segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

MACRO MERCADOS 22/02/21

MACRO MERCADOS

Segunda-feira, 22/02/2021

 

Overview

 

   As sinalizações são muito ruins para o mercado nesta segunda-feira (dia 22). A intervenção do governo Bolsonaro na Petrobras, substituindo um homem do ministro Guedes (Castello Branco), por mais um general, desta vez egresso da Itaipu Binacional (General Joaquim Silva e Luna) e a ameaça de “meter o dedo na energia elétrica” são fatores mais do que suficientes para termos uma semana bem tumultuada. No mercado de ações o movimento é de selloff (vendas fortes). Uma virada acontece na linha de conduta do governo: perde espaço o liberalismo de Paulo Guedes, ganha espaço o velho intervencionismo nacional desenvolvimentista dos militares. Sendo assim, crescem os rumores sobre a saída de Paulo Guedes, um liberal democrata, o ingresso de um ministro ainda mais subserviente ao presidente, além do desmembramento do seu ministério e a saída do presidente do BB, “remanejamentos” de ministérios do Exterior (Ernesto Araújo), Meio Ambiente (Ricardo Salles), das Minas e Energia (Bento Albuquerque), entre outros. Voltando à Petrobras, a reunião do Conselho acontece nesta terça-feira e um detalhe amenizador é a existência de um estatuto de 2018, que blinda a petroleira da interferência no seu sistema de preços. As fichas estão, portanto, na mesa. Enquanto isso, a Covid 19 segue fazendo estragos.

 

Comportamento dos ativos

 

Neste momento, há uma percepção de aumento do risco Brasil, com inflação em alta, juro na mesma toada, assim como câmbio mais depreciado. Sendo assim:

 

Ø  Inflação

 

        Tendência de elevação. Nesta semana em destaque o IPCA-15 de fevereiro, devendo desacelerar de 0,78% em janeiro a algo em torno de 0,5% agora em fevereiro. Isso, no entanto, não é suficiente para acalmar os mercados, dadas as pressões da depreciação do câmbio (desmonte de posições dos investidores no futuro, embora a liquidez global seja abundante) e os choques das commodities (petróleo valorizando 70% desde outubro e minério de ferro  140% em 12 meses). Diante destas pressões não será surpresa se o IPCA fechar o ano acima do centro da meta (3,75%). Na Focus, estimativa é de 3,62%, mas em tendência de alta há seis semanas e a Wind trabalha com 4%.

 

 

Ø  Taxa de Juros

 

   Tendência de alta. Temos uma clara pressão pela inclinação da curva de juro futuro, tanto para as pontas curtas como para as longas. Sendo assim, observa-se claramente um descasamento entre as taxas curtas, pela Selic em 2% e as longas, já acima de 4%. Esta inclusive parece ser a projeção de consenso do mercado pela Focus. Para a próxima reunião do Copom, em março, cresce a possibilidade de elevação da taxa Selic, para 2,5%. 

 

Ø  Câmbio

 

        Breve apreciação no curto prazo, mas depreciação no longo prazo, dado o ambiente político conturbado e os riscos fiscais cada vez mais presentes. O envio da PEC Emergencial, por três meses, entre R$ 250 e R$ 300, mas sem contrapartida (de onde vem estes recursos?) é uma preocupação para os mercados. O dólar segue acima de R$ 5,30. Na sexta-feira fechou em R$ 5,385 (-1,0%), dada a liquidez global mais abundante, mas chegou a R$ 5,469 ao longo do dia. Isso nos leva a acreditar que o ambiente externa seria favorável ao dólar mais apreciado neste momento, mas a crise interna permanente afeta estas expectativas.             

 

Agenda semanal

 

Numa semana carregada de indicadores e balanços as atenções devem seguir centradas no ambiente político conturbado, dada a possibilidade de “guinada populista” do governo Bolsonaro. Nos indicadores, pelo lado da inflação, temos o IPCA-15 (4ª feira); IGP-M de fev (5ª feira); prévia do IPC-S (3ª feira); e o IPC da Fipe(5ª feira).

 

Na 6ª feira temos a Pnad Contínua de dezembro e o superávit primário consolidado de janeiro. Os dados do governo central saem na quinta. Na 4ª feira temos o relatório da dívida pública de janeiro e o Banco Central divulga as Notas da Imprensa de janeiro do setor externo e da moeda e do crédito.

 

Estejamos atentos também a uma bateria de balanços a serem divulgados...

 

Bons negócios a todos !


Editorial do Estadão (17/02)

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