sexta-feira, 19 de março de 2021

Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03

Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03:.

BRASIL

Pandemia e Vacinação

• Tempestade perfeita em 4 semanas: 2ª onda agressiva da pandemia, atrasos na vacinação, aumento rápido da inflação, normalização da taxa de juros e instabilidade política

• Gráficos de novas internações diárias no estado de SP e Grande SP (proxy do BR) são reais e assustadores

• Revisamos a previsão do PIB de 4,5% para 3,5% devido a nova onda de restrição à mobilidade

• Após o evento Lula, aumentou-se a preocupação com a vacina

• A aceleração da vacinação, reduzirá a utilização dos leitos de UTI, e consequentemente o número de óbitos. Imaginamos que a partir de Junho, pessoas com idade abaixo de 50 anos começarão a ser vacinadas

• Vacina de Oxford que será produzida pela Fiocruz traz mais alento para o mercado, e se for eficien…

Inflação

• Aumento rápido da inflação, terceiro ponto do perfect storm

• BC não previu corretamente o aumento do gastos no setor de bens, e redução de consumo de serviços

• Além disso, não se imaginava um salto enorme do petróleo

• CRB, cesta de commodities brasileira subiu mais de 25% (parte disso, efeito câmbio)

• BC teve que subir juro acima do esperado porque o IPCA anualizado para junho estava próximo de 8%. Com a alta, pode convergir para 5%

• Vantagem do IPCA anualizada em junho: o Teto do orçamento e junho/2021 x 2020. O governo terá uma folga maior para gastar

• Demanda interna forte na indústria de transformação, mas insuficiência de estoque no setor preocupa o BC

• Conforme o juro e inflação foi diminuindo, o fluxo cambial acompanhou esse movimen…

Político

• Dificilmente alguém do centrão passará para o segundo turno. Acredita que Lula tenha mais rejeição que o Haddad

• Bolsonaro e Covid: Se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso beneficia o presidente.

Além disso, a memória do brasileiro é muito curta

• Alguns investidores estrangeiros consideram que o Brasil teve um ótimo período econômico na era Lula, mas o mundo da época com boom das commodities não existirá mais. Não conseguirá repetir a fórmula do mandato anterior – melhora social via aumento de gastos – não há condições fiscais para que seja repetida

• Bolsonaro ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022

GLOBAL

• Mercado segue desafiando o FED com a alta da curva de juro

• Ritmo de vacinação acima de outros países

• Aprovação do pacote de USD 1,9T e perspectiva de PIB subir mais de 8% em 2020

• O problema não é a recuperação dos preços/taxas das treasuries, mas a velocidade como ela está subindo

• Não é razoável imaginar que uma economia como a dos EUA, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%

• K-Shaped Recovery: A recuperação da crise está sendo extremamente desigual entre as camadas sociais. Nas classes mais altas (renda acima de USD 60.000/ano) nível de emprego já está nos níveis pré-pandemia, enquanto a concentração do desemprego gerado está na população de renda mais baixa. Esse foi o motivo para mais um pacote fiscal

• Tecnologia será uma das responsáveis pela desinflação em segmentos como educação e saúde

• Devido ao grande desemprego estrutural, a Europa é a que mais assusta com o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos

• Rotações acontecendo entre Global Growth x Global Value 

• Em algum momento, a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair

• Acredita haver bolhas setoriais

• FAAMGs - Crescimento de 25% ano, é possível esperar que sigam crescendo na média de 15% nos próximos anos

É o momento de olhar para fora dos EUA e ir para outros países?

LS: Temos dificuldades para achar bons gestores na Ásia, mas devemos olhar. A Ásia, capitaneada pela China e tigres asiáticos está sendo o grande motor do mundo. Segue alocando nos EUA, porém cada vez mais dedicando tempo na Ásia.











MACRO MERCADOS DIÁRIO 1903 - Pandemia e recuperação

MACRO MERCADOS DIÁRIO
Sexta-feira, 19/03/2021
Pandemia e recuperação

Fed "dovish", Banco Central brasileiro "hawkish". Dosagens de ambos na política de juros, são decisivas nos próximos meses. No Brasil, inflação “na veia” e crescimento anêmico; nos EUA, inflação “controlada” e crescimento forte. No diferencial de ambos, a aplicação mais rápida das campanhas de vacinação. No exterior, o atraso destas acabou derrubando, na quinta-feira, a cotação do barril de petróleo, pressionou os yelds dos treasuries americanos e as bolsas de valores.

Daí a urgência da vacinação. Talvez esta seja a “linha de corte” na análise dos países que estão voltando a crescer e a “respirar” alguma normalidade, mesmo que diferente do passado. Não achamos que tomou vacina, tudo volta ao normal. Não! Pelo contrário. As pessoas devem começar a “desconfinar” aos poucos, gradualmente, até que tudo funcione em “rotina” e na medida do possível. Aqui vai uma recomendação à todos! Não deixem de usar máscara e mantenham algum distanciamento, mesmo depois de vacinados!

No Brasil, a situação da pandemia, segue trágica, descontrolada e colapsando os sistemas de de saúde em vários Estados. A maioria com mais de 80% de ocupação nos leitos de UTIs. Em 24 horas, mais de 1,8 mortes, chegando a 300 mil no acumulado, uma tragédia humanitária, a maior da história brasileira. O quadro abaixo bem mostra o nosso descalabro, uma população que representa 2,7% da mundial, mas em relação às mortes por Covid19, indo a 27,9% do total. Uma boa compilação de dados expresa tudo.


Sobre o debate em torno do lockdown, está comprovado “empiricamente” em vários outros países que dá certo sim! Como exemplo, temos Portugal. No início de janeiro, a pandemia “escorregou” por lá, perdeu-se o controle, devido ao afrouxamento com as festas de final de ano. As mortes chegaram a quase 300 por dia e os novos casos mais 20 mil. Um “lockdown absoluto” se fez necessário, as pessoas ficaram em casa, muita uso de máscara, muito distanciamento social e álcool gel. Como resultado, as mortes caíram a algo entre 10 a 15 por dia, as novas internações, a 200. O país, voltou a “respirar”, sem a ajuda de aparelhos. Agora retornamos ao ciclo de desconfinamento gradual.

Como explicar? Muitos vão contra-argumentar que é muito fácil comparar um país do tamanho do estado do Rio de Janeiro, “suprido” em muito pela União Europeia e os fundos, no que chamam de “bazuca”. Sim, isto é verdade. Mas também é verdade que o presidente Marcelo Rebelo dialoga com o primeiro ministro Antonio Costa, há um Comitê da Pandemia, o conselho de ministros se reune constantemente, o Parlamento debate, há os que discordam, mas sempre prevalece o bom senso e a maioria. Soma-se a isso, não existe “batalha de narrativa”, a sociedade portuguesa sabe que não existe outra saída, que não o isolamento. Há custos sociais? Claro! Mas em conjunto, subsídios, auxílios emergenciais, moratórias de dívidas, estão sendo dadas. São um conjunto de decisões e atitudes que não podem ser negadas. Tudo que não se vê no Brasil.


Muitos vão argumentar que o problema das vacinas é global. Sim. Vários países estão sendo afetados, mas era urgente, ao longo do ano passado, uma programação, um planejamento, se organizar preventivamente, provocar menos celeumas na mídia, agir com o devido rigor e responsabilidade. Vários países agiram desta foram, o Brasil não. Até determinado momento, a vacinação foi desconsiderada, nem levada a sério. No gráfico a seguir, chama atenção um país vizinho, que muito se organizou para a campanha de vacinação, se mobilizou, o Chile. Os chilenos começaram a negociar com a Pfizer em agosto, em novembro fecharam o primeiro lote de 10 milhões de doses. A mesma Pfizer que nos ofereceu 70 milhões de doses em agosto, o que foi recusado pelo presidente Bolsonaro. Com os “bate bocas” de sempre do presidente, fomos ficando para trás. Um gráfico a evidenciar isso.



No ambiente externo, decorrente de algum atraso na vacinação em vários países da Europa, na quinta-feira as bolsas globais desabaram, o barril do petróleo recuou forte e dispararam os yelds dos Tareasuries. Não há vacina para todos. Existe sim um gargalo na oferta pelos laboratórios. Decorrente disso, as vacinações estão ocorrendo de forma muito errática e lenta. No Brasil, este quadro acabou limitando a reação dos ativos domésticos, depois do BC ter dado um “choque de credibilidade”, ao elevar a taxa Selic em 0,75 p.p., a 2,75% anuais. Para a próxima reunião do Copom, em maio, crescem as apostas de que a taxa Selic terá mais um aperto de 0,75 p.p., não sendo surpresa se chegar a 1 ponto porcentual.

No mercado de câmbio, o cenário é de tendência global de alta do dólar, em meio à pressão nos Treasuries de longo prazo. No Brasil, depois da decisão do Copom, a moeda norte-americana até deu uma cedida na quinta-feira, -o,30%, a R$ 5,5695, depois de, pela manhã, ter cedido até a R$ 5,47, em reação ao Copom mais “hawkish”. Já a bolsa de valores foi de baixa, tanto aqui quanto em NY.
Além do caos da Covid19 no Brasil, com cada vez mais medidas de restrição adotadas, a possibilidade de uma terceira onda da pandemia na Europa ajudou por tombar o petróleo em 7%, afetando as ações da Petrobras. Ao mesmo tempo, as ações dos varejistas reagiram em queda ao aperto monetário e o recuo do Ibovespa, -1,47%, aos 114.835,43 pontos, só não maior porque os bancos, que podem ter seus resultados favorecidos pelo juro mais alto, sustentaram os ganhos. Em Nova York, diante do tombo das petroleiras, nenhum índice conseguiu resistir à queda, mas o destaque foi a forte baixa de 3% do Nasdacq.

MERCADO DE ATIVOS

Num cenário de incerteza sobre o futuro, o ciclo de vacinações, o barril de petróleo despencou, seguido pelas bolsas internacionais. Em NY, a Nasdaq caiu 3,02%; no Brasil, o Ibovespa acompanhou a piora do humor externo e fechou em queda de 1,47%, a 114.835,43 pontos, com giro financeiro de R$ 32,3 bilhões. Na semana, avança 0,59% e no mês, 4,36%, colocando as perdas do ano a -3,51%. No mercado cambial, o fechamento do dólar à vista foi de baixa de 0,30%, a R$ 5,5695. No mercado futuro, o dólar para abril cedia 0,34%, a R$ 5,5680, em dia de volume mais forte de negócios, superando US$ 16 bilhões. Ainda no mercado futuro, destaque para a movimentação dos estrangeiros esta semana, com forte redução de posições contra o real, chegando a US$ 2,7 bilhões.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...