sexta-feira, 24 de outubro de 2025

"Framengo"

 O JOGO IMITA A VIDA. E VICE-VERSA.

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Um crime sem autores

Vítimas do incêndio no Ninho do Urubu foram traídas duas vezes: pelo Flamengo e pelo Estado - ESP - 24/10/2025 


O incêndio no Ninho do Urubu – que, em 2019, matou dez jogadores das categorias de base do Flamengo com idades entre 14 e 16 anos – foi uma tragédia criminosa das mais atrozes na história recente do esporte brasileiro. Seis anos depois, em vez de trazer algum conforto, o desfecho da ação penal em primeira instância só aumentou a dor de suas famílias e espalhou pelo País um profundo sentimento de indignação.


Na terça-feira passada, o juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36.ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, absolveu os sete réus que ainda respondiam criminalmente pelo caso. Segundo o magistrado, não ficou demonstrado nos autos o nexo causal entre as condutas dos acusados e o incêndio – provocado, vale lembrar, por uma gambiarra na fiação elétrica do contêiner feito de alojamento para os garotos. Assim, o episódio que destroçou famílias e revelou ao Brasil o descaso do riquíssimo Flamengo com a segurança de seus atletas termina, no âmbito penal, sem culpados.


Não se questiona aqui o papel do juiz, que, diante de um processo que ele avaliou estar mal instruído, teve de decidir conforme o Direito e a ausência de provas robustas para a condenação. O que se pode afirmar, e com veemência, é que o sistema de Justiça, em sentido amplo, falhou miseravelmente com os parentes das vítimas e, em última análise, com toda a sociedade fluminense.


As famílias que entregaram seus filhos saudáveis ao Flamengo, confiando em um projeto esportivo que prometia oportunidades e ascensão social, foram traídas duas vezes. Primeiro, pelo clube, que demonstrou uma irresponsabilidade vergonhosa ao manter os adolescentes dormindo em estrutura improvisada e sabidamente insegura, vale dizer, sem aval do Corpo de Bombeiros. Depois, ao tratar a dor alheia como um problema contábil, litigando contra as próprias vítimas na tentativa de reduzir indenizações, o Flamengo revelou um desapreço moral incompatível com a sua história e com a grandeza de sua torcida.


A segunda traição veio do Estado. A incapacidade das autoridades – Polícia Civil, Ministério Público, Poder Judiciário – de conduzir um processo consistente resultou em impunidade. Ao fim e ao cabo, é disso que se trata. Mas, se confia no trabalho que fez, agora é dever do Ministério Público recorrer da sentença e demonstrar que o juiz errou ao não identificar a responsabilidade de cada um dos réus absolvidos.


Condenações sem base jurídica são indefensáveis no Estado de Direito, por mais rumoroso que seja o processo. Mas cabe, sim, denunciar a falha de um sistema de Justiça que, diante da escandalosa negligência do Flamengo, traiu a confiança da sociedade à qual serve. O resultado é esse vácuo a um só tempo legal e moral: dez jovens morreram queimados no centro de treinamento de um dos maiores clubes de futebol do mundo e não há responsáveis.


O incêndio no Ninho do Urubu não foi uma fatalidade. Foi o resultado previsível de uma cadeia de decisões temerárias e da complacência com a precariedade daquelas instalações. Se o Estado não for capaz de identificar e punir os responsáveis, consolidar-se-á a ideia de que tragédias criminosas simplesmente acontecem no Brasil – e ninguém tem nada a ver com isso.

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Inflação é destaque no Brasil e nos EUA*


IPCA-15 sai às 9h e o CPI nos Estados Unidos, às 9h30, quebrando o apagão de dados do shutdown


… A Usiminas abre a temporada de balanços do 3Tri na B3, com resultados antes da abertura, enquanto o salto de 7,7% da Intel no after hours garante uma notícia positiva para os mercados em Nova York, animados com o encontro entre Trump e Xi Jinping, na próxima quinta-feira. Já a conversa com Lula, esperada para domingo, não está ainda oficialmente confirmada. Mas o dia é do IPCA-15 no Brasil (9h) e do CPI nos Estados Unidos (9h30), que quebra o apagão de dados do shutdown. O curioso é que lá a inflação deve subir, mas sem mudar as apostas unânimes em corte do juro na semana que vem e, aqui, a estimativa de queda não deve abalar a convicção do BC de manter a Selic estável.


IPCA-15 – As declarações de Gabriel Galípolo em Jacarta, nesta quinta-feira, esfriaram as apostas de que o Copom poderá antecipar o início do ciclo de quedas para janeiro, em meio ao crescente otimismo do mercado com o cenário mais benigno da inflação.


… Embora tenha reconhecido um processo de desaceleração dos preços, com a inflação “relativamente controlada”, destacou que as expectativas seguem fora da meta e, mais importante, que “a convergência para a meta demanda juros em nível elevado por um período prolongado”.


… O presidente do BC fez questão de repetir que o Banco Central está “bastante incomodado” com a inflação ainda fora da meta.


… O mercado, que esperava o IPCA-15 de hoje para avançar em suas fichas para janeiro, operou com mais cautela, com os juros curtos estáveis, interrompendo três pregões consecutivos de quedas. Só os intermediários e longos fecharam em baixa (abaixo).


… A mediana das estimativas para a preliminar do índice de preços ao consumidor é de desaceleração para 0,24% em outubro (Broadcast), após alta de 0,48% em setembro. As projeções, todas de alta, vão de 0,14% a 0,33%.


… Para a inflação em 12 meses, a mediana indica recuo no ritmo de alta de 5,32% para 5%.


… O alívio na tarifa de energia elétrica, com a mudança da bandeira tarifária vermelha 2 para vermelha 1, e a saída do efeito rebote do bônus de Itaipu devem corroborar a desaceleração do IPCA-15 em outubro, segundo economistas consultados pela Agência Estado.


… Já a média dos núcleos de inflação deve ganhar força na margem no IPCA-15 de outubro, passando de 0,19% em setembro para 0,32%.


… Entre os principais preços na abertura do índice, a estimativa intermediária também indica ganho de tração nos preços livres (-0,02% para 0,29%); alimentação no domicílio (-0,63% para -0,08%); serviços (0,12% para 0,50%) e serviços subjacentes (0,04% para 0,43%).


… Por outro lado, as medianas indicam desaceleração nos administrados (1,91% para 0,08%) e mesma variação para bens industriais (0,20%).


CPI – Nos Estados Unidos, o consenso é de uma alta de 0,4% da inflação ao consumidor em setembro, mantendo na margem o mesmo ritmo de agosto. Na comparação anual, a expectativa é de aceleração para 3,1%, acima da alta de 2,9% em agosto.


… O núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, também deve manter o ritmo de agosto, subindo 0,3% no mês e 3,1% na base anual.


… A divulgação do CPI de setembro é uma exceção do Departamento do Trabalho durante o shutdown, que completa hoje 24 dias, porque o dado do terceiro trimestre é utilizado pela Seguridade Social para determinar o ajuste anual do custo de vida para o ano seguinte.


… O JPMorgan espera uma pressão adicional sobre os preços de bens, devido às tarifas, que também podem puxar alguns alimentos, como café, que preocupa Trump, segundo ele disse na conversa por telefone com Lula, sugerindo uma revisão da sobretaxa ao produto brasileiro.


… Também o TD Securities projeta que os preços dos bens devem ganhar força pelo quarto mês consecutivo em setembro, à medida que a pressão das tarifas continua a se materializar gradualmente. Já para o UBS, o vilão principal será a alta nos preços da gasolina.


… O Goldman Sachs acredita que o CPI não alterará as apostas por novos cortes de juros pelo Fed até o fim do ano.


… A ferramenta de monitoramento do CME Group continua apontando que é praticamente unânime (98,3%) a chance de um corte de 25pbs no próximo encontro de política monetária do Fed, na quarta-feira, 29, e outro na reunião do dia 10 de dezembro (93,4%).


CHINA ALIVIA, RÚSSIA ESTRESSA – A confirmação do encontro entre o presidente Donald Trump e o líder chinês, Xi Jinping, na próxima quinta, renovou o entusiasmo dos mercados em Nova York, sustentando o apetite por risco, após dias de incertezas.


… Mas, por outro lado, as novas sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia ao setor energético da Rússia dispararam os preços do petróleo, com alta acima de 5%, e voltaram a estimular a demanda pelo ouro, que havia entrado em forte correção.


… O presidente Donald Trump viaja hoje para a Ásia, com paradas na Malásia, Japão e Coreia do Sul. A Casa Branca, no entanto, não mencionou o esperado encontro com o presidente Lula, previsto para domingo em Kuala Lumpur.


… A conversa com Xi Jinping acontecerá na Coreia do Sul, durante a Apec, e já começou a ser preparada pelo representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, e pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng.


… Trump disse que espera um “encontro muito bom” com Xi, mas a situação toda é delicada e a conversa pode não ser conclusiva.


… Já as sanções de Washington e Bruxelas contra as petrolíferas russas Rosneft e Lukoil – que buscam pressionar Moscou a retomar as negociações de paz na Ucrânia – tiveram uma primeira reação de Putin, que mostrou estar disposto a manter o diálogo com os Estados Unidos.


… Segundo ele, a reunião em Budapeste, na Hungria, que havia sido proposta pela Casa Branca e foi cancelada por Trump, “deve ser preparada.”


… Putin minimizou o impacto das sanções à economia russa, mas afirmou que são um “ato hostil”, que “prejudicam as relações” com o Ocidente e advertiu que uma escalada com ataques em áreas mais profundas da Rússia terá  “uma resposta séria”.


ISRAEL – Em outra frente de tensão geopolítica, Trump disse que o país perderia o apoio dos Estados Unidos se anexasse a Cisjordânia, um dia após o Parlamento israelense aprovar duas propostas que abrem caminho para a tomada do território palestino.


… Integrantes do governo americano criticaram abertamente a medida, enquanto Netanyahu culpa o Legislativo pela aprovação na Knesset.


AGENDA FISCAL – Ficou para a semana que vem o envio dos dois projetos de lei que o governo enviará ao Congresso para compensar a receita perdida com a MP 1.303, derrubada pela Câmara. A intenção é votar as propostas entre terça e quarta-feira.


… O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), disse que as medidas devem ser incluídas em projetos que estão em tramitação na Casa e colocadas em votação já na próxima semana, quando haverá esforço concentrado no Congresso.


… Guimarães disse que a tendência é de que os trechos consensuais da MP do IOF, que tratam de controle de gastos, sejam incluídos no PL do Metanol ou no PL que atualiza os valores de imóveis para fins de tributação. Isso, no entanto, ainda depende de negociações.


… O presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que as medidas para recompor a arrecadação devem ser apreciadas, mas que o corte das renúncias fiscais, que o ministro Fernando Haddad chamada de revisão tributária, “ficará mais para frente um pouco”.


… Na GloboNews, Motta antecipou o seu desejo de votar um projeto de lei que determina corte linear de 10% em todas as isenções fiscais.


… Antes da nova tentativa de aprovação das medidas fiscais, o governo opera para reforçar sua base, negociando cargos com deputados do União Brasil e do Republicanos que foram fiéis ao Planalto na votação da MP do IOF.


ISENÇÃO DO IR – O relator no Senado, Renan Calheiros, pretende apresentar seu parecer na próxima semana, mas a votação não está definida.


… Nesta quinta, Renan cobrou o governo para mandar o valor atual do impacto da proposta, após as mudanças feitas pela Câmara. Segundo ele, o texto elaborado por Arthur Lira comprometeu a neutralidade fiscal – o que a Fazenda nega.


… Na Comissão de Assuntos Econômicos ele subiu o tom: “A Fazenda diz que continua neutro. Eles ficaram de mandar os números, até agora, não mandaram. Isso é fundamental. Vou me dedicar ao relatório, mas preciso das informações”.


… Renan citou como exemplo o acordo para isentar a atividade rural, que afeta em quase R$ 8 bilhões a compensação do projeto.


… Ele reafirmou a intenção de fazer mudanças no texto, mas de forma a não obrigar que volte para a Câmara.


SETOR ELÉTRICO – A comissão mista da MP 1.304, com a reforma do setor elétrico, marcou reunião para apreciação do relatório na próxima terça-feira, 28. A medida vai perder a validade no dia 7 de novembro e, portanto, precisa ser votado antes.


ATUAÇÃO NO CÂMBIO – O BC anunciou após o fechamento que realizará na próxima segunda-feira, 27, leilões de venda à vista de dólares e de swap cambial reverso, de forma simultânea, ambos no montante de US$ 1 bilhão.


… Segundo Sérgio Goldenstein (Eytse Estratégia), essa operação conjugada de venda spot e swap cambial reverso (apelidada de “casadão”) não gera impacto direto sobre a taxa de câmbio, pois é neutra em termos de exposição cambial do mercado.


… “O objetivo é irrigar o mercado à vista e conter o cupom cambial. Tanto a venda spot quanto o swap reverso geram pressão baixista sobre o cupom. Vale lembrar que um cupom mais baixo favorece as operações de carry trade e encarece o hedge cambial.”


… Para Goldenstein, é possível que o BC tenha mapeado um fluxo mais forte de saída de dólares nos próximos dias.


MAIS AGENDA – Às 8h30, o BC divulga os dados do setor externo. O mercado prevê déficit de US$ 7,80 bilhões nas transações correntes em setembro (mediana do Broadcast), após saldo negativo de US$ 4,669 bilhões em agosto.


… Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana indica entrada líquida de US$ 6,0 bilhões em setembro, contra saldo positivo de US$ 7,989 bilhões em agosto. As expectativas vão de US$ 5,0 bilhões a US$ 7,5 bilhões.


… Haddad (9h) e Ceron (16h) participam de evento sobre precatórios do Instituto dos Advogados de São Paulo.


LÁ FORA – A leitura preliminar de outubro do PMI composto medido pelo setor privado (S&P Global) será divulgada nos Estados Unidos (10h45), na Alemanha (4h30), na zona do euro (5h) e no Reino Unido (5h30).


… O índice de sentimento do consumidor americano, calculado em outubro pela Universidade de Michigan, sai às 11h e traz embutidas as expectativas de inflação de 1 ano e 5 anos. Mas o foco hoje está mesmo é nos preços do CPI.


… Às 14h, saem os dados de petróleo da Baker Hughes. Na Rússia, o BC anuncia decisão de juros às 7h30.


JAPÃO HOJE – A inflação ao consumidor acelerou de 2,7% em agosto para 2,9% em setembro, alimentando especulações de alta do juro pelo BoJ, embora o consenso ainda seja de manutenção da taxa este mês.


… Economistas e investidores acreditam que o BC japonês, provavelmente, deve aguardar para observar os efeitos da recente transição na liderança política do país, diante da eleição da nova primeira-ministra, Sanae Takaichi.


… Ainda ontem, no Japão, saiu o indicador de atividade do setor privado. A leitura preliminar do PMI composto perdeu fôlego, de 51,3 em setembro para 50,9 em outubro, permanecendo acima do patamar neutro de 50 pontos.


… O resultado ainda indica expansão da atividade econômica, mas no ritmo mais fraco em cinco meses.


… O PMI de serviços caiu de 53,3 para 52,4 e o industrial passou de 48,5 para 48,3, apontando nova contração.


BALANÇOS – Antes da abertura em Nova York, Procter & Gamble divulga seus resultados, com previsão de lucro de US$ 1,90/ação (FacSet).


AFTER HOURS – Intel reverteu o prejuízo e reportou lucro de US$ 4,06 bilhões no 3Tri, com ganho por ação de US$ 0,23, bem acima do consenso de US$ 0,02 de analistas (FactSet). A receita totalizou US$ 13,7 bilhões, com alta de 3%, também superando o estimado (US$ 13,1 bilhões).


… Outro resultado que agradou os investidores foi o da Ford, que superou a previsão com lucro de US$ 2,4 bilhões no 3Tri, com ganho por ação foi de US$ 0,60 (consenso de US$ 0,35). No after hours em Nova York, as ações fecharam em alta de 2,49%.


NÃO FORÇOU A BARRA – Inibida pelo discurso do BC, que não desapega do conservadorismo, a curva dos juros foi mais devagar ontem, percebendo que opera as apostas mais otimistas para a inflação por sua própria conta e risco.


… Nestes últimos dias, o mercado vinha virando a chave para a leitura de convergência mais rápida dos preços à meta. Mas ontem preferiu se ajustar à comunicação de Galípolo, que continua muito fiel à abordagem hawkish.  


… Insensível ao alívio do corte da gasolina, que deve aparecer nas estimativas do IPCA no boletim Focus da próxima segunda-feira, o BC prefere incorporar o “higher for longer” na Selic do que correr perigo de ficar atrás da curva.


… Alguns economistas reunidos ontem com diretores do BC manifestaram a esperança de que a inflação de serviços está arrefecendo. Não houve unanimidade, porém, sobre quando o IPCA ficará inferior ao teto da meta, de 4,5%.


… Segundo o Broadcast, os cenários indicam convergência entre o final deste ano e meados do 1º semestre de 2026.


… O Rabobank entrou ontem para a lista de instituições financeiras que revisaram em baixa a previsão para o IPCA deste ano, de 4,7% para 4,6%. Mas o banco manteve em 4,2% a aposta para a variação do indicador em 2026.


… A valorização do real, defende, ajuda a diminuir a pressão por aumento nos preços de alimentos e combustíveis, mas a inflação de serviços ainda preocupa, impulsionada pela baixa taxa de desemprego e aumento da renda real.


… Menos confiantes de que o Copom derrube a Selic já em janeiro, os juros futuros fecharam perto dos ajustes.


… O vencimento para Jan/27 fechou a 13,870% (de 13,883% no pregão anterior); Jan/29 caiu para 13,120% (contra 13,148%); Jan/31 recuou a 13,410% (de 13,400%); e o Jan/33 terminou na mínima de 13,560% (contra 13,640%).


… A boa notícia foi que nem o rali de quase 5,5% do petróleo, que poderia ter sido embutido como potencial fator inflacionário, e tampouco a alta das taxas dos Treasuries conseguiram impor pressão por aqui à curva dos juros.


… Os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano ganharam impulso de dois fatores diferentes, um de alívio (o encontro marcado para semana que vem entre Trump e Xi Jinping) e o outro de cautela (salto do petróleo).


… O retorno da Note-2 anos subiu a 3,489%, de 3,445%, e o de 10 anos voltou a superar 4%, a 4,001%, de 3,955%.


FEITO FOGUETE – O petróleo escalou depois de os Estados Unidos anunciarem sanções às duas maiores produtoras russas da commodity (Rosneft e Lukoil), como uma tentativa de pressionar Moscou para um cessar-fogo na Ucrânia.


… Putin reagiu dizendo que prefere o diálogo, mas, como se viu, promete resposta “séria” se o conflito escalar. O contrato do barril do tipo Brent para dezembro disparou 5,43%, negociado a US$ 65,99 no fechamento dos negócios.


… O salto da commodity era o gatilho que o Ibovespa precisava para retomar o nível de 145 mil pontos. Também a confirmação pela Casa Branca de que Trump e Xi vão se encontrar contribuiu para a bolsa reconquistar terreno.


… O Ibovespa fechou com ganho de 0,59%, aos 145.720,98 pontos, e giro enfraquecido de R$ 19,2 bilhões.


… Faturando o petróleo, Petrobras ON terminou com ganho de 1,14%, a R$ 30,19, e ON subiu 0,72%, para R$ 31,98. Já Vale foi na contramão da alta de 0,39% do minério de ferro, mas devolveu só 0,19%, negociada a R$ 61,76.


… Os bancos tiveram uma sessão mista, com destaque positivo para Bradesco PN (+1,07%; R$ 17,98), Bradesco ON (+0,85%; R$ 15,36) e Santander (+0,81%; R$ 28,68). Itaú fechou estável (-0,08%; R$ 38,08) e BB caiu 0,19% (R$ 20,65).


… Magalu levou um tombo de 5,64%, para R$ 7,87, em reação à parceria fechada entre Casas Bahia e Mercado Livre.


… Longe de empolgar o real, a disparada do petróleo teve efeito marginal no câmbio. Tudo o que o dólar caiu foi 0,20%, a R$ 5,3861, levantando o debate se a moeda encontrou seu ponto de equilíbrio pouco abaixo de R$ 5,40.


… Lá fora, o índice DXY ficou estável (+0,03%), a 98,936 pontos, assim como o euro (+0,02%, a US$ 1,1619). A libra esterlina caiu 0,25%, para US$ 1,3325, e o iene (-0,43%, a 152,55/US$) continuou abalado pela cena fiscal no Japão.


… Combinado ao petróleo, que embalou as ações do setor de energia, o anúncio de que Trump e Xi vão conversar interrompeu as perdas nas bolsas de Nova York, que se beneficiaram ainda da virada positiva das ações da Tesla.


… Frustrados pelo balanço trimestral anunciado na noite de quarta-feira, os papéis da companhia chegaram a afundar mais de 5% durante o pregão, mas testaram uma recuperação até o fechamento dos negócios (+2,28%).


… O Dow subiu 0,31%; 46.734,61 pontos); S&P 500 (+0,58%; 6.738,42 pontos); e Nasdaq (+0,89%; 22.941,80 pontos).


COMPANHIAS ABERTAS – VALE informou que a Fitch elevou os IDRs (Issuer Default Ratings) de longo prazo em moedas estrangeira e local, além do rating de suas emissões internacionais sem garantias para ‘BBB+’, de ‘BBB’.


PETROBRAS pediu ao Ibama uma correção na licença que permitiu à estatal perfurar para pesquisa um poço na bacia da Foz do Rio Amazonas…


… De acordo com a estatal, pela legislação em vigor, o valor da compensação ambiental deveria ser de cerca de R$ 3,9 milhões e não de R$ 39 milhões, como foi estabelecido na licença.


AZUL anunciou, em fato relevante, uma nova versão do seu plano de negócios, em que a empresa projeta uma alavancagem de 2,5 vezes ao fim da sua reestruturação nos Estados Unidos…


… A previsão do grupo é concluir o processo em fevereiro do ano que vem. O plano anterior, divulgado em julho, previa uma alavancagem de 3 vezes ao fim do processo…


… Junto com o documento, a Azul divulgou alguns números do balanço do terceiro trimestre ainda não auditados. Segundo a empresa, a receita operacional bateu R$ 5,7 bilhões, alta de 11% na comparação anual…


… O Ebitda da empresa foi de R$ 1,987 bilhão no trimestre, crescimento de 18% em igual base.


AMBIPAR. Grupo Opportunity disse não ser credor da empresa e não estar executando antecipadamente “uma dívida de seu controlador”…


… A afirmação da gestora ocorreu após o acionista controlador e fundador da companhia, Tércio Borlenghi Júnior, acusar o Opportunity e a corretora Genial Investimentos de venderem suas ações ilegalmente, sem sua permissão.


COSAN. O conselho de administração aprovou a realização de oferta pública primária de distribuição de ações ordinárias, no valor inicial de 1,45 bilhão de papéis…


… A operação tem como principal objetivo renegociar e quitar obrigações financeiras, fortalecendo a estrutura de capital e reduzindo de forma significativa seu nível de alavancagem, segundo a empresa.

BCB intervindo no cambial -

 *ESPECIAL: BC IRRIGA MERCADO E DIMINUI PRESSÃO SOBRE CUPOM CAMBIAL COM NOVO "CASADÃO"*


Por Antonio Perez 


São Paulo, 23/10/2025 - O Banco Central anunciou há pouco uma intervenção dupla no mercado de câmbio para a próxima segunda-feira, 27, provavelmente com o objetivo de mitigar pressões de alta no chamado cupom cambial (que reflete juro em dólar no Brasil) e atender a uma demanda pontual pela moeda americana. Em uma operação conhecida como "casadão", a autoridade monetária fará oferta simultânea de US$ 1 bilhão em swaps cambiais reversos (o que equivale, na prática, à compra de dólar futuro) com venda de até US$ 1 bilhão à vista. Trata-se de operação idêntica a realizada em junho deste ano. 


O sócio-fundador da Eytse Estratégia, Sergio Goldenstein, explica que o "casadão" é uma operação que não afeta diretamente a taxa de câmbio, uma vez que não altera a exposição cambial do mercado. "Porém, ambas as operações geram pressão baixista sobre o cupom cambial. Vale lembrar que um cupom mais baixo favorece as operações de 'carry trade' e encarece o hedge cambial. É possível que o BC tenha identificado um fluxo mais forte de saída de dólares nos próximos dias", afirma Goldenstein. 


O sócio da Ethica Services Ricardo Gallo observa que o cupom cambial, que serve de termômetro para a demanda de dólares no mercado spot, vem subindo desde julho, quando houve uma aceleração das saídas de divisas do país. "E recentemente subiu ainda mais, denotando um problema de falta de linhas no curto prazo", afirma Gallo, ressaltando que o real tem sido favorecido pelas operações de carry trade. 


Um experiente gestor de recursos, que pede anonimato, observa que o "casadão" visa a reduzir simultaneamente o estoque de reservas internacionais e de swap cambiais. "Com isso, o impacto recai sobre o cupom cambial, sem afetar diretamente o nível do dólar frente ao real. Também não há mudança no nível de reserva líquida", afirma. 


Esse gestor pontua que o BC poderia atuar via linhas com compromisso de recompra, mas parece preferir, neste momento, não elevar o estoque de linhas. A opção seria amenizar a pressão sobre o cupom com a redução simultânea de swaps e reservas em dólar. "Faz todo sentido ele atuar dessa forma. O BC pode descarregar linhas a partir da segunda quinzena de dezembro até o fim do ano, se precisar. Até lá, atua com o casadão", afirma o gestor, lembrando que há pressões maiores de saídas de recursos no fim do ano, com remessas de lucros e dividendos por empresas.


 O estoque total de linhas com compromisso de recompra que vence em 4 de novembro é de US$ 3 bilhões, dos quais o BC já rolou US$ 2 bilhões em operações realizadas neste mês. É possível que o BC tenha optado por fazer o "casadão" em vez de rolar o valor de US$ 1 bilhão restante.

Coluna do BROADCAST

 *COLUNA DO BROADCAST: ANBIMA LANÇA PROJETO DE TOKENIZAÇÃO DE DEBÊNTURES E COTAS DE FUNDOS*


22:00 23/10/2025

Por Aramis Merki 


São Paulo, 23/10/2025 - A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) começa nesta sexta-feira, 24, a levantar o seu projeto-piloto de uma rede de tecnologia de registros distribuídos (DLT, na sigla em inglês) para testar a oferta de ativos tokenizados. A tecnologia é baseada em blockchain, o sistema que baseia os criptoativos e que o Banco Central está usando para testar o Drex.


COMO FUNCIONA. O projeto da entidade terá como foco a negociação de cotas de fundos de investimentos e de debêntures. Tokenizar significa criar uma representação digital (token) desses ativos, com a vantagem de que a negociação pode ser feita de forma mais rápida, barata e fracionada. O plano é realizar, no ambiente simulado, o ciclo completo dos títulos, desde a estruturação até a liquidação, explica o presidente da Anbima, Carlos André.


INTEROPERABILIDADE. Já existem casos de tokenização de ativos no Brasil, mas uma das preocupações do mercado é que o setor se desenvolva de uma forma fragmentada.”Já existem diversas iniciativas de tokenização no Brasil e no mundo, mas cada uma usa um ambiente próprio. Isso fragmenta e impede a interoperabilidade, que é um conceito fundamental para que a tecnologia entregue o máximo possível", afirma André. O mercado secundário de ativos, por exemplo, demanda que os ativos possam circular entre diferentes sistemas.


INSCRIÇÕES. As inscrições para o grupo de trabalho do piloto abrem nesta sexta-fei-ra. O plano é recrutar profissionais que já tenham conhecimento sobre esse tipo de tecnologia. A primeira definição desse grupo vai ser justamente a tecnologia block-chain que será usada, entendendo os requisitos e a demanda.


FIM DE 2026. Haverá ainda um comitê técnico e de negócios com instituições associadas à Anbima e um comitê gestor formado pela diretoria da entidade. Por fim, um grupo de acompanhamento será composto por Anbima, Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os resultados do piloto devem ser apresentados no final do ano que vem.


DREX. André aponta que a ideia é o piloto correr paralelamente ao Drex, não como um concorrente. O projeto de moeda digital do BC (CBDC, na sigla em inglês) está em sua segunda fase, mas neste ano viu o ritmo de evolução cair. "Lá na frente, com Drex mais maduro, poderemos entregar uma série de respostas. Então acabou casando melhor ainda com o nosso plano."

Contato: merki@broadcast.com.br

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: É dia de PMIs e, principalmente, de inflação americana. Temos referências geralmente boas para arrancar o dia e os futuros (europeus e americanos) vêm a subir (+0,2%/+0,3%). 


À primeira hora, foi publicada uma inflação japonesa que aumenta até +2,9% desde +2,7%, como esperado, e umas Vendas a Retalho no Reino Unido inesperadamente boas (+1,5% vs. +0,4% esperado vs. +0,7% anterior). Ford bate expetativas e sobe +3% em aftermarket, apesar de cortar guidance porque entende-se que o faz por um one-off (incêndio numa fábrica). Intel também bate e +8% em aftermarket. A volatilidade move-se em baixa (17% vs. 21% na segunda-feira), Ásia continua a subir (bolsa japonesa +1,3% hoje e +3,5% esta semana) graças às tecnológicas e à expectativa de uma política mais laxa em fiscalidade e taxas de juros parte de Takaichi (nova PM do Japão), o governo americano afirma que poderá entrar no capital das empresas relacionadas com computação quântica para apoiar o seu desenvolvimento e os resultados 3T continuam a bater amplamente as expetativas (nos EUA +14,8% vs. +8,5% esperado, com aproximadamente 26% de empresas publicadas). 


Tantas referências boas eclipsarão as incertezas: o provável aumento da inflação americana (+3,1% vs. +2,9%; hoje, às 13:30 h), que Trump tenha dado bruscamente por terminadas as negociações com o Canadá (tampouco estava claro que negociavam a esta altura), e já na próxima semana (quinta-feira), se a Fed baixa ou não taxas de juros (muito provável que baixe -25 p.b., até 3,75/4,00%) e a reunião Trump/Xi, da qual se supõe que dependerá dos EUA aplicarem ou não um imposto alfandegário geral de 100% à China. Além disso, na próxima semana teremos publicação de 5 das “7 Magníficas”: Apple, Microsoft, Amazon, Meta, Alphabet (Tesla já publicou e Nvidia publica depois). Hoje, P&G, General Dynamics e SAAB. Sanofi já publicou hoje cedo, batiendo e confirmando guidance. 


NY +0,6% US tech +0,9% US semis +2,5% UEM +0,5% España +0,1% VIX 17,3% Bund 2,59% T-Note 4,00% Spread 2A-10A USA=+51pb B10A: ESP 3,12% PT 2,97% FRA 3,38% ITA 3,37% Euribor 12m 2,156% (fut.2,175%) USD 1,161 JPY 177,5 Ouro 4.111$ Brent 65,7$ WTI 61,5$ Bitcoin +1,5% (111.238$) Ether +3,9% (3.980$)


CONCLUSÃO: Tom geralmente bom, apenas travado por alguma incerteza sobre alguns PMIs que parece que serão continuístas, tanto na Europa (09 h; repetir em 49,8) como nos EUA (14:45 h; repetir em 52,0), e uma inflação americana a aumentar até +3,1% desde +2,9%... Bolsas e obrigações excelentemente apoiadas, enquanto há realização de lucros no ouro caso o rally tivesse sido excessivo e perante um USD que recupera estes dias (correlação inversa entre ambos os ativos). Se a inflação americana não sair pior do que se espera, o fecho semanal será francamente bom (Nova Iorque está há 2 semanas seguidas a subir). E se na próxima semana as 5 das 7 Magníficas estiverem à altura, este tom será prolongado.


FIM

Diário de um economista de mercado

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