quinta-feira, 29 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 29/04/2021 - 100 DIAS E FED

Iniciamos esta quinta-feira repercutindo os 100 dias do presidente norte-americano Joe Biden no comando da maior nação do mundo. Acreditamos ser o saldo até aqui altamente meritório, com uma grande campanha de vacinação já tendo imunizado mais de 200 milhões de americanos e pesados programas de estímulo, mais um ontem anunciado, de apoio às famílias e à educação (de US$ 1,8 trilhões). 

Das 61 promessas de campanha feitas pelo presidente, para estes 100 primeiros dias, quatro não foram cumpridas, 33 estão em andamento e 24 foram totalmente cumpridas. Tivemos o reatamento dos americanos com  o Acordo de Paris e a OMS, uma pesada revisão das leis imigratórias, investimentos em Educação anunciados, estímulos fiscais grandiosos refletidos em variados pacotes. 

Enfim, uma América renovada renasce depois de quatro anos de "governo trumpista" (Donald Trump). E as mudanças de ares já são perceptíveis, em especial, na imunização da população norte-americana e no esforço de retormar o crescimento com força agora. Estimativas de mercado trabalham com os EUA crescendo 6% neste ano e 4% em 2022. Preocupa, no entanto, o excesso de ativismo fiscal. Muitos pacotes de gastos que terão que ter com compensação a adoção de mais impostos a incidirem sobre os mais ricos. 

Já se dá como certo o aumento da taxação sobre ganhos de capital para quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano, de 20% para 39%, assim como mudanças nas alíquotas de Imposto de Renda para os que ganham mais de US$ 400 mil. Dúvidas, como sempre, surgem sobre se esta taxação pesada sobre os mais ricos não irá inibir novos investimentos ou gerar uma "revoada" de capitais internalizados. A conferir. 

Esta quarta-feira foi um dia intenso nos EUA. Além do discurso de Joe Biden no Parlamento, à noite, tivemos também a reunião do Fomc em que se confirmou o que todos esperavam. 

Jerome Powell manteve sua "política acomodatícia" e não sinalizou mudanças, tanto na compra de ativos, como na taxa de juros, mantida no intervalo de 0 a 0,25%. Reafirmou que deve aguardar a retomada da economia norte-americana e a redução do atual desemprego, 6% da PEA, para pensar se muda algo. Por enquanto, tudo fica como está. "Não há razão para começar a lguma redução de estímulos monetários. Seguem a política de compra de ativos e o juro no atual patamar." 

Neste ambiente, na quarta-feira as curvas de juro norte-americanas seguiram perdendo inclinação. Os Treasuries Bonds de 10 anos chegaram a operar a 1,65% em alguns momentos, mas logo cederam e fecharam a 1,61%e os de 30 anos, a 2,28%. 

No Brasil, continua repercutindo a "debandada" da equipe econômica do ministro Paulo Guedes, ainda mais depois da saída do seu número dois, Waldery Rodrigues, que segundo informações, passa a ser assessor especial do ministro. Causa estranheza. Deixar de ser o número dois do ministério para ser assessor especial? Muito se comenta que ele foi mais um em cair em desgraça junto ao presidente. 

O que se sabe é que Waldery, extremamente zeloso pela preservação do teto de gastos, tentou resistir ao máximo da sanha gastadora dos políticos do Centrão e a obtenção de novos "nacos de poder". Waldery e o demissionário George Soares, assim como todos os outros que saíram, se tornaram uma "pedra no sapato" destes políticos do Centrão e resistiram até o fim. Nada mais acertado. Se fossem despesas essenciais e necessárias, mas duvido que boa parte das verbas das emendas parlamentarem tenham um destino prático e necessário. Desconfiamos, aliás, sobre este destino. Podem ser usasdas para preparar as campanhas da eleição de 2022. Ao fim, os cortes das despesas com emendas e outros chegaram a R$ 29 bilhões, mas às custas de tanto desgaste que esta debandada acabou inevitável. Foi uma diária batalha por posições.

Isso, inclusive, nos coloca no cerne do debate sobre a lei do teto dos gastos. Como administrar as despesas, a partir da inflação, num ambiente de fragilidade política? Não nos parece fácil.  

Achamos que novas batalhas nos esperam entre a combalida equipe de Paulo Guedes (ou o que sobrou dela) e estes abutres do Centrão (não há outra denominação). Muito se especula que o remanejamento de ministérios, a tal reforma ministerial, deve se aprofundar, com o desmembramento do Ministério da Economia e o surgimento do Planejamento, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e do Trabalho. Mais uma a conferir. 

Pela nossa leitura, seria a "pá de cal" sobre a agenda liberal do ministro Paulo Guedes, agora também objeto de críticas diárias. 

Claro nos parece que há um esforço diário de parte da mídia em "esvaziar" ainda mais o governo Bolsonaro.  Muitos interesses contrariados estariam por detrás disso. Mas não podemos negar também os vários erros cometidos. 

As declarações desastradas do ministro Guedes, falando da origem da Covid 19 na China e da baixa qualidade da Sinovac, devem ser salientadas. Depois acabaram desculpadas, ainda mais quando se sabe como os chineses são importantes no fornecimento de insumos para a fabricação de vacinas pelo Instituto Butantan. Não nos pareceria o momento para esta tola guerra ideológica. Estes bate bocas sem fundamento algum só trouxeram prejuízos para o País no ano passado. 

E estes serão investigados pela CPI da Covid 19, aberta nesta semana. Erros, omissões, ignorância terão que ser responsabilizados, principalmente, no que se refere às negociações com as vacinas, como a PFIZER. Uma boa notícia é que esta deve estar chegando hoje, nesta quinta-feira, dia 29, ao País, num primeiro lote. 

Outra boa notícia veio dos dados de geração de emprego formal pelo Caged. Em março foram geradas 184,1 mil novas vagas, com todos os setores avançando. A Indústria veio com a geração de 42,1 mil novas vagas, os Serviços 95,1 mil, o Comércio 17,9 mil e a Construção Civil, +25,0 mil. 

Na agenda desta quinta-feira, estejamos atentos ao PIB dos EUA, o IGP-M, Saldo Primário e aos balanços em destaque. Na primeira leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre, estimamos um forte crescimento. No Brasil, temos o IGP-M de abril, além dos dados de março da Nota de Crédito e do resultado primário do governo Central de março.

No rol dos balanços, destaque para os resultados de Amazon, Embraer, Gol e Mastercard.


quarta-feira, 28 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 27/04/2021 - DIA DA CPI

Iniciamos esta terça-feira (dia 27) atentos ao início dos trabalhos da CPI da Covid. As declarações do ex-assessor de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten , batendo forte no ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, dão bem a dimensão do que nos espera. No entanto, estranhamente ele poupa o presidente Bolsonaro.

Na verdade, esta CPI, geralmente, um evento político e não jurídico, deve se tornar ainda mais explosiva, porque as evidências estão aí nas mídias. A todos os dias o presidente soltava um pombo sem asa para a mídia absorver e “aproveitar”. Claramente, ele, e o seu ministro fiel, assumiram uma postura de tentar negar a gravidade da pandemia, negando também o uso de máscaras e a necessidade premente de isolamento ou quaretena. Deu no que deu. Nos tornamos um dos países com o maior número de óbitos, 391 mil até agora, chegando a 400 mil por estes dias, só menor do que os EUA. Tudo bem, há um epicentro agora na Índia, mas quem conhece este país estranha que isso não tenha acontecido antes.

Por este contexto, é de se esperar que esta CPI paralise o País, deixando temas tão importantes quanto, como a agenda de reformas, meio de lado.

Nas atuais condições políticas, de açodamento extremo, é bem possível que tenhamos “um dos mais duros enfrentamentos já experimentados em uma CPI”. O governo parece atemorizado, pela quantidade de provas contrárias, a serem levantadas, em uma comissão, em que é minoria. Muitos consideram que ele, no entanto, deve assumir uma postura de enfrentamento, de “bate-boca”, envolvendo não somente a mobilização de apoiadores, inclusive judicialmente, como pelas declarações polêmicas do presidente Bolsonaro, mobilizando órgãos comandados por “aliados”. Com certeza, teremos nesta CPI uma prévia do que será a eleição do ano que vem.

Sobre as reformas, o que realmente interessa, o presidente da Câmara, Arthur Lira, já sinalizou que devem começar os debates nas comissões por estes dias. Temos como prioridade a reforma tributária, que deve ser fatiada, e a administrativa, dada a aberração da situação de privilégios dos servidores públicos em muitas esferas de governo.

Numa reunião para tratar desta PEC na CCJ, os técnicos do governo voltaram a defender esta reforma, como acabar com a estabilidade, enquanto que deputados e senadores, ligados aos partidos de esquerda, reagiram, dizendo que o fim da estabilidade traria mais corrupção ao setor público. Na leitura deles, a estabilidade protege os servidores da perseguição política, mas por outro lado, protege também os que não querem nada, não tem interesse algum em produzir ou serem eficientes.

Segundo o governo federal, são gastos cerca de R$ 8,3 blhões com 69 mil servidores em funções extintas, como operadores de Telex, e estes não podem mudar de área, se não configura “desvio de função”. Ou seja, temos 69 mil pessoas sem ter o que fazer nas repartições públicas do País.

Para piorar, em estudo da CNI, descobre-se que o Brasil se encontra em 7 º lugar entre os países que mais gastam com servidores públicos, num universo de 70.

Entre despesas com ativos e inativos, são 13,4% do PIB em gastos com servidores públicos. A maior justificativa é a vantagem salarial dos servidores públicos, em especial, na esfera federal e no Judiciário, frente aos do setor privado.

Nós superamos países com tradição forte como regimes social democratas e gastos fiscais elevados, como Suécia (12,7%), França (12,1%), Itália (9,5%) e Alemanha (7,5%). São tantas sinecuras e privilégios que, do total de gastos, R$ 319 bilhões em 2019, 56,5% vão para os ativos e 43,5% para os inativos. Ou seja, os “funcionários de pijama”, aposentados, ganham tanto quanto os que produzem. A maior parcela é do Executivo, 75,7%, e a maior concentração, no âmbito federal (85,2%).

A remumeração dos servidores públicos da esfera federal e dos estaduais é 67% e 31%, respectivamente, mais elevada do que os do setor privado. Na média, os federais, estaduais e municipais, ganham 16% a mais do qeu nas empresas privadas. A distorção para baixo está nos municípais, que ganham menos.

A tendência é que estas despesas com servidores públicos crescam cada vez mais nos próximos anos, reduzindo o espaço dos investimentos públicos. Segundo o Banco Mundial, em estudo com a OIT, a proporção de servidores públicos ativos, em relação à população, é de 5,6% no Brasil, percentual mais alto do que na média da América Latina (4,4%).

Voltando a falar da grave pandemia que nos abate, estamos vivendo um colapso na entrega de vacinas. Nesta segunda-feira a Anvisa se manifestou contrária à liberação da Sputnik. Soma-se a isso, a Coronavac e a Oxford/Astrazeneca, que dependem de insumos importados, estão com as entregas atrasadas. Agora, mais um problema, das encomendas já fechadas com a Pfizer – este caso envolve acesso a informações sensíveis, mas provavelmente será contornado pelo volume de doses em jogo (pelo menos 100 milhões).

Uma notícia positiva pode vir das negociações com os EUA, que decidiram compartilhar com outros países cerca de 60 milhões de doses do imunizante Oxford/Astrazeneca - parte da nova ofensiva para enfrentar o avanço da influencia global da China e sua “diplomacia da vacina”. A iniciativa, no entanto, ainda está em fase de planejamento e não tem prazos definidos.

Sobre a situação, com a queda desta segunda-feira, baixamos para 2.465 óbitos diários (em 24 horas). A curva de descida está ficando parecida com a curva da subida, fenômeno observado em alguns países como Reino Unido, Portugal e Alemanha, e mesmo no Brasil, no AM, SC e RS. Chile e Uruguai mantém sua tendência de queda, mas Peru, Colômbia e Argentina preocupam, suas curvas estão bem ascendentes. A Índia também segue em alta. 

Na economia, diante de desaceleração prevista para a atividade entre março e abril, devido ao açodado clima político e o atraso das vacinas, ainda mais com a retirada US$ 2,1 bilhões do mercado de ações e de títulos públicos por investidores estrangeiro, depois de nove meses de resultados positivos, algumas novas medidas de estímulo econômico podem estar em elaboração.

Será publicada nesta terça-feira a MP que renova o Programa de Preservação de Renda e do Emprego (BEm), possibilitando suspensão de contratos de trabalho e redução de salário e jornada por mais quatro meses, além da MP 927, que flexibiliza temporariamente a legislação trabalhista.

Também na pauta, o IPCA 15 de abril, a estimular o debate sobre a trajetória da taxa de juros Selic, a ser adotada pelo Bacen na reunião do Copom do dia 5 de maio. Apesar da pressão inflacionária, aumenta a corrente contrária ao aumento consistente da Selic ao longo do ano. A Focus estima o IPCA para este ano em 5,01%, contra 4,92% na semana anterior. Achamos que a Selic deve parar um pouco nos 3,5%. Tudo dependerá da escalada inflacionária.

Na segunda-feira, o Ibovespa registrou leve variação positiva de 0,05%, a 120.594 pontos, com volume financeiro de R$ 25,37 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial registrou queda de 0,88% a R$ 5,449 na venda. Já o dólar futuro, com vencimento em maio, registrou baixa de 0,71% a R$ 5,438. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu um ponto-base a 4,62%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de três pontos-base a 6,17%, o DI para janeiro de 2025 recuou quatro pontos-base a 7,68% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de sete pontos-base a 8,29%. Em NY, os índices S&P 500 e Nasdaq encerraram em máximas recordes, impulsionados por ações da Tesla.

terça-feira, 27 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 26/04/2021 - VAMOS EM FRENTE

Iniciamos esta semana mais focados na agenda de reformas e querendo saber como deve evoluir a CPI da Covid, a se iniciar nesta terça-feira.

Será uma semana também de temporada de balanços, a se iniciar com Santander (SA:SANB11), VALE (SA:VALE3) e WEGE. Nos EUA, estaremos de olho nos pacotes de Infraestrutura e de impostos de Joe Biden, “ventilados” no mercado, a serem melhor esclarecidos. Teremos também a reunião do Fomc, quando o presidente da instituição, Jerome Powell, deve nos dar novas pistas sobre quais os próximos passos do Fed no balizamento da política monetária.

Sobre o que foi decidido no Orçamento de 2021, este acabou com algumas despesas obrigatórias cortadas, algumas emendas retiradas, e a certeza de que o governo terá que negociar mais com o Centrão daqui para frente, ainda mais com a CPI da Covid dando início aos seus trabalhos nesta terça-feira. Num orçamento muito engessado, 94% das despesas são obrigatórias, o que tira muito espaço de manobra do governo nas ações de políticas públicas. Grande parte das despesas são focadas em previdência, encargos socias e pessoal. Investimentos ficam com uma parte ínfima do Orçamento, o que tira muito poder de ação de ministros como Tarcísio Freitas e Rogério Marinho.

A impressão que se tem é que a reforma ministerial não acabou e os próximos a terem suas áreas mexidas são o ministro Paulo Guedes, antes Super Ministro da Economia, agora correndo o risco de perder esta condição, com o desmembramento do ministério e a criação de mais dois, Planejamento e Indústria e Comércio.

Soma-se a isso, passada a decisão do Orçamento, acreditamos que as discussões no Congresso devem começar a focar mais na agenda de reformas e no fortalecimento do programa Bolsa-família. Este será essencial para a travessia da pandemia, devendo ser "fortalecido" até 2022, quando teremos eleição majoritária.

Sobre as reformas, a tributária também é um tema a entrar nas discussões, mas por ser assunto delicado, deve se estender por todo o ano de 2021 (com baixa probabilidade de aprovação). Acreditamos que os avanços da agenda de reformas devem se limitar à reforma administrativa e alguns ajustes institucionais de ordem microeconômica/setorial.

E o pior é que a reforma administrativa não é uma tarefa fácil, já que predomina o corporativismo nas várias esferas de governo. Nas várias repartições e áreas do governo existem sindicatos “combativos”, que realizam pesados lobbies no Congresso, junto aos parlamentares, o que torna a retirada de “privilégios” uma batalha diária. Isso difere dos trabalhadores do setor privado, nas várias áreas da economia, totalmente sem uma representação concentrada e atuante. É aí que se vê como os servidores públicos possuem privilégios, frente oa setor privado. Vários estudos reforçam isso. Os salários do setor público são bem mais elevados do que os do setor privado.

Nos últimos anos, em dez anos entre 2009 e 2019, o número de funcionários públicos da ativa cresceu 11%, enquanto que os gastos, suas sinecuras, quinquênios, anuênios, salários adicionais, seguros diversos, aumentaram 125%. O Brasil é o 7º país no mundo que mais gasta com servidores públicos, quase 14% do PIB, mais do que a França, país conhecido pela sua burocracia de Estado, Alemanha, Peru, Chile, Colômbia, e vamos em frente. Apenas para exemplificar: a máquina pública com funcionários consome 21 vezes mais do que com saneamento básico.

Em paralelo, um pacote de ações deve ser anunciado para flexibilizar as regras trabalhistas durante a pandemia. Este permitirá a antecipação de férias, mudanças de regra do home office e adiamento no recolhimento do FGTS pelas empresas. Estas medidas devem ser anunciadas junto com o BEm, que reduz salários, mas preserva os empregos (estas medidas devem durar quatro meses). O Pronampe também deve ser liberado, com cerca de R$ 15 bilhões em novas linhas de crédito para pequenas e médias empresas.

Sobre os fatos da semana, estejamos atentos aos vários indicadores de Confiança, a serem divulgados no Brasil, dados fiscais e do mercado de trabalho, todos devendo mostrar alguma deterioração. Estejamos atentos também ao IPCA-15 e o IGP-M, quando poderemos saber como o Banco Central deve deliberar sobre a política de juro na reunião do Copom do dia 5 de maio.

No dia 30, finalmente, deveremos “desenrascar” um imbróglio que teimava em se manter à tona. O leilão de concessão da CEDAE do Rio de Janeiro, finalmente, deve sair do papel. São cerca de R$ 10,6 bilhões de outorga, 12 empresas interessadas e um prazo de 35 anos de concessão. Neste período, cerca de R$ 30 bilhões serão investidos no saneamento carioca, englobando 35 municípios e na expectativa de 45 mil empregos a serem gerados.

Nos EUA, foco para a reunião do FOMC na quarta-feira. Mais ainda. A expectativa recai sobre o que o presidente do Fed, Jerome Powell deve dizer. Aguardemos.

domingo, 25 de abril de 2021

BALANÇO SEMANAL - AGORA VAI

Foi uma semana carregada, tanto de eventos, como no astral, que ficou ainda mais pesado depois da decisão do STF ao colocar o juiz Sergio Moro em suspeição, para não esquecer a Covid, ainda no radar de todos.

O Orçamento, finalmente, foi sancionado, e Jair Bolsonaro tentou passar boa impressão, participando online da Cúpula do Clima nos EUA. No STF, os ministros "garantistas" aprontaram mais uma, praticamente, inacreditável, colocando o ex-juiz Sergio Moro, verdadeiro herói nacional, como suspeito (ou parcial) na LAVA JATO! Claro! Tinha que ser sobre o Lula, já que muitos destes ministros são o que são, capangas do "sapo barbudo". 

Lula, um CORRUPTO, um escroque, praticamente, saiu desta história como injustiçado e Sergio Moro como parcial sobre as decisões da LAVA JATO, em especial, no episódio do triplex do Guarujá. Foi uma tremenda "passação de pano" sobre a atuação do PT na LAVA JATO, a ponto do "ministro" Lewandowski considerar a operação negativa para o desenvolvimento do País, por impactar no crescimento, nas operações das empresas envolvidas, na geração de emprego, etc.

Um absurdo completo, um assinte, uma agressão ao bom senso!

Muitos, mais "passadores de pano" ainda, se apressarão em achar que não houve LAVA JATO. Foi invenção das "elite". Janaína Lima, vereadora pelo NOVO em São Paulo, tem os números que não nos deixam cair no achismo, algo tão comum entre os populistas, esquerdistas, bastiões da boa moral e da legitmidade...

Na LAVA JATO foram:

- 326 Inquéritos instaurados
- 844 Mandados de busca e apreensão
- 201 Mandados de prisão
- R$ 2,4 bilhões de bens bloqueados ou apreendidos
- R$ 745 milhões repatriados

É isso que estes profissionais de "notório saber" quererm apagar. A impunidade precisa vencer sempre, mais uma vez, no Brasil.

O placar parcial é 7 a 2 pela suspeição do juiz Sergio Moro, a partir do uso de gravações ilegais de hackers, de criminosos.

Aliás, por anda o "jornalista" que "cavou" estas provas? O tal "Vedevaldo". Sumiu! Fez o seu trabalho sujo, recebeu uma grana do José Dirceu, e se mandou!

No Orçamento de 2021, o governo, em conluio com o Congresso, acabou conseguindo sancionar esta peça de planejamento fiscal, onde tentamos saber quanto o governo irá gastar e quanto arrecadar num período de tempo. O presidente sancionou o Orçamento com vetos. O “nó orçamentário”, que colocou o governo em rota de colisão com o Congresso, foi resolvido com:

veto definitivo de R$ 19,8 bilhões em dotações orçamentárias, sendo R$ 10,5 bilhões em emendas do relator, R$ 1,4 bilhão em emendas de comissões do Congresso e R$ 7,9 bilhões em despesas discricionárias (facultativas) do Executivo;

bloqueio adicional de mais R$ 9 bilhões, que não foram detalhados pela Secretaria-Geral da Presidência e podem ser desbloqueados até o fim do ano; e

os ministérios mais impactados foram Desenvolvimento Regional, com a retirada de R$ 9,4 bilhões; Educação perdeu R$ 3,9 bilhões; Infraestrutura R$ 3,5 bilhões, Defesa R$ 3,2 bilhões e Saúde R$ 2,2 bilhões.

Estejamos atentos, no entanto, ao clima do Congresso com o Governo, já que os presidentes das casas, Artur Lira e Rodrigo Pacheco, continuam querendo mais "fatias de poder". Um boato é de que pode haver o desmembramento do Ministério da ECONOMIA, com a criação do Planejamento.

Nos EUA, o presidente Joe Biden deixou no ar a possibilidade de aumento de impostos sobre "ganhos de capital para os mais ricos" e de novos Imposto de Renda para determinadas faixas. Estas medidas ainda necessitam de um amplo debate no Congresso - e algumas alterações são esperadas. É possível que estes aumentos de carga fiscal sejam sancionados nas próximas semanas

O primeiro deve recair sobre os “ganhos da capital dos mais ricos”, com a taxação passando de 20% para 39% ou 43%, praticamente o dobro, sobre os que ganham mais de US$ 1 milhão por ano. Em seguida teremos aumento a elevação do IR sobre Pessoa Física.

Falando do Covid. No dia 22 o número de óbitos chegou a 2.070, totalizando no acumulado 384 mil. Novos casos chegaram a 45.178, bem abaixo do registrado no dia 25 de março (mais de 100 mil). Na média de 7 dias foram 2.543, indicando um “platô” e 60.185 casos. Segundo a Fiocruz a um rejuvenecimento nas mortes, com aumento entre os de 20 a 29 anos, e 40 a 49, maior crescimento de casos.

Há expectativas de novas doses da Coronavac e da Astrazeneca-Oxford, com lotes, cada, de 5 milhões de doses. O governo acredita poder chegar a 1 milhão de vacinações por dia. Em complemento, o Butantan protocolou na Anvisa estudos para realização das Fases 1 e 2 da Butanvac, a 1ª vacina produzida integralmente no Brasil. A medida é fundamental para iniciar os testes. É mais um passo para o Butantan entregar ao Brasil a segunda vacina contra Covid-19.

O Japão declarou estado de emergência em Tóquio, mas promete Olimpíadas seguras. O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, declarou nesta sexta-feira (dia 23) estado de emergência em Tóquio e em outras três regiões do país. A medida foi anunciada para conter o avanço dos casos de coronavírus, e Suga prometeu que as Olimpíadas, que devem começar em três meses, serão seguras.
Na Índia seguem os novos cassos e óbitos acontecendo de forma descontrolada. Ontem, dia 23, houve quebra, pelo 2º dia consecutivo, no recorde global de casos de Covid-19 em 24 horas; foram mais 332.730 contágios confirmados e 2.263 pessoas morreram.

Por fim, tivemos a Cúpula do Clima com o presidente Bolsonaro prometendo frear o desmatamento na Amazônia e a emissão de carbono, num prazo de até 2050. Não se sabe se conseguirá, tal a escalada recente de desmantamentos na região. Em março, estes avançaram 12% contra o mesmo mês do ano passado.

Para a semana

Passada a decisão do Orçamento, acreditamos que as discussões no Congresso devem começar a focar mais no fortalecimento do programa Bolsa-família. Este será essencial para a travessia desta pandemia, devendo ser "fortalecido" até 2022 quando teremos a eleição majoritária.

A reforma tributária também é um tema a entrar nas discussões deste ano, mas esse assunto, sendo delicado, deve se estender por todo o ano de 2021 (baixa probabilidade de aprovação).

O presidente da Câmara, Arthur Lira já anunciou uma versão inicial do texto da reforma tributária, a ser divulgada no dia 3 de maio. O texto reúne uma versão da Câmara, uma do Senado e uma do governo federal sobre as mudanças no sistema de tributação do País, parado no Congresso.

Em fevereiro de 2020, foi criada uma comissão mista, com senadores e deputados para debater o texto, pelos então presidentes das casas na época (Davi Alcolumbre (Senado, DEM-AP), e Rodrigo Maia (Câmara, DEM-RJ). O colegiado, formado por 25 senadores e 25 deputados, discutiu duas propostas de emenda à Constituição (PECs 45/19 e 110/19). A principal convergência é a extinção de tributos que incidem sobre bens e serviços.

Não acreditamos, no entanto, que avance neste ano. 

Acreditamos que os avanços da agenda de reformas devem se limitar à reforma administrativa e alguns ajustes institucionais de ordem microeconômica/setorial.

Um pacote de ações deve ser anunciada para flexibilizar as regras trabalhistas durante a pandemia. Este permitirá a antecipação de férias, mudanças de regra do home office e adiamento no recolhimento do FGTS pelas empresas. Estas medidas devem ser anunciadas junto com o BEm, que reduz salários, mas preserva empregos (medidas devem durar quatro meses). O Pronampe também deve ser liberado, com cerca de R$ 15 bilhões em novas linhas de crédito para pequenas e médias empresas.

Sobre os fatos da semana, estejamos atentos aos vários indicadores de Confiança, a serem divulgados, os dados fiscais e do mercado de trabalho, todos devendo mostrar alguma deterioração.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 23/04/2021 - SEXTA-FEIRA INDEFINIDA

Deu uma desafogada nos mercados de ativos domésticos nesta quinta-feira (dia 22). O dólar recuou abaixo de R$ 5,50, as curvas de juros perderam a inclinação, cedendo de forma considerável, e o Ibovespa, acima dos 120 mil pontos nos últimos dias, perdeu força ao fim de mais um dia, depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que poderá aumentar a taxação sobre “ganhos de capital para os mais ricos".

No alívio do dólar e do juro, o sancionar do Orçamento de 2021, considerando R$ 125 bilhões em despesas fora do teto dos gastos, além do veto de R$ 20 bilhões em despesas outras, acabou repercutindo favoravelmente. 

Ao fim, optou-se por um veto parcial das emendas e no uso de recursos extras para o pagamento dos programas emergenciais, decorrentes da pandemia, além do auxílio emergencial no limite dos R$ 44 bilhões. Nada contra. Na verdade, ao ser criada em 2016 a "lei do teto" tinha que considerar situações limites, como a que vivemos atualmente. 

A agência Moody’s, no entanto, parece não ter gostado muito deste Orçamento aprovado.  Considerou estes “ajustes” como "negativos para o perfil de crédito do Brasil". Disse a agência, "no entanto, devido ao moderado montante dos gastos adicionais, e a recente aprovação de emenda constitucional para garantir que despesas mandatórias fiquem dentro do teto de gastos nos próximos anos, esperamos que as autoridades mantenham seu compromisso com a consolidação fiscal, em linha com o nosso cenário-base".

Segundo a agência, num cenário de criação de "exceções recorrentes" de forma a acomodar gastos acima do teto de gastos, "a credibilidade do instrumento como âncora fiscal será questionada, com implicações negativas para o custo e a dinâmica da dívida do Brasil". 

Em resumo, os ajustes da LDO de 2021 incluem a flexibilização das regras para despesas no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e permitem que o governo corte por decreto (e não por lei, como normalmente acontece) despesas discricionárias para garantir o atendimento à totalidade das despesas obrigatórias. Pela nossa leitura, iremos gastar mais do que permitido pelo teto, mas corremos o risco de tudo virar "gastos com a pandemia". Achamos que abriram-se as porteiras na lei do teto. O que mais será permitido ? 

Foi um dia também em que o presidente Bolsonaro fez um discurso, uma "declaração conciliatória" sobre o clima e o futuro do meio ambiente no Brasil, se comprometendo em cumprir os acordos sobre clima entre os vários países participantes da Cúpula do Clima nos EUA. John Kerry, chanceler do governo Joe Biden, por exemplo, achou positivo o discurso do presidente.

Por aqui, continuamos engolfados numa crise política e pandêmica de difícil desfecho. No front fiscal até tivemos algum avanço no Orçamento 2021 já sancionado. Agora pensemos na agenda de reformas e na intensificação do ciclo de vacinações.

Sobre esta, dizem que a maior parte dos adultos só deverá estar vacinada em setembro. Enquanto isso, continuaremos "meio de lado", sem capacidade de retomar com mais força a economia. 

Mesmo assim, a arrecadação federal veio mais forte no primeiro trimestre, totalizando R$ 445,9 bilhões, 5,6% acima do registrado no ano passado, recorde no período. Em março o recolhimento de impostos federais chegou a R$ 137,9 bilhões, com aumento de 18,5% sobre o mesmo mês do ano passado, recorde também para o mês. 

Em paralelo, alguma acomodação da atividade já se faz notar, se configura entre março e abril, dado o atraso das vacinações e os lockdowns. Pela prévia da Sondagem da Indústria, da FGV/Ibre, isso se refletiu na queda de 1,1 ponto em março contra fevereiro.

No mercado, o dólar seguiu perdendo força, frente ao real, sendo que quinta-feira a nossa moeda acabou como a melhor dentre 34 de países emergentes, valorizando 1,7%, a R$ 5,4546 contra o dólar.

 A contribuir, a melhora do astral no front fiscal, depois do acordo sobre o orçamento, e a possibilidade de avançarmos nas reofmras, se refletindo no maior fluxo de recursos externos e desmonte das posisções defensivas dos investidores. As apostas compradas em dólar recuaram de R$ 32,1 bilhões para R$ 31,5 bilhões. 

Já o ingresso de recursos externos veio forte até o dia 16 de abril, no total a US$ 747 milhões, pelo comercial a US$ 1,4 bilhões, pelo saldo positivo do agronegócio, com o escoamento das boas safras deste ano, e no financeiro, a US$ 2,2 bilhões.

Sobre o Ibovespa, fechou em leve queda nesta quinta, impactado pelos ruídos no mercado de Nova Iorque, depois do anúncio de que Joe Biden deve taxar forte sobre os ganhos de capital dos mais ricos. Contribuiu, também, na margem, as declarações de Janet Yellen, sobre a possivel taxação sobre as operações com cripto moedas. 

Ao fim do dia, o índice paulistano, que se manteve acima de 120 mil pontos na maior parte do dia, perdeu fôelgo ao fim, para fechar a 119.371, queda de 0,58%, na semana recuando 1,4%, no mês avançando 2,3% e no ano 0,3%. O giro financeiro foi a R$ 35,5 bilhões.

Nesta sexta-feira, na Ásia, os mercados fecharam em boa alta, com excessão do Nikkei, recuando 0,57%, a 29.020. 

Hang Seng avançou 1,28%, a 29.076, Shangai +0,26%, a 3.474 e Shenzen 1,0%, a 14.351. Na Europa, os mercados operam próximos da estabilidade, com Madrid, Londres, Frankfurt e Paris caindo em torno de 0,1% a 0,2%. Em NY, os futuros esboçam tímida reação, e no mercado de petróleo, o WTI avançava 0,8% e o Brent 0,6%.

terça-feira, 20 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 20/04/2021 - AINDA SOBRE O ORÇAMENTO

Continuamos “gravitando” em torno do Orçamento, a ser sancionado nesta quinta-feira, dia 22, pelo presidente Bolsonaro, e a preocupação com o ritmo da pandemia.

Em novos capítulos o Congresso aprovou nesta segunda-feira Projeto de Lei que torna possível ao governo cortar despesas discricionárias, como investimentos e manutenção da máqiina pública, por decreto e não mais por lei. Busca-se neste contexto, agilizar os ajustes (ganhar em flexibilidade) e preservar as despesas obrigatórias, focadas em encargos sociais e pessoal. Uma boa notícia para o imbróglio do Orçamento.

Tudo ia bem neste front, nos parecendo plausível a “costura” de um acordo sobre o veto parcial das emendas, quando veio a articuladora política do governo, chefe da Casa Civil, Vera Arruda, ligada ao Centrão, anunciando que o veto parcial ficaria em R$ 10,5 bilhões, e não R$ 16,5 bilhões como esperava o mercado e o próprio ministro Paulo Guedes. Lembremos que esta era a proposta inicial de Marcio Bittar, relator do Orçamento, rejeitada pelo ministro Guedes. Se aproximaria da sanção presidencial um “meio termo”, entre a aprovação integral que queria o Centrão e a retirada de todas as emendas, como queria Paulo Guedes. Seria o caso de pensarmos uma solução intermediária.

Diante dos extremos das partes, esta solução intermediária seria o veto da metade das emendas, que recuariam de R$ 31 bilhões para cerca de R$ 15/16 bilhões. Não nos parece plausível esta solução. Lembrando que parte destas emendas vem de remanejamentos de despesas de ministérios, como o da Integração Regional do ministro Rogério Marinho, ou mesmo da Infraestrutura, de Tarcísio Freitas. Dois ministérios que precisam entregar obras, pensando no ano eleitoral de 22. Já no outro lado, um ministro que tem por prerrogativa “sentar em cima do cofre” e preservar a “lei do teto” e a “responsabilidade” no uso de recursos públicos. Por isso, achar que seria de bom grado o detalhamento destas emendas, antes em R$ 31 bilhões, até porque 2022 é ano eleitoral e pode haver muito deputado só querendo “fazer caixa” para campanha eleitoral.

Segunda-feira foi um dia também positivo para a Petrobras, depois da posse do diretor presidente general Luna e Silva e seu discurso apaziguador, falando em ouvir mais do que falar e reduzir a volatilidade nos preços do combustíveis sem desrespeitar a “paridade do mercado internacional”. Acalmou os investidores, acionistas minoritários, que foram às compras e fizeram o papel Petr4 avançar 5,8% no dia, embora perdendo um pouco ao fim, devido às declarações da articulista Vera Arruda.

Tivemos também o indicador de atividade IBC-br de fevereiro (+1,7% em feveireiro contra março), importante para medir como anda a economia real. Ao que parece, olhando pelo retrovisor, a recuperação sob a forma de “V” aconteceu mesmo. O problema é que esta não deve se sustentar em março e abril, dado o atraso das vacinas e o aumento do isolamento social.
Para março, inclusive, trabalhamos com um recuo de até 8,5%. Os indicadores de confiança corroboram para isso, seja pela piora da pandemia, seja pelo aumento do afastamento social. Os indicadores de março devem vir piores do que os de fevereiro em todas as grandes pesquisas do IBGE (PMC, PIM e PMS).

Segundo estimativas de mercado, por este indicador, nos dois primeiros meses do ano a economia estava rodando 1% acima do nível pré-pandemia. A indústria se encontrava 2,5% acima, o varejo ampliado quase 2,0%, mesmo com os serviço 2% abaixo desse. No trimestre, estaremos zerando o crescimento. De qualquer maneira, mesmo havendo queda da atividade no segundo trimestre, devido ao isolamento social, como esse está num nível bem menor do que no ano passado, a queda deve ser bem menor do que os 9% no segundo trimestre de 2021.

Para o ano, o crescimento esperado pela pesquisa Focus é de 3,0%, tendo caído semanalmente de 3,25% um mês atrás. Este desempenho parece vinculado ao ritmo de vacinações e a evolução da pandemia. Se este ritmo vier favorável, este crescimento pode ficar acima do esperado. Estimativas indicam que a vacinação de adultos pode chegar a 70% até setembro próximo. Sendo assim, o segundo semestre de atividade deve transcorrer bem melhor do que o primeiro.

Sobre o mercado, a bolsa de valores chegou a se firmar no postivo ao longo do dia, mais um de alta, mas ao fim perdeu força diante das declarações da ministra da Casa Civil, Vera Arruda, falando em veto parcial de R$ 10,5 bilhões. o que não agradou ao mercado, nem ao ministro Paulo Guedes.

Ao fim, o Ibovespa fechou em discreta queda de 0,15%, a 120.933 pontos, com a Petr4 subindo quase 6% (5,8%), depois das declarações do novo presidente Luna e Silva. Já o giro financeiro chegou a R$ 50,1 bilhões em dia de vencimento de opções. No mês de abril, a bolsa avança 3,69%, depois de +6% em março e no ano, 1,61%. 

Já o dólar seguiu na sua trajetória de queda, com -0,61%, a R$ 5,57, tendo recuado a R$ 5,52 em alguns momentos do dia. Deu uma pressionada no final, pelo impasse do Orçamento. 

Nesta manhã de terça-feira, os mercados de ouro e petróleo operavam em alta. As bolsas de NY operavam no vermelho, e as da Europa na mesma toada. 











MACRO MERCADOS ESPECIAL 21/04/21 - ORÇAMENTO: FIM DO IMPASSE

Hoje é feriado no Brasil, Dia de Tiradentes, não havendo mercado, o que nos dá alguma “folga” para discorrer sobre determinado tema, sem se preocupar com o tempo exíguo do início da manhã. Falemos então hoje sobre o que que se decidiu nas negociações em torno do Orçamento de 2021, atrasado em quase cinco meses.

Lembremos que este foi decidido nesta semana, depois de três debates, atropelando o do ano que vem, o PLDO de 2022, enviado desde o dia 15 de abril.

Ao fim, chegou-se a um acordo, na qual, mais de R$ 125 bilhões ficaram de fora do “teto de gastos”, permitindo ao governo mais liberdade para remanejar suas despesas. Pelo PLN2, o governo poderá ajustar algumas das despesas emergenciais, com a pandemia, sem se preocupar com as regras. 

Deve incluir despesas com o Pronampe, programa de crédito para pequenas empresas, R$ 10 bilhões, com o programa do BEm, na qual é possível reduzir salários e licenciar trabalhadores, sem ter que demití-los, R$ 10 bilhões, e despesas emergenciais variadas de saúde, como compras de vacinas, equipamentos variados, já definido em 2020 e contabilizados como "crédito extraordinário" no total de R$ 31 bilhões, além de despesas de custeio e investimento, usadas nestes tempos de pandemia.

Lembremos que o governo ainda tem o limite de R$ 44 bilhões para gastar em auxílios emergenciais e mais três linhas de créditos extraordinários, para auxílios emergenciais, no total de R$ 10,9 bilhões em favor do Ministério da Saúde.

Soma-se a isso, conseguiu-se “costurar” um acordo retirando R$ 10,5 bilhões das emendas dos parlamentares, preservando R$ 16 bilhões, e as despesas obrigatórias redimensionadas.

A meta fiscal deste ano, de R$ 247,9 bilhões em déficit primário, foi mantida. Uma interpretação corrente é de que a programação de despesas, pela inflação prevista, acabou errada, já que esta deve ficar em torno de 7% neste ano e não o antes programado em 2,1%. Paulo Guedes errou nas previsões. Achava, inclusive, que em 2021 a pandemia já seria superada e o crescimento da economia, sob a forma de “V”, retornando de forma mais forte. 

Por enquanto, não foi isso que aconteceu. A economia até esboçou alguma reação entre o final do ano passado e este primeiro trimestre mas, com esta terceira onda da pandemia, perdeu força, dado o atraso das vacinas.

Lembremos que o relator Marcio Bittar, ao devolver o Orçamento ao Executivo em março passado, sugeriu várias emendas, no total de R$ 26,6 bilhões. O problema é que para estas “caberem no Orçamento”, sugeriu também um volume aquém do esperado de Despesas Obrigatórias, como Previdência, seguro desemprego, auxílio doença, dentre outras.

Pela “lei do teto”, sempre que se negocia onde mexer nas contas púbicas, um aumento de despesas tem que ter como contrapartida algum corte compensatório em outra rúbrica. No caso do ocorrido agora fez-se o errado, as previsões de despesas obrigatórias vieram subdimensionadas, para tornar possível a acomodação das emendas. Foi daí que nasceu o impasse entre governo e Congresso (representado pelo Centrão).

Na leitura dos pareceres técnicos do Congresso, este Orçamento, cheio de emendas e sem a contrapartida de recursos, não teria maiores problemas. Bastaria que as despesas obrigatórias fossem depois ser recompostas, via “Projeto de Lei”. 

Já pela leitura da equipe econômica pairavam riscos de se incorrer em crime de responsabilidade fiscal. Paulo Guedes defendia o corte integral das emendas, algo inconveniente politicamente, mas  seguro juridicamente. Lira e Pacheco defendiam o caminho da conveniência política, mas lançando “sombras jurídicas” sobre o presidente.

Na opinião de Marcos Mendes, assessor Legislativo e um dos maiores conhecedores da  Lei Orçamentária, é preciso respeitar o Artigo 166, da “Lei de Teto dos Gastos”, na qual “emendas só podem ser colocadas se indicar qual despesas serão anuladas. No caso das obrigatórias, não é isso que acontece, pois estas devem ser executadas. Só se pode criar despesas se já se tiver em mãos o que será cortado. O risco que se corre aqui é “destas desrespeitarem os limites e as condições legais”.

Criam-se despesas que inviabilizam o teto dos gastos, levam o governo a ter que cortar outras, que podem até paralisar a máquina pública, incorrendo no shutdown, algo acontecido recentemente nos EUA.

Pela Lei das Diretrizes Orçamentária (LDO), 14116/2020, no Artigo 6, no seu artigo 4, define-se que as primeiras despesas a serem atendidas devem ser as OBRIGATÓRIAS, junto com a necessidade de funcionamento dos órgãos. Sendo assim, são as despesas da Previdência, encargos sociais, despesas com pessoal, que devem ser priorizadas, e não emendas de parlamentares. 

Soma-se a isso, o Legislativo não deve “avançar” sobre o Orçamento. Pelo artigo 2, está escrito que o Legislativo não pode interferir no Executivo, inviabilizando seu funcionamento.

Enfim. O impasse do Orçamento de 2021 caminha para ser resolvido, depois da aprovação, nesta segunda-feira, 19, do projeto de lei do Congresso (PLN 2), que muda a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e permite que o presidente Jair Bolsonaro remaneje recursos por decreto, sem necessidade de autorização do Congresso.

O texto, agora, vai para sanção presidencial (nesta quinta-feira, dia 22), para a aprovação do Orçamento de 2021. Depois ingressamos no Orçamento de 2022, com déficit previsto de R$ 170, 5 bilhões, mas muito mais margem de manobra do governo, pois as despesas devem vir maiores do que neste ano, dada a inflação prevista mais elevada (em torno de 7%). Um adicional de despesas em torno de R$ 111 bilhões é previsto. Em ano eleitoral é uma bela bolada.

MACRO MERCADOS DIÁRIO 19/04/2021 - MAIS UMA SEMANA DE INSTABILIDADE

Depois de mais uma semana de muita instabilidade, mais uma, agora mais curta, pelo feriado de Tiradentes, se inicia. No foco das atenções o sancionar do Orçamento de 2021, pelo presidente Bolsonaro, havendo dúvidas se será bem sucedido, e, claro, a pandemia, ainda causando estragos. Sobre o Orçamento, não sabemos para onde o presidente deve correr, ou agindo como um populista, agradando ao Centrão, ou com a “mão pesada do Tesouro”, não cedendo às tentações, como quer Paulo Guedes. Dia 22 saberemos.

Sobre a pademia, São Paulo, em fase vermelha, deve começar a flexibilizar as restrições nesta segunda-feira, muito mais por pressões externas, havendo alguma quedas nas internações pela Covid 19. São quase 14 milhões de casos desde o início, com 373.335 óbitos acumulados, 1.657 em 24 horas no domingo passado, e 42.980 novos casos. Duas boas novidades são a de que a Astrazeneca está produzindo uma vacina para combater as variantes do virus e de que a Jansen deve retomar a produção de doses nos próximos dias. Num momento de gargalo de produção, não deixa de ser uma boa notícia.

Voltando ao debate do Orçamento, a equipe econômica quer o veto total das emendas, quase R$ 31 bilhões, algo totalmente insustentável diante da “proposta” dos deputados, de aprovação integral destas e subestimação das despesas obrigatórias. Devemos destacar que estas não podem ser “reduzidas”, para acomodar as emendas. Pela “lei do teto”, a cada despesa criada, algo tem que ser readequado ou ajustado. A idéia do Congresso era ir “empurrando com a barriga” a cada mês, mas mantendo todas as emendas. O problema é que o TCU não aceita esta “contabilidade criativa”. Pela leitura da equipe econômica, neste caso, estaríamos incorrendo em crime de responsabilidade, já que pela ”lei do teto”, despesas obrigatórias são prioritárias e não podem ser reduzidas, muito menos, para acomodar emendas de deputados.

No meio estas duas visões que o presidente terá que se posicionar. Se aceitar a tese do Centrão, estará incorrendo em crime de responsabilidade, se ir pela tese da equipe do ministro Paulo Guedes, correrá o risco de perder apoio do Centrão e se expor a diversos pedidos de impeachment, engavetados nas gavetas do presidente do Congresso, Arthur Lira. Como já dito, é um verdadeira dilema, uma “escolha de Sofia” (para quem viu o filme). Para onde correr, será uma decisão complicada.
Em paralelo, acreditem, pelo estouro de prazo foi apresentado no Congresso no dia 15 o PLDO de 2022. O Orçamento deste ano ainda não foi sancionado, mas já começam a discutir, por imposição de prazoa, a proposta do Orçamento para 2022. Nem orçamos este ano e já temos que pensar no próximo. Sobre este PLDO 22, o que se tem é a meta fiscal de déficit de R$ 170,4 bilhões, 1,9% do PIB, o crescimento de 2,5%, a inflação de 3,5% e o salário mínimo, de R$ 1.100 a R$ 1.147 (+4,3%).

No Congresso, o presidente da casa, Arthur Lira, em entrevista coletiva, tentou “quebrar o clima”, dizendo acreditar num bom desfecho para este imbróglio do Orçamento, “descartando rupturas” e reafirmou seu otimismo sobre a agenda de reformas, a ser retomada nos próximos dias.

Portanto, nesta semana que se inicia, como grande novidade o fim prazo (dia 22) para o presidente sancionar o Orçamento de 2021. A quem deve agradar? Por sobrevivência, achamos que deveria ficar no “meio do caminho”, com um veto parcial das emendas, em torno de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões, de um total de R$ 30 bilhões pedidos pelos deputados.
Neste final de semana o mercado de cripto moedas voltou a oscilar forte, diante do IPO da Coinbase Global Inc. na semana passada, com as bitcoins caindo 20,3% até domingo. Lembremos que existem mais de 1,5 mil cripto moedas no mundo, e a bitcoin é a mais visada ou famosa. Lembremos também que não existem grandes motivações, ou explicações para o que acontece neste mercado. Este é o retrato do sistema cripto-financeiro, ele se move pela aceitação dos investidores, oferta e demanda, mesmo não havendo nada que o justifique ou lhe dê lastro.

Como se comportaram os ativos de mercado

Bolsa de valores. Fechamos sexta-feira (dia 16) com o Ibovespa em “suave” alta de 0,34%, a 121.113 pontos, na semana avançando 2,9%, depois de ganhos de 2,1% e de 0,4% nas duas anteriores. Isso ocorre num clima de quase euforia nos mercados globais, pontuados pelos EUA, bolsas de valores em recordes diários, e de indicadores favoráveis na China, embora um pouco aquém do esperado. Por outro lado, no ambiente doméstico, o que se vê é açodamento, confrontos e ameaças. No mês, a bolsa doméstica acumula ganhos de 3,84% e no ano de +1,76%. Há de considerar alguma “briga do índice nos 120 mil pontos”, diante de um cenário externo favorável e um interno ainda muito complicado.

Mercado cambial. Com a queda do dólar no mercado global, o real deu mais uma “respirada” nesta semana, a terceira seguida, com o dólar recuando a R$ 5,5848 (-1,6%). No ano, a perda do real ainda é elevada (-7,6%), mas vai se desacelerando.

Mercado de juro. O impasse do Orçamento segue “estressando” o mercado de juro, mas uma boa notícia é o cenário externo mais tranquilo e as sinalizações do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que não teremos “ruptura”. Na semana passada, a curva de juro cedeu um pouco, devolvendo os prêmios e recuando 20 pontos. No entanto, há outras tensões no ar como a conduta do STF, a CPI da Covid, os bate bocas do presidente, as tensões na Rússia. No front inflacionário, estejamos atentos aos repiques dos IGPs com as commodities e a depreciação. Por enquanto, trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

Agenda Semanal

Na agenda da semana, no Brasil, nesta segunda-feira, temos a pesquisa Focus e o IBC-Br de março, com este devendo perder força diante da indefinição das vacinas e dos lockdowns em vários estados. Estejamos atentos também à inflação, numa semana que se aproxima da reunião do Copom dia 5/5. Parece haver consenso sobre um ajuste da SELIC entre 0,75 e 1,00 ponto percentual. Como já dito, teremos a decisão do presidente sobre o Orçamento de 2021 e também como deve transcorrer a CPI da Covid 19. No exterior, temos que ter um olhar atento sobre o que Christine Lagarde, CEO do BCE, deve dizer na quinta-feira (na reunião do BCE). Estejamos atentos também aos vários PMIs, a serem divulgados na sexta-feira.

domingo, 18 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO: BALANÇO SEMANAL 16/04/21 - INSTABILIDADE DOMÉSTICA E CRESCIMENTO FORTE LÁ FORA

Mais uma semana intensa. No Brasil, alguns temas nortearam os mercados: crise política permanente, impasse no Orçamento e pandemia; nos EUA, a economia segue mostrando bom dinamismo, mesmo com algum risco inflacionário no “meio do caminho”. O presidente do Fed, Jerome Powell, meio que “apostando”, acha que a inflação só deve preocupar mesmo entre meados de 2022 e 2024. Isso nos parece uma leitura por demais otimista. Na Europa, também há novidades, com a economia esboçando reação, depois de superado o problema da oferta de vacinas.

Retornando ao Brasil, o desenrolar do Orçamento de 2021 segue complicado. A equipe econômica quer o veto total das emendas “elaboradas” no Congresso, quase R$ 31 bilhões, e uma insustentável redução das despesas obrigatórias. O problema é que estas não podem ser “cortados”, para acomodar as emendas. Pela “lei do teto”, a cada despesa criada, algo tem que ser readequado ou cortado. A idéia do Congresso era ir “administrando” estas despesas obrigatórias e mantendo as emendas. O problema é o TCU aceitar esta "contabilidade criativa". Na leitura da equipe econômica, neste caso, estaríamos incorrendo em crime de responsabilidade, já que pela ”lei do teto”, despesas obrigatórias são prioritárias, não podem ser mexidas e muito menos remanejadas para entrar emenda de deputado.

No meio destas duas visões antagônicas o presidente terá que se posicionar. Se cair no “colo” do Centrão, corre o risco de incorrer em crime de responsabilidade, se optar pela tese do Paulo Guedes, corre o risco de perder o apoio do Centrão e se expor a diversos pedidos de impeachment, por enquanto, engavetados pelo presidente do Congresso Arthur Lira. É uma verdadeira “escolha de sofia” (para quem viu o filme).

Em paralelo a isso, acreditem, foi apresentado no Congresso o PLDO de 2022. O Orçamento deste ano ainda não foi sancionado, mas já começamos a discutir, por imposição de prazo (até o dia 15), a proposta para 2022. Nem orçamos este ano e já temos que pensar no próximo! Sobre este PLDO 22, enviado à CAE, a meta fiscal é de déficit de R$ 170,4 bilhões, 1,9% do PIB, crescimento de 2,5%, inflação de 3,5% e salário mínimo, passando de R$ 1.100 a R$ 1.147 (+4,3%).

No Congresso, o presidente da casa, Arthur Lira, tentando “quebrar o clima”, disse acreditar num bom desfecho para este imbróglio do Orçamento, “descartando rupturas”. Reafirmou também seu otimismo com a agenda de reformas, a ser retomada nos próximos dias.

Nesta semana que se inicia, como grande novidade termina o prazo (dia 22) para o presidente sancionar o Orçamento. A quem deve agradar ou ceder? Por sobrevivência, deve ficar no meio do caminho, com veto parcial das emendas. Esta é a nossa leitura. 

No STF, a agenda também foi pesada. Os “doutos” ministros “trabalharam bastante” para deliberar sobre a anulação dos processos contra o ex-presisente Lula da Silva, virando este “ficha limpa”. Isso se justificou por “injunções territoriais”, anulando todo o processo da Lava Jato com placar de 8 a 3.

O processo está lá, todas as provas documentadas, não faltam acusações, muita delação premiada, três desembargadores do RTF da 4ª região já deliberaram, mas Lula acabou com a sua “pena anulada”, porque estes processos tramitavam na “zona” errada, numa comarca errada do Judiciário.

Ou seja, ele deixou de ser réu por injunções administrativas! Os processos tinham que tramitar em Brasília e não Curitiba! Agora estes vão para a capital federal e, naturalmente, pelo fato de Lula ser idoso, acabarão em prescrição. Nesta semana o STF deve avaliar se mantém, ou não, a suspeição contra o ministro Sergio Moro.

Na economia, uma boa notícia foi o bom ritmo de crescimento do setor de Serviços em fevereiro. Por outro lado, olhando pelo retrovisor (mais uma vez) verificamos que toda a instabilidade, desencontros e atraso nas vacinas, deve "cobrar seu preço", impactando no ritmo de retomada do setor,não se sustentando entre março e abril. 

Temos o primeiro trimestre perdido, muito fraco, o segundo, “vacilante e arrático”, pelas tantas crises políticas e desencontros, e, com otimismo, alguma retomada no segundo semestre, desde que a população adulta seja vacinada. A torcida é para que isso aconteça até setembro.

Sobre a pandemia, neste sábado (dia 17) “andamos meio de lado”, diante de um ligeiro aumento na média de óbitos (2.906) e queda na média de novos casos (65.012). Daqui para frente, os números são para valer, ou seja, não há mais o “fator feriado”. Portanto, hoje e nos próximos dias teremos um retrado mais claro sobre o que está acontecendo. Neste dia 17, em 24 horas, foram 2,9 mil óbitos, mais de 372 mil mortos no acumulado e 67,6 mil novos casos.

Falando da Política Monetária do BACEN, nesta semana Roberto Campos Neto reforçou mais uma vez um ajuste na taxa Selic, se 0,75 ponto percentual ou 1,0 p.p., para a próxima reunião do Copom, dia 05/05. Depois teremos uma “parada técnica para observar a paisagem”, ver como evolui o cenário da pandemia e da economia real. Sobre esta, parece haver a expectativa de que a vacinação, ainda baixa, em torno de 12% do total, consiga englobar toda a população adulta até setembro. A partir daí, a economia deve começar a “decolar”, o que nos levaria a um segundo semestre de retomada, bem melhor do que o primeiro, já perdido.

Nos EUA, Jerome Powell voltou a mostrar otimismo em relação ao início do ciclo de aperto monetário, afirmando estar num “ponto de inflexão”, ainda distante do pleno emprego. Para ele, o início do ciclo de elevação de juro deve acontecer entre 2022 e 2024, “antes pouco provável”. Na sua leitura, o Fed ainda tem condições para tolerar uma inflação anualizada acima de 2% por alguns meses, reforçando achar esta “temporária”. Em paralelo, saíram os dados do Livro Bege, mais otimistas, sinalizando “um ritmo moderado entre fevereiro e abril deste ano”.

Nos indicadores, as vendas de varejo nos EUA vieram robustas, crescendo 9,8% em março contra fevereiro, contra estimativa de 6,1%, e o seguro desemprego recuou a 576 mil, contra previsão de 710 mil, o que reforça esta retomada, ainda mais com quase US$ 5 trilhões em estímulos fiscais e uma política monetária “acomodatícia”. O risco aqui é uma inflação excessiva de ativos e a formação de bolhas, a estourarem a qualquer movimento em falso do Fed.

Como resultado, o dólar perdeu espaço entre os emergentes, e um considerável fluxo de recursos segue para estes mercados, com destaque para aqueles com maior liquidez e oportunidade, como o Brasil.

Nosso mercado segue muito interessante para os investidores estrangeiros, mas o ambiente político institucional e o “empacamento fiscal”, são uma barreira. Com a queda do dólar no mercado global, o real deu mais uma respirada nesta semana, a terceira seguida, com o dólar recuando a R$ 5,5848 (-1,6%). No ano, a perda do real ainda é elevada (-7,6%), mas vai se desacelerando.

Nos EUA, a curva de juro vai perdendo inclinação neste cenário, tendo fechado sexta-feira passada em 1,57%, depois de recuar a 1,53% no meio da tarde, bem abaixo do registrado em março (1,73%). Já no Brasil, a curva de juro perdeu um pouco da inclinação, devolvendo prêmios, sobretudo os mais longos. No mercado, as projeções de taxa Selic seguem se formando, variando entre 4,75% e 6,00%. Já o dólar varia entre 5,0% e 5,75%, com esta consultoria trabalhando com 6,0%.

Na bolsa de valores, na sexta-feira chegou a mais de 121 mil pontos ao longo do dia, se firmar neste patamar e fechar o dia a 121.113, avançando 0,34%, mesmo com as incertezas permanentes no front fiscal. Na semana a valorização foi de 2,9%, a terceira seguida, com quinto ganho diário seguido, na sua mais longa série positiva desde 23/27 de novembro de 2020. No mês, a alta é de 3,84% e no ano 1,76%. O giro financeiro foi a R$ 35,3 bilhões.

A corroborar para este bom fechamento, o que disse Arthur Lira para o mercado, a eocnomia norte-americana em bom ritmo e os indicadores chineses favoráveis, mas um pouco aquém do esperado.

Na China, o PIB/1TRI veio crescente em 18,3% na comparação com o 1TRI/2020 (previsão de 19,2%), ligeiramente abaixo das expectativas. O número acabou fortemente afetado por uma base fraca pelo auge da pandemia em 2020; as vendas no varejo dispararam 34,2% em março, na base anual, contra março de 2021, superando as expectativas de crescimento de 28%; e a produção industrial cresceu 14,1% em março. 

O cenário para o país ainda é de um crescimento bem saudável, em “velocidade de cruzeiro”. Isso nos ajuda a explicar, ou entender, o “super ciclo de commodities em curso”.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 15/04/2021- NO BRASIL, INCERTEZAS FISCAIS; NOS EUA, ECONOMIA CRESCENDO

Os mercados resolveram “embarcar” na retórica do Fed, acreditando que o juro, por lá, deve ser elevado, entre 2022 e 2024, “pouco provável antes”. No Brasil, ainda continuamos cercados de incertezas, tanto no Orçamento, ainda em discussão e sob impasse, como pela lentidão no ritmo das vacinações e o clima de açodamento político em Brasília.

Nesta quarta-feira (dia 14), o presidente Bolsonaro tratou de jogar “mais gasolina na fogueira”, aguardando a “sinalização do povo para poder tomar providências”. Mais enigmático impossível. O que quis dizer com isso? Seria mais um blefe? Ou ameaças concretas, mostrando ter espaço para uma manobra mais abrupta e apoio dos militares? Neste dia, saiu uma pesquisa mostrando que ele perderia, num segundo turno, para o ex-presidente Lula da Silva.

Sobre o Orçamento, vem causando desconforto o “vazamento” de uma PEC “fura teto”, do ministro Paulo Guedes, que aceitaria depesas com Saúde fora do teto, e R$ 18 bilhões em emendas. Nada certo ainda. Em paralelo, vence hoje o prazo para o governo enviar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, dando início aos debates sobre como iremos gastar e arrecadar em 2022, ano de eleição e tão aguardado por alguns. Ainda nem temos o orçado para este ano, quanto mais para o ano que vem.

Na dicussão sobre a CPI da Covid, foram definidos os participantes, chamando atenção a maioria independente e da oposição. Agora estes dois grupos devem definir quem deve comandar o espetáculo.

Uma boa notícia nesta quarta-feira foi a antecipação da entrega de 2 milhões de doses em vacinas da Pfizer, algo essencial num momento em que a média de morte, dos últimos cinco dias, se mantém acima de 3 mil (3.012). Ontem, ao fim de 24 horas, foram mais 3.462 mortes, acumulando desde março do ano passado 362.180, com 75.998 novos casos.

Falando da Política Monetária do BACEN, Roberto Campos Neto reforçou mais um ajuste de 0,75 ponto percentual na reunião do Copom dia 05/05, com uma “parada” em 3,5% e o “observar da cena” para ver como evolui o cenário da pandemia e da economia real. Sobre esta, parece haver a expectativa de que a vacinação, ainda baixa, em torno de 12% do total, envolva toda a população adulta até setembro. A partir daí, a economia deve começar a “decolar”, o que nos levaria a um segundo semestre de retomada, bem melhor do que o primeiro, já perdido.

Nos EUA, Jerome Powell voltou a mostrar otimismo em relaação ao início do ciclo de aperto monetário, afirmando estar num “ponto de inflexão”, ainda distante do pleno emprego. Para ele, o início do ciclo de elevação de juro deve acontecer entre 2022 e 2024, antes “pouco provável”. Na sua leitura, o Fed ainda tem condições para tolerar uma inflação anualizada acima de 2% por alguns meses, reforçando achar esta “temporária”. Saíram os dados do Livro Bege, mais otimistas, sinalizando “um ritmo moderado entre fevereiro e abril deste ano”.

Nos mercados de ativos, a bolsa de valores doméstica registrou o maior índice desde fevereiro, no terceiro pregão seguido de alta, mesmo com giro financeiro fraco (R$ 64,4 bilhões), dadas as incertezas fiscais e políticas em Brasília, além de um olhar mais preocupado sobre a pandemia e o ciclo de vacinações.

O Ibovespa foi a 120.294 pontos, avançando 0,84%, impulsionado pelas commododities, com o petróleo avançando mais de 4,0%. Contribuiu o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), mais otimistas sobre a demanda em crescimento. O Brent para maio subiu 4,57% (a US$ 66,58) e o WTI +4,9% (a US$ 63,15). No ano, a B3 acumula ganho de 1,07%, depois de recuar em janeiro e fevereiro, respectivos 4,0% e 3,0%, subindo 6% em março e 12 3,14% até agora, em abril.
Neste contexto, o dólar recuou bem, -0,82%, a R$ 5,6705, beneficiado pelo fluxo cambial positivo neste mês, de US$ 1,06 bilhão até o dia 9/4 e devido à perda do dólar no mercado global, tais as sinalizações mais “dovish”, mais otimistas, do Fed de Jerome Powell.

Como já dito acima, para ele a economia norte-americana segue crescendo em equilíbrio e a Política Monetária segue frouxa por um bom tempo. Decorrente disso, os juros futuros domésticos deram uma recuada no mercado de futuro, embora nos EUA pressionados, com os T Bonds de 10 anos a 1,62%, diante de certo ceticismo com os comunicados de Jerome Powell. Neste clima, as bolsas de NY operaram em alta, impulsionadas pelos resultados dos bancos, mas com as empresa de tecnologia em recuo.

Nesta quinta-feira, os futuros de petróleo operavam em mais um dia de alta, impulsionando as empresas exportadoras de commodities ao redor do mundo, no Brasil, destaque para a Petrobras e a Vale.

JOHN WILLIAMSON (1938 - 2021)

Morreu no dia 11 de abril, aos 83 anos, o economista John Williamson, pesquisador emérito da Peterson Institute for International Economic (PIIE), think tank de grande relevância no debate econômico internacional, com grande contribuição na pesquisa aplicada, em especial, em áreas de desenvolvimento econômico, regimes monetários e cambiais nas economias emergentes, reformas monetárias internacionais de instituições multilaterais, dentre tantas.

Aliás, justiça seja feita, conheci Williamson, muito a partir de um tema, que chegou a ser embrião para a minha tese de Doutorado, o debate em torno do "Consenso de Washington". Depois, ao pesquisar um pouco mais, descobri que a sua produção intelectual era bem mais extensa, interessante, de centro, nada de neoliberal ou quetais.

Inevitável dizer que o surgimento deste Consenso começou, depois das recomendações, dadas aos países latino americanos, depois de perdida uma década inteira de decisões erradas de políticas públicas e estrangulamentos externos surgidos.

Aferrados ao modelo ultrapassado dos anos 50/60, baseado no pensamento cepalino da Política de Substituição de Importações (PSI), sustentando um nacional desenvolvimentismo protecionista, estatizante, e inflacionista, os latino americanos foram até o limite, chegando ao fim daquela década "esgotados". Era preciso um "repensar sobre as práticas de governança". 

Lembremos que foi na virada desta década, entre os 80 e os 90, que o Tesouro Norte-Americano, através de Nicholas Brady, formulou uma acertada estratégia de reestruturação das dívidas públicas externas latino americanas, visando sair dos impasses que se encontravam. Era a ídéia do Plano Brady, na  troca, com deságio, dos títulos das dívidas dos países. Isso acabou se mostrando um considerável desafogo para muitos, como o Brasil, então no limite para o pagamento dos serviços da dívida externa.

Em paralelo à isso, Williamson reuniu uma série de economistas no Instituto de Economia Internacional de Washington, em 1989, a realizar um Seminário para tratar das alternativas, das políticas públicas, a serem adotadas, à estes países. Nasceram uma série de princípios, respeitados por estes países, a saírem do atoleiro da dívida externa. 

Dentre estes, podemos destacar (1) aberturas comercial e da conta de capital; (2) flexibilização dos regimes cambiais; (3) controle de déficits fiscais; (4) reformas estruturais, até hoje em debate,  como a do sistema tributário, expandindo a base de arrecadação e simplificando a "teia fiscal",  evitando "efeito cumulativo", reforma da Previdência e do Estado; (5) amplo programa de privatizações de empresas públicas ineficientes; e (6) abolição de regulamentações contra a livre concorrência, etc, etc. 

Foi na formulação destes princípios, a que deram o nome “Consenso de Washington”. Importante que se diga que Williamson não gostava muito deste debate, por achar que acabava por rotulá-lo "neoliberal" ou "fundamentalista de mercado", o que ele não era. No máximo, em "atitude britânica", um "liberal democrata", entre ingleses do Labour Party e do Conservative Party. 

Segundo Luiz Alberto Machado, "a expressão adquiriu dois significados além do original: passou a ser adotada nos programas de estabilização, preconizados pelas instituições multilaterais, em destaque, FMI e Banco Mundial; e passou a ser vista como proposta neoliberal".

Segundo Luiz Alberto, Williamson mencionava outros quatro temas: (i) uma política fiscal anticíclica, ou seja, cortar impostos e expandir gastos públicos numa fase recessiva, fazendo o contrário quando o crescimento se acelerava; (ii)  manter o câmbio competitivo e aumentar a poupança interna; (iii)  apoio do governo a um sistema nacional de inovação, direcionado a todos os interessados e não à empresa A ou B; e (iv) finalmente, preocupação com a distribuição de renda, que não entrou na lista de 1989 por não haver ainda um consenso em Washington em torno de sua relevância.

Ainda segundo Luiz Alberto, "a par dos aspectos incluídos nessa nova agenda, Williamson referiu-se à necessidade de uma melhora efetiva na educação, a uma reforma agrária (sem prejuízo dos direitos de propriedade), ao microcrédito e à redução do custo de criar empresas novas, tudo com a preocupação de tornar os pobres detentores de mais recursos com que possam trabalhar para sair da pobreza."

A bem da verdade, Williamsom era um entusiasta defensor da economia de mercado, da disciplina fiscal e do comércio internacional. Eram estes os alicerces do seu "pensar". Foi dele, aliás, o evoluir no refletir de regimes monetários e cambiais entre os países emergentes. 

Pensou como obter uma taxa de câmbio de equilíbrio fundamental. John era contrário dos extremos nesta "seara", os regimes de câmbio fixo e os totalmente flexíveis, favorável a um meio de caminho, uma "taxa de regime de bandas", segundo um amigo, BBC (Bands, com flutuações limitadas; Bask, baseado numa cesta de moedas; e Crawl, devagar e sempre). Era contrário a estes extremos cambiais colocados,

 John argumentava que os regimes fixos eram contraproducentes por exigirem taxas de juros muito elevadas ("asfixiantes"), mas que acabavam por gerar uma sobrevalorização da moeda, a partir do momento que geravam um grande influxo de recursos externos (hotmoney). 

Já nos regimes totalmente flexíveis, o risco maior era o aumento da volatilidade cambial, dada a livre mobilidade de capitais. É da sua autoria a criação de regime cambial "crawlling peg". 

De certa forma, Gustavo Franco foi aprendendo nestes pontos de vista. Depois de 1994, adotou algo semelhante no seu binômio na âncora de regime cambiais com bandas flutuantes e juro elevado, para manter a valorização cambial e o "choque de competitividade". 

Outro ponto também é que Williamson se preocupava com a "livre mobilidade de capitais", geradora de excessiva volatilidade dos regimes cambiais dos Países na época. Para ele, era necessário alguma coordenação entre os países, talvez alguma instituição supranacional.  

Enfim, fiquemos com esta declaração de John Williamson, no PIEE. 

“O primeiro uso escrito [do termo 'Consenso de Washington'] foi em meu artigo de base para uma conferência que o Institute for International Economics 1, convocada para examinar até que ponto as velhas ideias da economia do desenvolvimento que governaram a política econômica latino-americana desde a década de 1950 estavam sendo varridas pelo conjunto de ideias que há muito haviam sido aceitas como apropriadas dentro da OCDE [Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento]. A fim de tentar garantir que os documentos de fundo para aquela conferência lidassem com um conjunto comum de questões, fiz uma lista de dez políticas que pensei que mais ou menos todos em Washington concordariam que eram necessárias mais ou menos em toda a América Latina, e rotulou isso de 'Consenso de Washington'."

1. Peterson Institute for International Economic. 
Como se vê, 18 anos depois, suas sugestões permanecem incrivelmente atuais.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 14/04/2021 - CPI DA COVID, ORÇAMENTO E INFLAÇÃO AMERICANA

Seguem os mercados de olho nos imbróglios domésticos da CPI da Covid e do Orçamento. Nos EUA, a inflação veio acima do esperado, mas dentro do “raio de controle” do Fed, ainda achando-a temporária e mantendo a “política acomodatícia”.

Retornando, foi aprovada a CPI da Covid nesta tarde-noite de terça-feira (dia 13), depois da leitura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recomendando a investigação da conduta do presidente Bolsonaro durante a pandemia, destinando recursos para estados e municípios. Estes não serão investigados diretamente, cabendo isso às Assembléias estaduais e municipais. Agora, os líderes devem indicar seus representantes, sendo 11 titulares e 7 suplentes.

O que achamos. Claro que a conduta do presidente, negacionista, rejeitando as vacinas num momento inicial, atrasando inclusive, a encomenda delas, deve sim passar por uma avaliação, mas discordamos com o momento, já que as energias deveriam estar “transferidas” para o combate à pandemia. O problema é que como tudo no Brasil, quanto mais se adiam as decisões mais chances existem de não dar em nada. Aqui o “ganhar tempo” tem sua serventia.

Sobre o imbróglio do Orçamento, seguem as batalhas de pareceres, com os assessores do Legislativo “defendendo” a aprovação integral da peça orçamentária, cheia de emendas (R$ 31,3 bilhões) e com a esdrúxula tese de corte de despesas obrigatórias”. Na leitura dos parlamentares, “depois, ao longo do ano, vamos ajustando”. Já os técnicos da equipe econômica, sabedores dos riscos aí embutidos, cheia de ilegalidades e acomodações contra a “Lei do teto de gastos”, já recomendam o veto integral, sob o risco do governo incorrer em crime de responsabilidade. Uma solução intermediária é a criação de uma PEC alternativa para “destravar os programas emergenciais fora do teto”, no total de R$ 18 bilhões em emendas.

Como sabemos, o presidente tem até o dia 22 para sancionar este Orçamento e até recomendação de se ausentar neste dia, para que o ônus da assinatura recaia sobre o terceiro da sucessão, Arthur Lira, já foi aventada. O especialista em Finanças Públicas, Felipe Salto, inclusive, se espanta com a situação, dada a profusão de contabilidade criativa, criada nesta “peça orçamentária”.

O que achamos. Dá para se tentar um consenso no veto parcial das emendas e a retirada do corte das despesas obrigatórias. Não dá para criar moeda. Se as emendas não cabem no Orçamento, a solução não é acabar com a lei do teto, como querem os parlamentares, mas tentar uma negociação emenda por emenda. Aliás, seria de bom grado sabermos isso. Para onde irá cada emenda?
Neste clima, e ainda influenciados pela forte queda dos treasuries longos nos EUA, desvalorizando o dólar frente às moedas dos emergentes, os mercados fecharam o dia desta terça-feira (dia 13) “meio de lado”.

No mercado. O Ibovespa avançou 0,41%, a 119.297 pontos, recorde desde fevereiro, acumulando 2,28% no mês e 0,24% no ano. O giro financeiro seguiu fraco, em torno de R$ 29,3 bilhões. A impressão é que o mercado continua na expectativa do desenlace destes eventos citados acima, não querendo assumir nenhuma posição. Momento é de espera. Isso se refletiu na curva de juros, “imbicada para cima”, com os futuros para janeiro de 2027 a 9,0%. Já o dólar fechou a R$ 5,7176, quase estável, recuando apenas 0,08%%, pesando o cenário interno conturbado e de olho nos EUA, depois do CPI de março.

Este veio um pouco acima das expectativas, mas dentro do esperado pelo Fed, que considera não haver sustentação para novos picos inflacionários nos próximos meses. Para o presidente Jerome Powell nada muda na estratégia atual acomodatícia, já que os “efeitos dos choques de preço são considerados temporários”. Decorrente disso, os Treasuries registraram a menor taxa em três semanas, ainda mais depois do Tesouro americano oferecer US$ 24 bi no mercado em Treasuries de 30 anos, derrubando os rendimentos no mercado. Com isso, os Treasuries de 10 anos recuaram a 1,619%.

Nos EUA. Em resposta, os mercados de ações em NY fecharam sem “sinal único, mistos”, indicando um momento ainda cheio de armadilhas e desafios, na pandemia e na retomada da economia e da inflação. A Nasdaq avançou 1,0%, a 13.996 pontos, impulsionada pela Tesla (+8,6%), a S&P +0,3%, a 4.141 pontos, e o DJ recuando 0,2%, derrubado pelas incertezas com a vacina da Jansen, Johnson & Johnson (-1,29%), suspendida a produção depois da FDA descobrir que pessoas que tomaram tiveram trombose.

No mercado de commodities, seguimos atentos ao super ciclo de alta, dada a retomada do crescimento da alguns países, como EUA e China. No petróleo, a Opep revisou sua demanda, o que elevou as cotações do Brent a US$ 63,67 e do WTI a US$ 60,18. No mercado de minério o dia também foi de alta, ainda mais depois da China aumentar a importação de minério de ferro em 19%.

Aguardemos nesta quarta-feira o início da temporada de balanços corporativos nos EUA, com destaque para os grandes bancos, devendo registrar resultados sólidos, com projeções de mercado indicando avanço de 24,5% nos lucros. Devemos estar atentos também ao ritmo de vacinação na Europa, devendo se acelerar, e também os novos capítulos no debate americano sobre os riscos inflacionários no horizonte.

No Brasil, aguardemos a “montagem” da CPI da Covid e como o presidente deve responder a isso. No Orçamento seguimos com a batalha de pareceres. Achamos por cautela, como já dito, o veto parcial do que o Congresso enviou ao presidente. Nem tão radical, como os técnicos do governo, nem tão frouxo, como os assessores do Parlamento

terça-feira, 13 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 13/04/2021 CPI DA COVID, ORÇAMENTO E CPI DOS EUA NO RADAR

Iniciamos esta semana "gestando" novas crises e tentando solucionar as existentes. Algumas novidades devem ser destacadas. A “gravação” de uma conversa “pouco republicana” entre o Senador Jorge Kajuru e o presidente Jair Bolsonaro; a alternativa de considerar “despesas com Saúde” como “crédito extraordinário”, sem entrar no “teto de gastos”; e, por fim, a idéia de tirar o presidente e o vice do País no dia do sancioamento do Orçamento (dia 22), assinado pelo terceiro da linha sucessória, o presidente do Congresso Arthur Lira, a fim de poupar estes de qualquer crime de responsabilidade. 

Todos sabemos que este debate sobre como encarar as despesas com saúde vem evoluindo, já que num momento como este, totalmente excepcional, decisões excepcionais precisam ser tomadas e pensadas. Não dá, realmente, para pensarmos a pandemia como algo “normal”. O problema aqui é que esta idéia de excepcionalidade abre espaço para o oportunista, os "caroneiros de sempre". 

Emendas parlamentares “paroquiais”, nem sempre relacionadas com a crise sanitária atual, devem ser observadas. Tirando as despesas adicionais com saúde do Orçamento, estamos aceitando uma reacomodação destas emendas, em discussão entre os fiscalistas do governo e os políticos. 

Este é o grande perigo que ronda. Devemos considerar também o Orçamento de 2021 uma sucessão de equivocos. Estamos totalmente atrasados em relação à sua execução. Normalmente, este começa a ser formulado em abril do ano anterior, enviado ao Parlamento no transcorrer e aprovado até dezembro. Desta vez, este só foi devolvido ao governo, depois de avaliado pelos parlamentares, agora em 2021, entre março e abril, quatro meses depois do prazo! Ou seja, estamos navegando à quatro meses sem uma bússola a nos guiar. 

Muitos vão considerar o Orçamento uma “peça de ficção” de difícil execução, ainda mais em momentos de crise como o atual, na qual não sabemos o que vai acontecer no mês que vem, quanto mais no ano que vem. No entanto, não podemos nos furtar de “elaborar” um mínimo de planejamento, a saber o que poderemos gastar e como deve vir a arrecadação. 

Este cenário, aliás, é importante, pois norteia qual visão se tem sobre a economia neste ano de 2021. Sobre isso, inclusive, foram diversos os erros de formulação, de leitura. 

Paulo Guedes achava que ao fim de dezembro passado a crise sanitária já estaria “mais ou menos” controlada ou superada. Sua projeção de inflação para este ano era bem otimista (2,16% para o IPCA),  o que guiaria o reajuste do salário mínimo e o comportamento das receitas. 

Em 12 meses, pelo IPCA de março, não é isso que se viu. Foi a 6,1% e por este patamar deve ficar até o meados do ano. Ao final, acreditamos em algo próximo a 5%. Há de considerar também as várias despesas que foram "desbastadas", diante do anúncio destes R$ 26 bilhões a R$ 29 bilhões em emendas parlamentares, um absurdo, por não sabermos nem ao certo ao que serão usados. Aliás. Bem sabemos que 2022 é ano eleitoral e muitos deputados já começam a “montar” as suas estruturas de campanha. 

Pela "lei do teto dos gastos", a todas as despesas adicionais colocadas, há de se considerar em que rubrica teremos que retirar, ou realocar recursos. São vários absurdos neste front. O BACEN não tem mais os recursos para “tocar” o projeto do PIX; as bolsas de estudo da Capes, na área de Ciência e Tecnologia, “minguaram”, o Plano Safra foi reduzido à metade, recursos da agricultura familiar, do Pronaf, foram  puverizados, dentre tantos. Estamos nos confrontando com um shutdown nos próximos meses. Ou seja, a máquina pública terá que parar de funcionar e isso num ambiente de pandemia! Soma-se a este imbróglio, também, o "bate-boca" entre governo e STF, além do Parlamento, para a instalação de uma CPI da Covid. Claro! Vivemos uma crise institucional de imprevisíveis desdobramentos. Só não vê quem não quer. 

O presidente Bolsonaro, em telefonema "vazado" pelo Senador Jorge Kajuru, foi muito claro em “ameaças” contra senadores que trabalham a favor deste desfecho. É fato que uma CPI teria que ser reunida, tal a quantidade de descalabros do presidente, negando a vacina, brigando contra os fatos, contrário ao isolamento e o lockdwn, etc. Não dá para apagar disso. No entanto, uma outra CPI também precisa avançar, a dos governadores e prefeitos, que se aproveitaram da comoção da pandemia para desviar recursos. E, ao que consta, não foi nada isolado. Foram vários a cometerem estes delitos. 

Diante desta confusão, os mercados estão “estressando” nesta manhã de terça-feira. O EZW, principal fundo de ativos brasileiros na bolsa de NY, caiu 1,7%; o dólar se firma acima de R$ 5,70, o Ibovespa deve recuar forte e a curva de juro futuro sinalizar considerável elevação, dado este risco fiscal maior. 

Outro indicador a piorar é o risco Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS) de 5 anos. Na segunda-feira, era negociado em 221 pontos, se mantendo nesse nível de 220 nos últimos dias, patamar mais elevado desde outubro do ano passado. 

Nos EUA, esta terça-feira é dia de CPI de março, havendo a possibilidade de chegar a 3,8% nos próximos meses. Projeção de mercado aponta 0,5% no mês e 2,5% na taxa anualizada. 

Uma nota. 

Morreu nesta segunda-feira um dos economistas mais brilhantes da sua geração, John Williamson. 

Pensou como ninuém os problemas estruturais dos países em desenvolvimento. Tentou resolvê-los, com evidências, fatos. Não foi um omisso, a não enxergar a realidade e manter uma narrativa preguiçosa, mas um schollar que teve a devida coragem de colocar o "dedo na ferida", no início da década de 90, ao expor o desastre das "políticas nacional desenvolvimentistas" dos emergentes nas décadas de 70 e 80.

 Tivemos a “crise da dívida externa”, a “década perdida”, vários países quebrados. Em resposta, Williamson reuniu vários economistas na Brooking Institution, em Washington DC, e traçou um irretocável diagnóstico sobre o que fazer, que caminho seguir, para superar estes gargalos estruturais nos vários países da América Latina. 

Nasceu o "Consenso de Washinton". Nada contra, muito pelo contrário. O que devemos criticar é a incompetência de muitos que não souberam extrair o que o “Consenso” tinha de urgente e positivo. Não terem visto as especificidades de cada país, este, talvez, o maior erro. 

Vamos conversando. Escreverei sobre este tema nesta semana.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO

 


MACRO MERCADOS SEMANAL 12/04/2021 - CPI DA COVID, DESGASTE ENTRE PODERES, ORÇAMENTO

Iniciamos mais uma semana intensa, caótica, em que o açodamento político predomina. Numa leitura retrospectiva, é isso que temos enfrentado, pelo menos, desde os protestos de 2013 (mas isso fica para um outro dia).

A retratar esta que se inicia o trâmite da CPI do Covid no Senado na terça-feira e, no dia seguinte, o julgamento da liminar do ministro Barroso no plenário do STF. Alguns ministros defendiam o adiamento deste julgamento presencial, mas, diante do áudio vazado neste final de semana, com Bolsonaro e o Senador Kajuru “tramando contra alguns ministros”, tudo pode mudar. Os 11 ministros da alta corte devem se posicionar, fortemente, contrários a este áudio.

No seu conteúdo, o esforço de ambos de colocar vários ministros sob suspeição, no risco de impeachment. Nestes, o mais visado seria o ministro Alexandre de Moraes, desafeto de muitos apoiadores do presidente. Só que Bolsonaro piora ainda mais o cenário depois de ter acusado Luiz Roberto Barroso de agir com “politicalha”, “ativismo judicial” e “falta de coragem moral”.

Bolsonaro acha que nesta CPI da Covid também devem ser incluídos os governadores, não ficando tudo centrado nas suas ações e do seu então ministro da Saúde, Antônio Pazuello.

E olha que no meio disso tudo ainda temos uma plenária do STF a julgar a decisão do ministro Edson Fachin de anular todas as condenações de Lula da Silva, e outra, a confirmar, colocando o juiz Sergio Moro sob suspeição. Ambas, ao que parece, devem ser confirmadas.

E reparem bem. O mesmo aconteceu em Portugal, na 6ª feira passada, onde o ex-ministro José Sócrates acabou “inocentado” de diversas acusações por falta de provas. En reação já há uma movimentação forte de cidadãos tentando anular esta decisão do então juiz Ivo Rosa. Um baixo assinado com 150 mil assinaturas circula na internet. É a operação Marquês em julgamento, uma espécie de LAVA JATO portuguesa.

Ainda sobre o evento CPI da Covid 19, Bolsonaro precisa do apoio dos Senadores e Deputados nesta empreitada de esvaziá-la. As emendas do Orçamento, inclusive, podem virar “moeda de troca”. Objetivo primeiro do presidente Bolsonaro será enchê-la de integranfes dos seus grupos de apoio.

Contra ele a péssima repercussão pública pela sua postura diante da pandemia, andando sem máscara e querendo “desafiar o bom senso”. Neste final de semana, em Brasília, isso voltou a acontecer. O presidente, sem máscara, de moto, desfilando na periferia da Capital Federal, falando que lockdown era estado de sítio e tolhia a liberdade das pessoas de ir e vir. Quanto negacionismo....!

Enquanto isso, seguem ocorrendo mortes decorrentes da pandemia. No domingo foram 1.803 em 24 horas, elevando o número acumulado, desde o início, a 353 mil.

Em São Paulo, por determinação do governador João Doria, retorna hoje a fase vermelha, apesar de o centro de contingência, que reúne especialistas da saúde, ter recomendado que o Estado continuasse na fase emergencial. Na prática, a principal mudança será a liberação de escolas públicas e particulares, limitadas a 35% de ocupação. Embora médicos alertem que a ocupação de leitos de UTI segue bastante elevada (próxima de 90%), a nova etapa do Plano São Paulo vai até a próxima 2ªF, quando, em tese, o Estado pode relaxar para a fase laranja.

AGENDA DA SEMANA

Na agenda da semana, no Brasil destaque para as Vendas do Varejo na 3ª feira e a Pesquisa do Setor de Serviços na 5ªfeira, de fevereiro, ambos dados do IBGE. Devem ser encarados, no entanto, como algo passado, não captando o endurecimento das medidas de restrição em março. Hoje, saem a pesquisa Focus do Bacen (8h25), a primeira prévia de abril do IPC-Fipe (5h), e à tarde (15h), a balança comercial semanal. Na 5ª feira, temos o IGP-10 de abril e na 6ª feira, a parcial do IPC-S.

Nos EUA, o presidente Biden recebe hoje um grupo bipartidário para negociar seu pacote trilionário para a infraestrutura e tentar vencer as resistências. A esperança de apoio republicano garantiu novos recordes em NY na 6ª feira.

Entre os indicadores, amanhã, nos EUA, os preços ao consumidor (CPI) em março testam a percepção do Fed sobre as pressões inflacionárias ‘temporárias”, projetando política monetária acomodatícia até 2023. Na 4ª feira temos a ata do Fed. No mesmo dia, Jerome Powell participa de evento no Clube Econômico de Washington. Ainda na 4ª feira a presidente do BCE, Christine Lagarde fala à Reuters. Em entrevista, neste fim de semana, Powell disse que a economia dos EUA parece estar num “ponto de inflexão”, sinalizando “crescimento mais acelerado”. “Sentimos que estamos em um lugar onde a economia está prestes a começar a crescer muito mais rapidamente, com a criação de empregos chegando mais rápido”.

O dia forte de indicadores nos EUA acontece na 5ª feira, com a produção industrial e vendas no varejo em março, além do Índice Empire State, de atividade industrial em NY. Na zona do euro, saem hoje as vendas no varejo em fevereiro (6h).

Na China, temos uma rodada de indicadores importantes: balança comercial de março, amanhã à noite, além do PIB/1TRI, produção industrial e vendas no varejo em março, que sairão no final da noite de 4ª feira.

MERCADOS DE ATIVO

Fechamos sexta-feira (dia 9) com o Ibovespa em queda “suave” de 0,54%, a 117.669 pontos, na semana avançando 2,1%. Mesmo com a pressão cambial, o ajuste do índice foi bem moderado, assegurando ganho de 2,1% na semana, depois de avançar 0,41% na quinta-feira. No mês acumula 0,89% e no ano registra perda de 1,1%. Esta semana será de mais volatilidade, que pode se espraiar também no mercado cambial. A semana passada teve os investidores se refugiando no dólar, frente ao complicado cenário para a aprovação do Orçamento e as nuvens de CPI da Covid. Na sexta-feira (dia 9), a moeda norte-americana fechou a R$ 5,6749, alta de 1,81%, acumulando queda de 0,71% na semana, influenciada mais pelo cenário externo, e valorização no ano. Por fim, no mercado de juro, a CPI da COVID 19 e o impasse do Orçamento devem seguir estressando este mercado

Boa semana a todos !

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...