terça-feira, 10 de março de 2020

Como foi o mercado hoje



Depois de despencar 12% no dia anterior, hoje foi dia de recuperação com a Bovespa subindo 7,1%. O mercado estava barato e os investidores foram às compras. Vamos ver como deve se comportar nesta quarta-feira. 

Resista, Paulo Guedes

A imagem pode conter: possível texto que diz "Estratégia de Guedes de restringir gasto público divid economistas Enquanto Monica de Bolle defende revisão de teto de gastos contra crise, Zeina Latif diz que políticas de estímulo seriam um equívoco"

Resista, Paulo Guedes!
Bastou um dia de pânico nos mercados para os arautos de sempre começarem a vaticinar o fracasso total da política econômica liberal do ministro Paulo Guedes e clamar pelo aumento dos gastos públicos. Ontem, na Globo News, uma economista que se diz liberal, mas que de liberal não tem nada, pedia inclusive o fim do teto de gastos, a fim de que o governo pudesse (no jargão keynesiano) "operar uma política anticíclica", embora tenha se esquecido dela no tempo das vacas gordas.
Já o jornal Estado de São Paulo trouxe hoje um editorial no mesmo diapasão. Diz o jornal paulista:
"Enquanto o pânico varria os mercados, com as bolsas desabando, o preço do petróleo despencando e o dólar disparando em todo o mundo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, insistia, ontem de manhã, em ostentar tranquilidade e quase indiferença em relação aos desafios econômicos associados ao coronavírus. Reformas estruturantes são a melhor resposta à crise, disse o ministro, como se os estragos – já iniciados ou já captados no radar – fossem adiáveis até a aprovação e sanção de projetos ainda nem mandados ao Congresso. Enquanto essas declarações eram difundidas, circuit breakers eram acionados em bolsas, no Brasil e no exterior, para interromper os negócios e deter, por algum tempo, o tombo das cotações".
Em outras palavras, não importa que o país hoje esteja enfrentando seríssimas dificuldades em função do desequilíbrio dos gastos públicos durante os governos petistas, nem que os gastos exorbitantes daquele período tenham produzido crescimento pífio e uma grande recessão no final. Eles querem ainda mais do mesmo. Nada muito diferente de tentar curar um alcoólatra com doses elevadas de álcool.
Felizmente, o mesmo Estadão informou que o ministro pretende resistir:
"Em reunião com todo o primeiro escalão da equipe econômica, na manhã de ontem, Guedes deixou claro que não tem “plano B” para a economia e que a estratégia é seguir com o plano inicial já traçado e aproveitar o ventos internacionais desfavoráveis para “aprofundá-lo”.“Não tem caminho sem as reformas”, disse o ministro aos seus principais auxiliares. Foi uma resposta à pressão de fora da equipe econômica para o governo dar estímulo fiscal e mudar o teto de gasto, regra que impede que as despesas aumentem em ritmo superior à inflação."
Não há nenhuma novidade nesses apelos por intervenções. Como dizia Milton Friedman, “se observarmos cada problema à medida que surge, quase sempre nos depararemos com fortes pressões políticas para “fazer algo” em relação a ele. Isso acontece porque os efeitos diretos e imediatos das soluções propostas são claros e óbvios, enquanto os efeitos indiretos são remotos e complicados”. Acrescente-se a isso o fato de que quase sempre haverá grupos de interesse organizados com argumentos contundentes a favor de uma medida em particular, enquanto seus opositores são dispersos e desorganizados, e os efeitos de longo prazo difíceis de vincular.
A grande verdade é que, embora as viúvas do intervencionismo insistam em maldizer o mercado e a ganância dos agentes econômicos por todas as crises do capitalismo, são sempre as primeiras a proclamar que é chegada a hora de o todo-poderoso Estado-babá colocar ordem na casa, não raro salvando os grandes investidores de imensos prejuízos e mandando a conta para os pagadores de impostos. Essa associação perversa dos rent-seekers com os apologistas do Estado-Babá quase sempre deixa os contribuintes com o abacaxi nas mãos e o pepino sabe-se lá onde...
Mas não precisa ser necessariamente assim. No decorrer de uma dessas crises recorrentes do capitalismo, durante os anos 80, o então presidente Reagan, instado a fazer o Estado salvar a economia do cataclismo que se anunciava pela mídia, formulou a famosa frase que até hoje reverbera como uma das mais lúcidas e criativas tiradas do ex-presidente: “na crise atual, o governo não é a solução para os nossos problemas; o governo É o problema”. Ele disse isso e tomou a decisão de não intervir em meio a uma crise onde o mercado de ações quebrou, em um único dia, pela primeira vez, o recorde de baixa de 1929. Então, apesar de Reagan cruzar os braços, a economia se recuperou rapidamente e houve vários anos de crescimento econômico, com baixa inflação e baixo desemprego.
O exato oposto disso aconteceu durante a grande depressão dos anos 30, em que o governo dos Estados Unidos operou uma das maiores intervenções econômicas de que se tem notícia, a fim de "salvar o capitalismo". Embora o famigerado New Deal seja cantado em prosa e verso por 11 de cada dez intervencionistas, a verdade é que, em termos práticos, seus resultados de longo prazo foram anêmicos.
Quem diz isso não sou eu ou qualquer outro liberal, mas ninguém menos do que o então secretário do Tesouro e amigo íntimo de Roosevelt, Henry Morganthau. Em discurso para um congresso Democrata, em maio de 1939, ele disse o seguinte: "Tentamos gastar dinheiro. Estamos gastando mais do que jamais pensamos antes e não está funcionando. Eu tenho apenas um interesse ... Quero ver este país próspero. Quero ver as pessoas conseguirem um emprego. Quero ver as pessoas terem o suficiente para comer. O fato é que nunca cumprimos nossas promessas. .. Após oito anos de administração, temos tanto desemprego quanto quando começamos ... E uma dívida enorme para pagar!" *
* Burton Folsom, Jr., New Deal or Raw Deal? (New York: Simon & Schuster, 2008)

Bolsa de valores

"A Bolsa brasileira teve sua maior queda do século desde nesta  segunda-feira (9). O Ibovespa, maior índice acionário do país, despencou  12,17%, a 86.067 pontos, menor patamar desde 26 dezembro de 2018. Essa é  a maior queda diária, em termos percentuais, desde 10 de setembro de  1998, quando a Bolsa caiu 15,8%, em período marcado pela crise  financeira russa."

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Editorial do Estadão (17/02)

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