sábado, 10 de abril de 2021

UMA SEMANA (IN)TENSA

Sem trocadilho, foi uma semana tensa e intensa. Tivemos novos desencontros sobre os rumos do Orçamento de 2021; a pandemia seguiu fazendo estragos, com mortes acumuladas passando de 330 mil, em 24 horas beirando as quatro mil, e as vacinas chegando, mesmo insuficientes e em atraso.

Para piorar, o presidente seguiu na sua pregação alucinada contra o lockdown, já demonstrado em vários países do mundo, como Nova Zelândia, Austrália, Portugal, ser a solução mais imediata e eficaz contra o virus.

Com isso, ele vai se isolando cada vez mais e perdendo apoio. Um episódio a confirmar este isolacionismo, foi o STF, no papel do ministro Luiz Roberto Barroso, defender, depois de “baixo assinado” dos senadores, a CPI da Covid 19.

Bolsonaro, muito irritado, partiu para ataques pessoais ao ministro Barroso, o que tensionou ainda mais o ambiente e gerou um apoio de todo o STF, antes com alguns ainda reticentes em colocar este tema em pauta como prioridade, dado o momento delicado da pandemia. Bolsonaro foi tão grosseiro e inábil, que conseguiu reunir todos os 11 ministros contra ele.

Em outra derrota, estes mesmos ministros, por 9 a 2 (apenas Toffoli e Kassio Marques foram contrários) permitiram que governadores e prefeitos possam fechar templos e igrejas, proibindo pregações e assim, evitando aglomerações. Acreditem? Bolsonaro era contrário, na retórica torta de que estávamos aceitando “estado de sítio”. Nada mais errôneo e equivocado. O que se defende aqui são vidas, e estas só podem ser preservadas, se os canais de transmissão do virus, pelo ar, em aglomerações, puderem ser “estancados”.

Sobre os trâmites para que tenhamos mais vacinas, na quinta-feira (dia 8) o Instituto Butantan anunciou a liberação de insumos para a continuação da produção de vacinas. Uma boa notícia, pois no dia anterior o instituto havia anunciado a suspensão da produçaõ pela falta de insumos. Neste dia o Brasil bateu mais um recorde diário de mortes em 24 horas, 4.290, na sexta foram mais 3.647. Chegamos, no acumulado, na sexta-feira a 349 mil. Novos casos foram elevados a 89 mil. Ainda estamos no caos e descontrole.

Na economia, tivemos o IPCA de março, em linha com as projeções (0,93%), acumulando 6,1% em 12 meses. Já o IGP-M, na primeira prévia de abril, registrou 0,5%, contra 1,9% na mesma do mês anterior.

Isso posto, abrem-se as janelas de oportunidade para o Copom, dia 05/05, sancionar mais uma elevação do juro Selic, em 0,75 ponto percentual, a 3,5% e depois dar uma “parada”.

O comportamento do IPCA foi influenciado diretamente pelo choque de combustíveis mais caros e de alimentos. Achamos que a inflação de curto-prazo deve seguir pressionada até, pelo menos, meados do ano, com um “nível de espalhamento” maior nos núcleos e pelos índices de difusão. No entanto, achamos ser esta temporária, pelos efeitos da pandemia na economia. Ao fim deste ano, trabalhamos com o IPCA a 5,1%; para 2022 4,5%.
Mercado de Ativos


Bolsa de Valores

Fechamos sexta-feira (dia 9) com o Ibovespa em queda “suave” de 0,54%, a 117.669 pontos, na semana avançando 2,1%. Mesmo com a pressão cambial, o ajuste do índice foi bem moderado, assegurando ganho de 2,1% na semana, depois de avançar 0,41% na quinta-feira. No mês acumula 0,89% e no ano registra perdas de 1,13%. A atratividade da bolsa, porém, segue na ordem do dia. Segundo a B3 o número de investidores ativos chegou a 3,59 milhões em março (+58% no ano). Já o mercado de ações movimentou R$ 36,8 bi, +12,2% contra mar20.

Mercado cambial.

Foi uma semana em que os investidores se refugiaram no dólar, frente ao complicado cenário para a aprovação do Orçamento. Na sexta-feira (dia 9) a moeda norte-americana fechou a R$ 5,6749, alta de 1,81%, acumulando queda de 0,71% na semana, influenciada mais pelo cenário externo, e valorização no ano. Os investidores estão na defensiva por causa da questão do Orçamento. Já nos EUA o PPI veio mais forte (1,0%), o que deve pressionar os Treasuries americanos, depreciando ainda mais a nossa moeda. Ao fim deste ano estimamos o dólar R$ 5,40, a R$ 5,20 nos anos seguintes.

Mercado de juro

O impasse do Orçamento seguiu estressando o mercado de juro. Os pareceres da Câmara e do Senado contrários aos cortes, preocupam. Interessante que a curva de juro vinha cedendo desde quinta-feira, pela sinalização do Copom mostrando ter “controle” sobre o juro e a inflação. Há outras tensões no ar, como o STF ter dado parecer favorável a CPI da Covid. No front inflacionário, o IPCA até veio dentro da meta, mas nos EUA, o PPI surpreendeu, com 1% em março, bem acima das previsões. Por enquanto, trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...