quinta-feira, 12 de março de 2020

Maiores quedas do BOVESPA desde o Plano Real

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Teodoro Meissner

Lá vai um raro textão. Desculpem.
Não vou às manifestações do próximo dia 15. Por não concordar com o seu leit-motiv.
Se concordasse, também não iria, por causa do coronavírus, embora os infectologistas garantam que não há um só caso de contaminação comunitária no Brasil, até o momento em que escrevo. Logo, não há evidência nenhuma de que o novo vírus esteja circulando no País, fora dos locais de isolamento onde estão os infectados. Mas circulará em breve, é inevitável, dizem os mesmos especialistas. E esse breve pode ser daqui a um minuto, daqui a alguns dias, no máximo duas semanas, afirmam. Por segurança, não quero me juntar a multidões, seja para qual fim for.
Voltando às manifestações.
Não considero a Constituição e muito menos o Congresso intocáveis. Ao contrário, creio que precisam de aperfeiçoamentos urgentes.
Lembro-me de uma conversa ocorrida há mais ou menos 25 anos. Em um almoço privado, estávamos eu, o diretor de redação de um dos jornalões e o presidente no Brasil de uma importante corporação multinacional, nosso anfitrião. Entre os tópicos discutidos no encontro (não era uma entrevista, mas troca de pontos de vista), um foi como fazer o País funcionar com essa Constituição e esse Congresso (não importam os nomes das pessoas físicas que estejam parlamentares no momento). Não vislumbramos saída democrática. E rejeitamos qualquer uma que não o fosse.
Um quarto de século depois, nenhuma saída foi encontrada, nem consigo vislumbrá-la no médio prazo (a longo prazo estaremos todos mortos, já disse alguém).
Todos os presidentes que ocuparam o cargo, pós-ditadura, de diferentes matizes ideológicos, disseram que a Constituição tornava o País ingovernável. Uma Constituição parlamentarista (seu maior mentor, Ulysses Guimarães, era parlamentarista e sonhava ser primeiro-ministro) para um regime presidencialista não tinha como dar certo. O problema é: como mudar a Constituição sem torná-la ainda pior, dada a indigência da maioria da classe política atual, que se rege majoritariamente na base do “Matheus, primeiro os teus”? Não tenho solução. Nem ninguém encontrou nesses mais de 30 anos de vigência da “cidadã”.
Vamos ao Congresso.
A questão do Senado é de resolução mais simples. O primeiro passo é voltarmos a ter dois senadores por unidade federativa e não três. Esse terceiro senador foi introduzido pelo Pacote de Abril (de 1977), pelo general-presidente Ernesto Geisel, como forma de continuar a controlar o Senado depois da monumental e inesperada surra que a ditadura levou nas eleições de 1974. O terceiro senador não era eleito, mas nomeado pelo governo, razão pela qual ganhou o apelido de “biônico”. A “cidadã” manteve o terceiro senador, apenas determinando que ele também fosse eleito pelo voto. Afinal, uma boquinha a mais para a insaciável fome dos políticos nunca é demais, não é mesmo?
A Câmara exige uma reforma política muito mais ampla e que não vejo no horizonte. Uma das principais bandeiras dos que defendem que “no Parlamento não se mexe” é que os parlamentares foram eleitos democraticamente pelo povo.
Não, não foram. Dos 531 deputados federais de hoje, só 27 dependerem apenas dos votos dados a eles para se elegerem (míseros 5,26% do total). O resto só está lá por causa da esdrúxula regra dos votos no partido e/ou na coligação de partidos. Em outras palavras: um Tiririca elege uns dez Rodrigo Maia, o instant darling da imprensa que, assim como Ulysses, sonha em ser o imperador do Brasil, com seus minguados 70 mil e tantos votos recebidos na última eleição e que não lhe garantiram assento na Câmara.
Vem aí uma reforma política, talvez no próximo ano.
(Nesse ano, não acredito. O segundo semestre será de “recesso branco” por conta das eleições municipais. E é bem provável que com essa história de coronavírus Suas Excelências em breve antecipem o tal recesso.)
Desconfio que a reforma que virá não atacará a questão de base: como tornar o Congresso representativo da vontade popular, como é, ou deveria ser, obrigatório em uma democracia representativa? Há muitas maneiras de se fazer isso (voto distrital, distrital misto etc.). Mas a maneira como está serve perfeitamente às oligarquias que dominam o Congresso. Para que mudar?

Luiz Carlos Mendonça de Barros

Na avaliação de Mendonça de Barros, o governo não deve adotar medidas de estímulo na tentativa de fazer frente aos efeitos da instabilidade, algo que vem sendo aventado por alguns economistas. “O estímulo virá da China, daqui a alguns meses. Quando a propagação da doença estiver controlada, o governo lançará 1 pacote para a retomada da atividade”, afirmou. As medidas a serem adotadas pelos chineses deverão ter forte impacto na economia brasileira, que tem no país asiático o principal destino das exportações. “O governo deve esperar esse momento para atuar aqui, de forma coordenada com o que for feito na China”, explicou. Mesmo com essa possibilidade de recuperação da demanda a partir do estímulo chinês, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano será novamente frustrante, na avaliação de Mendonça de Barros. “Os 2 últimos trimestres serão melhores do que os 2 primeiros. Mas teremos perdido mais uma oportunidade de crescer de forma mais intensa quando isso estava prestes vir. Foi assim também em 2017, no governo Temer”, disse. Ele não vê, no atual quadro, espaço para privatizações. “Se não fizeram isso quando estávamos com céu de brigadeiro, não será feito nesta situação, com investidores avessos ao risco”, afirmou.

Mergulho do mercado

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O BEAR MARKET MAIS RÁPIDO DO MUNDO O recente colapso das bolsas americana fizeram com que os mercados de bolsa entrassem em "bear market" (>20% de queda). Nunca antes na história um mercado tinha entrado em BM tão rápido (19 dias).

FED INJETA RECURSOS

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FED PLANEJA INJETAR U$ 1 TRI POR SEMANA O banco central americano acaba de anunciar que vai disponibilizar cerca de 1 trilhão de dólares por semana para o mercado interbancário (Repo Market), durante o resto de março. Parece que o Fed entrou definitivamente no modo QE4.

Mansueto e o crédito extra

Secretário do Tesouro, Mansueto Almeida afirmou nesta quinta-feira (12) que é “totalmente possível” o governo conseguir a liberação de recursos extras para combater o novo coronavírus.
Na quarta (11), Paulo Guedes, Luiz Henrique Mandetta e outros ministros foram ao Congresso para uma reunião emergencial para tratar sobre o assunto. No encontro, o ministro da Saúde pediu que os parlamentares aprovassem uma medida provisória para liberar R$ 5 bilhões em crédito extra para a pasta.











Mansueto disse que, apesar do pouco espaço fiscal para medidas imediatas, o governo estuda quais medidas pode adotar. “Crédito extra, por exemplo, para combate ao coronavírus, que ontem foi discutido, isso é totalmente possível”, afirmou.

Ficar parado

Você sabe onde a crise começou, sabe que o meio está um pouco adiante e sabe que em alguns meses o pior terá passado,” Florian Bartunek, o gestor da Constellation.

Mercado neste dia 12 de março

O Ibovespa, principal índice acionário da B3, a bolsa brasileira, encerrou com grandes perdas o pregão desta quinta-feira (12). As perdas foram de 14,78%, aos 72.582,53 pontos.
Hoje, foram acionados 2 circuit breakers, uma quando as perdas passaram de 10%, logo às 10h20, e outra vez por volta das 11h. Foi a quarta parada nos negócios durante a semana, com os ânimos acirrados por conta dos estragos da pandemia de coronavírus na economia.
O dólar comercial fechou o dia em alta, com valorização de 1,38% ante o Real e cotado a R$ 4,786. Mais cedo, a moeda norte-americana chegou a valer R$ 5, pela primeira vez na história. O Banco Central fez um leilão de US$ 2,5 bi, na tentativa de segurar a alta.
A semana já começou com pânico generalizado nos mercados, com o preço do petróleo e os receios com o coronavírus. Na segunda-feira, a bolsa ficou parada por meia hora, com o o primeiro circuit breaker da semana, um mecanismo de defesa contra a volatilidade. Ontem, houve o segundo caso no período, com o anúncio da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que o surto de COVID-19 é uma pandemia.
Desde 1998 o mercado não vivia este clima de terra arrasada. 

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...