segunda-feira, 31 de maio de 2021

MACRO MERCADOS SEMANAL 31/05/21 - AGENDA CHEIA DE INDICADORES DE ATIVIDADE

Este é o último dia útil de maio, segunda-feira, dia 31/05, feriado nos EUA - Memorial Day - e no Reino Unido - Spring Bank Holiday. Aliás, nesta semana são dois dias de feriado, nesta segunda-feira, como citado, e na quinta-feira, com o Corpus Christi no Brasil. Nestes dias de feriado, nos EUA e no Reino Unido, a liquidez tende a ser bem mais baixa, o que se recomenda aos investidores mais cautela, só de olho nos ativos e não operando muito.

Sobre a agenda da semana, há a divulgação de PMIs ao redor do mundo e na sexta-feira o payroll norte-americano de maio, principal indicador de mercado de trabalho. No Brasil, seguem os debates em torno da CPI da Covid e a polarização política nas ruas. 

Saem nesta segunda-feira três indicadores da FGV, que oferecem um bom panorama da economia no primeiro semestre e as expectativas para os próximos meses: o Índice de Confiança Empresarial (ICE) de abril e as Sondagens do Comércio e de Serviços de maio. Ao longo da semana ainda teremos as Sondagens da Construção Civil e da Indústria. 

Segunda-feira é dia também de Indicadores Fiscais Consolidados do Banco Central, quando confirmaremos a boa trajetória do Tesouro em abril, quando a arrecadação federal foi puxada pela economia crescendo mais do que o esperado. Pelo lado das despesas, confirmaremos o impacto do atraso na aprovação do Orçamento da União, o que segurou boa parte das despesas discricionárias e obrigatórias. 

Na terça-feira saem variados indicadores PMI no exterior e no Brasil o PIB do primeiro trimestre, que deve vir melhor do que o esperado, entre estável, ou pequena queda a crescendo até 1%, o que deve ser um sinal para a revisão do PIB no ano, crescente acima de 4%, com algumas instituições enxergando até 5%. 

Já parece haver alguma unanimidade, dada a velocidade da vacinação no Brasil, de que o segundo semestre deve ser de retomada mais consistente da economia, embora não possamos excluir o risco de uma terceira onda, ainda mais com a cepa indiana à espreita e os problemas políticos de sempre. Já são 462 mil mortos, mas vão caindo as mortes diárias.  

Na quarta-feira é divulgado também o indicador de Produção Industrial de abril, pelo IBGE, para que seja possível uma melhor noção desta situação de retomada. Nos EUA sai o Livro Bege, também um panorama bem amplo sobre o ritmo da economia norte-americana. Por lá  o que se tem é a inflação acelerada, na nossa opinião, mais temporária, pela reabertura e os gargalos de produção em alguns setores, como exemplo, os semicondutores para os automóveis, e a uma economia que retomada lentamente em alguns setores, mais intensa em outros.    

Na quinta-feira, feriado no Brasil de Corpus Christi, mais PMI variados em vários países e os indicadores de geração de emprego no setor privado norte-americano, ADP. Esta é também uma monitorização atenta por lá, pois saberemos com mais exatidão o ritmo da geração de empregos e os impactos paraelelos na inflação. Sexta-feira é dia de payroll e taxa de desemprego, ambos de maio, sendo que muitos esperam chegar a um milhão de vagas geradas, bem mais do que a decepção de abril (266 mil). 

No Brasil, estejamos atentos as discussões em torno das reformas e as privatizações no Congresso, assim como a CPI da Covid e a possível extensão do auxílio emergencial. Temos também as escaramuças em torno da crise hídrica e o uso intensivo de termoelétricas e o ciclo de vacinação. 

Por aqui, a CPI da Covid deve mobilizar muita gente com opiniões controversas, a começar pela médica NISE YAMAGUSHI na terça-feira, defensora do tratamento preventivo e da cloroquina. Será uma semana também em que deve repercutir os recursos que muitos governadores devem apresentar contra o convite para depoimentos.  

Na agenda de reformas, avanços são previstos nas discussões no Senado em torno da MP da Eletrobras e sobre as reformas administrativa e tributária. 

No mercado. Na sexta-feria, o Ibovespa fechou em alta de 0,96%, a 125.561 pontos, na semana com perdas de 1,36%, não apagando a alta de 1,75% no mês. Foi a segunda alta mensal consecutiva do índice, que já havia registrado valorização de 6,0% em março. 

Maio foi marcado pela recuperação econômica dos EUA em meio à vacinação em massa da população e estímulos governamentais. Por aqui, a pauta dominante foi a sanção do Orçamento de 2021, com o veto do governo a R$ 19,8 bilhões em emendas e despesas discricionárias, além de um bloqueio de mais R$ 9 bilhões que podem ser desbloqueados até o fim do ano. 

Já o dólar recuou na sexta-feira 0,77%, a R$ 5,2148, terceira queda na semana, no menor patamar desde janeiro frente ao real, com os mercados ainda embalados por um maior otimismo visto recentemente com a economia brasileira. 

No mercado de moedas virtuais, o bitcoin segue perdendo fôlego, ampliando o declínio em maio para cerca de 40%, com a repressão crescente na China e as preocupações ambientais. Segundo observadores, "o bitcoin está atualmente em um 'modo de espera', negociando na faixa de US$ 34.000 a US$ 40.000". A moeda acumula queda próxima a 40% no mês, o que, se mantido, será seu pior desempenho mensal em vários anos. 

sábado, 29 de maio de 2021

Tirando um elefante ou bode da sala

Um dos principais compromissos deste governo, e de qualquer outro que vier, será conduzir com urgência e agilidade a chamada "agenda de reformas estruturais".

Agenda que, aliás, vem se mantendo como promessa há muitos anos, mas pouco avançando. 

Lendo o último livro do economista Gustavo Franco, "Lições Amargas", este tema ganha uma atualidade impressionante e até, constrangedora.

Segundo ele, "não é de hoje que temos uma obsessão nacional por não balançar o barco". 

As reformas, quando aprovadas, vem pela metade, não mexendo com certos interesses enraizados do nosso "capitalismo de Estado". Estamos muito longe de uma economia de mercado, mais parecendo uma hanchmen`s  economie, uma "economia de capangas", "encroada" em muito corporativismo e reações contra a necssidade de mudanças inadiáveis. Como diria Câmara Cascudo, "somos o País que não tem problemas, apenas soluções adiadas".

Contra as reformas, "nunca estamos "prontos", ou os mais prejudicados por elas sempre se julgarem injustiçados, pleitearem um adiamento, para o governo seguinte, ou, idealmente, para a próxima geração. É sempre a mesma conversa, o mesmo papo, como se o tema fosse "inconstitucional" e as "boquinhas" pudessem sempre durar mais umas décadas".

Num balanço mais recente, talvez desde o Plano Real, a partir de 1994 algum avanço até houve neste ciclo de poder do presidente FHC, mas, estranhamente, no ciclo seguinte, do petismo acabou abandonado, com poucos avanços concretos. A

lgum até houve, no breve interregno do govern tampão de Michel Temer, com a reforma trabalhista discutida e avançando, mesmo que pouco. Na verdade, nestes últimos 30 anos tivemos reformas num "gradualismo excessivo e movimentos pequenos, tardios e insuficientes".

Vivemos nos últimos anos "vôos de galinha", crescimentos curtos, seguidos de mergulhos recessivos,  e "décadas perdidas". E agora? Como achá-las? 

Segundo o economista Adolfo Salshsida, "o Brasil está cansado de vôos de galinha no crescimento econômico. Não adianta crescer muito num ano e depois cair no outro. Exatamente por isso temos insistido tanto na continuidade de nossa política econômica: consolidação fiscal e reformas econômicas para o aumento de produtividade. Pilares sólidos do crescimento econômico de longo prazo."

Não tem jeito. Este é o diagnóstico, embora os heterodoxos, no esforço de se diferenciar, cismem em se mostrar "donos da história", e falem em "desenvolvimentismo", em projeto de desenvolvimento. 

Agora, com o governo Jair Bolsonaro, as reformas voltaram a ser discutidas, retomadas, mas muito pelo entusiasmo do ministro Paulo Guedes do que pela vontade do presidente.

A reforma da Previdência já foi aprovada, à "meia bomba", sem algumas medidas essenciais, uma transição excessiva. 

Na verdade, falta uma reforma dolorosa e necessária aos militares, a definição de uma aposentadoria única, nos dois dois regimes, servidores e trabalhadores privados, assim como do legislativo e do judiciário. Para os militares, aliás, foi criado uma reforma à parte, algo meio estranho, mostrando que Bolsonaro tem algum "compromisso" com certas categoria profissional.

Na verdade, é a reforma possível diante das circunstâncias políticas do momento.

Devemos também salientar que a criação do regime de capitalização, pelo ministro Paulo Guedes, meio que inviabilizada aos que preferiam manter o regime de participação. O problema é que este não observa a mudança da pirâmide etária do País, com o envelhecimento da população, pelo aumento da expectativa, assim como pelas transformações no mercado de trabalho, com a "pejotização" e a informalidade ganhando espaço. Isso porque é altamente custoso contratar um trabalhador pela CLT, sendo que um trabalhador que ganha passe a ganhar R$ 100, para o empregador o custo se elevar a R$ 210.

Sobre as outras reformas na pauta do Congresso agora, a tributária e a administrativa, em intensas discussões.

A reforma tributária deve ser "fatiada", com a integração dos tributos federais e a posterior adesão opcional dos estados. 

Na primeira etapa, tem-se o esforço de tentar transformar o PIS Cofins na Contribuição sobre Bens e Serviços, CBS, uma simplificação marginal. Citemos também a hipótese de alteração nas alíquotas para diferentes (ou novas) faixas de renda no IR para pessoa física e jurídica. 

A ideia da criação de um imposto único, o IVA, também deve ser saudada, assim como a fusão de diferentes impostos, como o IPI e o ICMS, neste caso, em discussão uma "reforma do consumo". 

Não podemos esquecer também uma possível taxação sobre ganhos de capital e sobre dividendos. A recriação de uma contribuição sobre movimentações financeiras parece não ter tanta força. Outro tema, mais deixado de lado, é o da criação de impostos sobre grandes fortunas.

Na verdade, Guedes tem até uma agenda positiva na cabeça. Defende o aumento da competitividade internacional do país, pela diminuição do "custo Brasil", redução gradual do IPI e incentivo a uma economia “verde e digital”, duas de caráter mais concreto, no curto e médio prazos.

Defende que o "auxílio emergencial" seja renovado até o ano que vem, caso a situação da pandemia se mantenha grave - e provavelmente estará - ao fim da “edição" atual, em 31 de julho.

O tal "passaporte tributário", que eliminaria impostos de pequenas empresas afetadas pela pandemia, tem grandes chances de se concretizar, mas o formato efetivo ainda está longe de ser definido e viabilizado politicamente.

O fato é que apenas unificar o PIS/Cofins não é reforma tributária. Não resolve os nossos problemas e aumenta a carga para todos. Precisamos de uma reforma ampla que inclua ICMS e ISS, nossos tributos mais problemáticos e injustos. Vamos falar do bode ou elefante na sala?

A reforma administrativa terá como "cavalos de batalha" vencer as resistências e corporativismos dos servidores públicos, das várias categorias protegidas por sindicatos muito aguerridos. Esta aliás é uma discussão. 

Os servidores públicos, em especial, os federais, possuem quem os represente, são combativos e defendem com eficiência seus interesses. Sabem o que querem. Já os trabalhadores do setor privado possuem representatividade pulverizada, não possuem sindicatos aguerridos e tudo perdem.

O economista Marcos Lisboa é taxativo ao defender um "Estado que trabalhe para o cidadão", um servidor público, que sirva ao cidadão e não se sirva dele. 

Defende um aparelho do Estado mais profissional, com a boa definição nas métricas de avaliação. Defende também o fim da estabilidade e a criação de um período probatório para a efetivação dos servidores.

Temos um longo caminho pela frente. O que nos parece que as reformas a saírem agora, devem ser meia bomba mesmo, as possíveis diante do tal ambiente político. Sempre este discurso. 

Mais uma vez, parafraseando Gustavo Franco, usando o Teorema de Lampedusa, conclui-se, 

"para que tudo fique muito parecido com o que sempre foi, não mudamos mesmo nada de fundamental, mas ficamos cultivando o "mito" das reformas, gastando energias políticas e sociais, trabalhando penas para os consensos fáceis."

quinta-feira, 27 de maio de 2021

DADOS FISCAIS DO TESOURO DE ABRIL

O superávit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) de abril registrou R$ 16,5 bilhões, contra déficit de R$ 93,0 bilhões no mesmo abril do ano passado. No ano acumulou superávit de R$ 41,0 bilhões - melhor resultado para os quatro primeiros meses do ano desde 2015 - contra déficit de R$ 95,8 bilhões no mesmo período de 2020 (diferença de R$ 136,8 bi).

Tal resultado foi possível, devido ao aumento da arrecadação federal de abril, (+58,8% pelas receitas líquidas frente a abril de 2020) e o "represamento das despesas obrigatórias", em função da demora na aprovação do orçamento.

Estas, em termos reais, recuaram 34,4% contra abril do ano passado e 12,2% no ano, contra o mesmo período do ano passado. Isso deve dar ao governo um maior "espaço de manobra" para elevar pesadamente os gastos sociais ainda em 2021 - ampliando-os em 2022 -, como parte de movimento pela reeleição do presidente Bolsonaro.

Além disso, esta melhora fiscal teve grande ajuda da inflação e também do PIB. O PIB, pelo crescimento maior que o esperado, em torno de 4% a 5%, e a inflação, por tornar possível manobrar pelo teto dos gastos, permitindo o aumeno destes, já que a inflação será maior neste ano. 

Por outro lado, uma terceira onda da pandemia pode colocar esta recuperação fiscal em risco. Estejamos atentos. 



quarta-feira, 26 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 26/05/21 - CPI, REFORMAS E POLÍTICA MONETÁRIA

Terça-feira teve a CPI da Covid como destaque, mas também a aprovação na CCJ da reforma administrativa, assim como o IPCA-15 no piso das projeções. Por aqui, nada muda no transcurso da política monetária, nos EUA, seguem os debates em torno do início do processo de tapering pelos diretores do Fed, com muitos já considerando discutir o tema nas próximas reuniões do FOMC.

Esta parece ser a opinião, por exemplo, do vice-presidente do Fed, Richard Clarida, sinalizando que “pode haver em algum momento” o início deste debate. A inflação segue no radar, sendo divulgado o PCE de abril, e seus correlatos, nesta sexta-feira. Os indicadores norte-americanos, no entanto, ainda não são definitivos sobre se a economia roda em ritmo acima do esperado (ou não). Isso não se observa pela confiança dos consumidores, que entre abril e maio recuaram de 117,5 a 117,2, pelo Conference Board, enquanto que as vendas de imóveis novos recuaram 5,9% em abril contra março. Este último indicador se justifica pela alta da inflação recente, mostrando que os preços dos imóveis seguem em forte elevação, inibindo as compras. Neste contexto, ontem foi dia de correção nas bolsas de valores em NY. Fecharam em queda, com o DJ recuando 0,24%, a 34.312 pontos, S&P -0,21%, a 4188, e a Nasdaq -0,03%, a 13.657. O indicador de dólar, o DXY recuou 0,23%, a 89,639 pontos e no mercado de juro, nos rendimentos dos treasuries, os T 2Y foram a 0,141%, os T 10Y a 1,55% e os t 30Y 2,25%.

Isso nos leva a concluir que o Fed segue atento, reconhecendo os efeitos transitórios na alta dos preços, mas não descartando o início do ciclo de desmonte da política acomodatícia em breve. Muitos falam no final deste ano, com 2023 sendo o start para a elevação do juro. Outros acham que pode acontecer antes.

Tudo isso se reflete no comportamento do dólar, em queda contra as principais moedas, fortalecendo o real, mesmo que na margem, e retirando um pouco a pressão sobre a inflação doméstica.

O IPCA15 de maio ficou no piso das projeções de mercado, 0,44%, contra 0,6% em maio, mas acumula 7,27% em 12 meses, bem acima do teto da meta de inflação deste ano (5,25%). Ao fim deste ano deve ficar em torno de 5,3%, impactado pelos preços administrados, previstos em 8,4% neste ano, destacando os reajustes de energia elétrica em “bandeira vermelha”. Em maio subiu 2,31%, elevando o grupo habitação a subir 0,79%, contra 0,45% no mês anterior. Não esqueçamos também do gás de cozinha, em mais um mês de reajuste. Para os próximos meses novas altas da energia elétrica são previstas, assim como na tarifa de transporte público. Isso nos leva a crer que o grande vilão da inflação neste ano serão os preços administrados.

Isso abre espaço para um ciclo mais intenso de ajustes da taxa de juros, embora em normalização parcial e em menor tempo. A Selic deve ir a 5,5% ao fim deste ano, sendo previsto mais um ajuste de 0,75 ponto percentual no Copom de junho. Em agosto teremos outro. Resta saber em que intensidade. Tudo dependerá dos indicadores (data depend).

Sobre a CPI da Covid, ontem foi a fez da Dra Mayra Pinheiro, que negou a obsessão pela cloroquina, mas defendeu seu tratamento preventivo, sem maiores efeitos colaterais. Chamou atenção, no entanto, sua preocupação em blindar o presidente Bolsonaro, nas não deixando de criticá-lo por defender o tripé, uso de máscara, de uso gel e o isolamento social, ou até confinamento.

Nesta quarta-feira não teremos depoimentos e o relator, o presidente e os membros discutirão a convocação dos governadores e prefeitos, sendo possível a convocação de governadores mais alinhados com o Planalto, como Claudio Castro do Rio de Janeiro, ainda mais depois da mobilização de motos no fim de semana. Outro governador esperado será o do Amazonas. Será decidido se será reconvocado o ex-ministro da Saúde Pazuello, prestes a uma reserva compulsória pelo Exército.

Enquanto isso, na CCJ da Câmara, ontem, por 39 votos a 26, foi aprovada a primeira fase da reforma administrativa. O próximo passo é a Comissão Especial, onde o trabalho será melhorar a proposta. Ou seja, sua admissibilidade foi aprovada, agora indo para CE e sabermos se a proposta não fere cláusulas pétreas da Constituição. A previsão é que o texto seja enviado para o Senado no segundo semestre. De acordo com Lira, a proposta manterá todos os direitos e garantias dos atuais servidores. Eventuais mudanças serão válidas apenas e tão somente para os servidores admitidos após a reforma.

Sobre a reforma tributária, os debates transitam pelas possíveis etapas de um fatiamento, incluindo mudanças no imposto de renda de pessoas físicas (aumento da faixa de isenção) e jurídicas, IPIs seletivos, passaporte tributário, além da tributação sobre consumo, a "reforma do consumo".

Outro tema em discussão é a extensão do auxílio emergencial, enquanto um programa de renda mínima — ou "renda cidadã" — mais amplo do que o Bolsa Família. Este projeto pode acabar servindo muito mais como “escudo” contra temores de “intervencionismo" (como os gerados pela saída do presidente da Previ) e de aumentos de gastos visando agenda social e eleitoral do que como reforma de largo escopo na máquina pública.

A recuperação econômica, ainda que sem reformas mais amplas, parece cada vez mais ser a principal aposta do Planalto e do ministério da Economia, Paulo Guedes, bem como do Centrão, para que o governo retome a popularidade e mantenha a confiança do mercado.

Neste, ontem foi dia de realização. O Ibovespa não teve fôlego para superar o recorde de fechamento de 125.076 pontos. Recuou 0,84%, a 122.987 pontos, com giro financeiro de R$ 28,1 bilhões. Na semana, o ganho é de 0,32%, no mês de 3,44% e no ano 3,34%. Já o dólar fechou o dia em alta de 0,23%, a R$ 5,3371. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu cinco pontos-base a 5,00%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de nove pontos-base a 6,71%, o DI para janeiro e 2025 recuou 10 pontos-base a 8,16% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de oito pontos-base a 8,76%.

Na agenda do dia, estejamos atentos aos Dados do Setor Externo de abril (Bacen), com foco na curva dos investimentos estrangeiros.

terça-feira, 25 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 25/05/21 - RETOMADA DA CPI E AGENDA DE REFORMAS

Depois de uma segunda-feira em que as ações de varejo virtual foram destaque, olhemos nesta terça, com atenção redobrada, para o reinício dos trabalhos na CPI da Covid e nas comissões do Congresso, para tratarmos do andamento das reformas.

O clima não parece nada amistoso para o governo, já que o presidente não consegue "sobreviver" sem confrontação. Na verdade, pegou muito mal sua postura na "carreata das motos" no domingo passado no Rio de Janeiro. Reuniu milhões de pessoas pelas ruas do Rio, numa movimentação totalmente temerária, diante dos riscos de contaminação. E o pior com a participação do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Muitos acham que será inevitável mais uma acareação com o ex-ministro na CPI da Covid.

Sobre esta, será destaque neste dia a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitão Cloroquina”. Ela prestará seu depoimento num ambiente tenso e com o presidente da Comissão, senador Omar Aziz, bem incisivo diante do governo. Todos se mostram muito desconfortáveis com a postura "palanqueira" do presidente. Não há como contemporizar uma postura destas. Jair Bolsonaro já não governar, faz campanha para 2022.

No Exército, a repercussão do evento de domingo foi a pior possível, com muitos do Alto Comando recomendando alguma punição ao general Eduardo Pazuello. Acham, por exemplo, que ele deve ir para a reserva. O vice presidente general Hamilton Mourão, inclusive, se posicionou contrário à postura "política de Pazuello.

Isso pode não valer muito, pois, praticamente, inexiste qualquer relação de proximidade com o presidente, algo apenas protocolar, mas não podemos deixar de considerar o vice-presidente, muitas vezes, um contraponto importante ao populismo do "capitão".

Na verdade, o presidente alimenta, cada vez mais, este clima de confrontação e rebeldia, não sabendo se isso terá algum efeito favorável lá na frente, com as eleições.

Pelas pesquisas mais recentes, algumas mais críveis do que outras, pouco deve ter, já que a perda de popularidade do presidente parece fato.

Em pesquisa da semana, do Instituto Ideia, na Exame Pesquisa, sobre a popularidade e as reformas, temos o seguinte:

# sobre a avaliação do presidente, 50% o julgam entre péssimo e ruim, 24% ótimo e bom e 22% regular. Nestes 50%, 63% dos que ganham mais de cinco salários acham o presidente ruim e péssimo;

# na aprovação ou reprovação, 48% reprovam, 26% aprovam e 22% não aprovam nem desaprovam. Destes que aprovam, 38% são evangélicos e 19% católicos.

Falando das reformas:

Sobre a reforma tributária:

# 25% acham que se aprovada irá aumentar os impostos sobre os cidadãos, 25% o contrário e 20% acham que não será aprovada e nada deve mudar.

# sobre a criação de um imposto sobre transações financeiras, 58% são contrários, 10% a favor e 19% neutros.

# se a reforma reduzisse a carga de impostos, 56% poupariam e investiriam no futuro e os outros gastariam.

Sobre a reforma administrativa:

# na avaliação de desempenho de um ano antes de contratar, 49% se mostram à favor, 26% contra.

# estas medidas só devem ser aplicadas aos futuros servidores. Muitos discordam achndo que deve se estender a todos, 41%. Outros, só depois da mudança da regra (21%).

No posicionamento sobre as privatizações, do Correio 45% são favoráveis, 35% contra; da Eletrobras, 36% contra e a favor.

Nas reformas observa-se o esforço das pessoas em economizar recursos, daí quererem pagar menos impostos. Nas privatizações, uma tomada de consciência começa a haver de que as empresas públicas, muitas vezes, acabam "aparelhadas pelos conchavos políticos", se tornando objetos de corrupção. Daí a aceitação pelas privatizações.

Falando da pandemia, 29% acham que vai melhorar, 24% que vai piorar e 18% igual até o final do ano. 21% acham que só melhora em 2022. Já as vacinações seguem abaixo do esperado (69%) ou atrasada (75%).

Em simulações feitas nestas pesquisas, sobre as eleições, Lula da Silva teria mais chance de vitória em primeiro turno, ou mesmo numa ida ao segundo.

Por outro lado, as movimentações do presidente, nas suas várias incursões pelo País, inaugurando obras, em carreatas, palanques, mostram que ainda existe alguma popularidade, apoio entre 20% e 30%. Isso é sempre considerado como um dificultador, por exemplo, para o início de um processo de impeachment. O risco maior é de ruptura política, pelo apoio ao presidente nas ruas, embora as pesquisas não mostrem isso.

Sobre a agenda econômica desta semana, estejamos atentos aos movimentos do presidente do Congresso, Arthur Lira, e do ministro Guedes sobre a agenda de reformas.

Na pauta do Congresso, temos as reformas administrativa e tributária (fatiada e com menos prioridade), a valorização dos marcos setoriais, as medidas microeconômicas e o processo de privatização da Eletrobras (MP em discussão no Senado).

Estejamos também atentos às escaramuças do Planalto, pois boatos na segunda-feira indicavam que o auxílio emergencial pode ser extendido até o ano que vem.

Soma-se a isso, o presidente investe para fortalecer sua imagem junto às Forças Armadas - e na pauta de segurança como um todo -; buscando desqualificar o dissensso criado quando mudou os comandos da área e o ministro da Defesa. Quando fala em "meu Exercito" tenta reforçar esta narrativa.

Neste sentido, o clima de beligerância, criado pelo presidente, pode ter apoio do alto Comando do Exercito, ou não. Aguardemos os próximos capítulos.

Nesta terça-feira sai o IPCA 15 de maio (IBGE). A tendência é de alguma desaceleração, a 0,4%, mas ainda em patamar alto e bem acima da meta.

Falando dos mercados, o Ibovespa registrou +1,17%, a 124.031 pontos com volume financeiro negociado de R$ 28,7 bilhões. Foi o maior patamar de fechamento desde o dia 08/01, quando encerrou cotado em 125.076 pontos. Já o dólar comercial caiu 0,53% a R$ 5,32 na venda seguindo o desempenho da moeda no mundo todo. O dólar futuro com vencimento em junho registrou perdas de 0,72% a R$ 5,325 no after-market.

O S&P 500 fechou em alta de 0,99%, aos 4.197 pontos, enquanto o Nasdaq subiu 1,41%, aos 13.661 pontos. Este índice iniciou a semana em alta com os diretores do Fed reiterando as expectativas de alta para a inflação de curto prazo, devido à reabertura da economia. Mesmo assim, reforçam estes choques como transitórios. Lembremos também que a redução do pacote de infraestrutura de mais de US$ 2,2 trilhões para US$ 1,7 trilhões, reduz o receio de uma inflação mais forte.

sábado, 22 de maio de 2021

Lula ou Bolsonaro? Nenhum dos dois !

Nos Manuais de Ciência Política definimos "populismo" da seguinte forma.

É o sistema de "simpatia pelo povo"; é a doutrina, ou prática política, que procura obter vantagens com o apelo a reivindicações ou preconceitos amplamente disseminados entre a população, geralmente fazendo a distinção entre dois grupos antagónicos: um, virtuoso e maioritário – o povo – que exalta e diz defender; outro, minoritário e apontado como fonte dos problemas gerais, que pretende combater; doutrina ou regime, geralmente de carácter "paternalista", assentado na ideia de que a liderança política deve ser exercida em estreita ligação com o povo, sem a intermediação de partidos; corrente artística que escolhe como temática os costumes ou o modo de vida popular.

Incrível como esta simbiose perversa do "populismo", entre governante e povo, se instalou de vez no Brasil e não parece ter hora para sair.

A disputa da eleição de 2022 nos coloca nesta "vala comum". Dois candidatos populistas que pouco pretendem alterar a estrutura sócio-econômica do País, mas sim conquistar o poder e viver de dar "agrados" aos mais pobres, para assim se perpetuar no poder.

De um lado, Lula da Silva, e o seu "lulo-petismo", fenômeno político, que se manteve por 15 anos no Palácio do Planalto e pouco alterou esta estrutura sócio econômica. Se manteve no poder, através do clientelismo de um sistema de peleguismo e "intenso patrulhamento ideológico". 

Do outro, um capitão insubordinado, expulso do Exercito, que conseguiu ser eleito por, fatores fortuitos (uma "facada") , mas, também, por se opôr ao sistema de poder anterior. Sua grande bandeira de luta foi o "anti-Lulismo". Foi isso que o elegeu, agora será o anti-bolsonarismo a lhe ameaçar o poder.

Dois populistas demagogos e pouco preocupados em mudar a fundo a sociedade brasileira. São projetos de poder, o poder pelo porder, e não programas de governo consistentes e transformadores. O que lhes permeia é a conquista do poder.

Não dá para haver comparações. Lula e Bolsonaro são personagens da mesma estirpe, do mesmo  pedigree. São POPULISTAS com sede ou tara pelo poder.

Perderemos mais uma década de populismo e vamos ficando para trás na corrida global.

Já são quantos anos?

Creio q desde 2001 estamos "patinando", encalacrados nestes esquemas perversos de governança.

Não consiguimos ver muitas qualidades no lulo-petismo, nem no bolso-petismo.

Lula se elegeu em 2001 e a primeira decisão foi criar o tal "voto de cabestro", com o tal FOME ZERO, nada mais do q dar "esmola" para o povão e gerar uma "sensação" de bem estar e prosperidade momentânea.

Não considero isso uma política consistente de transferência de renda, política social, ou algo que os "intelectuais" brasileiros tanto se preocuparam em "rotular". Para pegar 100 reais e dar aos pobres, basta apenas uma boa política de capilaridade, de transferência...

Apenas isso.

Política social mesmo é promover as REFORMAS ESTRUTURAIS, acabar com a fábrica de desigualdades que é a nossa estrutura previdenciária, em que só os servidores públicos (no geral) se beneficiam. Temos que falar em REFORMA TRIBUTÁRIA, para acabar com este cipoal de impostos que não fazem políticas distributivas e só desorganizam as estruturas produtivas.

Temos q falar, enfim, de uma PROFUNDA reforma do Estado, tentando blindá-lo contra a CORRUPÇÃO e colocar o servidor público no seu devido lugar, a cumprir seu papel,
SERVIR AO PÚBLICO, SER UM EMPREGADO DOS PAGADORES DE IMPOSTO. E NÃO SE SERVIR DELES.

Bolsonaro escorrega pela mesma retórica. Um negacionismo perverso, obscurantista, que não reconhece a ciência, os progressos obtidos, sempre apegado à teorias conspiratórias amalucadas.

Sua postura na pandemia foi criminosa. Minimizou a pandemia e fez de tudo para sabotar o isolamento social e as medidas de prevenção; acreditou na "imunidade do rebanho" e, por isso, não quis comprar vacinas e pregou o uso da cloroquina como prevenção; quis testar a “teoria” da imunidade em Manaus e deu errado. 

Enfim, negou a vacinação e lutou por um placebo, um remédio contra malária e lupus. Sua postura, mais matou do que salvou vidas. 

Foi nesta toada, nesta visão fanática e distorcida, com pitadas de "teologia salvacionista", que chegamos agora a esta encruzilhada, Lula ou Bolsonaro?

Um usurpou a democracia, agindo como Hugo Chavez, "comprando" os poderes da República. Daó o Mensalão, na qual o PT oferecia mesadas para se manter numa boa com o Legislativo e também o meio empresarial. Outro não sabe bem o que é democracia, se serve dela, mas não tem muita simpatia ou cultura pela diversidade. É por natureza, um autoritário. 

Nesta encruzilhada para 2022 poucos enxergam UMA saída. Claro que nenhum dos dois servem para serem presidentes do Brasil. Seus legados estão postos. Um criou o mais sistema de corrupção da hisstória moderna, outro, no seu negacionismo, não combateu a pandemia e muito contribuiu para as mortes que estamos acumulando até o momento (446 mil). 

Muito longe disso. Temos uma memória bem clara do desastre que foi Lula no poder, nos seus Mensalões, Lava Jatos, seus esquemas de corrupção ativa, em conluio com empreiteiras e outros.  

Não dá também para apoiar um presidente, caótico nos seus dois anos e meio no poder. Bolsonaro foi isso...um desastre nestes dois anos e meio.

Vamos conversando.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

@empiricus & @BTGPDigital , uma tacada de mestre? Por DAN KAWA

Tenho acompanhado bastante a movimentação do mercado de capitais no Brasil e toda essa tese de “financial deepening” que vem ocorrendo no país.

Ontem, o mercado recebeu a notícia de que o BTG Pactual estaria comprando a “holding” Universa, que é composta pela Empiricus (casa independente de análise), Vitreo (gestora) e mais alguns ativos de comunicação.

Segundo fontes, o valor seria de exorbitantes R$ 2 bilhões !

Do lado da Universa, Felipe Miranda e seus sócios estão há anos desenvolvendo um trabalho espetacular focado no varejo. Se uniu aos competentíssimos sócios da Vitreo, levando acesso de suas recomendações para fundos de investimento de nichos.

Reza a lenda que a Empiricus tem 400 mil assinantes.

Em um mundo em transformação, em um mercado intensivo em tecnologia e em capital, faz muito sentido à Universa diversificar seus negócios e se juntar a um parceiro mais completo, com capital e com tecnologia.

A história me lembra muito Steve Jobs com a Pixar. Após alguns anos de sucessos sucessivos em seus lançamentos, a empresa ainda era muito dependente de seus próximos filmes. Um simples erro, poderia levar a empresa ao fracasso, a despeito dos acertos passado.

Então, Jobs pensou: “Porque não diversificar meu negócio, me unindo a Disney e ficando com parte de um negócio mais diversificado em termos de receita?”.

O resto é história. Hoje a viúva de Jobs é uma das mulheres mais ricas do mundo, e não devido a Apple, mas sim devido a suas ações da Disney.

Do lado do BTG Pactual, onde suas ações são precificadas a múltiplas vezes o seu patrimônio, onde o mercado paga caro por AuC, por número de clientes e por abertura de contas, adicionar o acesso a 400 mil contas leva o Banco a pular diversas etapas em sua incursão no varejo.

De forma mais clara, o BTG pode pagar com ações ou emitir ações e pagar com dinheiro, em uma ação que opera em seus picos históricos. Além disso, ainda consegue saciar a demanda dos investidores por investimentos e crescimento.

É ou não é uma tacada de mestre?

Dan H. Kawa



BITCOIN É PATRIMÔNIO, NÃO É DINHEIRO, Robert Armstrong, editor de finanças dos EUA

Robert Armstrong, editor de finanças dos EUA
20 de maio de 2021
Bem-vindo de volta ao Unhedged. Se você tem alguma ideia (e como o assunto de hoje é bitcoin, muitos de vocês iram ler), envie um e-mail para mim: robert.armstrong@ft.com.

Há anos fui contratado, sem experiência em finanças, como analista trainee de um fundo de hedge. Perguntei ao meu futuro chefe como deveria me preparar. Ele disse: “Pegue uma calculadora financeira e aprenda a usar as chaves de valor presente líquido. Isso é realmente tudo que há para fazer."

Ele estava certo. Desde então, tenho pensado em termos de fluxos de caixa futuros, valores terminais e taxas de desconto. Todas as outras ferramentas analíticas que adquiri desde então são secundárias.
É por isso que estou inquieto fazendo o que preciso fazer hoje: escrever sobre bitcoin, um ativo muito além da compreensão de minha HP-12c (a geração do milênio agora pode pesquisar o que é). O valor do estoque de bitcoins caiu 29 por cento em um ponto hoje, uma queda no valor de US $ 225 bilhões. Aqui está o preço de um bitcoin individual durante o dia na quarta-feira (com a marcação final na 
terça-feira incluída à esquerda) (dados da Bloomberg):

Além disso, o bitcoin e a tendência geral do mercado pareciam estar ligados. 

Algo precisa ser dito. Então, o que se segue é o melhor palpite deste analista antiquado sobre o que está acontecendo. Aguardo seu e-mail (eu acho?).

O Bitcoin é mais bem visto como capital de uma empresa cujo único ativo é uma tecnologia promissora, mas não comprovada - isso não é estritamente verdade, mas é a metáfora certa. Muitas pessoas falam sobre isso amplamente nesses termos. Aqui, por exemplo, está Bill Miller, um investidor em ações muito famoso, na Barron’s há algumas semanas:

“Bitcoin é a solução para um problema que atormenta as economias desde que existiam economias, que é o monopólio do governo sobre a oferta de dinheiro e os sistemas bancários, levando a inadimplências em série, confisco com nacionalização, inflação. . . a melhor maneira de pensar nisso é como ouro digital. O ouro é analógico, o bitcoin é digital. É muito superior ao ouro como reserva de valor. . . você não pode fugir de seu país com milhões de dólares em ouro, pois é volumoso e difícil de dividir, enquanto você pode enviar bitcoin para qualquer lugar em uma fração de segundo a um custo muito baixo, e é quase infinitamente divisível. ”

Ou seja, se a tecnologia bitcoin funcionar, será uma nova forma de dinheiro, superior na função específica do dinheiro como reserva de valor: seguro contra a inflação, transferível sem atrito e fora do alcance dos mexericos do governo.

Aqui está Marc Andreessen, um investidor em tecnologia muito famoso, escrevendo alguns anos atrás, atingindo pontos semelhantes:

“O livro razão bitcoin é um novo tipo de sistema de pagamento. Qualquer pessoa no mundo pode pagar qualquer quantia de bitcoin a qualquer outra pessoa simplesmente transferindo a propriedade do slot correspondente no livro-razão. Coloque o valor, transfira-o, o destinatário obtém o valor, sem necessidade de autorização e, em muitos casos, sem taxas. ”

E se o bitcoin se tornar dinheiro, seu valor aumentará muito. Miller novamente:
“Há cerca de US $ 10 trilhões em ouro no mundo, alguns em joias, alguns em bancos centrais, alguns em coisas como ETFs. A capitalização de mercado do Bitcoin é de cerca de US $ 1,1 trilhão. Estou altamente confiante de que o bitcoin pode subir 10 vezes sob certas condições razoavelmente assumidas - ou seja, pode ser tão valioso quanto ouro. ”

As pessoas racionais devem concordar, porém, que a tecnologia do bitcoin ainda não funciona. Isso deveria ser óbvio. Os movimentos de preço de hoje mostram que o bitcoin é muito volátil para ser dinheiro; por enquanto, quando as coisas realmente ruins acontecerem, estarei fugindo pela fronteira para o México com algo diferente de bitcoins.

Tão importante quanto, os custos de transação em bitcoin são geralmente altos e as transações são lentas, e só é aceito em alguns lugares. Bitcoin não é dinheiro, mas a ideia de que um dia se tornará dinheiro é a fonte de seu valor atual.

Quando o preço das ações de uma empresa cujo único ativo é uma tecnologia não comprovada flutua (e eles flutuam, muito), isso não importa. Isso é apenas ruído do mercado, exceto quando há novas informações sugerindo que o ativo de tecnologia tem mais ou menos probabilidade de sucesso.

É aí que muitos crentes em bitcoin cometeram um erro. Eles acham que quando o preço do bitcoin sobe, isso é por si só uma evidência de que a tecnologia está mais perto de funcionar e se tornar dinheiro. Não é! Muitas coisas, de cartões de beisebol a caixas de Château Lafite, aumentam de valor. Isso não lhes dá dinheiro. Isso os torna ativos. Ativos são coisas boas, mas o valor do referido bitcoin vem da possibilidade de ele se tornar um tipo específico de ativo, ou seja, dinheiro.

A evidência de que o bitcoin está se tornando dinheiro envolveria as pessoas transacionando mais nele, em mais lugares e de forma mais suave (se há alguma evidência de que é um assunto para outro dia).

Um último ponto. A razão nominal para a queda no valor do bitcoin na quarta-feira foi que o Banco da China disse que ele "não deve e não pode ser usado como moeda no mercado". 







quarta-feira, 19 de maio de 2021

REFORMAS: OS MAIORES "BODES NA SALA"

Os investidores operaram em cautela nesta terça-feira, de olho na ata do Fomc nesta quarta-feira. Por aqui, a CPI da Covid, mais uma vez, voltou a ser o “centro das atenções”, no depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo, comprometendo ainda mais o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o presidente Jair Bolsonaro. Hoje é o próprio Pazuello a falar, ou permanecer calado, dependendo do tema a ser abordado. “O circo segue montado”.

Mas os investidores estão cautelosos mesmo é com a ata do Fomc nesta quarta-feira, sobre se algo será dito a respeito de quando será o início do ciclo de aperto monetário nos EUA. O Fed, seus diretores, continuam defendendo a atual política acomodatícia, argumentando que os repiques inflacionários ocorridos foram originários da “reabertura da economia” e do choque de demanda, sobre uma oferta que ainda em ajuste. Por isso, achar que esta inflação deve ser encarada como transitória, até porque a retomada não acontece de forma linear, mais diferenciada, com alguns setores “reagindo” mais do que outros. Como contraponto a isso, ontem o ex-secretário de Tesouro, Larry Summers, acusou o Fed de “perigosa complacência”, subestimando o risco de juro muito baixo e por tempo prolongado para a inflação.

No Brasil, a bolsa de valores fechou terça-feira próxima da estabilidade (+0,03%, a 122.979 pontos), impulsionada pelas siderúrgicas e exportadoras de minério de ferro, pela alta desta commodity no mercado global, e giro financeiro de R$ 31 bilhões. Na semana, a bolsa paulistana avança 0,90%, no mês 3,44% e no ano 3,33%. Já o dólar se manteve em recuo (-0,22%), a R$ 5,2545, refletindo um maior otimismo com sua trajetória no ano. Já são maioria os que acham que a moeda norte-americana deve recuar abaixo de R$ 5,30 ao final deste ano, sendo o real a moeda de melhor desempenho na América Latina para os próximos seis meses.

A justificar este “derretimento” da moeda nacional o atrativo “carry trade” para os investidores estrangeiros, que seguem ingressando no País. Nesta terça tivemos um mega leilão de NTNB, com boa quantidade de lotes de títulos longos (2055), maior interesse dos estrangeiros. A oferta, neste leilão, passou de 1,9 milhão para 4,8 milhões, lote de 1,5 milhão para os papéis longos citados, o que fez disparar o risco de mercado (DV01). Foram vendidos 4,69 milhões de NTNBs, e R$ 16,7 milhões para os papéis longos. Destaquemos que os NTNBs são papéis defensivos, ainda mais quando se tem desconfiança sobre as ações do BACEN. Isso reflete o quadro de que alguns não acreditam que o banco vá cumprir sua estratégia de trazer a inflação para o centro da meta (3,75%) no ano que vem. As pesquisas da Focus mostram um IPCA mais pressionado, dadas as commodities em alta, economia retomando, mesmo com o câmbio em movimento contrário, valorizando.

Nossa percepção é de que todos gostariam que o ajuste da Selic fosse “até o nível neutro”, mas a dúvida é saber quanto de pressão inflacionária transborda, ou não, para 2022. Por ora, mantemos a inflação em 5,3% para este ano, a Selic a 5,5%, indo a 6,5% no ano que vem, diante de um IPCA entre 3,6% e 4,0%.

No Congresso hoje temos a votação da MP da Eletrobras, que permitirá a privatização da estatal de energia. Na reforma administrativa, o parecer do relator Darci de Matos (PSD – SC) foi lido ontem na CCJ, mas o texto só deve ser votado na quinta-feira (dia 20). 

Já Arthur Lira (PP-AL) deve detalhar qual será o plano de trabalho para a tramitação da Reforma Tributária nas casas legislativas. Lira segue defendendo o “fatiamento” da proposta, tencionando iniciar a discussão pelo PL de unificação do PIS/Cofins.

O formulador da proposta, deputado Aguinaldo Ribeiro (PPPB), defende em seu substitutivo a votação de uma reforma ampla, com a unificação de impostos federais (IPI, PIS e Cofins) e subnacionais (ICMS e ISS) em um IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) (ou o conhecido IVA). Por outro lado, Arthur Lira e equipe econômica, seguem defendendo o fatiamento da matéria em quatro etapas, por entenderem que facilitará sua aprovação no Congresso.

A primeira fase da reforma seria o PL de unificação do PIS/Cofins por meio da CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços). O fatiamento do texto no início da tramitação aumentaria a probabilidade de avanço do projeto de lei de unificação do PIS/Cofins.

Sobre a reforma administrativa, se aprovada na CCJ, será criada uma Comissão Especial para discuti-la e, depois, deve seguir para ser votada no plenário da Câmara.

Arthur Lira tem afirmado que votará a Reforma Administrativa com celeridade (antes da Reforma Tributária) e enviará a proposta para o Senado até julho deste ano. No entanto, acreditamos que a tramitação não deverá ser tão célere, e sua aprovação ainda pode ser considerada duvidosa, dada a falta de consenso entre os congressistas e o Executivo em torno do tema, ainda que as mudanças da reforma venham a valer apenas para novos servidores.

Bons negócios!

terça-feira, 18 de maio de 2021

MACRO MERCADOS SEMANAL 17/05/2021 - CPI DA COVID NO RADAR 17/05/2021

No foco das atenções nesta semana a “arena política”, mais precisamente, a CPI da Covid, com os “depoimentos” do ex-chanceler Ernesto Araújo, dia 18, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, dia 19, e sua assessora direta, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã Cloroquina”, dia 20. Nos mercados, estejamos de olho na trajetória das commodities, a ata do FOMC, os dados chineses e a agenda de reformas no Brasil.

Sobre a CPI, inevitável afirmar que cabe aqui a máxima “quem não deve não teme”. Parece claro que todos possuem alguma responsabilidade neste precipitado diagnóstico de recomendar “tratamento precoce”, uso de Cloroquina e Ivermectina, algo ignorado no mundo. Sabe-se agora que até manual para tratamento precoce o ministério da Saúde encomendou. Outro foco das investigações será a atuação do governo no colapso da rede de saúde em Manaus, onde pacientes morreram asfixiados pela falta de oxigênio.

Pazuello pretende ficar em silêncio, mas o STF determinou que o general terá que responder com a verdade sobre outras questões que digam respeito a terceiros, como o presidente Jair Bolsonaro. Se mentir poderá, sim, ter ordem de prisão decretada. Ernesto Araújo também estará no foco das atenções, nas relações diplomáticas com a China. Relações estas tumultuadas e justificativa para o atraso na entrega de insumos pelos chineses na produção da Coronavac, pelo Instituto Butantan, e AstraZeneca, pela Fiocruz.

Segundo o presidente da Comissão Omar Aziz, em entrevista no fim de semana, “não houve nenhum interesse pela compra de vacinas num primeiro momento”. Como aposta inicial, meio irresponsável, escutando as pessoas erradas, Bolsonaro optou pelo tratamento precoce e ingressou numa espiral de decisões desastradas, como na encomenda de grandes lotes de cloroquina, inclusive, importando “estoques excedentes” dos EUA.

Agora, sob desconfiança e investigação, vem tentando “fugir” e politizar o debate. Drogas contra lúpus e malária, sem a mínima comprovação científica. E o pior, seu total alienamento contra o início do programa de vacinação, argumentando ser contrário à vacina chinesa Coronavac, pelo simples motivo do governador de SP, João Dória, ter partido na frente (alguma teoria da conspiração ou anticomunismo atávico. Nunca se sabe).

Segundo Aziz, “o governo errou desde o primeiro momento. Não apostou no isolamento, não apostou na máscara, no álcool em gel, na vacina, uma série de coisas que poderiam ter ajudado a salvar pessoas. E continua apostando na cloroquina”. Por outro lado, o presidente da comissão apontou que as pessoas que orientaram o presidente devem também ser responsabilizadas. Aqui, incluímos Mayra Pinheiro, a “capitão cloroquina”.

Na Europa, por exemplo, tal tratamento, no uso destes remédios recomendados pelo governo, nunca foi colocado em prática.

Em Portugal, a única solução, com todos os custos sociais, foi o governo parlamentarista adotar, em várias etapas, “planos emergenciais de confinamento”, além da estrita exigência pelo uso de máscaras, álcool gel e isolamento social. Com isso, os lusitanos foram, aos poucos, superando a pandemia e retornando à vida normal, praticamente agora sem mortes e novos casos. E isso foi sendo adotado num crescente, claro que com erros em alguns momentos. Até porque nos confrontamos com algo desconhecido.

Pode-se afirmar que a decisão de manter o confinamento em boa parte do ano de 2020 e nestes primeiros cinco meses acabou por se mostrar acertada, diante do atraso das vacinas, dado o gargalo de oferta existente no mundo.

Há uma “batalha por vacinas”, e os países melhor preparados, mais organizados, com planejamento, atuação incisiva, correram atrás e acabaram beneficiados. Destaquemos a Nova Zelândia, Israel, num “tour de force” gigantesco, já tendo conseguido a imunidade total da população, os EUA na mesma toada, assim como o Reino Unido. Em alguns destes já foi liberada a “obrigatoriedade” no uso de máscaras.

Neste domingo, o Brasil registrou 1.036 óbitos, elevando o total a 435.751. Chegamos a 40.941 casos e o total de infecções a 15.627.475. O Brasil possui o segundo maior número de mortes pela doença no mundo, abaixo apenas dos EUA, e a terceira maior contagem de casos confirmados, só superada pela Índia e os EUA.

Sobre a agenda econômica da semana, atenção para a ata do Fomc nos EUA na quarta-feira, dia 19, e o discurso de Christine Lagarde no dia seguinte (dia 20). No Brasil, estejamos atentos para os avanços das reformas tributária e administrativa, a possível MP da Eletrobras e a arrecadação federal na sexta-feira.

O presidente do Congresso, Arthur Lira, deve agitar o Congresso com as duas reformas em pauta, a administrativa e a tributária. Esta última deve ser fatiada no Senado e a primeira, para a CCJ, com o parecer do deputado Darci de Matos a ser discutido.

Na passagem de domingo para segunda-feira, saíram os dados da China de produção industrial e vendas no varejo de abril, mostrando atividade em recuperação, mas não de forma uniforme e na velocidade esperada.

Pela indústria, a produção veio em bom ritmo, acima das projeções (9,8% contra expectativa de 9,2%), enquanto que pelo varejo as vendas vieram abaixo do esperado (17,1% contra 24,9%). Isso mostra que a economia chinesa perdeu um pouco de tração entre março e abril, desacelerando. Em março, a produção industrial havia avançado 14,1% e as vendas do varejo 34,2%. Importante considerar também a base de comparação muito deprimida nestes indicadores, contra os mesmos do ano passado.

Falando da ata do Fed temos nesta quarta-feira o resgate do debate sobre os rumos da política monetária, embora os indicadores mais recentes afastem o risco de um superaquecimento da economia norte-americana.

BALANÇOS – A temporada termina hoje com os resultados da Gafisa, Linx, Rede D'Or, Boa Vista Serviços e Focus Energia, depois do fechamento do mercado. Promovem teleconferências: Cosan e Banco ABC Brasil (10h) e PDG Realty (11h).

Uma nota de pesar pelo falecimento do prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Uma linhagem difícil de encontrar por aí. Fui eleitor do seu querido avô, Mario Covas em 1989, na eleição presidencial, depois polarizada entre Lula e Collor.
Mario Covas, e seu neto Bruno, mostraram ser possível trilhar pelo caminho da seriedade, foco, eficiência e honestidade. Pessoas públicas que fazem muita falta nos dias de hoje.

Bons negócios!

 

Agenda Semanal
2ª feira (17)
(China) 23:00 - Produção Industrial e Vendas no Varejo (Abr); (Br) Boletim Focus; (EUA) Índice Empire State de Atividade Industrial (Mai); Discursos de membros do Fed / FOMC, Clarida e Bostic.

3ª feira (18)
(Br) Leilão Tesouro Nacional NTN -B; (Euro) Empregos (Q1) / PIB (Q1) / Balança Comercial (Mar); (EUA) Licenças de Construção e Construção de Novas Casas (Abr); Discurso de membro do Fed / FOMC, Kaplan.

4ª feira (19)
(Euro) Análise de Estabilidade Financeira do BCE; Estoques de Petróleo em Cushing; (EUA) Leilão de títulos de 20 anos; (EUA) Atas da Reunião do FOMC; Discursos de membros do Fed / FOMC - Bullard e Bostic.

5ª feira (20)
(Br) Leilão Tesouro Nacional LFT, NTN -F, LTN; (EUA) Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego; (EUA) Índice de Atividade Industrial Fed Filadélfia; (EUA) Leilão TIPS a 10 anos; (Euro); Discurso da Presidente do BCE - Christine Lagarde

6ª feira (21)
(Br) Vencimento de Opções; (EUA) PMI Composto Markit, Industrial e o Setor de Serviços (Mai); (Reino Unido) PMI Composto, Industrial e o Setor de Serviços (Mai); (Br) Arrecadação Federal (Abr); (EUA) PMI Composto Markit, Industrial e o Setor de Serviços (Mai); (EUA) Vendas de Casas Usadas (Abr); Contagem de Sondas Baker Hughes; Discursos dos membros do Fed / FOMC – Bostic e Mary Daly.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

MACRO MERCADOS ESPECIAL 17/05/2021 - MAIS UMA SEMANA DE INSTABILIDADE

Foi uma semana intensa, dentre tantas nos últimos tempos. Aliá, não faltam emoções neste cenário de polarização polítca, uma pandemia devastadora.

Teve CPI da Covid, inflação americana, desconfianças entre Fed e mercado, economia brasileira impactada pelo atraso das vacinas, tensões na relação Israel e Palestina, chegamos na sexta-feira “lambendo as feridas”, avaliando os estragos e tentando enxergar o futuro próximo.

Neste dia, de agenda, destaquemos os dados da economia norte-americana, como as vendas do varejo, a produção industrial e o indicador de confiança do consumidor. No Brasil, repercutem as “oitivas” da CPI da Covid. Foram três depoimentos importantes, do presidente da ANVISA, do ex-secretário de Comunicação do governo e do CEO da Pfizer. Dois deles foram esclarecedores sobre a postura do governo nesta pandemia, outro, acabou constrangedor pelo que não foi dito, ou negado.

Quinta-feira (dia 13) foi um dia de mercados em alta, depois da forte correção do dia anterior, causada pela inflação ao consumidor norte-americana, mais elevada do que o esperado. Tivemos, também, a inflação no atacado (PPI), mas o mercado norte-americano parece que “absorveu bem” estes índices e resolveu acreditar na tese do Fed de que os repiques são temporários, não devendo se propagar nos próximos meses.

Tal movimento nas bolsas de NY, claro, “contaminou” o mercado de ações brasileiro, que operou no azul, embora com as commodities em queda, o que derrubou a Vale e as siderúrgicas. A Petrobras só não caiu porque foi liberado um pipeline de transporte de petróleo nos EUA, fechado no início da semana devido a um ataque hacker. Além disso, boatos indicavam de que a empresa registrou lucro no primeiro trimestre deste ano, contra prejuízo no mesmo de 2020.

Ao fim do dia o Ibovespa ganhou 0,83%, a 120.705 pontos. Já as bolsas de NY operaram em alta. Dow Jones fechou em alta de 1,29%, a 34.021 pontos, S&P subiu 1,22%, a 4.112 pontos, e Nasdaq 0,72%, a 13.124 pontos. Nos mercados de câmbio e de juro, o dia foi de volatilidade, pelos motivos acima expostos, mas também pela pesquisa Datafolha, indicando que o ex-presidente Lula da Silva pode vir a ganhar a eleição do ano que vem já em primeiro turno. Neste clima de incertezas, o dólar, em tendência de queda nos últimos dias, virou um pouco e registrou leve alta de 0,15%, a R$ 5,3133, depois de transitar entre R$ 5,25 e R$ 5,33. No mercado de juro, as taxas fecharam próximas da estabilidade, mesmo que em viés de baixa.

Sobre a inflação norte-americana, como já dito, o que observamos é a existência de alguns gargalos de oferta na economia norte-americana, dada a “forte reabertura” em curso, o que vem pressionando alguns insumos da cadeia produtiva.

Um deles vem das montadoras (produção de automóveis novos), em baixa oferta, pela falta de “condutores eletrônicos”, em sua maioria, produzidos no exterior. Normalizado este fornecimento, os preços destes insumos devem recuar, assim como o dos automóveis, havendo então uma “normalização” neste mercado específico. Assim, a inflação ao produtor, PPI, chegou a 0,6% em abril, contra estimativa de 0,3%, mas deve ceder nos próximos meses, assim como o CPI (0,8% mensal e 4,2% anualizado). Lembremos que este acabou diretamente impactado pelos custos dos automóveis (novos e usados) e seus seguros.

No Brasil o IBC-Br, indicador do Bacen, veio abaixo das estimativas de mercado (-3,3%), recuando 1,59% em março contra fevereiro. Contra o mesmo mês do ano passado o avanço foi de 6,2%, no primeiro trimestre avançando 2,2% e em 12 meses +3,3%. Ao fim deste ano estamos prevendo o PIB crescente em 3,8%, podendo chegar a 4,2%, dependendo do ritmo das vacinação e da intensidade da reabertura da economia brasileira.

Falando da CPI da Covid, tivemos quinta-feira a audiência com o CEO da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, que descreveu, cronologicamente e detalhadamente, a evolução dos contatos da empresa com o governo brasileiro.

Tiveram início em maio de 2020, depois, um esforço de assinatura de contrato em 26 de agosto, na qual uma primeira oferta de 18,5 milhões de doses até o segundo trimestre de 2021, o que, estranhamente, foi ignorado pelo governo, que só retornou o contato em novembro. Neste contato de agosto, o fornecimento de doses era o seguinte: 1,5 milhão em 2020, 3 milhões no primeiro trimestre de 2021 e 14 milhões até o segundo trimestre de 2021. Total 18,5 milhões.



Em verdade, esta relação foi um verdadeiro “gato e rato”, com o governo sempre “fugindo” das sondagens da farmacêutica. Segundo o CEO da empresa, ao longo do ano, foram cinco ofertas, só a última aceita: (1) 14/08; (2) 18/08; (3) 26/08; (4) 15/02/21 e (5) 08/03.



Ou seja, o contrato de compra de vacinas da Pfizer só veio a ser fechado neste ano, em 08/março, num pacote de 100 milhões de doses, a se iniciar a entrega em setembro agora, com 35 milhões.



Surge então a pergunta que não pode ser evitada. Por que o governo não fechou um contrato logo, lá atrás, em meados de 2020, se foram tantas as tratativas? Mais ainda. Quantas mortes poderiam ter sido evitadas se não tivessem ocorrido tantos adiamentos, tantas idas e vindas?



Na verdade, o presidente Bolsonaro tratou a questão das vacinas de forma política e não pelo enfoque sanitário. 18,5 milhões de doses deixaram de ser fornecidas. O governo ignorou também uma proposta inicial de 70 milhões de doses do imunizante em agosto de 2020. Como pode? E tudo está documentado e “narrado” pelo próprio presidente, nos seus desdéns e embates retóricos inúteis.

Como resultado, o desgaste político se torna inevitável e isso já começa a se refletir nas pesquisas de popularidade do governo.

Uma pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira, mostra que o ex-presidente Lula teria 41% das intenções de voto para o primeiro turno da eleição presidencial de 2022, e o presidente Bolsonaro 22%. Mostra também que a aprovação a Bolsonaro recuou para 24%, menor nível desde o início do seu mandato, e a rejeição pulou a 45%. Indícios de uma série de decisões e posturas erradas.

Finalmente, na agenda do dia, destaque para os dados de atividade dos EUA e de Confiança do Consumidor. Dentre os balanços corporativos, destaque para a CVC, COSAN, COGNA e CEMIG.







quinta-feira, 13 de maio de 2021

SERÁ UMA TENDÊNCIA OU ALGO TRANSITÓRIO?

Iniciamos esta quinta-feira (dia 13) de olho no PPI de abril nos EUA e também no depoimento do CEO da Pfizer. O depoimento de ontem do ex-secretario de Comunicação foi um desastre completo para a imagem do governo. O cidadão entrou em contradição várias vezes, quis "negar" o que disse na VEJA. Ou seja, foi uma biruta doida e não pegou bem.

Sobre o PPI de abril, a expectativa é de desaceleração, mas qualquer resultado inesperado não deve surpreender e pegar, mais uma vez, o investidor de surpresa, já mal humorado pelo CPI de 4,2% pela taxa anualizada. As expectativas de mercado apontam 0,3% em abril, contra 1,0% em março, com perda de ritmo  também no núcleo, 0,7% para 0,4% entre março e abril.

Ontem, a surpresa negativa com a inflação ao consumidor (CPI) caiu como uma bomba nos mercados, desencadeando um "sell-off" nas bolsas em NY e detonando vendas dos Treasuries, com os yields de 10 anos encostando nos 1,70%. Para piorar, à tarde, o déficit recorde nos EUA de US$ 1,9 trilhão, entre outubro e abril só piorou as coisas.

Muitos já começam a achar que este CPI fora do previsto é um indicativo de que o Fed está "atrás da curva", tal qual o Bacen do Brasil há alguns meses atrás. Mesmo assim, o Fed não abandona sua narrativa de que a escalada dos preços é um "fenômeno temporário", que a dinâmica de alta não vem para ficar e tende a se diluir até o fim do ano, confiando na ancoragem das expectativas.

Soma-se a isso, a interpretação dos dados indica que este CPI veio mais forte, impactado pela elevação nos preços dos carros novos, com suas produções atrasadas pela falta de insumos eletrônicos. Passado este desbalanceamento temporário entre oferta e demanda, acredita-se que estes preços devem começar a ceder.

Mesmo assim, parte do mercado já começa a recomendar que a alta do juro nos EUA seja antecipada em um ano, para 2023, e que chairman do Fed, Jerome Powell comece a mudar sua comunicação na reunião de junho, preparando o espírito para reduzir os estímulos do QE.

Para o economista-chefe do Banco Central inglês (BoE), Andy Haldane, "por causa da alta persistente dos preços, é hora de começar a restringir o grau de apoio à economia". Admitiu ele haver “alguns grandes riscos", mas afirmou que "é mais provável que a economia do Reino Unido se recupere, em vez de recair, nos próximos meses, passando rapidamente de uma recuperação para um boom".

Na CPI da Covid, hoje é dia do depoimento do CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o que deve gerar muito desconforto ao governo, pois ele deve confirmar as sucessivas recusas da compra de vacina. 

Nesta 4ª feira, o clima esquentou em Brasília com o testemunho do ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten, em uma sessão marcada por bate-boca, xingamentos e até ameaça de prisão. A tentativa de preservar Bolsonaro, no entanto, não impediu Wajngarten de admitir que uma carta da Pfizer, na qual se dispunha a negociar vacinas, foi enviada ao governo em setembro/2020 e ficou dois meses sem resposta.

Na agenda de quinta-feira, destaque também para o IBC-Br, devendo interromper uma sequência de 10 meses de crescimento na margem e voltar a recuar em março, quando a piora da pandemia de covid-19 provocou aumento de medidas de restrição à circulação. Ontem, apesar de a queda de 4,00% no volume de serviços em março contra fevereiro maior que o esperado, o crescimento de 4,5% contra um ano antes superou as estimativas de mercado. 

BALANÇOS – Além de Petrobras, saem depois do fechamento Sabesp, Bradespar, CPFL, Cyrela, Ecorodovias, Energisa, IRB, Magazine Luiza, Qualicorp e Rumo. 


No exterior, além do PPI, é importante conferir nos EUA os pedidos de auxílio-desemprego, com perspectiva de alta para 500 mil, de 498 mil na semana passada. México (15h), Chile (18h) e Peru (20h) decidem juro.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

CPI DA COVID NO CENTRO DOS DEBATES

 No Brasil, a CPI da Covid no centro das atenções, com o bombástico depoimento de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação. O que ele dirá? Comprometerá o governo, mais ainda, o ex-ministro Pazuello, chamando-o de incompetente pelas negociações com a Pfizer? Nos EUA, atenção para o CPI, importante para o balizamento de juro do Fed.


Estimativas de mercado apontavam alta de 0,2% em abril e 3,6% na taxa anualizada, contra a base fraca do ano anterior. No núcleo, 0,3% no mês e 2,3% na comparação anual. 

Aguardemos como o Fed deve reagir, dado o intenso fluxo de recursos para os emergentes e que uma mudança de postura de Jerome Powell tudo pode alterar. 

No Brasil, como "pano de fundo", as várias operações de IPOs das empresas, visando se "capitalizar" para o pós pandemia, o aumento nos ingressos externos e no comercial, o superávit da balança causado pelo grande volume de exportações agrícolas para a China. E viva o super ciclo das commodities! 

Decorrente disso, o dólar já testava os R$ 5,20, não sendo surpresa se recuar abaixo disso.

Ainda sobre o Brasil, outro fato a chamar atenção é a discussão do tal "orçamento paralelo", denunciado pelo Estadão, mas ainda a comprovar. O que se comenta é que variados "projetos" da estatal Eletrobras deveriam ser usados no Norte e Nordeste, como "moeda de troca" com o Centrão.

Sobre a CPI da Covid, foi surpreendente nesta terça-feira o desempenho do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, elogiado por todos, até por membros da oposição. 

Afirmou ele ter posições bem diferentes do presidente da República, Jair Bolsonaro, em diversos temas, como o uso de máscaras, vacinas e distanciamento social. Bastidores indicavam que esta participação irritou profundamernte o Planalto. Em paralelo, o Ministro da Saúde já anunciou que fechou a compra de 100 milhões de doses da Pfizer. As doses começam a chegar a partir de setembro, mas serão usadas somente em outubro (35 milhões).

Enquanto isso, o ex-ministro Pazuello garantiu junto a AGU habeas corpus para permanecer em silêncio na CPI da Covid, não respondendo a ninguém no seu depoimento do dia 19.

Na agenda deste dia, destaque para os dados do volume de serviços, do IBGE, previsto para recuo de 3,1% na margem. De tarde, temos o fluxo cambial, a derrubar ainda mais a moeda norte-americana.

Nos balanços, Eletrobras, depois do fechamento, junto com BRF, JBS, Cia. Hering, Eneva, Hapvida, MRV Engenharia, Natura & Co, Suzano, Via Varejo e Yduqs.

Nos EUA, atenção para o CPI de abril, também a ser divulgado na Alemanha (3h). A AIE solta seu relatório mensal de petróleo (5h). A commodity poderá ser influenciada também pelo estoques semanais do DoE (11h30).

MACRO MERCADOS DIÁRIO 120521 MAIS SOBRE A ATA DO COPOM

Os mercados continuam operando em torno da trajetória das commodities, com especial atenção para a soja e o minério de ferro no Brasil, e seus possíveis impactos inflacionários. Isso parece ser preocupação no mundo, também no Brasil, sendo que por aqui o BACEN já está agindo, correndo atrás da curva.

Nos EUA, no entanto, o debate segue intenso, com o Fed ainda achando faltar muito para o início do ciclo de aperto monetário, já que, na leitura deles, o desemprego ainda é elevado (em torno de 6,1% da PEA) e as pressões inflacionárias, ainda transitórias. Nesta quarta-feira sai o CPI, na quinta, o PPI.

Por aqui, o BACEN segue atento. Na ata do Copom, divulgada ontem, o board do banco deixou transparecer que o ciclo de ajustes da Selic, neste ano, deve terminar antes de chegar ao patamar neutro, em torno de 6,5%. Este seria aquele que não desestimula a economia, e mantém a inflação sob controle. Teremos um ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em junho, a 4,25%, outro ajuste em agosto, na mesma intensidade, a 5,0%, depois mais um, para fechar o ano a 5,5%.

Na ata do Copom, o destaque acabou sendo o parágrafo 14, na qual reitera-se de que “o processo de normalização da Selic será parcial”, argumentando que um ajuste total poderia levar as expectativas de inflação para muito abaixo da meta. “Elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”.

Na verdade, temos como garantido mais um ajuste da Selic em 0,75 ponto percentual na reunião de junho, depois, tudo dependendo do ciclo de vacinação e também de como a economia e a inflação responderão. Isso porque a valorização cambial recente, com o dólar a R$ 5,20, é um fator poderoso de “amortecimento” dos preços tradeables (bens sensíveis ao câmbio), assim como o ritmo de retomada da economia ainda muito desigual e fraco, só devendo deslanchar com o fim do ciclo de vacinação. E este, ao que tudo indica, deve ficar para setembro ou outubro. Entre março e abril deste ano, devido ao atraso destas vacinações e pelo lockdown parcial em alguns e estados, a atividade sentiu o tranco e recuou, com a indústria e o comércio no mensal, em queda

Sobre a inflação, o IPCA de abril registrou 0,31%, desacelerando contra março (0,60%), mas no acumulado em 12 meses em elevação, 6,76%, por substituirmos períodos de baixa do primeiro semestre do ano passado com mais elevados. Até junho este índice do IBGE, em 12 meses, deve chegar a 8%. Analisando o índice por segmentos, observamos recuo nos preços dos bens não duráveis (alimentos), aceleração nos monitorados e os serviços (não comercializáveis) em baixa. Nossa projeção para o final do ano segue em 5,1%, mas devemos estar atentos ao reajuste da energia elétrica, em faixa vermelha, sancionado agora entre abril e maio.

Enfim, acreditamos ter uma leitura do BACEN bem clara sobre como deve atuar na política de juro até 2022. Tentará se antecipar neste ano, elevando o juro a 5,5% até setembro, dar um tempo, observando a atividade e a inflação. Na verdade, seu objetivo é trazer o IPCA, de 8% em junho para próximo ao centro da meta (3,75%), mesmo elevando o juro real a 4% e a Selic a 6,5%.
























terça-feira, 11 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 11/05/2021 - DIA DE ATA DO COPOM

Iniciamos esta terça-feira atentos ao que será dito na ata do Copom, embora já pareça consenso a estratégia de “ajustes parciais” do Banco Central, pelo menos até a Selic atingir 5,5% e depois se “aguardar como a atividade econômica deve transcorrer, assim como o ciclo de vacinações”.

Sobre a pandemia, há um certo desconforto no ar, pois não conseguimos ainda sair das 750 mil aplicações diárias de vacina. No balanço do dia 10 são 889 óbitos diários, acumulando 423 mil até o momento. A média de novos casos segue estabilizada, mas hoje o total foi muito influenciado pelo Paraná. São 25.200 novos casos e 13,5 milhões de recuperados.

Como dito acima, na vacinação não estamos bem. Estacionamos em 750 mil doses diárias, e deveríamos estar no dobro disso. A China está vacinando mais de 7 milhões por dia, a Índia e os EUA 2 milhões e a Alemanha 800 mil. Israel já terminou o ciclo de vacinações e ao que parece, retorna a vida normal, mesmo que num novo olhar, pela ausência de mortes e novos casos.

Nesta segunda-feira, dia 10, os mercados se movimentaram de forma “estreita”, diante da agenda pesada desta semana. Na terça, dia 11, destaquemos a ata do Copom, na quarta-feira o IPCA, dados de atividade de Serviços, balanços corporativos e ao longo da semana a CPI da Covid.

Nos EUA, o movimento das T-notes deu uma estressada diante da intensificação do debate do Fed sobre se seria o momento de começar a discutir um corte nas compras de bônus. Isso jogou pressão sobre as bolsas de forma geral, mas os papéis de tecnologia foram os que mais sentiram, e a Nasdaq caiu mais de 2,5%.

Enquanto isso, no entanto, apesar dos ruídos políticos vindos da CPI da Covid e da revelação sobre um "orçamento secreto", feita no fim de semana, os juros futuros de curto prazo seguiram perto da estabilidade, à espera da comunicação do Banco Central logo cedo.

Esse ambiente de cautela fez o real ser capturado pelo movimento lateral da divisa americana ao redor do globo, o que resultou em discreta valorização de 0,07% no mercado à vista, a R$ 5,2320, a despeito de nova redução de posições contra a moeda brasileira na B3 e em Chicago. Já o Ibovespa não escapou do comportamento “morno” dos demais ativos, ao terminar com perda de 0,11%, a 121.909 pontos, apesar do avanço de bancos e Petrobras. Nem mesmo a disparada dos preços do minério de ferro teve força para sustentar Vale, o que ajudou a segurar o índice.

Na agenda de balanços corporativos da semana, na terça-feira, Carrefour, BTG PACTUAL, Klabin, Banco Inter, Telefônica, Petrobras e Sul América; na quarta-feira Eletrobras, Suzano, Rumo, MRV, JBS, BRF, LOCAWEB e YDUQS; na quinta, MAGALU, IRB, BRMALLS, RENNER e Natura, e, finalmente, na sexta, CVC, COSAN, COGNA e CEMIG.

TERÇA-FEIRA NO MERCADO

Nos EUA, a inflação continua no radar dos investidores, no Brasil o câmbio segue “derretendo”, dado o carry trade em curso e o ingresso de recursos externos, devido às concessões, fusões e exportações de agronegócio. Por outro lado, seguem as incertezas fiscais e os ruídos políticos. Nesta terça-feira, atenção para a ata do Copom e o IPCA.

O IPCA deve registrar algo em torno de 0,3% a 0,4%, num ritmo de desaceleração, mas em 12 meses ainda muito elevado. Sobre a ata, o segredo será saber o que o Bacen deve decidir da sua “normalização parcial” da taxa Selic, quando boa parte do mercado esperava que a expressão fosse retirada na reunião do dia 5. O Copom de junho deve registrar mais um ajuste de 0,75 ponto percentual, a 4,25%, depois mais um, de 0,75 p.p., e outro, de 0,5 p.p., até a Selic fechar o ano em 5,5%.

Na 2ª feira, em NY havia uma releitura do payroll (266 mil), considerando que os números fracos podem ter sido distorcidos pelo auxílio garantido pelo pacote fiscal de Biden, que desestimularia a procura por emprego (abaixo). Esperava-se algo em torno de 1 milhão.

Falando da pandemia, e do ciclo de vacinação, há alguma frustração com o ritmo de 750 mil, enquanto o ideal seria o dobro. No stress entre governo federal e os chineses o problema é o atraso das remessas, afetando o cronograma de imunização a partir de junho. A expectativa é de que o insumo seja liberado até 5ª feira, chegando até dia 18, mas o envio ainda não confirmado.

Nesta semana, o Instituto Butantan deve entregar mais um milhão de doses (amanhã) e um 1,1 milhão na 6ª feira, direcionadas para as capitais que estão retomando a aplicação da segunda dose da Coronavac. Em nota ontem à noite, a Anvisa pediu suspensão imediata da vacina da AstraZeneca para grávidas, após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro que havia tomado o imunizante. O caso está sendo investigado.

Retonamos também a CPI da Covid, com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, questionado principalmente sobre a Sputnik V. O testemunho do ex-chanceler Ernesto Araújo, na 5ª feira, parece muito aguardado, após notícias de que ele mobilizou o Itamaraty para conseguir cloroquina, quando o medicamento já era considerado ineficaz contra a covid.

Por fim, o ex-ministro Pazuello continua tentando escapar da CPI, agora recorrendo ao STF para depor na condição de investigado, e não testemunha, o que lhe daria o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar.

Em Brasília, continua a repercutir negativamente o tal “tratoraço”, um acordo com os deputados e senadores do Centrão, para a criação de um orçamento paralelo, mobilizando R$ 3 bilhões.

Sobre a agenda de reformas, “meio de lado”, Arthur Lira defende uma “reforma tributária possível”, dividida em duas partes. A reforma administrativa deve ser entregue pela Câmara ao Senado em um mês e meio e ainda o debate sobre as privatizações. Segundo ele, “a pauta econômica tem que ser destravada este ano, porque 2022 é ano eleitoral”.

MAIS AGENDA – Influenciado pela gasolina mais barata, o IPCA de abril (9h) deve perder fôlego, de 0,93% em março para 0,3% a 0,4%.

Na agenda de balanços corporativos da semana, na terça-feira, Carrefour, BTG PACTUAL, Klabin, Banco Inter, Telefônica, Petrobras e Sul América; na quarta-feira Eletrobras, Suzano, Rumo, MRV, JBS, BRF, LOCAWEB e YDUQS; na quinta, MAGALU, IRB, BRMALLS, RENNER e Natura, e, finalmente, na sexta, CVC, COSAN, COGNA e CEMIG.

sábado, 8 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 07/05/21 - MAIS DO MESMO

Parece que a quinta-feira repetiu o restante da semana, com o mercado atento ao que seria dito pelos ministros da Saúde convocados, neste caso, o médico cardiologista e atual ministro Marcelo Queiroga na CPI da Covid 19, e mais sobre a “precificação”, ou absorção pelo mercado, do que foi decidido na reunião do Copom de quarta-feira. 

Nada de grandes novidades.

Sobre a CPI, novamente, não trouxe grandes revelações e manteve percepção de que a CPI ainda carece de maior embasamento técnico na área de saúde e infectologia. Os senadores envolvidos pouco sabem sobre medicina.

O depoimento do ministro Queiroga consolidou um braço que será central para estratégia do grupo majoritário da CPI, capitaneado por Renan Calheiros: a tese de que o Planalto, por iniciativa pessoal do presidente Bolsonaro, montou uma espécie de "gabinete paralelo", visando passar por cima do ministério da Saúde. 

Segundo um membro da CPI o “3º dia de CPI está encerrado. Ficou claro um roteiro trágico e repetitivo: 1) os ministros com formação médica defendem as práticas baseadas na ciência; 2) tentam convencer o presidente; 3) batem no muro da ignorância; 4) se demitem ou são demitidos. Queiroga já está na etapa 3."

Na semana que vem temos os executivos da Pfizer e o ex secretário Fabio Wajngarten. Ambos abordarão a questão da compra de vacinas, o maior "nó" do governo. Nas semanas seguintes terermos o ex-ministro Antônio Pazuello e talvez o ex-ministro Ernesto Araújo. 

nas seguintes, os gestores públicos de escalões mais baixos, diretamente envolvidos em ações que podem comprometer o governo, inclusive ao explicar as compras de cloroquina, bem como a crise em Manaus - outro "nó" em potencial.

Ainda sobre a decisão do Copom, ao que parece o ajustamento parcial ainda deve se manter, com mais dois ajustes de 0,75 ponto percentual e um de 0,5 p.p. A taxa Selic irá para 5,5% e neste patamar permanecerá.  

Por fim, sobre a pandemia mais uma queda, fomos para 2.252 óbitos diários na média móvel. Já temos 14 unidades da federação com menos de 10 MM/dia (mortos por mihão) e apenas duas acima de 15 (RJ e PR). Mas incomoda a curva dos novos casos, estamos praticamente no mesmo patamar de 2 semanas atrás. 

Sobre a agenda de sexta-feira (07), passados os dados de recuo da produção industrial de março, divulgados ontem, temos hoje os dados do varejo, da Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE) no mesmo mês. Saberemos com mais sobre mais esta onda da pandemia, neste caso, causada pelo atraso da vacinação. Dados negativos para o comércio também podem ter como efeito colateral o aprofundamento do discurso do presidente contra medidas de isolamento social. Será um dia importante também nos EUA quando teremos novos elementos para tentar decifrar em que ritmo (ou intensidade) se encontra a economia norte-americana, se muito aquecida ou dentro dos parâmetros ou modelos do Fed. Saem neste dia o payroll e a taxa de desemprego ambos de abril.

Bons negócios a todos!

quinta-feira, 6 de maio de 2021

MERCADOS EM MAIO

Chegamos ao segundo relatório sobre as perspectivas dos mercados em maio. A análise "top down", de "cima para baixo" ("top down approach”), segue como ferramental recomendada, pois permite aos investidores um olhar, primeiro, do ambiente macroeconômico como um todo (doméstico e global), depois, mais de setores e empresas.

Neste, é possível observar as oportunidades, a serem "garimpadas", no mercado de capitais.
 
De antemão, consideramos MAIO, no mercado de capitais brasileiro, mais um mês desafiante, o que deve demandar uma postura mais CONSERVADORA dos investidores na alocação de recursos.
De antemão, dependendo do ritmo das vacinações, achamos que os lockdowns localizados devem começar a se afrouxar, até pouco estaremos diante da redução do número de óbitos. Isso, no entanto, não deve afastar o fato de que teremos ainda um período de transição em que todo o cuidado será necessário. O tripé isolamento social, uso de máscara e álcool gel, continuará a nortear as nossas vidas, mas parte do comércio voltará a operar, assim como alguns serviços.

A seguir, alguns pontos a serem considerados.

Como condicional será importante estarmos atentos à CPI da Covid 19, que pode acirrar os ânimos e respingar no comportamrnto dos investidores. Isso porque será objetivo desta analisar todo o caminho do governo no enfrentamento da pandemia, seus vários passos errados, como no início, negando a CORONAVAC, contra o governo João Dória, de São Paulo. Isso está fartamente documentado. Assim como a postura do presidente nas negociações com a Pfizer, na encomenda até o final do ano de 70 milhões de doses. Outro fato à desgastar este governo será sua postura negacionsita, defendendo o “tratamento preventivo”, o uso do “kit Covid”, hoje demonstrado ineficaz. Ao fim, especulações indicam que o governo Bolsonaro realizou pesadas encomendas junto ao governo Trump de cloroquina e que os estoques deste remédio estão abarrotados no Exercito.

Importante também será estar atento ao ritmo da vacinações e a daí, uma mais rápida normalização da vida econômica. Em 24 horas, até o dia 06, o número de óbitos chegou a 2811, 414 mil no acumulado e 73.295 novos casos. Há uma reversão da tendência de alta. A chegada de novas doses de vacinas, produzidas pelo Butantan, Fiocruz e Pfizer, são um bom indicativo. Isso pode levar o Brasil ao ritmo ideal de vacinações, 1,5 milhão ao dia, podendo terminar os grupos prioritários neste semestre (80,5 milhões).

Na política econômica, destaque para a reunião do Copom desta semana. A taxa Selic foi elevada a 3,50% a.a e foi sinalizado, dada a “normalização parcial”, também para a reunião de junho na mesma toda, +0,75 ponto percentual, a 4,25%. Lembremos que em março o comitê optou por começar o “ciclo de normalização parcial”, correndo atrás da curva, com alta de 0,75 ponto percentual. Sinalizou também, pela ata, que, a não ser por mudanças significativas, “seria adequado dar continuidade a esse processo com outro ajuste de mesma magnitude”. Nesse contexto, afirmou que sua próxima decisão continuaria dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Nos EUA, os três pacotes de estímulo recentes, além do ritmo de vacinação, são ensejos para uma recuperação mais rápida da economia norte-americana. Estimativas apontam um crescimento do PIB acima de 6% neste ano. Em paralelo, os rendimentos dos Treasuriers de 10 anos cederam a 1,6%, diante da confirmação de Jerome Powell de que manterá a política monetária até que o desemprego caia abaixo dos 6% da PEA atual. Nesta semana temos os dados de março do payroll e do desemprego. Isto posto, temos uma maior apreciação do real frente ao dólar, em desvalorização no mundo

Este quadro, reforçado pelo pacote de infraestrutura de Joe Bidem, deve estimular as empresas brasileiras exportadoras de minério de ferro, de papel e celulose e de outras commodities. O fluxo de exportações destas para os EUA deve se intensificar.

Não devemos esquecer também da China, grande demandante de commodities brasileiras e em trajetória de consistente recuperação, destaque para as minerais. A cotação do minério de ferro, nos primeiros quatro meses deste ano, passou de Us$ 89 a US$ 193, com valorização de 116%. O mesmo ocontece com o barril de petróleo Brent. Neste primeiro quadrimestre de 2021 passou de US$ 50,8 a US$ 68,23, com valorização de 34,3%.

Sobre as commodities agrícolas, as perspectivas também são muito boas. A soja, por exemplo, já se valorizou 84,5% em 12 meses.

Isso destaca as empresas produtoras de commodities, ou ligadas, sem esquecer celulose (papel e papelão, embalagens), algodão (indústria têxtil) e também “proteína animal” (frigorífico), fortemente demandadas pelos chineses.

Enquanto isso, no Brasil o "trinômio" pandemia, front fiscal desafiante e ambiente político tensionado, devem nortear o cenário de abril, influenciando na trajetória do mercado de capitais. Lembremos que estes três também foram predominantes em março, mas mesmo assim o Ibovespa se valorizou 6,0%. Em abril, este mercado se manteve num bom drive, embora crescendo bem menos, o que reforça um certo ambiente de instabilidade. No mês, o Ibovespa se valorizou 1,9%, fechando a 118.893 pontos, no ano em pequeno recuo de 0,1%.

Continuaremos

Olhando para o Ibovespa até abril, vemos o setor em melhor performance foi o de commodities (IMAT) com um peso de 23% no IBOV composto por:

- VALE (subiu 165% nos últimos 12 meses),
- Suzano (subiu 77% nos últimos 12 meses),
- Gerdau (subiu 36% nos últimos 12 meses) entre outras.

O segundo setor com maior desempenho foi o industrial (INDX) que tem um peso de 21% no IBOV composto por:

- Ambev (subiu 31% nos últimos 12 meses),
- WEG (subiu 70% nos últimos 12 meses) entre outras.

Pelo lado negativo, o pior Setor Imobiliário (IFNC) que corresponde apenas a 1,6% 
do IBOV. E também o Setor Financeiro (IFNC), cujas empresas correspondem à 29% do IBOV.

Alocação

Setores

Se mantenha distante

Empresas públicas; varejo físico; hotelaria; imobiliário; rede hospitalar; shoppings. 

Boa oportunidade

Empresas produtoras de commodities (minério de ferro, soja, petróleo, celulose); de proteína animal (frigoríficos); de tecnologia; comércio virtual; bancos privados; setor elétrico; planos de saúde e laboratórios farmacêuticos.

MACRO MERCADOS DIÁRIO 04/05/2021 - AMBIENTE É DE CAUTELA

A semana teve início com os mercados “meio de lado”, cautelosos sobre uma série de eventos em curso.

Por aqui, a reunião do Copom e a CPI da Covid capitalizam as atenções, enquanto que nos EUA, o debate se desloca para os custos inflacionários dos pacotes anunciados pelo presidente Biden e os indicadores, em divulgação, alguns melhores do que outros.


Nesta segunda-feira (03), as bolsas de valores de NY operaram tímidas e o dólar perdeu um pouco de terreno, diante da divulgação do PMI Industrial de abril, dos Gerentes de Compra (MSI), que acabou aquém do esperado. Passou de 64,7 para 60,7 pontos, quando o mercado esperava expansão. Por outro lado, o PMI Industrial do IHS Markit veio em suave expansão, passando de 59,1 para 60,5 pontos, mas abaixo das expectativas do mercado (60,6). A interpretar estes dados a “limitação de oferta”, e não problemas com a demanda. Não há esta certeza. A economia norte-americana ainda mostra alguns “pontos vacilantes”, diante dos riscos da pandemia e do fato dos mais pobres ainda não estarem totalmente incorporados. Por enquanto, predomina a retórica mais dovish do presidente do Fed, Jerome Powell. Para eles, a economia ainda levará algum tempo para se recuperar. Isso tende a reverter a tendência de alta dos Treasuries de 10 anos, que ontem estavam em 1,6%.

Enquanto isso, os pacotes de estímulo, anunciados pelo governo, seguem em debate no Congresso. Lembrando: são US$ 1,3 trilhão de pacote emergencial, US$ 2,3 tri para infraestrutura e US$ 1,8 tri para educação e as famílias. O problema é que Biden, para bancar estes pacotes, necessita de uma taxação pesada sobre os mais ricos, que ganham mais de US$ 1 milhão por ano, além das empresas, e isso não parece agradar a bancada republicana. Estes deputados e senadores se perguntam “se dariam um cheque em branco a um senhor de quase oitenta anos”.

No Brasil, a CPI da Covid, a reunião do Copom e, também, a proposta de reforma tributária são os destaques da semana.

Esta última, em parecer entregue na Comissão Mista, deve ser objeto de intensos debates. Muitos a consideram uma “meia bomba”, fatiada em três ou quatro partes. A primeira seria transformar o PIS e o Cofins em Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Numa proposta anterior, da PEC 45 do senador Baleia Rossi, a ideia era criar o IVA a substituir o IPI, o PIS, o Cofins, o ICMS e o ISS, algo muito mais consistente e profundo. Claro que seria importante uma transição para os estados e municípios se adaptarem, e isso teria que estar no “cálculo político”. Estranhamente, esta PEC, uma solução no sentido de simplificar a carga de impostos, acabou pelo caminho, optando-se pelo parecer atual em discussão, ao nosso ver, algo totalmente inócuo.

Sobre a CPI da Covid, nesta terça-feira tem início as “oitivas”, ou seja, os depoimentos dos ministros da Saúde, desde o “início” da pandemia no Brasil, em março de 2020.

Primeiro falará Luiz Henrique Mandetta, que deve vir com chumbo grosso (é só lerem o seu livro), depois Nelson Teich, o “breve”, apenas um mês no cargo, na quarta-feira, o que diz “ele manda, nós obedecemos”, Eduardo Pazuello; em seguida, o atual ministro Marcelo Queiroga e na quinta-feira, o presidente da Anvisa Antônio Barra Torres.

Naturalmente, a situação do presidente Bolsonaro não é confortável. Mandetta deve falar sobre a briga dele com o presidente, na defesa do isolamento contra a necessidade da economia continuar rodando e, também, no embate da cloroquina, o mesmo motivo que fez o competente médico Nelson Teich não continuar no ministério.

No entanto, a situação mais delicada deverá ser a do ex-ministro Pazuello, na sua teimosa defesa pelo tratamento preventivo ou “kit Covid”, já condenado pelo mundo e pela OMS. Nestes embates, não será possível esconder ou omitir nada. Tudo está nas redes sociais, na imprensa, e terá que ser bem esclarecido. Acreditamos, claro, que isso deve trazer alguma instabilidade aos mercados. Não será possível uma “guerra de versões”. O que parece predominar hoje é que o presidente se guiou na contramão do bom senso e do equilíbrio. Seu negacionismo pode lhe custar o cargo.

A verdade é que continuamos transitando em terreno nebuloso sobre este vírus. Os tratamentos são poucos e limitados. Apenas o isolamento, o uso de máscaras e a higiene permanente, parecem ser capazes de obstruir um vírus, que se propaga pelo ar, pelo contato das pessoas. Contra isso, apenas o isolamento social e as quarentenas, quando necessárias.

Perdemos um ano pela total falta de coordenação e entrosamento entre os poderes da República. Não tivemos, ao longo deste período, um comitê de notáveis para a adoção de medidas necessárias, o entrosamento entre os entes subnacionais (estados e municípios) e o governo federal, diálogo entre as esferas de poder. Deu no que deu. Como resultado, mais de 405 mil mortos até o momento.

Um alento será a entrega de 100 milhões de vacinas pela Pfizer por estes dias. Ótima notícia diante deste cenário de 2,4 mil mortes pela média móvel semanal. Para piorar, ainda se tem o “caos indiano”, e o que isso deve trazer para o mundo nas próximas semanas. Por lá, novos casos já passaram de 100 mil.

Sobre a reunião do Copom, é maioria os que acreditam num ajuste de 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira, a 3,5% ao ano, mas dúvida maior se concentra no comunicado a ser divulgado depois. Será que teremos um recado mais duro, mais hawkish, no linguajar do mercado, ou será neutro?

Uma dúvida aqui é saber se a “normalização virá parcial” ou não. Se será retirada ou mantida a palavra “parcial”. Muitos consideram ainda haver espaço para mais um ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom em junho. Já a pesquisa Focus acredita que a taxa Selic vai a 5,5% ao fim deste ano.

O fato é que a inflação continua elevada, contaminada pela valorização forte das commodities, mas observa-se que o câmbio vem se apreciando, o que tende a ser um fator de amortecimento para estas pressões inflacionárias. Nesta segunda (dia 03), o dólar chegou a cair a R$ 5,37, mas diante do terreno pantanoso na qual navegamos, cheio de instabilidade, acabou fechando em R$ 5,4188 (-0,24%).

Dava para ter caído mais. Isso porque o Fed de Jerome Powell continua ainda apegado à sua “política acomodatícia”, enquanto que, por aqui, seguem em curso as estratégias de ajuste da Selic. É neste carry trade, de diferencial de juro, e de liquidez externa ingressando no nosso mercado, com saldo cambial favorável, que estamos tratando. E ele se torna ainda mais favorável, quando se observa que a balança comercial vem com fortes superávits. Em abril o saldo foi a US$ 10,34 bilhões, com as exportações registrando US$ 26,48 bilhões, melhor saldo no mês pela série histórica, só possível pela forte demanda de commodities, em especial, vinda da China.


Bons negócios a todos!

Agenda Semanal
Indicadores

3ª Feira (04)
Reunião do COPOM (Br) Declaração de Taxa do RBA e Decisão da Taxa de Juros (Aus); Balança Comercial (Mar) (EUA); Encomendas à Indústria (Mar) (EUA); Estoques de Petróleo Bruto Semanal API.

4ª feira (05)
PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); Produção Industrial (IBGE, Mar) (Br); Variação de Empregos Privados ADP (Apr) (EUA); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (Br); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); ISM Não-Manufatura: Emprego (EUA); Estoques de Petróleo em Cushing; Decisão da Taxa de Juros Selic (Copom); Composto e Setor de Serviços (Apr) (China).

5ª feira (06)
Mercado deve “precificar” a reunião do COPOM; Relatório Mensal do BCE (Euro); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA); Balança Comercial (Apr) e PMI do Setor de Serviços Caixin (China).

6ª feira (07)
Vendas no Varejo (PMC, IBGE, Mensal) (Mar) (Br); Relatório de Emprego (“Payroll”) (Apr) (EUA); Taxa de Participação (Apr) (EUA); Taxa de Desemprego (Apr) (EUA).

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...