sexta-feira, 24 de abril de 2020

A BEM DA VERDADE...

Pediu demissão o Ministro Sergio Moro. 

Num discurso contundente, narrando toda sua trajetória no Ministério de Justiça e Segurança, Moro, de forma retilínea, direta, honesta e digna, praticamente colocou a nu o presidente Bolsonaro e seu gabinete do ódio. Foi devastador. 

Lembremos que Moro não era aderente ao Bolsonarismo antes das eleições. Ele estava ajudando o MP a pegar "bandido", no q fazia mto bem. 

Foi depois, entre out e nov de 2018, pensando em capitalizar este convite, q o candidato Bolsonaro resolveu convidar o Moro. 

E seja feito uma ressalva, o Bolso nunca teve livre transito junto ao Moro. Nunca foi amigo, homem de confiança. 

A verdade é q o Sergio Moro era uma bomba de alta octanagem para o Congresso, tal a qde de deputados envolvidos em ilícitos. E o Bolso nunca o defendeu. O abandonou, na sua paranóia de sempre, vendo nele uma ameaça para 2022. O lançamento do Pacote contra o Crime foi muito chato, pois o presidente nunca assumiu defendê-lo. Moro sempre lutou só. 

O mesmo aconteceu com o Guedes e Mandetta. Achamos, inclusive, q o Guedes é o próximo a sair. 

Na boa, dependendo do cenário para 2022, o João Dória, o Luciano Hulck, ou mesmo o Sergio Moro, qqr um, minimamente articulado e inteligente, colocam este capitão no bolso. Sem duplo sentido. (E sem falar nos candidatos mais à esquerda). 

Marcelo Passos

CENÁRIO MACRO BEM DIFÍCIL
Estávamos em um cenário de tendência de recuperação no início do ano (previsão de crescimento de cerca de 2%). Depois, antes mesmo do COVID 19 chegar ao Brasil, a previsão de crescimento era de cerca de 1%. Agora, a expectativa é que o PIB caia 5% ou até mais.
No melhor cenário pós-COVID 19, vai levar uns cinco anos para nós reduzirmos o déficit e a razão dívida/PIB. Isso significa que vai levar no mínimo uns três ou quatro para começarmos a ver uma reação minimamente significativa no investimento privado, no crescimento e na geração de empregos.
Situação difícil.

NAS ENTRANHAS DO PODER

Diversos amigos já FALARAM aqui q se o Moro e o Guedes saírem este governo acaba. Incrível a inabilidade do capitão e a visão viesada, fanatizada dele. Assessorado por Carlos Bolsonaro e diversos olavetes, como a coisa pode fluir? Um querido amigo, assessor parlamentar em Brasília, me deu uns toques interessantes.
  1. Antes das eleições, em 2017/18, parte da cúpula militar não engolia o capitão. O achava simplesmente um desagregador e porra louca. Comentavam entre si q o gen Hamilton Mourão poderia ser uma boa opção, mas ele, por púridos não aceitava a missão de se candidatar. Seria, realmente, um belo candidato.
  2. O problema é q o capitão não iria abrir mão da sua candidatura. Então, naturalmente, a centro direita, acabaria rachando abrindo espaço para o Ciro e o candidato do PT, na época, o próprio Lula.
  3. Meio a contragosto, acabaram fechando com o capitão. Mas recordemos como foi difícil para ele formar chapa. Ninguém queria. Claro todos conheciam a porra louquice dele. Os atos por compulsão e totalmente descabeçados.
  4. O bom gen Hamilton Mourão acabou aceitando, mas me parece meio a contragosto. Sua trajetória nestes 16 meses bem reflete isso. Ele não conseguiu se enquadrar às porra louquices do presidente. Está meio de lado.
  5. Em quase todos os conflitos e mudanças de ministério (excessão para o desastre da Educação), Bolsonaro agiu de forma precipitada e açodada. Gustavo Bebbiano foi um desastre (isso é fato, o pobre homem nunca mais se recuperou, vindo a falacer de infarto. Era total desgosto); Santos Cruz (um dos oficiais mais brilhantes da caserna. Foi demitido por fofocas do gabinete do ódio). Para mim, uma perda irreparável; Onyx Lorenzoni foi deslocado para o Min da Cidadania, pq sua capacidade de articulação política foi zero); Osmar Terra foi a mesma coisa. Saiu do Min do Interior por incompetência, mas passou a minar o Mandetta, numas teses esdruxulas de liberar a boiada já. Mandetta, que na minha opinião, vinha fazendo um bom trabalho, foi o último cair. Tinha o carinho de todo o Ministério, q trabalhava com ele com afinco. Valorizou os quadros deste ministério, algo mto meritório. E estes quadros são de alto nível !
  6. E o que falar das articulações políticas? Tinha uma maioria folgada na Câmara e mais apertada no Senado. Seu partido, o PSL, era cabeça de ponte. Conseguiu brigar com todos para fundar um partido obscuro e sem expressão. Partido este que pela legislação eleitoral atual, não conseguiu ser legalizado. Ou seja, não terá representantes nas eleições municipais deste ano (se ocorrerem!). Bons cabos eleitorais, como Frota, Joice, e outros viraram inimigos. Como não ter base política no Congresso qdo se tem uma agenda tão pesada de reformas?
  7. Sobre esta agenda de reformas ele sempre foi displiscente, relaxado, irresponsável. No pacote do Moro foi um horros sua postura. Costurou acordos com o Toffoli para tirar a prisão em segunda instância e o foro privilegiado, entre tantas medidas abandonadas, que "afetassem a classe política". Como o Congresso iria legislar contra si, sabendo-se que pelo menos 60% tem pendências judiciais, criminais, de corrupção? O capitão foi desleal sempre com o Moro, cogitando outro nome para o STF, chantageando-o. A verdade é q o Moro foi inábil ao aceitar este pepino. Não devia ter aceitado o Ministério. Nestes 16 meses só tivemos o esvaziamento do seu ministério, q era bem robusto.
  8. O combate à corrupção? Não rola, pq os filhos, no caso o 01, estão mais do que envolvidos. Rachadinha é prática comum em todas as casas legislativas do País, mas é um ilícito, é algo anti-ético. A PF, na diretoria do Valeixo, estava com várias pendências juidiciais contra os filhos, por isso, sua demissão ou pressão contra. Moro resolveu segurá-lo, enfrentando o capitão. Por isso, sua quase demissão nesta quinta-feira.
  9. Vamos para a Economia. Guedes está de saco cheio. Tem um pavio curto, não tem paciência com a mediocridade. Diversas vezes tentou justificar sua ainda permanência no governo e sua tolerância às cagadas do capitão, descrevendo-o. Muitos estão criticando-o, inclusive minha esposa, mas a verdade é que ele não consegue avançar se não tiver uma boa base parlamentar para aprovar suas medidas, a agenda de reformas. A reforma da Previdência veio a meia bomba, meio que um remendo, por isso. Diversas MP já caducaram. Claro q para o Rodrigo "Botafogo" Maia e o Alcolumbre, depois de tantos desentendimentos, não interessa a aprovação de medidas enviadas pelo governo Bolsonaro. Cada um, pelos seus interesses inconfessáveis, está atuando para atrasar tudo.
  10. Concluo que o Bolsonaro se isolou pelo seu péssimo temperamento e a profusão de tiradas de mau gosto. Apenas os evangélicos mais fanáticos, ligados a estas seitas (Malafaia, IURD, etc) e alguns reaças de carteirinha, continuam com ele. Alguns generais, à bem da governabilidade, resolveram instituir uma junta informal, para aconselha-lo, mas pelo outro lado, existe sim este tal "gabinete do ódio", a orientá-lo com estultices e maluquices. No comando disso, Carlos Bolsonaro. Tudo é lamentável.
  11. Amigos, tudo isso é lamentável. Muitos dizem q só continuam com este governo se o Guedes e o Moro continuarem. Eu apoiava algumas políticas públicas, mas sempre me enervando com as cagadas do pres, tentando entender, mas desde sempre eu me comportei como observador da cena. Gosto destes dois personagens, do Tarcísio Delgado, da Thereza Cristina, do Beto Albuquerque, mas vai rareando os apoios. Uma última observação, a Regina Duarte, por onde anda? Embarcou numa tremenda canoa furada. Se demitiu da Globo para esta aventura? Sim pq este governo é uma aventura ao desconhecido.
  12. Bom dia a todos!
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