sexta-feira, 11 de junho de 2021

INFLAÇÃO DOS EUA E DO BRASIL

Estamos terminando mais uma semana e o tema em destaque nesta foi a inflação. 

Foram divulgados os índices de preço, usados pelas autoridades monetárias como parâmetros, no Brasil e nos EUA e ambos acabaram acima do esperado, acendendo uma luz amarela para ambas as autoridades, o Banco Central do Brasil e o Fed.

No Brasil, o IPCA registrou 0,83%, elevado a 8,06% em 12 meses, o que pode levar o BACEN a intensificar na sua política de normalização parcial das últimas reuniões. Nos EUA, o CPI foi a 0,6%, 5,0% em 12 meses, com o núcleo a 0,8% e 3,8% em 12 meses, quando o mercado esperava 3,5%. Ou seja, pelo índice que descarta alimentos e energia, a inflação acabou bem elevada, o que coloca na conta uma certa disseminação do índice. Pressão adicional ao Fed de Jerome Powell.

No comportamento do CPI americano, a alta foi puxada pelos preços mais elevados do petróleo, contaminando o item energia do índice, acima de 50% em 12 meses, e pela puxada nos preços dos carros e caminhões usados, explicável pelo gargalo da indústria automobilística, visto que vem faltando insumos eletrônicos na fabricação de carros novos. Com isso, a venda de carros usados se intensifica. Em maio, nos 12 meses, os preços destes aumentaram 29,7%. Com a normalização desta oferta, estes devem voltar a recuar. O mesmo deve ser dito sobre a alta do petróleo, elevada a mais de 50% em 12 meses, o que vem impactando nos preços dos combustíveis e derivados.

A economia global está retomando forte. Nos EUA, as projeções indicam um crescimento de 4,6% neste ano e na China acima de 8,0%. Isso posto, as commodities se valorizam fortemente, com destaque para o petróleo, o minério de ferro, a soja, etc.

No Fed, a leitura é de que este é um fenômeno transitório, e logo uma acomodação deve ocorrer. As críticas, no entanto, indicam que a autoridade monetária está “atrás da curva” assim como o Banco Central do Brasil, ao manter o juro a 3,0% por tempo demasiado.

No Brasil, o IPCA de maio registrou 0,83%, em 12 meses a 8,06%, o que acendeu um sinal de que o ajustamento parcial de agora terá que ser intensificado. Teremos uma elevação da taxa Selic na reunião do Copom da semana que vem, de 0,75 ponto percentual, passando de 4,25% para 5,0% e depois mais um, na mesma toada, 0,75 p.p. a 5,75%. Não descartamos mais um ou dois, até 6,5% ao fim deste ano. O objetivo é tentar trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem, o que não será uma tarefa simples, pois ano de eleição e a economia rodando em ritmo mais forte, outros fatores de pressão devem surgir.

Não deixemos de considerar também um fator pouco considerado antes mas agora bem importante, a seca dos reservatórios, o uso de termoelétricas, a bandeira vermelha, e os impactos nos índices de preço.

Mesmo considerando esta preocupação, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, acha também que os choques inflacionários atuais são “temporários”, reforçando no discurso de Jerome Powell. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas as longas se estabilizaram”.

Analisando o IPCA de maio, 0,83%, o maior impacto veio do grupo Habitação, registrando 1,78%, com impacto direto de 0,28 ponto percentual, decorrente do reajuste de energia elétrica de 5,37%, maior impacto individual no índice (0,23 ponto percentual), decorrente do início da bandeira vermelha em maio. Foi forte também o impacto dos transportes, 1,15% em maio e impacto de 0,24 ponto percentual, motivado pela reajuste da gasolina (2,87%), depois de recuar 0,44% em abril. No ano o combustível acumula alta de 24,7% e em 12 meses 45,8%.

Nos mercados, o Ibovespa fechou quinta-feria em leve alta de 0,13%, a 130.076 pontos com volume financeiro de R$ 24,257 bilhões. Já o dólar comercial registrou leve variação negativa de 0,07% a R$ 5,066. No mercado de juros futuros, houve uma intensificação na ponta curta, pela leitura de que o Bacen terá que ser mais intenso nas elevações da Selic neste ano, e também nas pontas intermediárias e longas, pelos receios de inflação para 2022, ano de eleição. O DI para janeiro de 2022 subiu nove pontos-base a 5,33%, o DI para janeiro de 2023 alta de 14 pontos-base a 6,96%, o DI para janeiro de 2025 avançou nove pontos-base a 7,94% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de nove pontos-base a 8,43%.

Ainda no mercado, a curva já indica a taxa Selic fechando no ano entre 6,5% e 7,0%, cada vez mais distante do que é visto como nível neutro (entre 6,25% e 6,5%). Para a próxima semana está mantido o consenso de que o Copom subirá a Selic em 0,75 ponto porcentual.

Nos EUA, as ações em Wall Street encerraram mais altas nesta quinta-feira, com o índice S&P 500 superando o patamar recorde de fechamento registrado em 7 de maio, reforçando a visão do Fed de que a atual onda de inflação elevada é temporária.







Editorial do Estadão (17/02)

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