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BDM Matinal Riscala 2005

 *Rosa Riscala: China corta juros contra tensões comerciais*


… Em mais uma investida para impulsionar a economia e atenuar o impacto das tensões comerciais com os EUA, o PBoC chinês cortou hoje os juros para mínimas históricas, de 3,1% para 3,0% (um ano), na primeira queda desde outubro. A taxa de cinco anos foi reduzida na mesma proporção, de 3,6% para 3,5%. Agenda é fraca no exterior, apenas com o índice de confiança na Zona do Euro, enquanto em NY os mercados ouvem mais sete dirigentes do Fed pregar a “paciência” na política monetária. Em Wall Street, sai o balanço de Home Depot, antes da abertura. Após o fechamento, vem o resultado da XP Investimentos. Aqui, a primeira quadrissemana de maio do IGP-M é o único destaque, com os investidores à espera das medidas fiscais levadas a Lula, que Haddad prometeu anunciar nesta 5ªF.


… “Dia 22, a gente vai dar ao público todo o quadro fiscal deste ano e a projeção para o ano que vem também. Até 5ªF sai tudo”, disse o ministro, que não quis antecipar o valor do bloqueio ou contingenciamento no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.


… “Vamos ter várias reuniões esta semana para fechar [as medidas] e divulgar todo o quadro e o que for necessário [cortar].”


… Haddad já disse que não são medidas que preveem novos gastos, mas apenas questões pontuais para o cumprimento da meta de 2025. Na semana passada, o mercado voltou a colocar o risco fiscal no radar com a expectativa por esse “pacote”.


… Apurou-se, então, que se trata de uma série de ações destinadas ao público de mais baixa renda, que tentará recuperar a popularidade do presidente Lula. Há uma preocupação de que a imagem negativa do governo possa ter piorado com o escândalo do INSS.


… Haddad negou que esse tema tenha sido conversado com Lula nesta 2ªF, quando apresentou as medidas ao presidente no Planalto. O ressarcimento dos valores aos aposentados lesados pelos descontos não autorizados em seus benefícios ainda não está resolvido.


… Em apenas quatro dias, entre 14 e 17 deste mês, 1,5 milhão de pensionistas do INSS pediram o reembolso das mensalidades que foram descontadas indevidamente. O caso tem potencial para se tornar uma crise ainda maior e atingir o crédito consignado.


… Nesta 2ªF, despacho do presidente do INSS, Gilberto Waller Junior, publicado no Diário Oficial definiu que a partir de 6ªF, 23, passará a ser exigida biometria para o desbloqueio de empréstimos consignados, muitos dos quais podem estar em situação irregular.


… O próprio despacho cita a necessidade de “mapear vulnerabilidades operacionais e implementar medidas corretivas e aprimoramentos, garantindo maior segurança e conformidade aos processos envolvidos” – sinal evidente que aí também tem coisa.


… O governo Lula lançou a nova modalidade do consignado privado como medida de apelo popular e não deve querer abrir mão disso. A troca de dívidas e a concessão de novos empréstimos serão geridas pela Dataprev, com monitoramento do Ministério do Trabalho.


… Ainda sobre as medidas fiscais do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, disse que não trazem informações novas e que o noticiário da semana passada criou temores [no mercado].


… “O relato sobre o pacote de medidas é uma forma de contar história, porque não tem nada que já não tivesse sido colocado no debate público ou apresentado. O objetivo do governo com as medidas é cumprir o arcabouço fiscal e alcançar suas metas.”


… Mas ele afirmou que o desafio fiscal está sempre colocado para o Brasil. “Não podemos dourar a pílula”.


… Em evento do Goldman Sachs, nesta 2ªF, também Galípolo admitiu que “não é simples para o BC lidar com as incertezas sobre a política fiscal”, que “parece explicar parte da dinâmica das expectativas desancoradas de inflação, apesar dos juros mais elevados”.


… O presidente do BC citou a percepção no mercado de que a perda de tração na atividade pode levar a uma resposta do lado fiscal, mas sua fala foi fundamental para confirmar as expectativas de que a Selic não deve mais subir, mas continuará alta por longo tempo.


… “Com as expectativas desancoradas, faz sentido permanecer com essas taxas de juros no patamar restritivo por tempo mais prolongado do que usualmente se costuma praticar”. Disse, ainda, que o BC “não está nem perto de discutir a inflexão da política monetária”.


… As declarações de Galípolo pela manhã inverteram a alta inicial dos juros futuros, com o IBC-Br acima do esperado, e junto com a queda do dólar, passaram a recuar. Na curva, a aposta de manutenção em 14,75% já tem 60% de chances (leia mais abaixo).


AS NOVAS PROJEÇÕES – Na atualização da grade de parâmetros publicada pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda, nesta 2ªF, as projeções para o PIB deste ano foram elevadas de 2,3% para 2,4% e do IPCA, de 4,9% para 5%.


… Para o crescimento da economia, as estimativas da Fazenda estão mais otimistas do que as medianas da pesquisa Focus (2% em 2025).


… A equipe de técnicos explica que a revisão está relacionada à maior expectativa de crescimento no primeiro trimestre e ao aumento esperado para a produção agropecuária no ano, e só prevê desaceleração no segundo semestre, para perto de estabilidade.


… Para o 1Tri, a Fazenda espera crescimento de 1,6% do PIB, após a previsão de 1,5% em março, já que “os resultados observados estão um pouco melhores que o esperado para a indústria e serviços e levaram a um aumento marginal nessa projeção”.


… A aceleração no ano deve ser puxada pelo PIB agropecuário (+6,3%). Para os serviços, a projeção é de +2% e para a indústria, de 2,2%.


… Já a projeção de 5% para o IPCA/2025 “refletiu pequenas surpresas nas variações para o índice em março, além de alterações marginais nas expectativas para os próximos meses”. A Fazenda espera redução da inflação apenas a partir de setembro.


… Para 2026, a projeção de IPCA se manteve relativamente constante, avançando de 3,5% para 3,6%, dentro do intervalo da meta.


… Ainda de acordo com o Boletim Macrofiscal, as projeções de inflação consideraram a taxa de câmbio do fim do ano de R$ 5,86, que é levemente inferior à taxa de R$ 5,90 utilizada como referência para atualização da grade anterior, em março.


… Segundo o documento, “uma taxa de câmbio mais próxima de R$/US$ 5,70, utilizada nas projeções do cenário de referência do Copom de maio, poderia contribuir para reduzir as estimativas de IPCA, INPC e IGP-DI”.


NILTON DAVID – Em live do BC, nesta 2ªF, o diretor de Política Monetária disse que o PIB brasileiro vem crescendo acima do seu potencial, levando a um aumento da inflação no País, e que, “por isso, o BC decidiu elevar os juros”.


… “O Brasil cresceu mais do que se esperava por três anos, quiçá quatro anos consecutivos, o que é ótimo, e subiu os juros exatamente para conter o crescimento, para ele não se transformar em inflação, e continuar sendo só crescimento.”


MARGEM EQUATORIAL – A Petrobras repercute na abertura a autorização do Ibama para a empresa avançar no seu plano de estudos de impacto ambiental para a realização de pesquisas na Bacia da Foz do Amazonas.


… A decisão não representa ainda uma licença formal para o início da exploração na região, mas é a penúltima etapa prevista no processo de licenciamento da Margem Equatorial, em novo avanço à prospecção de petróleo.


GRIPE AVIÁRIA –  Em entrevista coletiva na noite de ontem, o Ministério da Agricultura informou que as exportações de produtos avícolas estão suspensas para 16 países e mais a UE.


… De acordo com a pasta, há quatro investigações de suspeitas: duas são em plantas comerciais, em Ipumirim (SC) e Aguiarnópolis (TO), e outras duas em aves de subsistência em Estância Velha (RS) e em Salitre (CE).


… Pelos cálculos do BTG Pactual, a crise pode provocar impacto de até US$ 300 milhões mensais nas exportações de carnes de aves do País enquanto durarem embargos aos embarques do produto.


… A Fitch disse que caso de gripe aviária confirmado em Montenegro (RS) representa um revés aos produtores de frango, mas não deve trazer impacto material sobre o perfil de crédito das grandes empresas do setor.


MAIS AGENDA – A prévia do IGP-M (8h) abre o dia. Nos EUA, pelo Fed, falam Thomas Barkin e Raphael Bostic (10h), Susan Collins (10h30), Alberto Musalem (14h), Adriana Kugler (18h), Beth Hammack e Mary Daly (20h).


… Nesta 2ªF, Neel Kashkari/Minneapolis destacou as incertezas do momento com as tarifas, afirmando que não se sabe quando a questão será resolvida. “É preciso esperar para ver. As empresas estão adiando investimentos em meio às incertezas.”


… Já Raphael Bostic/Atlanta afirmou que, diante das atuais condições econômicas e do nível das tarifas federais nos EUA, “vejo [apenas] um corte na taxa de juros neste ano”, ponderando que esse cenário pode mudar caso as negociações sejam “boas e rápidas”.


… Em entrevista à Bloomberg, Bostic concordou que o Fed precisa de “tempo para ter clareza sobre o impacto real das tarifas”.


… A zona do euro divulga às 11h a leitura preliminar de maio do índice de confiança do consumidor.


… No Canadá, os ministros das Finanças do G7 se reúnem, mas não estão previstos anúncios de acordos comerciais. Segundo a Reuters, discussões adicionais com o Japão devem ocorrer em Washington.


JOGO DE PERDE E GANHA – A crise fiscal nos EUA se provou oportuna ontem ao Brasil, à medida que garantiu novamente uma rotação de fluxo gringo para cá, ampliando o movimento já observado com a guerra comercial.


… Faturando o giro global de portfólio, o Ibov testou novo recorde histórico e o dólar e os juros futuros caíram, tendo ainda como fator extra de alívio a interpretação positiva dos comentários de Galípolo sobre a Selic.


… Em evento do Goldman Sachs, a indicação de que a taxa básica deve ficar elevada por mais tempo foi lida como um recado de que o juro alcançou o pico e só subirá novamente se houver piora importante do cenário.


… Se o mercado leu certo, não deixa de ser uma boa notícia para o carry trade, que reforça o Brasil como rota do fluxo estrangeiro. Mesmo que a Selic não suba mais, só de ficar onde está por bastante tempo já é lucro.   


… A migração de recursos para os mercados emergentes e a esperança de que o ciclo de aperto monetário do Copom já pode ter acabado ou está muito perto do fim têm ajudado o Ibovespa a sonhar cada vez mais alto.


… A barreira inédita dos 140 mil pontos já foi cruzada ontem durante o pregão (140.203,04) e, embora o índice à vista não tenha conseguido bancar esta marca até o fim do dia, fechou no melhor patamar de todos os tempos.


… Terminou aos 139.636,41 pontos, em leve alta de 0,32%, sinalizando que pode flertar com novos topos.


… Com Galípolo dando a entender que o BC já pode estar no limite do alcance da política monetária, seis das maiores altas do Ibov foram ocupadas por ações sensíveis ao consumo e ritmo de crescimento da economia.


… Renner (+2,62%), Fleury (+2,55%), Azzas (+2,51%), Yduqs (+2,47%), Assaí (+2,42%) e SmartFit (+2,37%).


… Entre os grandes bancos, BB ON (-2,45%, R$ 25,04) continuou precificando o balanço ruim do 1Tri25, mas Itaú PN (+1,19%, a R$ 38,35); Bradesco PN (+0,91%, a R$ 15,54) e Santander Unit (+1,49%, a R$ 30,56) subiram.


… Faltou fôlego para as blue chips de commodities: Vale ON caiu (-0,27%, a R$ 55,34), menos que o minério de ferro (-0,89%). Petrobras ON recuou 0,26%, a R$ 34,06, e PN, -0,12%, a R$ 31,98, em dia morno para o petróleo.


… O barril opera em clima de esperar para ver se vai sair mesmo o acordo nuclear do Irã e um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia. O contrato do Brent para julho subiu de leve (+0,19%), a US$ 65,54, na ICE londrina.


… A gripe aviária, que suspendeu as exportações brasileiras de frango para diversos países, favoreceu correção dos papéis da Marfrig (-6,42%), depois do salto de 21% semana passada com a proposta de fusão com a BRF.


… Apesar do surto, JBS subiu 3,06%, em meio ao processo de listagem nos EUA. A Fitch afirmou nesta 2ªF o rating BBB- da empresa em escala global e a nota AAA(bra) em escala nacional, ambas em perspectiva estável.


SELL AMERICA – A percepção de piora das contas públicas nos EUA, em meio às incertezas da sustentabilidade da dívida, enfraqueceu o dólar em escala global e, aqui, ainda teve o “efeito Galípolo” para dar suporte ao real.


… A moeda norte-americana fechou em leve baixa de 0,25%, cotada a R$ 5,6552. A curva do DI queimou prêmio de risco com a chance de que o Copom já possa ter completado o seu processo de ancoragem da inflação.


… No fechamento, o DI para Jan/26 caiu a 14,720% (de 14,740% no pregão anterior); Jan/27 furou os 14,000% de 6ªF e foi a 13,915%; Jan/29, a 13,465% (13,605%); Jan/31, 13,690% (13,760%); e Jan/33, 13,760% (13,790%).


… Antes de cair com Galípolo, os juros futuros subiram com o IBC-Br de março (0,80%) colado ao teto das estimativas (0,81%). O crescimento do “PIB do BC” no 1Tri chegou a 1,3%, indicando economia ainda aquecida.


… A queda nos juros futuros também foi facilitada pela melhora dos juros dos Treasuries, após picos de estresse mais cedo, quando a taxa da Note-10 anos rompeu 4,5% e o yield do T-Bond de 30 anos rodou acima de 5%.


… O retorno da Note-10 desacelerou de 4,562% no auge da tensão para 4,455% no fechamento (contra 4,446% no pregão anterior). O do T-Bond-30 abandonou a máxima de 5,036% para fechar a 4,914% (de 4,901% na 6ªF).


… Apesar de a pressão ter baixado ao longo do dia, investidores temem que o pacote tributário proposto pelos republicanos possa adicionar até US$ 5 trilhões ao endividamento dos EUA nos próximos dez anos.


… Os líderes republicanos planejam se reunir com Trump hoje e votar o projeto amanhã, em clima tenso.


… A perda do rating triplo A dos EUA pela Moody´s, desencadeada pela trajetória da dívida pública, derrubou o índice DXY (-0,66%) a 100,426 pontos. O euro subiu 0,71%, a US$ 1,1239, e a libra, +0,61%, a US$ 1,3356.


… Driblando os riscos, as bolsas em NY testaram uma melhora na reta final do pregão junto com os Treasuries, depois de terem passado grande parte do dia em terreno negativo, repercutindo o downgrade da nota dos EUA.


… No fechamento, o índice Dow Jones exibia alta moderada de 0,32%, aos 42.792,07 pontos, enquanto o S&P 500 (+0,09%, aos 5.963,60 pontos) e o Nasdaq (+0,02%, aos 19.215,46 pontos) se acomodavam na estabilidade.


EM TEMPO… A Moody´s elevou o rating da ELETROBRAS de Ba2 para Ba1, com perspectiva estável.


GERDAU informou que a empresa de serviços financeiros FMR LLC atingiu fatia de 10,493% das ações PN.


TELEFÔNICA arrecadou R$ 949 mi em leilão de ações provenientes de grupamento e desdobramento.


RODOVIAS. A XP reduziu o preço-alvo da Motiva de R$ 16,20 para R$ 15,30 e elevou o da EcoRodovias

de R$ 7,30 para R$ 8,30. A recomendação de compra foi reforçada para as duas companhias.


SÃO MARTINHO. O conselho de administração aprovou a sétima emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única, no valor de R$ 1,250 bilhão.


JHSF PARTICIPAÇÕES assinou um Memorando de Entendimentos (MOU) com a Fundação Visconde de Porto Seguro para a instalação de uma nova unidade do colégio no Boa Vista Village, em Porto Feliz (SP).

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