sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Diário de um economista de mercado

 Diário de um economista de mercado

30 anos de mercado - algumas lições

São quase 30 anos de mercado, entre idas e vindas. Destes anos todos, importante colher alguns ensinamentos, absorvidos ao longo desta caminhada. 

1. Corretoras de valores não sobrevivem se não tiverem um "backup" de uma instituição financeira, um banco, ou recursos da matriz, se forem estrangeiras. Eu digo que monta-se uma mega estrutura cara, para gerar um caixa irrisório, vendendo produtos financeiros variados e pouco críveis. A conta não fecha;

2. Empresa de Consultoria economico-financeira não se sustenta se não tiver uma estrutura flexível. Tudo bem. Deve-se dar aos servidores de baixo, na parte administrativa, o salário fixo pela CLT, mas aos analistas, é importante flexibilidade e arrojo, sendo "pejota" e tendo participação nos resultados (ser sócio). 

3. Não se pode colocar "trader", gente que nada entende de gerência, de gestão de uma instituição, no cargo top desta, como diretor estatutário. É o primeiro passo para os conluios e sacanagens variadas. Contratar uma recepcionista do prédio, por exemplo, para se tornar gerente de marketing é uma piada.  

4. Outra coisa. "Onde se ganha o pão, não se come a carne". Assédio sexual é um absurdo. E se a pessoa possui cargo de gerência ou diretoria a coisa fica ainda pior, pois o cara acaba mal visto por outros funcionários. 

5. Uma empresa não pode acumular dívida trabalhista, nem fiscal. Se esta estiver se acumulando, é essencial um alarme e um "freio de arrumação", antes que seja tarde. Empresa média quebra por estas razões. 

6. O mercado sofreu um "downsizing" violento nos últimos anos, se concentrando em umas poucas corretoras, grande maioria, vinculadas a bancos ou na mão de gringos. 

7. As duas principais "corretoras bancos" possuem um predicado que foi ter colocado muito dinheiro em escritórios de agentes autônomos (AAI), meio caminho para ganhar em escala e capilaridade. Dificilmente, hoje existe concorrência fora destas duas. Para reforçar, as corretoras de bancos ainda herdam os clientes destes. As independentes estão enrascadas. 

8. Isso resulta numa explosão destes escritórios de AAI e de gestoras. O problema é que estas se diferenciam pela gestão de fundos macro e multimercados. Mas como "sobreviver" à ambientes distópicos como o atual, com fraca governança e muitos conluios, muito improviso? A possibilidade de errar a mão, na gestão dos fundos, é muito grande.

Simon Shwartzman

 

O legado de Ruth Cardoso

Simon Schwartzman
Pesquisador Associado at Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças

(Publicado em O Estado de São Paulo, 14 de novembro de 2025)

O livro Comunidade Solidária: memória e legado – homenagem a Ruth Cardoso, publicado pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, é importante não só pela homenagem e registro que fica, como também por chamar a atenção para um momento importante  de inflexão na história das políticas sociais brasileiras. Professora de antropologia da Universidade de São Paulo desde a década de 50, casada com seu colega Fernando Henrique, Ruth se vê, em 1995, alçada subitamente à situação de “primeira-dama”, cujo lado cerimonial procurava evitar, sem com isto deixar de estar ao lado do marido e buscar um lugar próprio de atuação conforme suas próprias ideias.

Ruth e Fernando Henrique Cardoso vinham ambos de uma tradição de compromisso com as questões sociais, mas por caminhos distintos. Aluno de Florestan Fernandes e Roger Bastide, a tese de doutorado de Fernando Henrique foi sobre o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul, em que combinava o olhar antropológico sobre a população escravizada com a interpretação crítica marxista do capitalismo.  Seu envolvimento com as questões sociais leva à perseguição pelo governo militar, e, no final dos anos 60, no exílio, se torna célebre com o livro sobre Dependência e Desenvolvimento na América Latina, em que interpreta os problemas de pobreza e subdesenvolvimento como consequências das assimetrias do sistema capitalista internacional. No final dos anos 70 começa sua carreira política em defesa da democracia, tornando-se, depois, o Presidente do Plano Real, responsável pelo fim da inflação e modernização da economia.

É um governo social-democrata com resultados significativos na área social, como a universalização da educação básica, liderada por Paulo Renato de Souza, e a consolidação do sistema de único de saúde, sob José Serra, além de dar início às políticas de bolsa escola e colocar na agenda  pública os temas da desigualdade racial e dos direitos humanos. Mas a agenda econômica tem prioridade, e lhe falta uma política de inclusão mais ampla, voltada para o atendimento aos milhões que se aglomeravam nas grandes cidades ou buscavam sair da situação de pobreza e estagnação do campo. As políticas assistenciais que havia até então  eram, ou o sistema sindical e previdenciário criado por Getúlio Vargas, que beneficiava uma pequena parcela da população urbana e era controlado pelos  “pelegos” profissionais, ou as redes de caridade e assistência social administradas pela Igreja Católica e líderes místicos como a Legião da Boa Vontade. O que colocar em seu lugar?

Ruth Cardoso tem uma resposta, que vem dos estudos antropológicos da vida quotidiana dos imigrantes que chegam às grandes cidades, dela e de colegas e contemporâneas como Eunice Durham, Maria Sylvia de Carvalho Franco e outras, quase todas,  significativamente, mulheres. Longe do Estado e das redes assistenciais, as estudam como as populações mais pobres se organizam, estruturam suas comunidades, mandam seus filhos para as escolas, e se apoiam mutuamente participar de forma ativa e produtiva das oportunidades que eram criadas pela economia que se modernizava. Havia no país uma cultura de raiz e uma população ativa que precisava somente apoio e estímulo para tomar seu destino nas próprias mãos – a comunidade solidária, estimulando o voluntariado e criando condições para a mobilização e organização das populações locais. É a isto que Ruth se dedica, fora da estrutura do Estado mas se valendo dos recursos que conseguia mobilizar pelo lugar especial que ocupava.

Não foram somente as antropólogas que viram isto.  O viram também a parte da Igreja Católica das comunidades eclesiais  de base e as inúmeras seitas protestantes que se espalhavam pelo país. Viu também o Partido dos Trabalhadores, que se transforma, de um movimento sindicalista independente que havia surgido por oposição ao clientelismo varguista, em um grande partido que se junta aos movimentos comunitários e chega ao governo com uma plataforma difusa de defesa dos pobres, que aos poucos se consolida em uma política assistencialista que não para de crescer, tomando para si e ampliando o poder e os vícios do antigo trabalhismo.

Entre bolsas, aposentadorias e pensões, milhões passam a depender de subsídios do governo, que se estendem também para o funcionalismo público, as classes médias, os partidos políticos e grandes grupos de interesse. O suficiente para ganhar eleições, mas não para manter a economia crescendo, investir em políticas públicas de qualidade, reduzir efetivamente a desigualdade e incorporar setores inteiros da população que continuam à margem, atraídos pelas religiões evangélicas e envolvidos na malha da economia clandestina das grandes periferias urbanas.

Hoje, com cerca de metade  da população e da economia dependentes do governo e mais recursos comprometidos com estes gastos do que a capacidade da economia brasileira de produzi-los, parece certo que este modelo de estado protetor e clientelista está chegando a seu limite. Em seu lugar não virá, certamente, o estado mínimo do liberalismo extremo, mas uma nova configuração em que os valores das políticas públicas de qualidade, da solidariedade e da autonomia da sociedade sejam novamente valorizados, como queria Ruth Cardoso.

CALL MATINAL 1411

 

Call Matinal

14/11/2025

Julio Hegedus Netto, economista

MERCADOS EM GERAL

 

FECHAMENTO (13/11)

MERCADOS E AGENDA

Mais um dia de queda na bolsa brasileira (para muitos, um ajuste técnico, o segundo), depois de 15 dias seguidos de alta. Ontem, dia 13, o Ibovespa recuou 0,3%, a 157.162 mil pontos; e o dólar à vista fechou em alta de 0,10%, a R$ 5,2983, após oscilar entre R$ 5,2741 e R$ 5,3033. Na terça-feira, os investidores estrangeiros retiraram R$ 561,808 milhões do Ibovespa (naquele dia, a bolsa fechou em 157.748,60 pontos (+1,60%) e o giro financeiro foi de R$ 35,5 bilhões). Em novembro, até este dia 11 houve retirada de R$ 991,291 milhões por parte de estrangeiros. No acumulado ao ano, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 24,29 bilhões. Mesmo assim, os investidores estrangeiros são os maiores responsáveis pelo ciclo de alta da bolsa brasileira, representando mais de 50% do total, em alguns casos chegando a 60%. Na agenda do dia, IGP-10, Pnad Contínua (sempre mexe com juros), Prisma Fiscal, e o ministro Haddad falando à tarde, além de mais balanços na B3.

 

PRINCIPAIS MERCADOS

Os índices futuros dos EUA operam em baixa nesta sexta-feira (14), após a maior queda em Wall Street em mais de um mês na véspera, devido à incerteza em relação aos cortes nas taxas de juros pelo Fed e às altas avaliações das empresas de tecnologia.

 

 

MERCADOS 5h30

EUA

 

 

Dow Jones Futuro: -0,13%

S&P 500 Futuro: -0,28%

Nasdaq Futuro: -0,52%

Ásia-Pacífico

 

 

Shanghai SE (China), -0,97%

Nikkei (Japão): -0,44%

Hang Seng Index (Hong Kong): -1,85%

Nifty 50 (Índia): -0,45%

ASX 200 (Austrália): -1,36%

Europa

 

 

STOXX 600: -0,92%

DAX (Alemanha): -0,69%

FTSE 100 (Reino Unido): -0,18%

CAC 40 (França): -0,36%

FTSE MIB (Itália): -0,91%

Commodities

 

 

Petróleo WTI, +1,35%, a US$ 59,48 o barril

Petróleo Brent, +1,25%, a US$ 63,80 o barril

Minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, +0,26%, a 772,50 iuanes (US$ 108,61)

 

NO DIA, 1311

Passado o fim do shutdown, desafio agora é decifrar o que o Fed deve sancionar na próxima reunião do FOMC em dezembro, dada a ausência de muitos indicadores, não mais recuperáveis. Muitos consideram grande a possibilidade de manutenção do Fed Funds. No Brasil, diálogo entre o chanceler brasileiro e Mario Rúbio, o secretário de Estado dos EUA, foi muito pouco conclusivo. Pelo lado das movimentações do BCB, Galípolo tratou de jogar um balde de água fria aos que acreditavam haver espaço para o início do corte de juro em jan26. Provável que o primeiro corte de juro em 2026 fique para a reunião do Copom em março.

Agenda Macroeconômica Brasil – Destaque para a ata do Copom e o Congresso americano terminando com o shutdown.

 

Segunda-feira, 10 de novembro 

 

 

08:00 — Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S FGV) referente a 9-Nov. 

 

Consenso: 0,14% 

Terça-feira, 11 de novembro 

 

 

05:00 — Índice de Preços ao Consumidor FIPE (semanal, referência 10-Nov). Consenso: 0,52%;   08:00 — Ata da reunião do Banco Central (novembro): 09:00 — Inflação IPCA IBGE (outubro); IPCA YoY; Consenso: 4,74%; Est.  5,17%; Atual: 4,75%; IPCA MoM; Consenso: 0,15%; Est: 0,48%; Atual: 0,16% 

Quarta-feira, 12 de novembro 

 

Dados dos serviços pelo IBGE

China, Dados de produção industrial

Relatório de Estabilidade Financeira, BCB.

Quinta-feira, 13 de novembro 

 

 

Dados de vendas de varejo, PMC, IBGE

Sexta-feira, 14 de novembro 

 

 

IGP-10 da FGV

PNAD Contínua

Prisma Fiscal

 

 

 

Boa sexta-feira a todos!

BDM Matinal Riscala

 "Dados perdidos, risco em alta"

 Resumir

14 de novembro de 2025

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato

Atualizado há 5 horas

… O fim do shutdown nos Estados Unidos acentuou dúvidas importantes sobre a recuperação de dados-chave, como a taxa de desemprego de outubro, que jamais será conhecida. A insegurança estatística adiciona incerteza à política do Fed e deixa o mercado dividido sobre dezembro, enquanto o receio de bolha em techs voltou a assombrar Wall Street. Na China, a produção industrial em outubro frustrou a previsão, mas as vendas no varejo superaram de leve as expectativas. No Brasil, diretores do BC reúnem-se hoje com economistas de São Paulo, que buscam sinais sobre o início dos cortes da Selic. A agenda ainda traz IGP-10, Pnad Contínua (sempre mexe com juros), Prisma Fiscal, Haddad à tarde, expectativa por novidades no tarifaço e mais balanços na B3.


VIX SALTA 20% – Conhecido como o “índice do medo”, o VIX disparou ontem, refletindo vendas pesadas nas ações ligadas à IA e tecnologia, com destaque para os tombos de quase 6% da Tesla e 3% da Nvidia, que arrastaram o Nasdaq a queda de 2%.


… O Dow Jones e o S&P 500 também caíram, afetados pelas incertezas sobre o cronograma de divulgação dos dados federais nos EUA, que obrigam o mercado a operar no escuro e dificultam projeções para o Fomc de dezembro.


… As falas de três dirigentes do Fed — Alberto Musalem (St. Louis), Beth Hammack (Cleveland) e Mary Daly (São Francisco) — convergiram para o mesmo ponto: cautela nos próximos passos da política monetária, reduzindo as apostas de corte ainda este ano.


… Sobre os impactos do shutdown, os diretores reforçaram que o efeito negativo deve ser pontual no 4º tri e que o PIB deve voltar a crescer em 2026.


… O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hasset, confirmou que a taxa de desemprego de outubro talvez nunca seja apurada. A paralisação de 43 dias inviabilizou a pesquisa domiciliar. “Teremos só metade do relatório do payroll”, disse à Fox News.


… Já o payroll de setembro, concluído antes do shutdown, deve sair nos próximos dias.


… Analistas citam como riscos desse “interregno estatístico” uma eventual reaceleração inesperada da inflação — que mudaria rapidamente a trajetória da política monetária — e a possibilidade de excessos no ciclo de investimentos em IA.


… Dois indicadores importantes previstos para hoje — PPI e vendas no varejo de outubro — não devem ser divulgados. O BLS prometeu anunciar novas datas assim que possível. Já a coleta do CPI, suspensa por quase duas semanas, pode ser prejudicada pelo feriado de Ação de Graças.


MAIS AGENDA – Cresce a expectativa para as falas dos Fed boys nesta sexta, que ganharam peso com a virada das apostas para dezembro: Jeffrey Schmid (12h05), Lorie Logan (16h30) e Raphael Bostic (17h).


… Entre os indicadores, saem o PIB do 3º tri da zona do euro (7h) e os dados da Baker Hughes (15h).


CHINA HOJE – A produção industrial cresceu 4,9% em outubro, na comparação anual. O resultado ficou abaixo da previsão de 5,5% dos analistas e mostrou perda de ritmo em relação a setembro, quando registrou expansão 6,5%.


… As vendas no varejo avançaram 2,9%, levemente acima da previsão de 2,7%, mas abaixo de setembro (3,0%).


PETRÓLEO – O barril disparava quase 2% no início da madrugada brasileira, depois de um ataque de drone ucraniano ter danificado um depósito da commodity no porto russo de Novorossiysk, no Mar Negro.


AQUI – Em duas reuniões trimestrais com o BC em São Paulo, às 9h30 e 11h, economistas calibram o timing do início da queda da Selic, depois de Galípolo ter corrigido a leitura dovish do mercado sobre a ata do Copom.


… O ministro Fernando Haddad, que segue irritado com o conservadorismo do BC, participa de cerimônia em Brasília às 15h.


… Na agenda, sai o IGP-10 de novembro (8h), que deve acelerar para 0,17%, pressionado pelos preços industriais. As projeções vão de 0,03% a 0,30%. Às 9h, sai a Pnad Contínua, com empregos criados no trimestre entre julho e setembro.


… Às 10h, tem o Prisma Fiscal. Ontem, a Fazenda reduziu a projeção de PIB de 2025 de 2,3% para 2,2%; para 2026, manteve 2,4%. O IPCA projetado para 2025 caiu de 4,8% para 4,6%. Já a Moody’s elevou a projeção do PIB do Brasil de 2% para 2,1% este ano.


… A agência estima ainda crescimento de 2% para 2026 e 2027, com ajuda da diversificação doméstica e das exportações, observando que a China continuará sendo um importante mercado para as exportações de commodities do Brasil.


BALANÇOS – Azul e Banrisul saem antes da abertura. Cosan, Raízen, AgroGalaxy, Marisa, Rumo, Ser Educacional e Terra Santa Agro divulgam após o fechamento. Confira no Companhias Abertas os resultados de ontem à noite.


AFTER HOURS – Nubank subiu 3% no after em NY após divulgar lucro recorde de US$ 783 milhões, 39% maior em 12 meses e 8,8% acima das estimativas. O ROE ficou em 31%.


… JBS avançou 0,84%, a US$ 13,25, mesmo com queda de 16,2% no lucro líquido (US$ 581 milhões) e retração de 14,8% no Ebtida (US$ 1,835 bi).


… Braskem (+5,05%) recuperou parte das perdas após o tombo de 7,36% na sessão regular, em realização dos ganhos recentes.


ACORDO À VISTA – Após reunião em Washington, o chanceler Mauro Vieira afirmou que o secretário de Estado, Marco Rubio, prometeu resposta à proposta brasileira entre hoje e a semana que vem.


… O governo pediu aos EUA uma pausa temporária de 90 dias nas tarifas de 50% durante a fase de negociações.


… Rubio disse que o presidente Trump quer resolver as pendências “muito rapidamente” e que deseja manter boa relação com o País. A expectativa é fechar acordo provisório até o fim do mês.


… Sinalizações de Trump e Scott Bessent sobre aliviar tarifas de produtos como café aumentaram a aposta no setor. Ontem, EUA anunciaram acordos comerciais com Argentina, Guatemala, El Salvador e Equador.


HADDAD – Em entrevista ao Estadão de hoje, o ministro afirmou que não vê na situação fiscal a razão para a Selic estar a 15%. Disse que Galípolo frequentemente o agradece pelo esforço fiscal coordenado pela Fazenda.


… “Estou louco para ver uma ata do BC dizendo que estou fazendo um esforço relevante, como fez o FMI. Vai chegar meu dia.”


… Haddad disse ter rodado dois modelos econométricos e que um deles indica que, se a Selic estivesse em 12% — e não em 15% — a inflação seria apenas 0,20 ponto maior.


… Repetindo que não há justificativa para juros tão altos, relatou consenso entre bancos consultados de que já haveria espaço para cortes.


… Comentou, ainda, que divergências sobre a dose da Selic são naturais e rebateu Galípolo, que afirmara que “o BC não pode brigar com os dados”. Sobre as vagas que abrirão na diretoria, disse que Lula deve ouvir não só a Fazenda e o BC, mas outros ministros.


DEU RUIM – Caiu mal sobre Nova York o choque de realidade de que pode não dar tempo de a bateria de indicadores encavalados durante as seis semanas de paralisação do governo sair até a reunião do Fed de dezembro.


… Pior: alguns dados, como se viu, podem não ser divulgados nunca, ampliando as incertezas sobre a política monetária. O mercado, que custava a se dobrar à cautela recente de alguns Fed boys, parou de ignorar o risco.  


… Estão agora praticamente empatadas as apostas de corte e manutenção dos juros na última reunião do ano.


… De um dia para o outro, a possibilidade de um relaxamento monetário caiu de 60,0% para 50,7%, enquanto o investidor começou a precificar com maior força (49,3%, contra 40,0% na véspera) a chance de estabilidade.


… A curva indica que está prestes a acontecer uma reviravolta nas apostas, que até pouco tempo atrás estavam consolidadas para uma flexibilização em dezembro, apesar de Powell ter cantado a bola que nada estava decidido.


… Ontem, o Fed boy Alberto Musalem, pediu cautela, disse haver “pouco espaço” para afrouxar a política monetária sem torná-la excessivamente acomodatícia e considerou que hoje ela está mais próxima da neutralidade.


… Na mesma linha, Beth Hammack defendeu que a política monetária precisa permanecer um pouco restritiva para reduzir as pressões inflacionárias, que estão “muito altas”, enquanto o mercado de trabalho parece equilibrado.


… Neel Kashkari concordou que a inflação ainda está bastante elevada, em 3%, contra a meta de 2%.


… Mary Daly alertou que é prematuro afirmar se haverá um corte nas taxas de juros em dezembro. Segundo ela, ainda há trabalho a fazer para reduzir a inflação, que está desacelerando aos poucos, mas de forma irregular.


… Esvaziadas as esperanças em alívio do juro em dezembro, automaticamente as taxas dos Treasuries subiram: a da Note de 2 anos foi para 3,593%, contra 3,562% na véspera, e a de 10 anos ganhou impulso para 4,118%, de 4,066%.


… Curioso foi o dólar ter caído, com o índice DXY (-0,34%) negociado aos 99,156 pontos. Mas, na avaliação do Danske Bank, a moeda americana ainda pode se valorizar com as especulações de manutenção dos juros no próximo mês.


… O euro subiu 0,37%, a US$ 1,1639; a libra avançou 0,43%, a US$ 1,3190; e o iene se fortaleceu a 154,51 por dólar.


PLUS A MAIS – Fora as dúvidas agora no ar sobre um corte do juro pelo Fed em dezembro, em paralelo, também voltou com tudo o medo em Nova York de que as gigantes de tecnologia estejam supervalorizadas, na bolha da IA.


… O Nasdaq afundou 2,29%, aos 22.870,355 pontos; o S&P 500 também não economizou no estresse, caindo 1,65%, aos 6.737,56 pontos; e o Dow Jones interrompeu os recordes, perdeu 1,65% e devolveu os 48 mil pontos (47.457,16).


… Símbolo de resistência nestas últimas semanas, o Ibovespa conseguiu se defender bem ontem contra o tombo expressivo das bolsas americanas e limitou a queda a 0,30%, sustentando os 157 mil pontos (157.162,43).


… O giro forte, de R$ 29,1 bilhões, é bom sinal, de que os compradores estão driblando uma correção firme da bolsa.


… Entre as blue chips, Petrobras reagiu, depois do abalo provocado um dia antes pela derrocada de 4% do petróleo. O papel ON subiu 0,90%, a R$ 34,66, e o PN ganhou 0,43%, a R$ 32,49, com o Brent em alta de 0,47%, a US$ 63,01.


… Em dia morno para o minério de ferro (+0,26%), Vale caiu de leve (-0,14%) e fechou cotada a R$ 65,67.


… Os principais bancos subiram, com exceção de BB (-1,32%; R$ 22,50), após queda de 60% no lucro. Itaú avançou 0,40% (R$ 40,44); Bradesco PN, +0,21% (R$ 19,48); Bradesco ON, +0,36% (R$ 16,65); e Santander, +0,54% (R$ 33,58).


… Hapvida desabou 42,21% (R$ 18,89) e liderou com folga as perdas do Ibov, após balanço bem pior que o esperado no terceiro trimestre. Do lado positivo, MRV saltou 5,16%, a R$ 8,56, com o primeiro lucro trimestral no ano.


… Como a bolsa, também o câmbio vem contornado qualquer realização mais consistente. Tudo o que o dólar subiu ontem foi de 0,10%, permanecendo abaixo do patamar de R$ 5,30 no fechamento, negociado a R$ 5,2983.


… O BC chamou para segunda-feira (10h30) um leilão de linha de até US$ 1,25 bilhões para rolagem de dezembro.


… Os juros futuros subiram com as taxas dos Treasuries e o megaleilão de títulos prefixados do Tesouro (31,5 milhões de papéis), depois de terem exibido viés de queda mais cedo com os dados mais fracos das vendas no varejo.


… Pelo conceito restrito (sem carros e material de construção), o indicador medido pelo IBGE caiu 0,3% em setembro, contrariando a previsão de alta 0,3% e sinalizando a eficácia da Selic a 15% para desacelerar a atividade.


… O BofA, que ainda apostava em corte da taxa de juro pelo Copom em dezembro, adiou sua estimativa para a reunião de janeiro, citando como justificativa para a mudança a linguagem usada pelo BC em comunicados recentes.


… Segundo o banco, aumenta a probabilidade de que o IPCA terminar o ano dentro da faixa de tolerância.


… O Itaú reduziu ontem sua projeção para o IPCA de 2025 de 4,6% para 4,5%, no teto da meta. Para 2026, cortou de 4,3% para 4,2%. A Monte Bravo reduziu sua previsão para 2025 de 4,8% para 4,6% e manteve para 2026 (4,5%).


… No fechamento dos negócios, o contrato de juro para Jan/27 marcava 13,665%, na máxima do dia (de 13,654% na véspera); Jan/29 subia a 12,840% (de 12,820%); Jan/31, 13,175% (de 13,157%); e Jan/33, 13,385% (de 13,355%).


COMPANHIAS ABERTAS – PETROBRAS informou que o Plano de Negócios 2026/30 ainda está em processo de análise e aprovação. Proposta será apreciada pelo conselho de administração no dia 27 e divulgada após a aprovação…


… Esclarecimento da companhia foi dado em função de reportagem da Bloomberg de que a estatal estaria planejando reduzir os investimentos em 4,5%, para US$ 106 bilhões no período.


LWSA teve lucro líquido ajustado de R$ 56,6 milhões no terceiro trimestre, alta de 52,9% na comparação anual; Ebitda ajustado consolidado subiu 18,1%, para R$ 87,0 milhões.


QUALICORP registrou lucro líquido de R$ 12 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 10,7%; Ebitda somou R$ 132,5 milhões, recuo de 18,1% em relação ao mesmo período de 2024.


HAPVIDA anunciou a ampliação no programa de recompra de ações em andamento de 20 milhões para 70 milhões. No pregão de ontem, a família Pinheiro, fundadora do grupo, comprou ações da companhia. (fontes do Valor)


DASA registrou lucro líquido de R$ 97 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 87 milhões reportado no mesmo período de 2024. Ebitda somou R$ 691 milhões, queda de 8% na comparação anual.


ONCOCLÍNICAS confirmou a venda do Instituto Materno Infantil de Minas Gerais à Fundação Felice Rosso, que administra o hospital Felício Rocho, por R$ 130 milhões.


YDUQS registrou lucro líquido de R$ 97,7 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 35,6%; Ebitda somou R$ 462,1 milhões, alta de 0,9% ante mesmo período de 2024.


LOCALIZA teve lucro líquido de R$ 258,1 milhões no terceiro trimestre, queda de 68,2% na comparação anual; Ebitda cresceu 2,6%, para R$ 3,407 bilhões…


… Companhia anunciou que a controlada Localiza Fleet fechou contrato para venda de sua participação de 64,6% na Voll Soluções em Mobilidade Corporativa S.A. para sociedade detida por fundos geridos pela Warburg Pinus…


… Operação avaliou a Voll em R$ 606 milhões (valor de empresa) e renderá R$ 382 milhões à Localiza Fleet.


MOTIVA ampliou investimentos da SPVias e obteve extensão de 322 dias na concessão.


GOL. Acionistas aprovaram, em segunda convocação, contratação da consultoria Apsis como responsável pela elaboração do laudo de avaliação que embasará OPA relacionada à saída da companhia do Nível 2 de Governança.


TELEFÔNICA aprovou a distribuição do valor bruto de R$ 340 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1060 por ação, com pagamento até 30/4/26; ex em 25/11.


RAÍZEN contratou uma nova linha de crédito rotativo no valor de R$ 1 bilhão, com prazo de cinco anos; nova linha substitui as linhas atualmente vigentes. 


UNIPAR registrou lucro líquido de R$ 109,1 milhões no terceiro trimestre, baixa de 8% em relação ao mesmo período de 2024; Ebitda somou R$ 260 milhões, recuo anual de 33%.


TRACK&FIELD registrou lucro líquido de R$ 30 milhões no terceiro trimestre, alta de 22% na comparação anual.


CYRELA teve lucro de R$ 609 milhões no terceiro trimestre, alta de 29% na comparação anual; receita líquida subiu 5% no período, para R$ 2,1 bilhões.


TECNISA orientou subsidiária Windsor a interromper negociações com Cyrela Brazil Realty, envolvendo possível venda de terrenos no Loteamento Jardim das Perdizes e de Certificados de Potencial Adicional de Construção.


EZTEC teve lucro de R$ 183,4 milhões no terceiro trimestre, alta de 38% na comparação anual; receita líquida caiu 2% no intervalo, para R$ 469,4 milhões…


… Empresa aprovou a distribuição de dividendos intermediários no valor total de R$ 220 milhões…


… Montante será dividido em R$ 87,140 milhões, equivalente a R$ 0,3994 por ação ordinária, e R$ 132,859 milhões, correspondente a R$ 0,6090 por ação ordinária…


… Primeiro valor será pago até 28 de novembro e o segundo valor até 17 de dezembro; ex em 19 de novembro.


GAFISA registrou prejuízo líquido de R$ 92,1 milhões no terceiro trimestre, alta de 37,1% sobre o prejuízo líquido de R$ 66,8 milhões reportado no mesmo trimestre de 2024…


… Ebitda ficou negativo em R$ 66,2 milhões, mais de três vezes o Ebitda negativo de R$ 20,1 milhões no mesmo período do ano passado.


CPFL ENERGIA registrou lucro líquido de R$ 1,37 bilhão no terceiro trimestre, alta de 3,3% em relação ao mesmo período de 2024. Ebitda somou R$ 3,1 bilhões, praticamente estável na comparação anual.


CEMIG registrou lucro líquido de R$ 796,7 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 75,7%; Ebitda ajustado somou R$ 1,47 bilhão, recuo de 16,29% em relação ao mesmo período de 2024.


LIGHT registrou lucro líquido de R$ 33 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 79,3%; Ebitda ajustado somou R$ 508 milhões, recuo de 15% em relação ao mesmo período de 2024.


SERENA ENERGIA registrou lucro líquido de R$ 15,4 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 57,4%; Ebitda somou R$ 523,4 milhões, alta de 4% em relação ao mesmo período de 2024…


… CVM aprovou a conversão do registro de companhia aberta da categoria A para B; com isso, as ações da empresa deixam de ser negociadas na B3.


AXIA ENERGIA anunciou a 7ª emissão de debêntures, no valor de R$ 1 bilhão, e a controlada Axia Energia Norte, a 9ª emissão, no valor de R$ 2 bilhões.


EMAE registrou lucro líquido foi de R$ 287,5 milhões no terceiro trimestre, alta anual de 662,6%; Ebitda ajustado somou R$ 83,8 milhões, crescimento de 106,9% ante mesmo trimestre de 2024.


3TENTOS teve lucro de R$ 203 milhões no terceiro trimestre, queda de 36,2% na comparação anual; Ebitda recuou 90,7% e totalizou R$ 34 milhões.


IRB registrou lucro líquido de R$ 99 milhões no terceiro trimestre, queda anual de 15%.


Aos assinantes do BDM, Bom Dia e Bons Negócios!

Diário de um economista de mercado

 Diário de um economista de mercado 30 anos de mercado - algumas lições São quase 30 anos de mercado, entre idas e vindas. Destes anos todos...