sábado, 12 de dezembro de 2020

O QUE NOS RESTA

 Por estes dias tentei transitar por um grupo na Internet, liderado por um economista heterodoxo famoso. Para quê! Tentei questionar certos mantras desta turma. Sim, porque me parece que todos se guiam por alguns pilares do pensamento "mais a gauche".

Um deles é de que o Estado é "Deus Pai", todo poderoso, todo protetor, nos seus vários tentáculos. Quem pensa diferente, é logo taxado. Você é ortodoxo, é liberal...

Para eles, o Estado é empreendedor, promove o crescimento, protege os mais pobres, tem mil e uma utilidades e serve também para dar nacos de poder para a classe política. Estatais, então, são o alvo preferido, sendo evidência, que todos os desvios nascem nestes locus. Serve também para a concessão de linhas de pesquisa, e várias vantagens ou sinecuras, aos servidores, que lá ingressam, ou por indicação política, ou, muito meritório, por concurso.

Nada contra. Muitos atravessam meses estudando para alguns concursos, todos, em sua maioria, correndo atrás da estabilidade na vida, da previsibilidade aos próximos anos. E talvez seja este o maior pecado dos empregos públicos, a tal da estabilidade. Comenta-se que esta foi criada para se evitar "perseguição política", o tal do "assédio moral".

O fato é que muitos são os grupos a pensarem dentro dos seus quadrados, dos seus mundinhos de conforto, muitos criados nas universidades públicas deste País. E estes vão, cada vez mais, se tornando ambientes em que o patrulhamento e o "pensar diferente" se torna algo difícil, uma tarefa de coragem. E o que mais me choca é que fala-se em "gado" sobre o eleitorado do presidente Bolsonaro. E aquilo é o quê?? É tão gado quanto.

Até discussão de Marx, na veia mesmo, observamos como fato. Quando num Mestrado da UFF, no início dos anos 90, fiz um curso de Economia Política na UFF em que a grade era ler os "grundises" de Karl Marx, os "tomos" do "Das Capital" no seminal em alemão. Tudo bem. Isso aconteceu em 1990. Mas e agora???

Naquela época, o curso de Economia Política só se dava isso...Karl Marx nos originais.

Se isto não era lavagem cerebral...Num curso de Economia Política ou História do Pensamento Econômico, parte-se do pressuposto que iremos ler os Clássicos até o século XIX...Adam Smith, David Ricardo, Malthus e também o bardo alemão Karl Marx.. Depois, ao florescer o séc XX, ensina-se neo-classicos, marginalistas, Leon Walras, Jevons, Alfred Marshall...ingressando finalmente em John Maynard Keynes, o mais marcante economista do século passado.

Normal, tinha-se que ler todos os clássicos, marxistas, neoclássicos, Keynes, etc, mas dentro de um contexto histórico. "O pensador tal viveu na Inglaterra vitoriana, no século XIX, pós Revolução Industrial, no avanço da produção em massa, da economia de escala, mas deixou de fora os trabalhadores. Pouco a pouco, estes foram conquistando seus direitos....E Marx surgiu nesta época para responder as perguntas dos "socialistas utópicos"....Dos que defendiam os interesses dos trabalhadores.,...coisa e tal".

Claro q tem q ser assim!

E o processo ia num acúmulo sobreposto de conhecimento...Pensadores mais novos se aperfeiçoando ao que se pensava antes...O contexto histórico seria então essencial.

É importante se mostrar as diversa linhas de pensamento economico, informando o que é mainstream, o que é ortodoxo ou heterodoxo.



Vamos conversando...

Editorial do Estadão (17/02)

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