sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Vídeos de Economia e Finanças do MARCOS WILKER

Artigo da Mônica de Bolle.

Artigo da MÔNICA DE BOLLE, "Lesson from Brazil’s Populist Bust"


https://piie.com/blogs/realtime-economic-issues-watch/lesson-brazils-populist-bust

ORTODOXOS E HETERODOXOS

A Ciência Econômica, para o bem, ou para o mal, permite a existência de diferentes correntes teóricas. Basicamente, de um lado, os keynesianos, com suas nuances, do outro, os neo-clássicos, também com suas variantes. Traduzindo, teríamos os heterodoxos e os ortodoxos. 
Passados séculos na evolução do pensamento eco, é triste constatar, no entanto, como estas duas correntes se escondem nos seus pedestais e pouco avançam no debate econômico....
Depois do Plano Real, com o bem sucedido processo de estabilização, pensava "cá com os meus botões", que polêmicas sobre como operar o mix de políticas econômicas, com a fiscal e a monetária, complementares e efetivas, estariam superadas. De um lado, o BACEN, como "guardião da moeda" e na fiscalização do sistema financeiro, do outro, o Tesouro, evitando descontrole das contas públicas, sob a égide da LRF....Em torno disso, a necessidade de preservar o tripé de política eco, com câmbio flutuante amortecendo volatilidades, a LRF, mantendo a disciplina fiscal, e o sistema de metas de inflação, na perseguição ao centro da meta de 4,5%.
Qual a minha surpresa, na gestão Dilma, tudo isto acabou abandonado, em nome de uma heterodoxia infantil e tosca. Todos os nossos ensinamentos nestes 50 anos de combate à inflação e estabilização econômica, acabaram abandonados e inventaram a tal "nova matriz macro"....Todo o amadurecimento em torno da teoria econômica e de certo princípios básicos para o bom funcionamento da economia, acabaram abandonados ou jogados no lixo....

Agora estamos tentando restabelecer certa racionalidade na gestão pública, com a Reforma da Previdência e a PEC do teto das despesas, ambas medidas consideradas urgentes. Não cabe mais este debate estéril entre ortodoxos e heterodoxos. Tem q ser feito e fim de papo. 

Como os países ficam ricos, de Paulo Gala

O DESMENTIDO DO GOVERNO TEMER

O presidente Michel Temer disse que não houve irregularidade no cheque de R$ 1 milhão repassado à campanha para vice-presidência em 2014.“Trata-se de cheque nominal do PMDB repassado para a campanha do então vice-presidente Michel Temer, datado de 10 junho de 2014. Basta ler o cheque. Não houve qualquer irregularidade na campanha do então vice-presidente Michel Temer”O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisa ação movida pelo PSDB que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por suposto uso de poder político e econômico na campanha de 2014. De acordo com o tribunal, a defesa da ex-presidenta Dilma Rousseff apresentou o cheque, da construtora Andrade Gutierrez, como evidência de que o dinheiro, supostamente vinculado a contratos envolvendo a empreiteira, teria ingressado na campanha por meio do PMDB, e não pelo PT. 

Não é minha linha teórica ou de análise, mas eu divulgo.

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Muito cara de pau, não??

Como previsto, o PT e seus aliados lançaram um movimento em defesa de Lula. O ápice do evento foi um discurso do próprio Lula. Além de desqualificar a Lava Jato e as autoridades responsáveis pela operação, o ex-presidente atribuiu as mazelas econômicas do País ao recém-instalado governo de Michel Temer. Lamentou, por exemplo que, após “as conquistas do povo no nosso governo”, 12 milhões de brasileiros tenham sido mandados para o olho da rua.

Capa da ISTOÉ

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OS ESQUECIDOS

Não resta dúvida de que a vitória de Donald Trump pegou o mundo no contrapé.

Contra tudo e todos, com uma postura histriônica, entre raivosa e populista, respondendo aos que tentavam ridicularizá-lo (não sem razão), foi avançando, ultrapassando obstáculos e mesmo isolado pelo mainstream, chegou, na madrugada de quarta-feira, a uma impressionante vitória de 288 votos a favor contra 215 da sua adversária Hillary Clinton (esta sim com grande apoio da inteligentsia norte-americana a porque não dizer, global).

Calou a boca de todos os grandes líderes dos países desenvolvidos, sim porque era Trump contra o mundo, com exceção de Vladimir Putin que se manteve ao seu lado.

Por que Trump resolveu bancar este projeto, indo contra a corrente, quando era maioria os que achavam isso algo improvável? O que o levou a esta vitória avassaladora e inacreditável?

Ele era, de fato, o anticandidato. A antítese de tudo que se acredita neste mundo “politicamente correto”. Seu discurso foi o mais raivoso possível, sua análise econômica rasa como a de todos os populistas que almejam o caminho fácil das soluções sem dor, suas colocações preconceituosas, calaram fundo aos que acreditam na diversidade, numa sociedade mais aberta e justa. Foi, sem dúvida, a vitória do outsider. Das promessas por uma América mais orgulhosa de si e se impondo ao mundo. Pelo menos este era o discurso que todos os seus eleitores esperavam.

Mas quem são estes eleitores. De onde eles saíram?

Não é fácil encontrá-los. Muito se comenta que foi aquele “voto envergonhado”, sem querer se mostrar. Surgiram das “franjas da América”, esquecidos pela crise e a globalização, originários das fábricas do “cinturão de ferrugem, do velho Oeste, das sucatas” (pelo grande número de empresas quebradas), na região de Ohio, Carolina do Norte, Detroit, Wisconsin, etc. Homens brancos, com pouca instrução, sem emprego fixo, trabalhando no chamado “horário parcial” (5,9 milhões nesta situação), nacionalistas e rancorosos, em sua maioria, portando uma arma, mais localizados nos estados do Sul e do Centro-Oeste. Em poucas palavras, este seria o “retrato” do eleitorado de Donald Trump.

Uma pesquisa interessante do jornal The New York Times (NYT) nos ajuda a traçar este perfil. No outro lado, estariam os eleitores democratas, cosmopolitas, bem nascidos e com boa formação, aceitando as minorias raciais e religiosas, vivendo mais nas grandes cidades.

Entre os eleitores de Trump, em sua maioria, homens brancos (58% do total), mais velhos, com idade entre 45 anos ou mais (53%), na verdade, colecionando frustrações pela falência de empresas e mudanças destas para países onde o custo da mão de obra seria mais barato, como na Ásia. Na sua maioria, são pessoas sem ensino superior (51%, entre os brancos chegando a 67%). No nível de renda, estariam distribuídos entre os vários extratos, mas maioria entre aquela “classe média baixa”, vivendo em pequenas cidades ou zonas rurais. Em peso seriam conservadores, eleitores convictos do Partido Republicano. Dentre os praticantes religiosos, os protestantes (58%) e os católicos (52%). São o que a imprensa chama de “wasp, white, anglo-saxan and protestant”. Na sua maioria, casados e em alguns casos, veteranos de guerra ou militares (61%).

Para este eleitor, o País estaria “fora do rumo”, as questões mais importantes seriam a imigração (64%), por estes terem tirado seus empregos, e o terrorismo, outro fantasma da América atual (57%). As condições da economia se caracterizariam pela pobreza, desemprego e a situação das famílias, piorando nos dias de hoje (78%). Seriam contrários à abertura dos mercados, à invasão de produtos estrangeiros, em especial, dos chineses, que acabaram tirando os empregos de muitos (65%). Para estes eleitores, os imigrantes devem ser deportados (84%) e eles concordariam com a construção com um muro na fronteira com o México (86%). São totalmente contrários ao governo atual. Se mostram irritados com Obama (77%), desaprovam seu governo (90%) e consideram Donald Trump um cara confiável (94%).
Enfim, na verdade, o que as pesquisas anteriores não mostraram é que o número de eleitores de Trump foi bem maior do que se imaginava. Brancos, religiosos, com pouca instrução, subempregados e contrários aos imigrantes e às minorias em geral.

Como está a economia norte-americana? Como evoluiu nos últimos anos? 

A economia norte-americana vem caminhando moderadamente, com crescimento anualizado em torno de 2,9%, inflação baixa, pleno emprego, com a taxa de desemprego em torno de 4,9% da PEA, mas sem deixar de mostrar algumas deficiências. Estas estariam refletidas nos salários estagnados e na piora da distribuição de renda, com parte dos norte-americanos esquecidos, não se beneficiando da recuperação recente.

Analisando o ciclo de crescimento dos EUA, vemos que este é o quarto mais longo desde meados do século XIX, segundo o Centro Nacional de Pesquisa Econômica (NBER). Teve inicio em 2009, depois da crise de crédito de 2007/08, e se encontra no 89º mês, devendo se tornar o terceiro maior período, isso caso Trump não impeça ou não gere ruídos excessivos à maior economia capitalista de mercado do mundo. O período mais longo de crescimento aconteceu entre 1991 e 2001 (120 meses), coincidindo numa parte ao governo Clinton, que administrou o país entre 1993 e 2001. O ritmo atual de crescimento dos EUA, no entanto, não empolga. Entre 2009 e 2016, a média de crescimento anual foi de 2,1%, menor do que entre 2003 e 2006 (3,2%) e entre 1992 e 2000 (3,8%).

Boa parte da recuperação recente não incorporou esta mão de obra, eleitora de Trump, simplesmente, porque pouco qualificada, não conseguiu se ajustar as mudanças da estrutura produtiva e não conseguiu empregos em outros setores da economia. Por isso, os salários se mantiveram estagnados por um bom tempo, com parte dos trabalhadores ainda se mantendo em tempo parcial, em outubro chegando a 5,9 milhões de pessoas. Já a desigualdade piorou. Em 2015, 10% dos mais ricos ficaram com 50% da renda, incluindo ganhos de capital, enquanto que em 1970 era 32,6% e em 2000 44%.


Por estes motivos citados, pelos americanos esquecidos, Trump acabou eleito. Agora é esperar para saber o que ele pretende fazer. Qual será sua agenda de governo, se a do discurso raivoso de campanha ou do real politik. Pelos movimentos depois de eleito, achamos que deve recair mais sobre a segunda opção.  

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...