, fortalecê-lo para ele ingressar na Polítécnica de Lisboa. Parece-me meio um sistema meio de mutirão. Interessante. São todos mtos mobilizados em dar o melhor aos alunos. É meio que uma postura de idealismo, de despreendimento, de meta educacional. E isso não tem preço.

Eu que sou meio emocional, meio "velho chorão", só tenho me emocionado por aqui.

E vamos em frente!





EDUCAÇÃO I

Soube hje que a UCAM está em "recuperação judicial". Surpresa nenhuma diante das péssimas administrações do passado.

Até houve algum esforço de recuperação nos últimos três anos, mas aí a "porta já estava arrombada". Triste porque era uma instituição centenária, que merecia melhor trato no seu patrimônio e na sua filosofia de ensino, e onde eu fiz, qdo respeitável, parte da minha formação.

No entanto, sempre foi gerida de forma personalista e familiar. Não poderia mesmo dar certo.

Apenas recordando que lá voce assina a carteira de trabalho, mas nunca recebe o que a legislação trabalhista define como obrigação do empregador.

Nos ultimos anos, vinham tentando "arrumar a casa", mas a torpeza de algumas diretorias anteriores deteriorou de tal foram a gestão da casa, que se tornava impossível esta recuperação. Estavam quase descredenciados pelo MEC como universidade.
E isso não acontece só lá. Dentre as universidades privadas, só posso considerar realmente a PUC e a FGV como "padrões de qualidade".

O resto, pelo menos no meu estado (RJ), corre atrás, mas deixa mto a desejar. Ser respeitado como profissional sério em algumas instituições privadas de ensino é um desafio. Predomina o improviso, o amadorismo, a "corda no pescoço", a acomodação e o desrespeito aos professores.
E isso acontece muito também nas escolas privadas de segundo grau, de ensino médio.
Meu filho, melhor aluno de sala, estudou numa escola, cheio de tradições, mas que mais queria era grana e não premiar o mérito ou a excelência acadêmcia no método de ensino. Literalmente, para o meu choque e desalento, era uma escola do "pagou e passou". Uma vergonha. Percebemos isso e o tiramos de lá. Achávamos antes que o meu filho, sendo ótimo aluno, poderia pleitear uma bolsa, parcial que fosse. Doce ilusão. O negócio deles era grana, grana, grana. A classe média alienada, aquela que pouco sabe dos filhos que acabam maconheiros, muito mais interessada que está nos seus umbigos, nem estaria preocupada com a qualidade e honestidade do ensino. O negócio desta gente é manter o "status quo".
Antes desta experiência em Portugal, meu filho acabou indo para uma "escola de verdade", o PENSI, esta sim,um exemplo de seriedade e foco. Este sistema de ensino, o ELEVA, deve ser louvado sempre. Dizem que seu maior sócio e o PAULO LEHMANN.

Meu filho estudava na escola da Barão de Mesquita. Lá não HAVIA moleza. Era só garotada de Biomédica, Exatas, ITA, IME, um exemplo, a ser destacado e elogiado sempre. Aliás, como boa parte dos jovens "bem nascidos", "filhinhos de papai", estão perdidos por aí hein? Isso me impressiona muito. Na escola anterior só se via garotada querendo fazer arte, ir pelo atalho dos ensinos fáceis e pueris.

Tijuca II - Pensi

Enfim, o que é bom, deve ser louvado e lembrado sempre. É o q eu me proponho a fazer neste espaço.

Dogmatismo e fanatismo ??

Estou out!!

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...