quarta-feira, 30 de junho de 2021

QUARTA-FEIRA NOS MERCADOS

O pacote de reforma tributária, anunciado na sexta-feira, a crise hídrica e as celeumas na CPI da Covid ainda continuam pesando nos mercados. 

Na contramão, no entanto, boas notícias ainda conseguem amenizar o cenário geral. O IGP-M abaixo do esperado (0,60%), contribui para isso, assim como uma bandeira vermelha 2, para julho, mais amena. Soma-se a isso, o Tesouro anunciou uma mega emissão externa nesta terça-feira, sinalizando forte demanda, ou seja, apetite pelo Brasil. Neste contexto, as taxas de juros no mercado futuro cederam, o mesmo acontecendo com dólar. A moeda americana que chegou a bater R$ 4,97 ao longo do dia, cedeu bastante nesta terça, para fechar o dia a R$ 4,9419, em suave valorização de 0,28%. 

A leitura é de que mesmo com os fatos narrados acima, somando-se a nova variante Delta da Índia, o bom fluxo de recursos e a prevista captação do Tesouro seguraram a moeda norte-americana. 

No caso da operação do Tesouro, deverá ser uma emissão soberana de títulos em dólar. De acordo com o comunicado, será realizada a emissão de um novo título de 10 anos, com vencimento em 2031, e a reabertura do atual benchmark de 30 anos, o Global 2050. A operação será liderada pelos bancos Bradesco BBI, Goldman Sachs e HSBC.

No mercado de capitais, no entanto, segue o desconforto com o pacote de reforma tributária em discussão no Parlamento. Pegando mais mal as propostas de tributação de dividendos, a extinção dos juros sobre capital próprio e a redução do imposto de renda sobre pessoa jurídica em etapas. Pesando ainda mais o risco de apagão no País. Decorrente disso, o Ibovespa fechou o dia de ontem em baixa de 0,08%, a 127.327 pontos. 

Sobre os debates da reforma tributária, movimentações na Câmara apontavam para mudanças na proposta apresentada inicialmente. De cara, poderemos ter a redução da alíquota sobre dividendos (de 20% para pelo menos 15%) e a antecipação para 2022 do corte de 5 pontos percentuais no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Uma outra notícia veio da arrecadação de impostos em maio, recorde absoluto, refletindo a retomada mais consistente da economia. De alguma forma, isso serve fortalecer o presidente Bolsonaro, em permanente "inferno astral".   Em maio, a arrecadação federal chegou a R$ 142,10 bilhões, o maior valor da série. Já o déficit do governo central acabou aquém do esperado, R$ 20,94 bilhões. 

No outro front, da inflação, no entando, o que se tem é a perspectiva de um choque de oferta, pelo reajuste da energia elétrica em 52% na bandeira vermelha para julho. A ANEEL anunciou o reajuste de R$ 6,24 para R$ 9,49, a cada 100 quilowatt-hora consumidos. Isso vale a partir de julho. O governo, mesmo negando o risco de racionamento, se mostra muito preocupado com o impacto eleitoral do processo, principal razão para não ter efetuado um reajuste ainda maior - que pode acabar se impondo em agosto.

Em resposta a isso, na reunião do Copom de agosto cresce a opinião dos que acreditam num ajuste de 1 ponto percentual, a 5,25%. É consenso no mercado de que o ideal é "fazer o mal logo, de uma vez só" e não em doses homeopáticas. Pela pesquisa Focus, o IPCA de 2022 segue em 3,78%, dentro dos objetivos do BACEN de trazer o índice para o centro da meta.    

Nesta quarta-feira estejamos atentos a mais um fator de preocupação para o governo, a PNAD de abril se mantendo acima de 14,7% da PEA, indicando resiliência. O tema também estará em foco nos EUA, onde previsões apontam para redução na criação de empregos privados em junho, frente ao mês anterior. O patamar deve continuar significativo, contudo, na casa dos 600 mil.

Sobre a CPI da COVID, as denúncias sobre a compra da vacina indiana Covaxin, devem continuar a gerar ruídos para o governo. Segundo o líder do governo, Fernando Bezerra, o presidente repassou a denúncia de sobrepreço ao secretário do ministério da Saúde, Elcio Franco, que nada encontrou de irregular, Bezerra, no entanto, compromete o presidente Bolsonaro com o destino das apurações. Por que então a decisão de suspender o contrato para aquisição do imunizante, anunciada terça-feira? 

E se o secretário Elcio Franco se vir envolvido de vez no “esquema”? Ou se aumentarem - como está ocorrendo - os indícios de irregularidades? Também continuará no ar a principal pergunta: o presidente citou ou não o nome do deputado Ricardo Barros?

Por fim, o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS, em inglês), divulgado nesta terça-feira, afirmou que uma recuperação mundial desigual da crise da Covid-19 deve tornar a calibragem das políticas fiscal e monetária, complicadas. Apelidado de banco central dos bancos centrais do mundo, o BIS, com sede na Suíça, diz que "seu cenário principal é de uma recuperação mundial sólida, embora com velocidades diferentes entre os países."


sábado, 26 de junho de 2021

BOMBA DA CPI

Muito se comenta que o presidente Jair Bolsonaro já está "morto politicamente", um "pato manco", e assim deve permanecer até o fim do seu mandato. Consideram que é interesse dos esquerdistas, do lulo-petismo, e seus satélites, fazê-lo "sangrar" até o final do mandato. Não é uma boa o "impeachment" agora, porque senão assume o vice Hamilton Mourão, um personagem que pode se tornar uma pedra no sapato em 2022. 

Muitos consideram que, para Mourão, não será difícil fazer um governo melhor, mais cordato, de união nacional, o que poderia lançá-lo como opção para 2022.

Não que ele tivesse muita chance. Lembremos de outro vice, Michel Temer, pensado em 2018, mas logo descartado, pela fragilidade eleitoral nas pesquisas.

Por outro lado, há de considerar que o general possui um "folha corrida" muito melhor do que Temer, é muito capacitado, além de um histórico ilibado, como dizem. Não tem casos de corrupção na sua ficha corrida, na sua história de vida. A checar.

Seria então, a segunda chance do eleitorado mais conservador em implacar um bom candidato, muito melhor do que o primeiro, aliás, com a envergadura suficiente para tocar a agenda de reformas e de mais liberal, proposta por Paulo Guedes. 

Por isso, as articulações do lulo-petismo já descartando o "impeachment". 

E é IMPRESSIONANTE como esta CPI da Covid se movimenta neste sentido. Não pelo presidente Omar Aziz, na minha opinião em conduta correta, mas sim, pelo relator Renan Calheiros, nem disfarçando sua "sanha" para desestabilizar o governo Bolsonaro. Chega a ser irritante sua conduta parcial. 

Além do mais, é perceptível que se não a bomba da Covaxin, talvez esta CPI já teria "morrido" de inanição. Mesmo havendo, sim, "acusações" contra o presidente pela sua incompetência no trato da pandemia, não resta mais dúvida sua conduta não haverem elementos suficientes para afastá-lo do poder. Quais mecanismos seriam possíveis para isso?

Na quinta-feira (dia 23), tivemoss uma sessão, ou oitiva, de dois militantes de esquerda, dois médicos que, embora, muitas vezes, corretos nos seus diagnósticos, não conseguiram disfarcar sua militância, nem passar muita confiança, pelo seu aberto posicionamento político.

Na sexta-feira, a oitiva com os irmãos Miranda caiu como uma bomba. Para isso, foi decisiva a citação de deputado Ricardo Barros nas articulações para a vacina superfaturada Covaxin indiana. Como o Centrão é nocivo para a governabilidade do País? Pelas declarações de Luis Miranda, parece que RICARDO BARROS foi pego. E o presidente? Por que não fez nada? Ficou em silêncio? Esperou o caso se perder pelo caminho? 

O q falará, a partir da "comprovação" de que o deputado paranaense articulou o esquema do sobrepreço da vacina indiana ??

O problema, e eu já venho comentando muito neste espaço, é que o presidente é péssimamente asssessorado, é péssimo também em "comunicação"; não sabe se comunicar com a sociedade como um todo, apenas com seus militantes mais ferrenhos. Não sabe conversar, é muito mercurial e isso acaba "pesando contra" as boas ações do seu governo. 

E são inúmeras. O ministro Tarcísio Freitas é um expoente deste protagonismo, num belo trabalho na área de infraestrutura, construindo estradas, pontes, terminando obras, abandonadas nos mandatos anteriores.

O mesmo se pode dizer de Paulo Guedes, da Economia, avançando na medida do possível.

O problema é que seus avanços acabam sempre impactados pelas intervenções desastradas do presidente. A reforma da Previdência era promissora e podia ter avançado muito mais sobre os servidores públicos, mas a postura leniente do presidente "empacou" a reforma quando chegou nos militares. Um dos nós da reforma, dado o excesso de penduricalhos a esta categoria, poucos avanços foram possíveis.

Nesta semana foi anunciada mais uma reforma, a tributária. Fatiada, aos poucos, o que vemos é o esforço do governo, da máquina pública, em achar onde "taxar" mais, onde criar fontes de arrecadação. 

Acabou com a contribuição sobre ganho de capital JCP, alterou a taxação sobre dividendos, a partir de R$ 240 mil ao ano, e em diversos fundos, todos definidos em 15%.

Não dá para dizer que seja uma reforma tributária. Em absoluto, mais parece o esforço de arranjar mecanismos para arrecadar mais e "cobrir" o excesso de gastos em auxílios emergenciais e na compra de vacinas e outros insumos.

Vamos conversando. 

Vamos conversando.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

FECHANDO A SEMANA

Quinta-feira foi dia de Relatório Trimestral de Inflação (RTI), mas também de avanços no Congresso em algumas decisões do Congresso. Na CPI da Covid tivemos dois médicos avaliando a situação da pandemia no Brasil.  

No RTI o BACEN reforçou que deve manter na sua política de "normalização da política monetária" (não mais parcial), até algo em torno de 6,0% a 6,5%, próxima da neutra, talvez no ano que vem. Na próxima reunião do Copom, mais um ajuste de juro será sancionado, havendo dúvidas se em 0,75 ponto percentual ou 1,0. Atualmente, a taxa Selic se encontra em 4,25% ao ano. Disse a instituição, no entanto, que uma deterioração das expectativas da inflação pode exigir um aperto maior. Aqui o receio maior se desloca para a inflação, mais pressioanda, pela elevação nos preços da energia elétrica. 

Sobre as projeções, o BACEN elevou o crescimento do PIB em 2021 de 3,6% para 4,6%, ainda abaixo da Focus que projeta 5,0%. Esra revisão da projeção acabou possível, principalmente, pela melhora do setor de serviços. O BACEN frisou, no entanto, que o ritmo de crescimento ainda enfrenta bastante incerteza e riscos como "a disseminação de novas variantes do coronavírus, custos elevados em algumas cadeias produtivas e eventuais implicações da crise hídrica".

Até maio, o Banco Central falava em manter o processo de "normalização parcial" de estímulos à economia. Desde a semana passada, no entanto, depois da reunião do Copom, foi retirado este termo "parcial", indicando claramente a intenção de elevar a Selic até a taxa neutra - quando o o juro permite crescimento sem inflação - prevista em torno de 6,5%. 

Para completar o dia, o CMN fixou a meta de inflação para 2024 em 3,0%. As metas para 2022 e 2023 foram mantidas em 3,5% e 3,25%, respectivamente, e também o intervalo da meta de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2021, a meta é de 3,75%.

Nesta sexta-feira, teremos o IPCA-15, com certeza "absorvendo" o "tarifaço" de energia em curso. A taxa mensal deve ficar próxima a 1,0%, em 12 meses passando de 8,0%. Segundo o BACEN, os riscos de "contaminação da inflação futura", em decorrência da pressão atual, seguem no radar. É dia também de dados externos, com o saldo em conta corrente e os investimentos externos. O BACEN mantém a projeção para o saldo das contas externas neste ano de 0,2% do PIB. Esta previsão estava no Relatório de Inflação. Temos também os dados do CAGED. 

IPCA, em 12 meses, deve atingir 8,5% até agosto e a conta de luz, mais cara em julho. Com a revisão para cima da bandeira vermelha 2 - ainda a ser definida pela Aneel -, a tarifa como um todo deve subir 5% a 6% a partir do mês que vem. Esta projeção leva em consideração o avanço de 15% a 20% na bandeira vermelha 2.

Nos EUA, teremos o PCE e seu núcleo, mais um elemento do Fed na sua decisão de manter (ou não) a atual política acomodatícia. Parece já haver no mercado um consenso de que, por ora, esta decisão do Fed, considerando a inflação atual como algo transitório, como algo acertado.

Hoje é dia do ministro Paulo Guedes levar ao Congresso a portaria que define a isenção do Imposto de Renda Pessoa Física, de R$ 1,9 mil para algo em torno de R$ 2,3 mil a R$ 2,5 mil. É mais uma etapa da fatiada reforma tributária do governo.   

Na CPI, a expectativa nessa sexta feira se volta para os depoimentos dos irmãos Luis Miranda, deputado federal pelo DEM, e Luis Ricardo Miranda, servidor do ministério da Saúde, que denunciou um contrato irregular, visando a compra de um lote da vacina indiana Covaxin. Este depoimento acontece num momento em que o presidente segue muito pressionado, com a popularidade derretendo. Pesquisas recentes indicam isso, com a rejeição à 49% e a popularidade no seguinte nível: os que acham Bolsonaro regular (26%), ótimo ou bom (23%) e péssimo (49%).

E isso tudo acontece com o fantasma da candidatura Lula irreversível, depois da "decisão" do ministro Gilmar Mendes, nessa quinta, de estender a suspeição do ex juíz Sérgio Moro para todos os casos do petista nos quais atuou.

Nos mercados, o Ibovespa registrou alta de 0,85%, a 129.513 pontos com volume financeiro negociado de R$ 27,675 bilhões. Já o dólar fechou em queda de 1,17% a R$ 4,905. Foi o menor patamar do câmbio desde 9 de junho do ano passado, quando o dólar encerrou a sessão cotado a R$ 4,8885. Esta foi a quarta baixa consecutiva. 

terça-feira, 22 de junho de 2021

Ata do Copom

Terça-feira foi dia de ata do Copom e também de novas sinalizações do Fed sobre sua política de juros. Em ambas, o que se observou é que, enquanto o presidente Roberto Campos Neto, do BACEN brasileiro, se mostra bem atento, atrás da curva de juro e pronto para ser mais duro se possível, no Fed a leitura segue sendo de aguardar um pouco mais para começar a mudar o ritmo na compra de ativos e no balizamento de juro.

Por lá, a leitura é de que a inflação mais elevada agora veio "puxada" pela reabertura da economia, o que gerou algum impacto nas cadeias produtivas, em desbalanceamento, com a escassez de insumos. No Brasil, no entanto, diante da crise hídrica e do receio de uma disseminação da inflação em novo patamar, não resta ao BACEN ser mais duro, ou hawkish como se fala no mercado.

Depois da reunião da semana passada, quando o BACEN havia decidido por um ajuste de 0,75 ponto percentual, a 4,25%, muito se comentava que na próxima reunião de agosto o ajuste seria o mesmo, +0,75 ponto percentual, a 5,0%. Agora não se tem mais esta certeza.

Isso porque nesta ata de terça-feira, disse o BACEN o seguinte, "frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião. Considerando os diversos cenários alternativos, entendeu, no entanto, que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião."

Para isso, os diretores do Copom preferem "acumular mais informações sobre os tradicionais determinantes da inflação e, em particular, de alguns de seus aspectos qualitativos: (i) evolução dos preços mais inerciais, conforme o setor de Serviços se recupera, e (ii) comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa Focus quanto o implícito nos preços de mercado."

Isso posto, dá para perceber que o próximo passo irá depender da evolução do cenário da inflação, mas também da visão de que a inflação pode piorar um pouco antes de melhorar, o que pode fazer com que a Selic tenha um aumento maior em agosto e feche o ano acima de 6,0%.

Isso decorre da preocupação pertinente neste momento com a crise hídrica e a possibilidade de racionamento ou blackout. Duas bombas na agenda econômica do governo, não esperadas.

Mesmo assim, o governo não tem motivos para reclamar, pois finalmente, conseguiu colocar a primeira privatização na mesa.

A capitalização da MP da Eletrobras deve ser saudada, havendo a expectativa desta operação (venda de participação) acontecer em janeiro do ano que vem. São esperadas receitas próximas de R$ 100 bilhões. O único "senão" é a contaminação política do processo, depois da decisão política de permitir a construção de termelétricas em vários estados da federação, em situações em que falta infraestrutura em muitos deles.

Falando da agenda de reformas, na reforma tributária dois pontos eram destaques nas discussões nesta terça: a taxação sobre lucros e dividendos e sobre CSLL.

Na taxação sobre lucros e dividendos, o tema parece bem encaminhado na Câmara, mas, como já ocorreu em outros momentos, esbarra no pedido de “arredondamento” da faixa de isenção, de R$ 2,4 para R$ 2,5 mil. Já no aumento da tributação de instituições financeiras, temos a elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos de 15% para 25% em 2021 e 20% em 2022.


No imposto de renda pessoa física, o governo também considera a possibilidade de elevar para até R$ 2.500 a faixa de isenção do IRPF. Atualmente, a primeira faixa de isenção vai até R$ 1.920.


Nesta terça-feira, o dólar encerrou abaixo dos R$ 5 pela primeira vez em mais de um ano – a última vez foi em 10 de junho. Na sessão desta terça-feira (22), a divisa recuou 1,12% para R$ 4,9662. Já na B3, o Ibovespa fechou o pregão em queda de 0,38% em 128.767 pontos.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Como é trabalhar na Europa? Tem dicas?, de alguém da rede (Gustavo Miller)




"Se eu ganhasse R$ 1 a cada vez que escuto essa pergunta no inbox do meu LinkedIn, estaria rica (ok, talvez não considerando a cotação atual do Euro). Mas resolvi abrir a primeira edição de minha newsletter com o tema que é hors concours de interação por parte de vocês. E a inspiração é esta notícia da Folha de S. Paulo, que aponta "que se pudesse, quase a metade (47%) dos jovens brasileiros deixaria o país".

Quando eu fiz meus primeiros seis meses de Portugal, em 2019, escrevi cá um artigo sobre minhas primeiras impressões. E agora, depois que fiquei mais 1 ano na Alemanha, posso fazer uns comparativos rápidos que talvez ajudem quem estiver lendo a prosseguir ou desistir do desejado sonho de um dia viver e morar no exterior.

Família e amigos

Sempre digo que virar imigrante é uma grande renúncia. Teus pais vão envelhecer mais rápido, teus amigos vão casar, divorciar-se e ter filhos... E você vai ver tudo isso de longe. É estar em uma festa (pelos Stories) sem ser convidado. Digo sem pestanejar: ter um apoio por perto (mesmo que não físico) é crucial para uma adaptação a um novo país. Ainda mais durante uma pandemia.

Eu trouxe minhas duas cachorras comigo do Brasil e foi a melhor decisão. Grande maioria dos outros imigrantes brasileiros que conheci vieram com seus companheiros. É difícil fazer amigos de verdade aqui porque a cultura dos europeus é mais reservada. Já os expatriados quase sempre estão de passagem: alguns desistem, outros mudam de país à procura de melhores salários... Quase sempre quem persiste consiste família e adota a Europa como lar por motivos como segurança, serviços públicos de qualidade e, palavra importante, estabilidade.

Teu imposto vai ser útil

Já compartilhei isso aqui num post: 70% das pessoas que conheci na Alemanha em 2020 estavam desempregadas. Durante a pandemia, a Merkel pôs em ação o Kurzarbeit: uma política pública em que o governo assume parte da folha de empresas que estão em dificuldades. O Estado cobre até 80% dos salários, o teto é de 5 mil euros, e os empregados não podem ser demitidos assim que o empregador pede para entrar neste programa.

Entendi que na Alemanha estar desempregado não é tabu porque é para isso que serve o imposto de renda agressivo retido na fonte todo mês. O Estado ajuda não apenas com um bom dinheiro pingando na conta, mas também com suporte a cursos caros de especialização e até parte do aluguel. Fora outros auxílios que existem, em especial para novas famílias.

Você não vai ficar rico

Tenho um amigo brasileiro fotógrafo que é um dos mais renomados retratistas da MPB. Foi um dos primeiros a me receber em Lisboa e disse algo que me marcou:
Ele não ganhava mais dinheiro vivendo fora; ele economizava mais dinheiro.

Pai de duas crianças, no Rio ele pagava escolar particular para as duas, fora plano de saúde e outras atividades como idiomas e atividades físicas. Aqui tudo é bancado pelo Estado. A qualidade não é excelente, mas é boa. Uma coisa que me impressionou muito em Portugal, principalmente após viver também na Alemanha, é que os portugueses falam muito mais inglês que os alemães. Isso tem a ver com o ensino do idioma a todos de graça.

Portugal, porém, tem o salário mínimo mais baixo da Europa. Estive em Geneva recentemente e fui surpreendido pela informação que lá tinha mais portugueses que os vizinhos franceses. O motivo? O sonho de ter um ordenado em francos suíços. Isso faz deles ricos? Não exatamente, porque o custo de vida lá é estratosférico.

Não existe na Europa, infelizmente, um país ideal que reúna um clima excelente com salário show. Os países mais pobres do continente são justamente aqueles com ótimas praias e super dependentes do turismo. Muitos amigos que fiz em Portugal trabalhavam em restaurantes, ficaram desempregados na pandemia e não tiveram ajuda do governo, como o exemplo alemão que citei acima. Na Alemanha o clima é frio demais, as pessoas mais ainda, mas quando o cinto aperta tem um governo que extende a mão e o braço. O que vale mais pra você?

Uma boa notícia é que, com a popularização do trabalho remoto, é cada vez mais comum poder optar por viver em um país com custo de vida melhor e trabalhar para outro que paga melhor. É o meu caso.

Você vai ter de dar uns passos para trás na carreira

Costumo dizer que morar na Europa me fez sentir pela primeira vez na vida o que é ser minoria. No Brasil sou homem, hétero, cis, alto... Sempre tive vantagens competitivas e privilégios. Aqui eu sou... latino. E com isso vem vários preconceitos lidados no dia a dia (todo mundo tem diversas histórias) e adversidades no ambiente de trabalho.

Os tipos de profissionais brasileiros mais requisitados na Europa são os programadores e desenvolvedores. Tem vaga de sobra em TI e toda startup ou empresa de tecnologia global tem um grupo enorme de funcionários brazucas. Somos talentosos? Muito. Trabalhamos melhor? Sem sombra de dúvidas. Mas também somos uma mão de obra mais barata. Não é incomum descobrir que colegas com menos experiência ganham mais simplesmente por terem nascido no primeiro mundo, e que seu currículo no Brasil não vai lhe ajudar tanto assim a pegar aquela vaga mais sênior. Eurocentrismo que fala?

Resumo final: está pronto para recomeçar?

Morar e trabalhar no exterior é um eterno recomeçar. Cansa. Por isso admiro demais o imigrante que persiste e... fica! Eu vim para ficar somente dois anos, já passei a meta e daqui a pouco eu acho que a dobro.

E você, vai vir our não?"

domingo, 20 de junho de 2021

DESASTRE: A VOLTA DO PT

Este governo se perdeu, simplesmente isso. Nada mais o q argumentar, nada a contestar.
 
Sua desastrosa condução na pandemia já resume tudo. Não há atenuantes, nem "nó na lingua". Nada resiste aos FATOS. E as mídias sociais, os jornais, os mostram aos montes. Só os mais fanatizados negam isso.
 
Claro q qdo assumiu havia uma carga contrária de muitos, que haviam perdido suas "mamatas" com os governos anteriores, muitos jornalistas da Organização GLOBO, por exemplo.
 
O PT, nunca, partiu para a política da confrontação, do bate-boca, sempre preferindo a "cooptação", de preferêncai dos melhores quadros da "prensa" tupiniquim. Nisso, o fez mto bem.

Assumiu o capitão e começaram, gradualmente, as decisões de "cortar" estas mamatas. Fez mal? Claro que não, mas deveria haver critério e um certo cuidado. Deveria ser algo bem discreto.
 
Além disso, desde que assumiu ingressou numa "vibe" de que todos o queriam sabotar, estavam contra ele, tese esta meio esquizofrênica, sabendo, desde já, de quem partia, do pirado do filho, Carluxo (é isso q circula nas mídias, eu apenas interpreto e repasso os fatos).

Foram sucessivos equívocos no primeiro ano de mandato. Brigas infantis e inúteis.
Vários quadros espetaculares foram sendo "demitidos", ou saíram pelo mal-trato do capitão.
Gustavo Bebbiano, então "braço direito" do capitão, foi o primeiro e caiu em desgraça, por discordar da estratégia de confrontação, preferindo a "negociação", a acomodação. Recebeu diretores da GLOBO na sua sala, e foi "descoberto" e taxado de traíra (acabou morrendo de desgosto)
 
Como pode? Para Bolso e seu filho....todos q serão citados a seguir seriam candidatos em potencial para 2022. Veio depois o brilhante Gen Santos Cruz, outro que discordou das articulações transloucadas do "gabinete do ódio". Depois, Sergio Moro, candidato de sempre, mas que ousou discordar do chefe, que mexia na Polícia Federal para proteger os filhos. Era, e é, um candidato em potencial para 22.
Tivemos também o brilhante general Rego Bastos, porta-voz, que submergiu, mas saiu também brigado. Luiz Henrique Mandetta, Teich, ministros da Saúde, sairam no ano passado, depois, todos os quadros qualificados do ministério da Economia, Joaquim Levy, do BNDES, lá atrás, os generais das armas e o ministro da Defesa.
 
Todos saíram por discordar das movimentações pesadas do capitão e magoados, brigados com ele.
Agora, vêm estas teses totalmente amalucadas de tratamento precoce, negacionismo! Loucura é pouco. Quem, com o mínimo de formação, pode concordar com estas pirações?
 
O "encarar" desta pandemia foi um processo, com o tempo, consensos foram sendo estabelecidos.
Hoje, há alguns consensos. Sabemos, por exemplo, que os "remédios" CONTRA a Pandemia, são isolamento social, uso de máscara e alcool gel, e vacinação, o mais imediato possível, até para evitar o aumento dos gastos públicos, com auxílio emergencial, hoje perpetuados.
 
Roberto Campos Neto, presidente do BACEN, disse isso....

"se o governo antecipar a vacinação, gastará muito menos em auxílio emergencial e abrirá a porteira para a retomada da economia".
 
Será que Bolsonaro concorda com isso ? Sua conduta, frente à vacinação, foi outro desastre. Negou até qdo pode. Foram inúmenros comunicados da Pfizer, não recebidos pelo Min da Saúde de Pazuello. Por que tanta MALUQUICE ?? Imunidade de rebanho?
 
Olhe para o mundo! Ninguém embarcou nesta ignorância !!

Eu tenho comentado q o Bolsonarismo ajudou a tirar o PT do poder e agora vai trazê-los de volta. Alguma dúvida ?? 

Nenhuma....

sábado, 19 de junho de 2021

MP ELETROBRAS 2

Foi uma semana agitada. Vários eventos ocorreram, CPI da Covid, anuncio de reformulação do Bolsa Família, MP da Eletrobras aprovada no Senado, reuniões do Fomc e do Copom, na qual foram “sinalizadas” condutas mais duras no combate à inflação e no “tapering”, redução da compra de ativos pelo Fed, nos EUA, para os próximos meses.

Falemos um pouco mais sobre a “acidentada privatização” da ELETROBRAS.

A MP, enviada pela Câmara ao Senado, acabou aprovada em placar apertado, 42 votos a 37, o que demonstra não haver consenso sobre a forma como esta “privatização” foi sendo “conduzida”. Agora, a MP volta à Câmara, por ter sido alterada pelo Senado, lembrando que por ser Medida Provisória possui um prazo até o dia 22 de junho para não “caducar”.

No cerne da MP a redução para menos de 50% do controle da estatal pelo governo, hoje dono de quase toda a empresa. Se a MP passar, a participação da União cai a 45%. Lembremos que esta MP nasceu no governo Temer e foi “reformatada” pela equipe do governo Bolsonaro. Quando chegou à Câmara, começou a ser “descaracterizada”, visando interesses regionais ou paroquiais. Se transformou numa tremendo colcha de retalhos, um “Frankeinstein”, visando agradar aos deputados e suas regiões.

Para isso e visando garantir a sobrevivência da MP, a principal mudança promovida pelo relador, Senador Marcos Rogério, foi aumentar e reorganizara a quantidade de energia que a União é obrigada a “contratar” das usinas térmicas a gás. A compra compulsória nesta modalidade foi elevada em 33%, de 6 mil megawatts (MW) para 8 mil MW.

Este gesto deve beneficiar, em especial, os estados do Sudeste, não contemplados no texto da Câmara. É um adicional de 2 mil MW em térmicas inflexíveis (que nunca desligam). Cerca de 1.250 MW serão instalados em alguns locais onde já existe suprimento de gás e 750 MW em áreas de influência da Sudene (MG e ES), onde não existe o fornecimento deste insumo. O que será feito então? Pelas novas contas, serão 1.000 MW para o NE, 2.500 MW para o Norte, 2.500 MW para o Centro-Oeste e 2.000 MW para o Sudeste. Todas deverão estar operando até 2030.

O relator retirou da pauta a contratação das térmicas antes da privatização e desistiu de prorrogar benefícios a usinas a carvão mineral. Havia uma emenda que aumentava o prazo, até 2035, de subsídios ao carvão mineral para usinas termelétricas. Foi incluído também os dispositivos, que tiram poder do Ibama e da Funai para o licenciamento das linhas de transmissão de energia Manaus-Boa Vista. Esta polêmica diz respeito à passagem deste “linhão” pelas terras dos Waimiri- Atroari.

Um “jabuti” mantido foi o de se ter que construir gasodutos à custos bilionários para levar gás até as usinas, localizadas mesmo em locais onde não há reservas ou infraestrutura. Esta conta deve “sobrar” para o consumidor. Cálculos de associações do setor elétrico indicam o custo total da energia de R$ 84 bilhões, enquanto o governo federal sustenta que a privatização da Eletrobras pode reduzir as contas de luz em até 7,36%.

Outros jabutis ou medidas. Uma boa foi o processo gradual de liberalização do mercado de energia aos pequenos consumidores, com estes podendo escolher qual operadora de energia usar a partir de 2026 (hoje, eles são “cativos” das distribuidoras); A MP prevê também o pagamento de R$ 260 milhões ao estado do Piauí pela privatização da Cepisa em 2018 (uma “espécie de indenização”); obriga a União a concluir as obras de “derrocamento” no rio Tietê até 2024, melhorando sua navegabilidade, assim como na bacia do Tocantins; e protege os trabalhadores da Eletrobras, que forem demitidos, serem “absorvidos” por outras estatais.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, os “jabutis” instituem a interferência do Congresso no planejamento técnico e são uma sinalização negativa ao setor. Na avaliação da economista Elena Landau, que coordenou as privatizações do governo FHC, a MP do jeito como foi aprovada mostra que o governo “perdeu completamente o controle do setor elétrico”. Segundo ela, o texto é um retrocesso e representa o mesmo nível de interferência observado na gestão Dilma.

As questões em aberto, agora, são a reação da Câmara às mudanças no Senado. Há muito pouco tempo para aparar as arestas com os deputados já que, como dito acima, para não caducar, esta MP precisa ser aprovada até o dia 22/junho. O texto ainda é polêmico, com criticas aos “jabutis" e a suposta defesa de grupos específicos e bases eleitorais. O placar apertado na votação de hoje (42 x 37) bem reflete estas discordâncias no Congresso.

Agora a MP, com o substitutitvo de Marcos Rogério, deve ser avaliada na Câmara. Arthur Lira, deve convocar nesta segunda-feira (dia 21) uma sessão extraordinária para a votação desta MP, com as alterações promovidas no Senado.

A semana que se inicia deve ser bem intensa em novidades. Vejamos.

MP 1040/21. Tem por objetivo "modernizar e desburocratizar o ambiente de negócios". A proposta promove diversas mudanças na legislação para simplificar a abertura de empresas, facilitar o comércio exterior e ampliar as competências das assembleias gerais de acionistas;

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): Outro assunto em pauta será a discutição do Projeto de Lei Complementar 16/21, que unifica em todo o País as alíquotas do ICMS incidentes sobre combustíveis. A lista inclui gasolina, diesel, biodiesel, etanol e gás natural e de cozinha, além de vários outros derivados de petróleo.

Reforma Tributária: O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a reforma deve começar a andar na Câmara na próxima semana. A expectativa da presidência é de que um projeto que trata do Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas seja apresentado na próxima quarta (23). Esta é uma das etapas da reforma tributária, que tramitará em fases no Congresso.

Reforma Administrativa: A comissão especial pode ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, já na semana que vem.

CPI da Covid: Nesta semana, a CPI ouvirá na terça-feira (22) o deputado federal Osmar Terra (MDB/RS); na quarta-feira (23), o médico Francisco Emerson Maximiano; na quinta-feira (24), o assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins; e na sexta-feira (25), o epidemiologista e ex-reitor da UFPEL, Pedro Hallal, e a médica e ex-diretora-executiva da organização Anistia Internacional, Jurema Werneck.

Nos mercados globais, o dia de sexta-feira foi de correção, no Ibovespa, tivemos uma pequena alta de 0,27%, a 128.405 pontos, na contramão dos pares em Wall Street. Os principais índices caíram 1%. No mercado de juros, tivemos desinclinação da curva, depois do Copom mais hawkish perder força, com o DI mais longo avançando. No mercado de câmbio, a liquidez mais baixa nos próximos meses, mais cedo do que se previa, deve afetar os fluxos para o Brasil. No dia o dólar chegou a cair a R$ 4,98, mas terminou em valorização de 0,92% contra o real, a R$ 5,0687.

Boa semana e bons negócios!

sexta-feira, 18 de junho de 2021

MP DA ELETROBRÁS

Foi uma quinta-feira agitada. Na CPI da Covid, Carlos Wizard, mesmo com Habeas Corpus, não compareceu, mas, meio que "coercitivamente", terá que comparecer em outra data. Em paralelo, Jair Bolsonaro já "anunciou" que o Bolsa Família sofrerá uma reformulação e o novo valor irá variar entre R$ 270 e R$ 300. A MP da Eletrobras foi aprovada no Senado, com placar apertado de 42 votos a 37, mas deve retornar à Câmara, para novas análises. No cerne desta MP, a redução para menos de 50% do controle da estatal pelo governo, hoje dono de quase toda a empresa. Se a MP passar, a participação da União passa a ser de 45%. O prazo para esta MP não caducar vai até o dia 22/junho.

MP Eletrobrás. O senador Marcos Rogério apresentou um "substitutivo", alterando alguns pontos da MP, enviada da Câmara, mas não mexendo com os chamados "jabutis", medidas estranhas à proposta original do governo. Dentre estes pontos alterados: (1) ampliação e nova costura regional do volume de de energia a ser contratada por meio de térmicas a gás; e (2) recuo na extensão de prazo para os subsídios ao carvão natural.

As questões em aberto, agora, são os destaques (que ainda estão sendo apreciados) e a reação da Câmara às mudanças no Senado. Há muito pouco tempo para aparar estas arestas com os deputados já que, como dito acima, para não caducar, esta MP precisa ser aprovada até 22/junho.

E o texto ainda é polêmico, com criticas aos “jabutis" e a suposta defesa de grupos específicos e bases eleitorais. O placar apertado na votação de hoje (42 x 37) bem reflete estas discordâncias no Congresso. 

Na verdade, diante da péssima repercussão do projeto da Câmara dos Deputados, cheio de "jabutis", vários deputados e senadores da oposição promoveram uma pequena rebelião no esforço de "virar o jogo". Eram variados os interesses destes, uns indo contra a "capitalização" da estatal de energia, preferindo deixá-la na mão do governo, outros, defendendo o projeto original do governo e contrários ao que foi alterado na Câmara, pelo relator Elmar Nascimento.

O projeto original, enviado pelo governo, na leitura de muitos, tinha por objetivo a capitalização da Eletrobras e a modernização do setor de energia no país. Ao chegar na Câmara, no entanto, acabou totalmente alterado. 

Foi o deputado Elmar Nascimento a introduzir uma série de mudanças, chamadas de "jabutis". Segundo alguns, "o texto passou na Câmara, porque a opinião pública e o setor produtivo estavam desatentos". Na MP, alterada na Câmara, tínhamos o favorecimento dos cartórios das distribuidoras de gás, a expectativa de um nicho protegido de mercado para as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), a volta dos gasodutos estatais, abandonados na gestão Michel Temer, etc.

Para senadores e deputados em reação, a proposta de Elmar Nascimento em nada favorecia a competição e o benefício aos consumidores. 

No projeto original, o governo afirmava que a redução da tarifa de energia poderia ficar entre 5,0% a 7,5%. Ao chegar à Câmara, o projeto acabou esvirtuado, com os custos de tarifas cogitados e o aumento do custo adicional do setor, previsto em mais de R$ 20 bilhões.

Para a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) é preocupante a contratação de 6 mil MW de termoelétrica a gás, com 70% de inflexibilidade; reserva de mercado para contratação de PCH e abertura total do mercado de energia até 2026.

Agora a MP, com o substitutitvo de Marcos Rogério, deve ser avaliada na Câmara e em paralelo, Arthur Lira, deve convocar na segunda-feira, uma sessão extraordinária para a votação desta mesma MP, com as alterações promovidas no Senado.

Em encontro com empresários no Rio de Janeiro
, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Bolsa Família deve sofrer um reajuste em torno de 50% e passar a R$ 270 a R$ 300 (atualmente é R$ 190). 

Em paralelo a isso, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) avançou 12,2% em junho contra maio. Essa foi a primeira alta do ano e veio depois de cinco quedas consecutivas. Na comparação com junho do ano passado, a confiança do empresário avançou 47,6%.

Nos mercados,
o Ibovespa registrou queda de 0,93%, a 128.057 pontos com volume financeiro negociado de R$ 34,47 bilhões. Já a taxa de câmbio escapou da tendência global de valorização do dólar, após a decisão do Fomc, com a moeda americana  em queda de 0,74% contra o real, a R$ 5,022. No mercado de juro, as pontas mais curtas aceleraram, diante da possibilidade do Bacen acelerar a alta da Selic. 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, POR DELTAN DALLAGNOL

Deltan Dallagnol, @deltanmd

GRAVÍSSIMO: a lei de improbidade administrativa foi grande avanço do combate à corrupção no BR. Analisei as mudanças aprovadas nesta 4ª pela Câmara. São assustadoras. A aprovação desse projeto é o maior marco da impunidade dos atos de improbidade na história. Entenda em 5 pontos.

1) abriu-se janela para pessoas jurídicas burlarem penas; a suspensão/perda da função do agente ímprobo foi limitada; a absolvição criminal por falta de provas terá efeitos cíveis; criou-se sucumbência contra o MP; retirou-se liberdade do juiz para decidir sobre provas etc. Os prazos de prescrição foram encurtados de modo a garantir impunidade em casos complexos. Se a lei valer, as medidas da Lava Jato, que já tramitam há mais de 4 anos, seriam todas encerradas por prescrição, garantindo-se impunidade completa.

2) Partidos políticos passam a ser isentos de qualquer responsabilidade por atos de improbidade, o que extinguiria as ações promovidas pela Lava Jato contra os partidos que se envolveram com corrupção, pedindo que devolvam o dinheiro desviado.

3) O prazo de investigação de atos de improbidade passa a ser de no máximo 1 ano, o que é inexequível quando se apuram crimes e atos complexos como aqueles de corrupção identificados na Lava Jato. Mais impunidade.

4) As penalidades aplicadas por improbidade só poderão ser executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória, ou seja, após infindáveis recursos em quatro instâncias. Com os marcos prescricionais curtos, assegura-se prescrição (= impunidade).

5) Muitos desvios deixaram de ser improbidade, inclusive o enriquecimento ilícito do funcionário público (sua previsão foi desfigurada), contrariando frontalmente Convenções Internacionais de Combate à Corrupção que o Brasil assinou, como a da ONU e a Interamericana.

Há DEZENAS de outros retrocessos gravíssimos no projeto, p. ex.: os tipos de atos de improbidade foram restringidos; penas, diminuídas; responsabilidade solidária pelos ilícitos, limitada; bloqueios de bens, dificultados; riscos de nulidades, aumentados despropositadamente...

A capacidade de combater a corrupção no Brasil está sendo liquefeita diante dos olhos de todos. É preciso barrar retrocessos e retomar a pauta dos avanços necessários como a PEC 333/17 do fim do foro privilegiado e a PEC 199/19 da prisão em segunda instância.

A Câmara se distancia da legítima expectativa da sociedade quando seu presidente


MACRO MERCADOS DIÁRIO - O QUE ACONTECEU 17/06/2021

Tivemos dois bancos centrais mais “duros” nos seus comunicados e sinais para o mercado. Embora as decisões de política de juro não tenham surpreendido, o que mobilizou foi o que foi dito nos comunicados, em ambos, numa postura mais dura, mais hawkish, diante do recrudescimento da inflação e do cenário fiscal pior no caso brasileiro.

No Brasil, pelo comunicado, o BACEN retirou o termo “parcial”, cobrou do governo uma postura mais atenta no encaminhamento das reformas e na sustentabilidade fiscal. 

Para os diretores, “novos prolongamentos das políticas fiscais de reposta à pandemia podem elevar o prêmio de risco do País”. Lembremos que já havia dito o presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, que a única forma de “destampar esta panela de pressão” seria avançar na vacinação, o que, no ano passado, foi ignorado pelo presidente, mais preocupado em confrontar e gerar polêmicas políticas inúteis e infantis. 

Para RCN, quanto mais avançássemos na vacinação, menos teríamos que gastar em políticas compensatórias. 

Para o BACEN, “o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos.” 

Achamos ser essencial manter o foco nas reformas e ajustes necessários, para permitir a recuperação da economia. Sem isso, a taxa de juros estrutural se manterá elevada.

Isso posto, prevemos a taxa Selic, ao fim deste ano, em torno de 6,25%, a 6,5% no ano que vem, no objetivo de trazer o IPCA a 3,5% ao fim de 2022. A pesquisa FOCUS prevê para o IPCA 5,8% neste ano e 3,5% no ano que vem.

Já o Fed manteve a taxa de juros inalterada entre 0% e 0,25%, assim como a compra de ativos financeiros de US$ 120 bilhões ao mês. 

De novidade, Jerome Powell sinalizou que pode vir a elevar o juro a partir de 2023. Falaram os membros do FOMC, também, sobre o possível início do ciclo de redução de compra de ativos financeiros (tapering).

A inflação americana, acima das expectativas, é considerada "temporária" e isso prescreve ampla comodidade monetária por mais algum tempo. A participação do mercado de trabalho (labor force participation rate), ainda está muito baixo desde o início da pandemia, mas deve melhorar assim que os EUA reabrirem sua economia.

Segundo o Fed, "estamos comprometidos em usar toda gama de instrumentos para apoiar economia americana". 

Entre os diretores, dois esperavam juro entre 0,50% e 0,75% em 2022; e três esperavam juro entre 1,0% e 1,25% em 2023. 

Segundo  o Fed, “setores mais afetados pela pandemia melhoram, mas seguem fracos". Progressos na vacinação contra covid-19 reduziram a disseminação da doença nos EUA. 

Para o Fed, “o caminho da economia depende da trajetória do coronavírus, em meio à vacinação, indicadores macroeconômicos se fortalecem. A inflação aumentou nos EUA, em grande parte refletindo fatores transitórios. Estamos preparados para ajustar política monetária se houver riscos aos nossos objetivos”. 

O Fed retirou do comunicado trecho que citava “tremendo impacto econômico e humano do vírus”. 

Pelas projeções do Fed, a inflação passou, em 2021 de 2,4% para 3,4%; para 2022, de 2,0% para 2,1%; 2023, de 2,1% para 2,2%; mantendo a projeção no longo prazo em 2,0%.

Já no crescimento do PIB, o Fed elevou a projeção para PIB em 2021 de 6,5% para 7,0%; manteve a projeção em 2022, em 3,3%; elevou a projeção em 2023, de 2,2% para 2,4%; e manteve a projeção no longo prazo em 1,8%.

Como resposta, os mercados viraram ao longo do dia. EM NY, o Dow Jones fechou em queda de 0,57%; Nasdaq. -0,45%; e S&P, -0,50%. No Brasil, o Ibovespa perdeu os 130 mil pontos, em queda de 0,23%, aos 129.795. Já o dólar, em queda durante a manhã, chegando a R$ 4,99, virou a tarde, para fechar em valorização de 0,34%, a R$ 5,060, tendo chegado a R$ 5,08. Nos EUA, o indicador do dólar, o DXY, valorizou 0,34% a 90,846 pontos. Os rendimentos subiram após Fed: T-Note de 10 anos, a 0,1891%; T-Note de 10 anos, 1,5194%; e T-Bond de 30 anos, 2,2035%.

No front político, a MP da Eletrobras segue em ritmo de discordias e desentendimentos. A votação da MP acontece nesta quinta-feira e crescem os rumores de um substitutivo para o projeto aprovado na Câmara. Os principais alvos são, justamente, os “jabutis" incluídos no texto,como a construção de gasodutos estatais.


terça-feira, 15 de junho de 2021

AGENDA NA MESA

Um trabalho do economista Tiago Cavalcanti, da FGV, é pertubador. 

Explica ele por que o Brasil, embora avançando na escolaridade da sua população nestes últimos anos, pouco avançado na produtividade, ainda estagnada. 

De acordo com os modelos e o as teorias de crescimento, isso não deveria acontecer. Trabalhadores mais educados tendem a ser mais produtivos do que aqueles com baixa escolaridade. Tiago tem uma resposta na "ponta da lingua". Para ele , a educação brasileira é de muito baixa qualidade. Os jovens passam mais tempo na escola do que no passado, mas aprendem pouco.

Segundo Pedro Cavalcanti, também da FGV, de um lado, na oferta, essa educação é de baixa qualidade e os jovens não aprendem bem as disciplinas formais, nem se qualificam para o mercado de trabalho. 

Por outro lado, demanda, um ambiente de negócios ruim, com distorções de todo tipo - tributárias, regulatórias, favorecimentos, etc - não favorece a criação de "bons empregos". 

Solução usual, subsídios e política industrial, nunca funcionou. Há que se reduzir as distorções. Para ele, avançar nas reformas educacionais e institucionais é condição necessária para se reestabelecer uma relação positiva e saudável entre o crescimento da educação e os ganhos de produtividade.

Este "estado de coisas", pode ser visto pelo exame Pisa de 2018, um teste de avaliação para jovens de 15 anos, organizado pela OCDE, que BEM mostra isso. Neste, 68% dos jovens brasileiros estão entre os com pior nível de proficência em Maths. Num universo de 80 países, o Brasil caiu de 65 para 70 lugar nesta importante disciplina. Em leitura, estamos no pelotão de baixo, também entre os piores. 

Para piorar, os jovens de ensino médio não estão preparados para ingressar nas universidades, nem no mercado dec trabalho.

E para piorar mais ainda, o ambiente de negócios é o pior possível, tanto citando a área de regulação, como na carga de impostos, no cipoal taxas, impostos e tarifas, alfandegárias inclusive, que mais inibem do que estimulam o empreendedorismo e o "investimento raiz". 

Temos um "ambiente de negócios", segundo a Doing Business, do Banco Mundial, que mais perde espaço.

Considera, também, que a agenda de reformas neste governo pouco avançou. Tivemos avanços pontuais na agenda microeconônomica, na reforma Previdenciária e na independência do BACEN. Por outro lado, reformas complexas, - como a reforma tributária, a administrativa, as privatizações - que exigem uma grande base de apoio político, pouco avançaram. 

Usar de sofismas e proselitismos, por alguns, tem dificultado no debate. Vejamos alguns pontos em ebluição no debate nacional.

(1) Opção pelo populismo. a leitura de que os governos, nestes 20 anos de populismo, se apegaram à soluções fáceis, pouco desgastantes, fugindo sempre dos confrontos, dos embates políticos no Congresso, na adoção de medidas complexas e impopulares, se baseia em fatos, em acompanhamento, no que foram os governos do ciclo lulo-pestista e agora, no bolsonarismo. 

Quem acompanha de perto as rotinas destes governos, se mantém atualizado, sempre lendo os vários papers, os jornais, publicações variadas, mídias, passa a ter uma visão bem clara da realidade.  

É fato que os governos Lula ou Dilma, estranhamente, não tinham um programa de governo que se possa chamar de tal. 

Projetos de governo passam sim por transformações profundas no ineficiente aparelho do Estado, e isso não tem nada de neoliberal ou estultices correlatas. 

Nós temos sim, um Estado que pouco entrega e mto recolhe. Estudos recentes da FGV e outros, publicados confirmam isso. 

Um estudo recente indica q o Brasil é o sétimo q mais gasta em número de servidores, https://www.poder360.com.br/.../brasil-e-7o-pais-que.../. Se isso não é um desfuncionalidade, não sei o que possa ser. 

Se isso não significa que precisamos de uma profunda Reforma do Estado pois, segundo Marcos Lisboa, temos um Estado q pouco serve aos cidadãos, não sei mais o que é correto. 

Temos um país com uma carga fiscal mto elevada e retorno em serviços de país africano, entre os mais miseráveis.

(2) Agenda de reformas. A denominação de uma agenda necessária de reformas estruturais, com uma readequação do Estado Brasileiro, como neoliberal, é mais uma retórica a dificultar no debate, pois não vemos este como tal. Não existe nada de neoliberal, mas sim a necessidade de ajustar, organizar, corrigir o que está cronicamente errado há décadas. 

Samuel Pessoa tem um diagnóstico bem preciso sobre isso, ao analisar em detalhes a Constituição Federal de 1988. Considerada por mtos um "estorvo" de encalhes e burocracias que mais dificultam do q azeitam a vida em sociedade. São muitos direitos e muito poucos deveres.

(3) Máquina pública. Sobre os servidores públicos, pouparia as carreiras de Estado, no quesito estabilidade, mas achamos por bem, uma profunda análise sobre as várias categorias de servidores, existentes no País. Todos se acham injustiçados, mas e o resto da sociedade? 

O BRASIL se tornou um país totalmente "disfuncional" em tudo. Em PORTUGAL, por exemplo, na otimização de recursos escassos, um professor pode ganhar, em fim de carreira, no máximo 3 mil euros; no Brasil, são notórios os casos de professores ganhando mais de 40 mil reais. 

Claro que é intolerável este "excesso de penduricalhos" nas várias áreas citadas, verdadeiras sinecuras sim, como juizes com 60 dias de férias, anuênios, quinquênios, férias de três meses, depois de tantos anos de trabalho....algo q inexiste no setor privado! Lá o que predomina são particularidades de cada empresa e CLT.


(4) Educação. Sobre as universidades, são notórios os orçamentos das públicas, quase 100% comprometidos em pessoal, quando sabemos faltarem recursos básicos para pesquisa, instalações físicas, equipamentos variados. 

Caímos aqui no abismo dos professores, q se aposentam, mas continuam dando aula, acumulando vencimentos, dos que se aposentam com salário integral, pois é isso que acontece ao vermos as "contas" das universidades, com todos os aportes de recursos públicos, alocados nestas duas áreas, ativos e inativos metade, metade. 

Sendo assim, e sabendo que boa parte dos alunos das universidades são de classe média brasileira, por que não pagar taxas e mensalidades, simbólicas que sejam, 200 a 350 reais, algo que no agregado, proporcionaria às universidades pagar estas despesas. Em Portugal tem pobre também. 

Daí, a necessidade se criar mecanismos em que os pobres teriam bolsas de estudo, enquanto os bem nascidos, filhinhos de papai abastardos, pagariam as taxas e mensalidades. Onde está o problema? 

Nossas universidades são totalmente aberrantes. Me baseio em modelos que dão certo. 

Em Portugal, o exame nacional define rankings para as escolas, publicas e privadas, com estas melhor ranqueadas, mas as públicas correndo atrás. 

Quando os alunos possuem um bom desempenho, aportes adicionais são alocados na escola, que vai melhorando.  É proibido JOVEM ficar fora das escolas em Portugal. 

Questão de mentalidade. É também uma questão de prioridades. Por que no interior do Ceará, em Sobral, as escolas estão entre as melhores do ranking nacional? 

É Nordeste, é fora do eixo RJ-SP....e aí?? 

COMO EXPLICAR ISSO? 

Parece-nos claro que quando se enumeram as várias condições, apenas alertamos para como estamos mal na fita e como isso desanima, na formação das pessoas....É óbvio que o Brasil é um país desigual e "fora do tempo e do espaço".

Os programas de transferência de renda não tiram a miséria do local, das regiões mais pobres, apenas amenizam.

Um ambiente de negócios mais "saudável", respeitando o excelente DOING BUSINESS, do Banco Mundial, numa métrica rigorosa, sobre como desenvolver um país no seu ambiente de negócios, bem proporciona uma leitura sobre como estamos mal na fita. Por este relatório do BANCO MUNDIAL, https://portugues.doingbusiness.org/.../exploreeco.../brazil somos 124 LUGAR. 

E para piorar, ainda temos a IMPUNIDADE. 

O MP de Curitiba, em "task force", conseguiu decifrar o maior esquema de corrupção da história moderna, uma corrupção enraizada, cheia de tentáculos....

Chega um STF "vendedor de sentenças" e anula tudo. Vces concordam com isso?

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Resenha de um texto, por Alexandre A. Rocha

Há algum tempo li uma resenha sobre o livro "Decadent Developmentalism. The Political Economy of Democratic Brazil" (2020). 

Inclusive, eu a postei aqui neste espaço. Tenho muito interesse nesse tema. No entanto, como se trata de um livro caro, espero que alguma biblioteca local o compre. Até já o recomendei. Enquanto isso, baixei a amostra grátis da Amazon, com a introdução e o início do primeiro capítulo. A parte inicial, que oferece uma visão geral do argumento do autor, é bem convincente. Posteriormente, o livro perde um pouco de tração, enveredando por uma detalhada, mas nem sempre bem articulada e até mesmo com alguns anacronismos,* revisão bibliográfica. Quero crer que isso seja um problema pontual, mas precisarei ler o restante para poder opinar. Independentemente disso, reproduzo a seguir algumas passagens bastante impactantes. Vale a pena conferir.

1) Cientistas políticos há muito enfatizam as relações executivo-legislativas com a negligência geral da economia, concentrando-se mais no processo de governar do que em seu conteúdo ou desempenho. Isso deu a muitos cientistas sociais uma perspectiva artificial e talvez excessivamente otimista de quão bem a política brasileira poderia funcionar ou realmente funcionar, sugerindo que tudo o que é necessário é uma liderança mais forte, ou focada mais em medidas estreitas de produção legislativa e controle executivo do que em medidas mais amplas conteúdo desta legislação, os processos obscuros que muitas vezes a produzem, as opções que são abandonadas ou o desempenho de longo prazo sem brilho do sistema.


2) (...) muitas das instituições econômicas e políticas da nova democracia são regressivas e ineficientes; mas, mais importante ainda, que complementaridades nas esferas política e econômica geram incentivos que conduzem os atores em direção a um equilíbrio político e econômico abaixo do ideal, que se tornou estável ao longo do tempo.


3) O Brasil freqüentemente parece caminhar vagarosamente em direção a um futuro sombrio no qual um sistema político indiferente, uma estrutura econômica ineficiente, o fim do dividendo demográfico e uma estrutura social profundamente injusta conspiram para roubar o futuro da juventude brasileira.


4) As instituições da economia política brasileira caminham para um equilíbrio comum difícil de romper, até mesmo por causa das complementaridades institucionais em cinco arenas institucionais que explicam em conjunto a trajetória do país desde 1985: a resiliência do desenvolvimentismo como ideia com efeitos em ambos escolhas de políticas e instituições na esfera macroeconômica; a concentração e segmentação da vida da empresa na esfera microeconômica, DHME [economia de mercado hierárquica desenvolvimentista]; as políticas consensuais inerentes ao sistema presidencial de coalizão, que solapam os freios e contrapesos que freqüentemente são considerados centrais aos sistemas presidencialistas; a fraqueza resultante dos mecanismos de controle necessários para governar efetivamente o estado desenvolvimentista; e uma burocracia autônoma que é capaz de empreender reformas que garantam a viabilidade continuada do estado desenvolvimentista, mas também contribuem para seu efeito de restrição ao crescimento, reforçando as estruturas de incentivos estabelecidas por outras instituições.


5) (...) os poderes do presidente para definir a agenda, os poderes de gabinete, os poderes partidários e a autoridade orçamentária ajudam a garantir o domínio presidencial (...). Mas esses poderes formais não garantem o apoio necessário para garantir uma governança eficaz que, como consequência, é freqüentemente obtida por meio de trocas informais. Esse padrão de interação política leva a um equilíbrio subótimo e ineficiente que aumenta o custo da política, dilui a coerência das iniciativas políticas, requer pagamentos colaterais caros e pode diminuir o apoio público, ao minar a confiança pública na probidade das deliberações políticas. Mas há muitas razões pelas quais ela sobrevive: fornece aos principais grupos de interesse defesas contra mudanças nas políticas, fornece aos executivos apoio em um sistema partidário fissíparo, fornece aos representantes legislativos recursos poderosos para a sobrevivência política e permite que as empresas estabelecidas superem seus rivais em potencial.


6) Cinco esferas institucionais, em particular, ajudam a determinar o desempenho do sistema econômico do Brasil: a escala do Estado, os regimes monetário e financeiro, os padrões de intervenção do Estado na indústria, a integração da economia no sistema mundial e a estrutura salarial. nexo de trabalho. Vários fatos estilizados sobre a economia política da democracia brasileira emergem da interação entre essas esferas:

. O imperativo fiscal gera incentivos para que políticos de todas as ideologias empreguem o que denomino instrumentos fiscalmente opacos de política econômica (...).
. A combinação do imperativo fiscal com instrumentos fiscalmente opacos contribui para o alto custo do crédito e baixos níveis de investimento (...).
. (...) tem havido uma tendência duradoura para a proteção dos produtores nacionais, com algum custo para a eficiência e os consumidores.
. A política industrial (...) atende aos propósitos do governo ao fornecer ferramentas fiscalmente opacas para atender às necessidades das empresas nacionais ou orientá-las em direção aos objetivos do governo.
. (...) o peso do equilíbrio das contas fiscais caiu desproporcionalmente sobre os menos abastados, por meio de impostos regressivos, bem-estar social fraco e alta informalidade (...).
. (...) o crescimento econômico, por padrão, é residual.
. (...) o investimento estrangeiro direto freqüentemente responde a incentivos de forma semelhante ao capital doméstico, produzindo para o mercado local atrás de altas barreiras de proteção.

7)  (...) a estrutura regulatória estabelecida para facilitar a privatização de uma variedade de empresas em vários setores foi reaproveitada ao longo do tempo para servir como uma ferramenta de controle governamental sobre a economia.

(*) O autor, p. ex., atribui à Lei de Responsabilidade Fiscal o status de emenda constitucional e inclui o Unibanco entre os atuais bancos brasileiros.



SEMANA DE FED E COPOM

Iniciamos a semana “mobilizados” pelas reuniões do Copom no Brasil e do FOMC nos EUA, decisivas para os rumos da política monetária destes países, em sintonia com a inflação, atividade e emprego e moedas ao redor do mundo.

Será uma semana também de variados índices de preço no mundo, como na Zona do Euro, Alemanha, Japão e Reino Unido, e de produção industrial nestes mesmos países, na China e Estados Unidos. No Brasil, além do Copom em destaque, temos também o IBC-Br, importante para sabermos se a retomada da economia segue ocorrendo, em sintonia com o ritmo de vacinação.

No front político, a CPI da Covid segue mobilizando as atenções de todos, ainda mais por causa da “suposta” displicência do governo no tratamento e nas negociações com os laboratórios para a obtenção de vacinas.

Nos parece óbvio que o presidente se movimentou no ano passado, sempre em reação política aos movimentos do governador João Dória. Como este saiu na frente nas tratativas com a vacinação, Bolsonaro foi na contramão, pensado na equação de remédios, então em estudo, como a cloroquina e a ivermetcina, mais baratos, mas de eficácia duvidosa, Seu objetivo: mostrar uma saída “alternativa” para a pandemia.

De fato, já acontece uma disputa política no País, quando o essencial seria o combate à pandemia, a obtenção de vacinas, única certeza de imunização para a população. Na visão dos cientistas políticos, “a pandemia acabou paralisando o tempo das pessoas, mas acelerou o tempo da política”. Neste contexto de politização da pandemia, a eleição de 2022 acabou “antecipada”. Já são vários os candidatos em disputa. Bolsonaro, por exemplo, segue nos seus passeios de moto, com vários apoiadores pelas capitais do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo. Durante a semana são diversas as obras inauguradas.

Para o segundo semestre, acreditamos que a retomada da economia e o ritmo de vacinação devem nortear os mercados. Muitos já começam a prever um crescimento da economia mais forte do que o antes previsto, agora acima de 5%, assim que a vacinação a imunizar 70% dos adultos até setembro. Muitos acham, inclusive, que a resposta econômica da pandemia é bem meritória, mais até do que se esperava. Para a consultoria Arko Advice, “mostra que o ministro Paulo Guedes anda mais calado e entregando melhores resultados. O mercado dizia, há pouco, que ele prometia muito e entregava pouco. Agora ele começa a virar o jogo.”

No mercado de ações, mesmo com os embates políticos, a Bolsa de Valores segue a bater recordes, gravitando em torno dos 130 000 pontos, e o dólar ameaçava recuar abaixo do “piso” de R$ 5,00. Isso acontece pelo elevado diferencial entre juro doméstico e externo. Ingressamos então no debate sobre a política de juros do Copom e nos EUA, do Fed.

Para o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, os choques inflacionários atuais são “temporários”, reforçando o discurso de Jerome Powell, do Fed. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas as longas se estabilizaram”.

sábado, 12 de junho de 2021

PARA QUE LADO VAI O DEBATE?

Parece que vivemos tempos da marmota, lembrando um filme em que o personagem acordava todos os dias e sempre era a mesma cena, mesma situação. Não dava para perceber mudanças na rotina deste personagem, sempre preso a um dia específico. Parece que vivemos isso no Brasil, nestes últimos anos e até décadas. Não saímos do lugar. Dá então para tirar algumas conclusões ou deduzir algo deste ambiente que vivemos. Vamos a elas.

1) Populismo. Temos a leitura de que os governos, nestes últimos 20 anos, sempre se apegaram à soluções fáceis, pouco desgastantes, fugindo sempre dos confrontos, dos embates no Congresso, de medidas impopulares. Foram sim, governos populistas, que pouco avançaram nas agendas essenciais de reformas. Não podemos escorregar pela retória de que tudo de ruim ocorrido foi causado por choques externos, "crises importadas", etc. Não dá!

Quem acompanhou de perto nas "rotinas" destes governos, se mantendo sempre atualizado, numa leitura bem mais clara da realidade, vai perceber que o governos do ciclo petista, Lula e Dilma, estranhamente, não tinham um programa consistente de governo.
Na verdade, o ESTADO pouco entrega o que promete. Temos sim um Estado que muito recolhe e pouco entregou em termos de serviços públicos de qualidade. Estudos recentes da FGV, e outros, publicados, confirmam isso. Um estudo recente indica que o Brasil é o sétimo q mais gasta em número de servidores, https://www.poder360.com.br/.../brasil-e-7o-pais-que.../.
Se isso não significa que precisamos de uma profunda Reforma do Estado. Segundo Marcos Lisboa, temos um Estado Social Democrata que pouco serve aos cidadãos. Um país com uma carga fiscal muito elevada, 36% a 40% do PIB, e retornos, serviços, de país africano, entre os mais miseráveis.
(2) Agenda necessária de reformas estruturais. É preciso uma readequação no papel do Estado Brasileiro. Não existe nada de neoliberal em querer reformar o Estado, tornar seus gastos mais eficientes. Devemos discutir como ajustar, organizar, corrigir o que está cronicamente errado há décadas.

Samuel Pessoa tem um diagnóstico bem preciso sobre isso, ao analisar em detalhes a Constituição Federal de 1988. Para ele, esta é a explicação para os nossos problemas recentes. Considerada por mtos um estorvo de encalhes e burocracias que mais dificultam do que azeitam a vida em sociedade, a CF necessita ser "simplificada" e redimensionada.
(3) Despesas com pessoal. Sobre os servidores públicos, um plano de carreira, uma rearrumação se faz urgente. Isso pouparia as carreiras de Estado, no quesito estabilidade, mas acharia por bem, uma profunda análise das várias carreiras em repartições existentes no País. Todos se acham injustiçados, todos acham q merecem seus benefícios, mas e o resto da sociedade?

O BRASIL se tornou um país totalmente disfuncional. Em PORTUGAL, por exemplo, na otimização de recursos escassos, um professor pode ganhar, em fim de carreira, no máximo, 3 mil euros, no Brasil, são notórios os casos de professores ganhando mais de 40 mil reais.

(4) Educação. Sobre as universidades, são notórios os orçamentos das públicas, quase 100% comprometidos em pessoal, quando sabemos faltarem recursos básicos para pesquisa, instalações físicas, equipamentos variados.

Caímos aqui no abismo dos professores, que se aposentam, mas continuam dando aula, acumulando vencimentos, dos que se aposentam com salário integral, Nas universidades temos servidores ativos e inativos em metade para cada.

Sendo assim, e sabendo que boa parte dos alunos das universidades são de classe média, por que não passar a cobrar taxas e mensalidades, simbólicas q sejam, de 100 a 150 reais, algo que no agregado, proporcionaria às universidades arcar com as despesas de custeio. A necessidade de se criar um mecanismo em que os pobres teriam bolsas de estudo, enquanto que os mais abastardos pagariam. Onde está o problema aqui?

Nossas universidades são totalmente disfuncionais.

Poderíamos reforçar um ranking, com o exame nacional definindo rankings para as escolas, publicas e privadas, com estas melhor ranqueadas, mas as públicas correndo atrás.

Os alunos melhor classificados elevam as notas das escolas de ensino médio que passam a ter aportes adicionais nas escolas.

É também uma questão de prioridades. Por que no interior do Ceará, em Sobral, as escolas estão entre as melhores do ranking nacional? É Nordeste, fora do eixo RJ-SP....e aí??

COMO EXPLICAR ISSO?

Apenas coloco uma cereja no bolo. É óbvio q o Brasil é um país desigual e fora do tempo e do espaço.

Os programas de transferência de renda não tiram a miséria do local, das regiões mais pobres, apenas amenizam o quadro.

Um ambiente de negócios mais "saudável", respeitando o excelente DOING BUSINESS, numa métrica rigorosa, sobre como desenvolver um país no seu ambiente de negócios, bem nos proporciona uma leitura sobre como estamos mal na fita. Por este relatório do BANCO MUNDIAL, https://portugues.doingbusiness.org/.../exploreeco.../brazil somos 124. Estamos bem, estamos mal?

Acho que estamos mto mal.

E sabes por qque a classe média está indo embora??
Por tudo isso reunido...

E para piorar, pela IMPUNIDADE. O MP de Curitiba, em task force, conseguiu decifrar o mairo esquema de corrupção da história moderna, uma corrupção enraizada, cheia de tentáculos....

Chega o STF e anula tudo.

Vces concordam com isso?

sexta-feira, 11 de junho de 2021

INFLAÇÃO DOS EUA E DO BRASIL

Estamos terminando mais uma semana e o tema em destaque nesta foi a inflação. 

Foram divulgados os índices de preço, usados pelas autoridades monetárias como parâmetros, no Brasil e nos EUA e ambos acabaram acima do esperado, acendendo uma luz amarela para ambas as autoridades, o Banco Central do Brasil e o Fed.

No Brasil, o IPCA registrou 0,83%, elevado a 8,06% em 12 meses, o que pode levar o BACEN a intensificar na sua política de normalização parcial das últimas reuniões. Nos EUA, o CPI foi a 0,6%, 5,0% em 12 meses, com o núcleo a 0,8% e 3,8% em 12 meses, quando o mercado esperava 3,5%. Ou seja, pelo índice que descarta alimentos e energia, a inflação acabou bem elevada, o que coloca na conta uma certa disseminação do índice. Pressão adicional ao Fed de Jerome Powell.

No comportamento do CPI americano, a alta foi puxada pelos preços mais elevados do petróleo, contaminando o item energia do índice, acima de 50% em 12 meses, e pela puxada nos preços dos carros e caminhões usados, explicável pelo gargalo da indústria automobilística, visto que vem faltando insumos eletrônicos na fabricação de carros novos. Com isso, a venda de carros usados se intensifica. Em maio, nos 12 meses, os preços destes aumentaram 29,7%. Com a normalização desta oferta, estes devem voltar a recuar. O mesmo deve ser dito sobre a alta do petróleo, elevada a mais de 50% em 12 meses, o que vem impactando nos preços dos combustíveis e derivados.

A economia global está retomando forte. Nos EUA, as projeções indicam um crescimento de 4,6% neste ano e na China acima de 8,0%. Isso posto, as commodities se valorizam fortemente, com destaque para o petróleo, o minério de ferro, a soja, etc.

No Fed, a leitura é de que este é um fenômeno transitório, e logo uma acomodação deve ocorrer. As críticas, no entanto, indicam que a autoridade monetária está “atrás da curva” assim como o Banco Central do Brasil, ao manter o juro a 3,0% por tempo demasiado.

No Brasil, o IPCA de maio registrou 0,83%, em 12 meses a 8,06%, o que acendeu um sinal de que o ajustamento parcial de agora terá que ser intensificado. Teremos uma elevação da taxa Selic na reunião do Copom da semana que vem, de 0,75 ponto percentual, passando de 4,25% para 5,0% e depois mais um, na mesma toada, 0,75 p.p. a 5,75%. Não descartamos mais um ou dois, até 6,5% ao fim deste ano. O objetivo é tentar trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem, o que não será uma tarefa simples, pois ano de eleição e a economia rodando em ritmo mais forte, outros fatores de pressão devem surgir.

Não deixemos de considerar também um fator pouco considerado antes mas agora bem importante, a seca dos reservatórios, o uso de termoelétricas, a bandeira vermelha, e os impactos nos índices de preço.

Mesmo considerando esta preocupação, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, acha também que os choques inflacionários atuais são “temporários”, reforçando no discurso de Jerome Powell. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas as longas se estabilizaram”.

Analisando o IPCA de maio, 0,83%, o maior impacto veio do grupo Habitação, registrando 1,78%, com impacto direto de 0,28 ponto percentual, decorrente do reajuste de energia elétrica de 5,37%, maior impacto individual no índice (0,23 ponto percentual), decorrente do início da bandeira vermelha em maio. Foi forte também o impacto dos transportes, 1,15% em maio e impacto de 0,24 ponto percentual, motivado pela reajuste da gasolina (2,87%), depois de recuar 0,44% em abril. No ano o combustível acumula alta de 24,7% e em 12 meses 45,8%.

Nos mercados, o Ibovespa fechou quinta-feria em leve alta de 0,13%, a 130.076 pontos com volume financeiro de R$ 24,257 bilhões. Já o dólar comercial registrou leve variação negativa de 0,07% a R$ 5,066. No mercado de juros futuros, houve uma intensificação na ponta curta, pela leitura de que o Bacen terá que ser mais intenso nas elevações da Selic neste ano, e também nas pontas intermediárias e longas, pelos receios de inflação para 2022, ano de eleição. O DI para janeiro de 2022 subiu nove pontos-base a 5,33%, o DI para janeiro de 2023 alta de 14 pontos-base a 6,96%, o DI para janeiro de 2025 avançou nove pontos-base a 7,94% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de nove pontos-base a 8,43%.

Ainda no mercado, a curva já indica a taxa Selic fechando no ano entre 6,5% e 7,0%, cada vez mais distante do que é visto como nível neutro (entre 6,25% e 6,5%). Para a próxima semana está mantido o consenso de que o Copom subirá a Selic em 0,75 ponto porcentual.

Nos EUA, as ações em Wall Street encerraram mais altas nesta quinta-feira, com o índice S&P 500 superando o patamar recorde de fechamento registrado em 7 de maio, reforçando a visão do Fed de que a atual onda de inflação elevada é temporária.







quarta-feira, 9 de junho de 2021

PROBLEMAS A SEREM RESOLVIDOS

Amigos enumeraram alguns riscos, considerados relevantes para esta travessia tupiniquim de 2021, quem sabe, também para o ano eleitoral de 2022, ano também de Copa de Mundo no Catar e de fim de festa para este presidente "verborrágico", que nos "governa" desde 2019. 

Alguns dos riscos: grande desequilíbrio fiscal, com a dívida bruta tendo chegado a 86% do PIB em fevereiro passado. Em dezembro de 2019 estava em torno de 74%; ambiente político muito açodado; grande volume de títulos públicos alongados emitidos (LTN e NTNF); inflação elevada; e trajetória da curva do rendimento da curva dos treasuries de 10 anos dos EUA.

"Estamos vendo uma disseminação de espuma, bolhas, tomada de risco e alavancagem. Muitos players se alavancaram muito e assumiram muito risco, e alguns deles vão explodir” disse Roubini, em entrevista à Bloomberg TV.

Vamos nos ater aos desafios no plano federal, embora tenha severas restrições à governança de muitos estados da federação, um desafio daqueles.  
Dentre os piores, citaria o meu estado, RJ, na "mão de uma corja mafiosa". De fato, observo, parafraseando Gustavo Franco, que somos o país da procrastinação, dos "puxadinhos", do empurrar com a barriga.

A agenda de reformas é bem extensa, não é uma invenção dos "neoliberais", como tantos "intelectuais" preguiçosos gostam de rotular. A dívida da Previdência é explosiva e os regimes previdenciários do País insustentáveis no logno prazo e sim, verdadeiras "fábricas de desigualdades", não importa de quem tenha sido dito (por dizer, pelo Paulo Guedes). 

São regimes em que grande parte dos servidores públicos se servem de "penduricalhos e agrados" variados, pela mobilização e concentração dos seus sindicatos e lobistas, enquando que no regime privado, INSS, na falta de quem os represente, tudo se perde pelas desigualdades e por mtas aposentadorias restritas à salários mínimos. 

É uma aberração déficits equiparados, um para um milhão de servidores, outro para mais de 30 milhões de pobres brasileiros. Uma verdadeira aberração! 

E o que dizer da necessária reforma tributária? É aqui q os "HETERODOXOS" se servem, primeiro pensando onde gastar mais, na certa, depois pensando em arrecadar em cima de fortunas e heranças. Dane-se se a carga fiscal já "caótica e concentradora". 

O negócio, ao que parece, é garantir a farra de gastos ineficientes nas universidades públicas, outro tema, que mereceria um debate mais aprofundado e menos patrulhador ou cancelador. 

Ficariamos dias debatendo também sobre a urgência de uma reforma na EDUCAÇÃO. 

Sou totalmente favorável que haja uma revolução no ensino básico e fundamental, no desafio de formar pessoas qualificadas e aptas para ingressar na fase adulta, sem bobagens, como indefinição de gênero, patrulhamentos ou lavagens cerebrais diversas nas várias escolas públicas do país. 

Lugar de criança é nas escolas e em educação de primeiro mundo. 

Depois, em rankings diversos, as crianças seriam selecionadas pelas várias universidades do país a partir das suas notas, e quanto maiores, mais recursos receberiam as escolas públicas básicas e fundamentais. 

É isso, por exemplo, que acontece em Portugal. 

Nas universidades, várias mudanças se fazem necessárias e urgentes, como o início da cobrança de mensalidades e matrículas. 

Por fim, chegamos a reforma do Estado, chamada Administrativa, talvez a mais radical e necessária, dado o "sistema de castas", que se transformou este país. 

Tudo isso que os governantes deveriam ter atacado de frente e ficaram procrastinando, pouco avançando na institucionalidade do país, na urgente necessidade de mudanças profundas. 

Em 20 anos poucos atacaram estas agendas, poucos. Preferiram se ater a distribuir Bolsas Famílias e agradar as elites com sinecuras e subsídios. Fracasso absoluto.

Vamos conversando. 


Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...