terça-feira, 22 de junho de 2021

Ata do Copom

Terça-feira foi dia de ata do Copom e também de novas sinalizações do Fed sobre sua política de juros. Em ambas, o que se observou é que, enquanto o presidente Roberto Campos Neto, do BACEN brasileiro, se mostra bem atento, atrás da curva de juro e pronto para ser mais duro se possível, no Fed a leitura segue sendo de aguardar um pouco mais para começar a mudar o ritmo na compra de ativos e no balizamento de juro.

Por lá, a leitura é de que a inflação mais elevada agora veio "puxada" pela reabertura da economia, o que gerou algum impacto nas cadeias produtivas, em desbalanceamento, com a escassez de insumos. No Brasil, no entanto, diante da crise hídrica e do receio de uma disseminação da inflação em novo patamar, não resta ao BACEN ser mais duro, ou hawkish como se fala no mercado.

Depois da reunião da semana passada, quando o BACEN havia decidido por um ajuste de 0,75 ponto percentual, a 4,25%, muito se comentava que na próxima reunião de agosto o ajuste seria o mesmo, +0,75 ponto percentual, a 5,0%. Agora não se tem mais esta certeza.

Isso porque nesta ata de terça-feira, disse o BACEN o seguinte, "frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião. Considerando os diversos cenários alternativos, entendeu, no entanto, que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião."

Para isso, os diretores do Copom preferem "acumular mais informações sobre os tradicionais determinantes da inflação e, em particular, de alguns de seus aspectos qualitativos: (i) evolução dos preços mais inerciais, conforme o setor de Serviços se recupera, e (ii) comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa Focus quanto o implícito nos preços de mercado."

Isso posto, dá para perceber que o próximo passo irá depender da evolução do cenário da inflação, mas também da visão de que a inflação pode piorar um pouco antes de melhorar, o que pode fazer com que a Selic tenha um aumento maior em agosto e feche o ano acima de 6,0%.

Isso decorre da preocupação pertinente neste momento com a crise hídrica e a possibilidade de racionamento ou blackout. Duas bombas na agenda econômica do governo, não esperadas.

Mesmo assim, o governo não tem motivos para reclamar, pois finalmente, conseguiu colocar a primeira privatização na mesa.

A capitalização da MP da Eletrobras deve ser saudada, havendo a expectativa desta operação (venda de participação) acontecer em janeiro do ano que vem. São esperadas receitas próximas de R$ 100 bilhões. O único "senão" é a contaminação política do processo, depois da decisão política de permitir a construção de termelétricas em vários estados da federação, em situações em que falta infraestrutura em muitos deles.

Falando da agenda de reformas, na reforma tributária dois pontos eram destaques nas discussões nesta terça: a taxação sobre lucros e dividendos e sobre CSLL.

Na taxação sobre lucros e dividendos, o tema parece bem encaminhado na Câmara, mas, como já ocorreu em outros momentos, esbarra no pedido de “arredondamento” da faixa de isenção, de R$ 2,4 para R$ 2,5 mil. Já no aumento da tributação de instituições financeiras, temos a elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos de 15% para 25% em 2021 e 20% em 2022.


No imposto de renda pessoa física, o governo também considera a possibilidade de elevar para até R$ 2.500 a faixa de isenção do IRPF. Atualmente, a primeira faixa de isenção vai até R$ 1.920.


Nesta terça-feira, o dólar encerrou abaixo dos R$ 5 pela primeira vez em mais de um ano – a última vez foi em 10 de junho. Na sessão desta terça-feira (22), a divisa recuou 1,12% para R$ 4,9662. Já na B3, o Ibovespa fechou o pregão em queda de 0,38% em 128.767 pontos.

Editorial do Estadão (17/02)

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