sexta-feira, 18 de outubro de 2024

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


[18/10/24]


… Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar.


… “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o papel predominante que as preocupações com as contas públicas têm tido nas últimas semanas.


… Após o mercado ter reagido mal ao projeto de exclusão das estatais do Orçamento encaminhado ao Congresso, o socorro financeiro às empresas aéreas, no montante de R$ 4 bilhões, decepcionou por ficar abaixo do anunciado anteriormente (R$ 6 bilhões).


… O tema remeteu às prioridades do presidente Lula e as desconfianças de que ele poderá não ser firme o suficiente no aval à revisão de gastos, principalmente estruturais, tão necessária para estabilizar a trajetória da dívida.


… Em entrevista à Rádio Metrópole, da Bahia, nesta 5ªF, Lula reiterou que investir em saúde e educação não é gasto, é investimento.


… “Tem muita gente que acha que nós estamos gastando muito dinheiro. Eu não acho que é gasto, acho que é investimento. Ficaria mais caro gastar fazendo cadeia para prender a meninada que não teve oportunidade de ir à escola. Por isso, não importa o quanto custa.”


… Enquanto isso, Haddad corre atrás de dinheiro.


… No final do dia, o ministro encontrou-se com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, para discutir a ação do Partido Progressista que contesta a incorporação de valores esquecidos em contas bancárias para fins de cumprimento da meta fiscal.


… O governo calcula uma perda de arrecadação de R$ 14,3 bilhões neste ano se perder essa causa.


… Segundo nota técnica do Ministério do Planejamento, eventual declaração de inconstitucionalidade da norma pode gerar a necessidade de novos contingenciamentos para tornar possível cumprir a meta de resultado primário.


… Por outro lado, a proposta de criação de um imposto mínimo para milionários no Brasil, com uma alíquota efetiva de 12%, deve gerar algo próximo de R$ 20 bilhões em razão do planejamento tributário, a metade do estimado pelo governo.


… O montante seria insuficiente para repor a perda de pelo menos R$ 45 bilhões com a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.


… Os cálculos são do economista do Santander Brasil Ítalo Franca, obtidos pelo Broadcast, e foram feitos com base em dados da declaração do imposto de renda da pessoa física de 2022, com ano-base 2021. Mais de 250 mil contribuintes ganham acima de R$ 1 milhão.


CHINA HOJE – A produção industrial cresceu 5,4% em setembro e superou a expectativa de 4,6%. As vendas no varejo também vieram bem, com avanço de 3,2%, superior à estimativa de 2,5% dos analistas de mercado.


… O investidor transfere agora a expectativa para a reunião de política monetária do BC chinês (PBoC) na noite do próximo domingo, quando serão decididas as taxas de referência de longo prazo (LPRs) de 1 ano e de 5 anos.


 O RISCO TRUMP – As crescentes perspectivas de uma vitória do candidato republicano nas eleições presidenciais podem estar ajudando a elevar o dólar e aumentando a pressão de venda sobre o euro, avaliaram em nota economistas do banco ING.


… Já para analistas da Quant Insight, uma vitória de Trump pode ser má notícia para os Treasuries. “O mercado de juros é onde os medos persistentes de inflação, além dos riscos das eleições nos EUA, estão se manifestando”, afirmam.


… A Quant Insight espera que o rendimento da T-note 10 anos suba ainda mais após a eleição se Trump vencer.


… Na avaliação da Capital Economics, eventual vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA deve representar um desafio bem maior às economias emergentes em comparação ao de um pleito vencido por Kamala Harris.


… “Talvez a implicação mais clara de uma nova gestão Trump seja a retomada da inflação e juros maiores, o que pesaria para os mercados emergentes, com uma pausa ao ciclo de flexibilização monetária em vários desses países e amplo ajuste nas moedas.”


… A consultoria aponta Argentina e Turquia como os países que mais têm a perder, pela maior vulnerabilidade externa. Já uma vitória de Kamala Harris criaria oportunidades aos emergentes alinhados com os EUA, como México, Índia e partes do Sudeste Asiático.


MAIS AGENDA – Nos EUA, três Fed boys falam: Neel Kashkari (11h), Raphael Bostic (11h30 e 13h30) e Christopher Waller (13h10). As construções de moradias iniciadas (9h30) têm previsão de -0,7% em setembro.


AFTER HOURS – Netflix saltou 5%, após ter caído 2% no pregão regular. Embora o número de novos assinantes tenha desacelerado no 3Tri, a receita (US$ 9,83 bi; +15%) e o lucro por ação (US$ 5,40) continuaram a melhorar.


… Já a Western Alliance apresentou lucro líquido de US$ 199,8 milhões no 3TRI24, queda de 7,8% sobre o 3TRI23; receita cresceu 15% no período, para US$ 823,1 milhões. No pregão noturno, a ação caiu firme (-5,13%).


AQUI – Às 10h, Lula e Haddad lançam em SP o Acredita, programa de crédito para microempreendedores.


ESTRESSAR CANSA – De concreto, não houve nada que justificasse a melhora do mercado doméstico ontem à tarde. Muito pelo contrário: as dúvidas sobre o fiscal e a China seguiram em cena e ainda o dólar subiu lá fora.


… Mas aqui a moeda norte-americana parou de sentir a pressão e os juros futuros perderam fôlego, no movimento visto mais como recuo estratégico, não como tendência, para os negócios recarregarem a bateria.


… Tanto isso parece ser verdade, que a ponta do DI continuou exigindo prêmios de risco elevados.


… No leilão de prefixados do Tesouro, “voltamos a ver a taxa de juros beirando 13,00%, é péssimo! Gringo comprando Brasil, mas pedindo taxa demais”, comentou o especialista em renda fixa Alexandre Cabral.


… O contrato de DI para Jan29 fechou a 12,840% (de 12,825% na véspera); Jan31, a 12,830% (12,800%); e Jan33 a 12,760% (12,720%). Jan27 pagou 12,805% (12,810%) e Jan26 marcou 12,650% (de 12,640% no dia anterior).


… Se consideradas todas as forças com potencial para terem estressado o câmbio ontem (tombo do minério com a China, alta do dólar com o BCE e Trump, além do fiscal aqui), foi uma vitória o real ter subido de leve.


… Nos últimos minutos do pregão, a moeda americana perdeu força e virou levemente para o negativo, fechando em R$ 5,6596 (-0,10%), depois de ter se aproximado da marca de R$ 5,70 na máxima (R$ 5,6880).


… Em pouco mais de duas semanas, o dólar saiu da casa de R$ 5,40 no fim de setembro para R$ 5,65, com alta acumulada de 4% no período e de 16% no ano. Especialistas no Broadcast apontam os riscos à frente.


… A dinâmica no câmbio deve depender de opção do Fed, se por um novo corte do juro ou uma pausa, do desfecho da corrida eleitoral à Casa Branca (“risco Trump”), da China e do grau de expansionismo fiscal aqui.


SEM PREVISIBILIDADE – O comentário de um estrategista ao Broadcast, de que “o mercado não tem medo de notícia negativa, tem medo é do escuro”, resume bem o sentimento de insegurança que dominou o Ibov ontem.


… Apesar de o índice à vista ter se afastado da mínima do dia (129.901,94) e recobrado os 130 mil pontos, diante da melhora na reta final do câmbio e do DI, não deu para o investidor esconder as dúvidas sobre a China e o fiscal.


… A nova dose de frustração com a resposta de Pequim à crise imobiliária cobrou o seu preço do minério de ferro, que afundou 6%, e não poupou os papéis da Vale (ON, -2,53%, a R$ 60,76), peso-pesado da bolsa.


… O índice à vista da bolsa doméstica interrompeu sequência de três altas seguidas e fechou em baixa de 0,73%, aos 130.793,41 pontos, com volume financeiro de apenas R$ 17,7 bilhões. Hoje tem exercício de opções.


… Petrobras ON caiu 0,47% (R$ 40,59) e PN recuou 0,75% (R$ 36,93), apesar de o Brent ter interrompido sequência de quatro quedas, fechando em alta moderada de 0,31%, a US$ 74,45 por barril.


… A cotação do petróleo acumula queda de 10% em 2024 e pode desabar se a Arábia Saudita elevar a oferta, algo que tem 30% de chances de acontecer, segundo a Capital Economics.


… O país opera hoje com restrições na produção e uma reversão dessa política poderia baixar o preço do barril a uma média entre US$ 30 e US$ 40. 


… Ainda no Ibov, novamente os bancos fecharam sem direção única: Santander (-0,52%; R$ 28,89) e BB (-0,15%; R$ 26,72) no lado negativo. Bradesco ON (+0,45%; R$ 13,29) e PN (+0,66%; R$ 15,20) e Itaú (+0,20%; R$ 35,11) subiram.


… Hapvida (-3,63%; R$ 3,72), Yduqs (-3,59%; R$ 10,20) e Hypera (-3,06%; R$ 25,94) lideraram as baixas.


… Brava Energia (+2,21%; R$ 17,57) teve a terceira maior alta do dia, com expectativa para o início da operação da FPSO Atlanta. A ANP marcou para entre 25 e 29/11 a inspeção final dos sistemas de medição da plataforma.


… Frigoríficos foram bem. BRF valorizou 2,66% (R$ 23,89), Marfrig avançou 2,54% (13,73) e JBS, +1,53% (R$ 34,61).


POUSANDO SUAVE – Indicadores de emprego, varejo e confiança das construtoras mostraram que a economia dos EUA segue sólida, o que puxou o Dow Jones para mais um recorde, elevou o dólar e os juros dos Treasuries.


… Nota dissonante foi a indústria (-0,3%), mas nem mesmo uma leitura abaixo do consenso (-0,1%) em setembro ajudou a conter o movimento de alta dos ativos.


… No 4º fechamento recorde em cinco sessões, o Dow Jones subiu 0,37% (43.238,72 pontos). S&P 500 (-0,02%, a 5.841,47) e Nasdaq (+0,04%, a 18.373,61) ficaram estáveis.


… Vendas no varejo dos EUA cresceram 0,4% em setembro sobre agosto, dentro do previsto pela FactSet e acima do 0,3% esperado por pesquisas das agências de notícias internacionais.


… Um mercado de trabalho resiliente tem estado por trás do consumo. Os pedidos de auxílio-desemprego tiveram queda de 19 mil, a 241 mil, na semana passada, recuo bem maior que os 3 mil esperados.


… Na semana anterior, houve forte aumento nos pedidos por causa do furacão Helene. Esperava-se normalização, mas não tão intensa. Junto com o varejo, o dado reforçou a visão de que a economia está longe de uma recessão.


… Completando os dados do dia, o índice de confiança das construtoras americanas, medido pela NAHB, avançou a 43 em outubro, de 41 em setembro e expectativa de 42. É a segunda alta mensal consecutiva.


… “Os fortes gastos de consumo em setembro sugerem que o crescimento da economia no 3º trimestre foi sólido e acima da tendência”, disse à Reuters Jeffrey Roach, economista-chefe da LPL Financial.


… “Nosso cenário é de que o Fed vai reduzir juros em 25pb em novembro e dezembro”, disse.


… Divulgados os indicadores, o FedWatch, do CME, passou a mostrar um aumento – de 7% para 15% – nas apostas de manutenção dos juros em novembro. Mas a chance de um corte de 25pb segue amplamente majoritária (85%).


… Com o espaço limitado para cortes mais agressivos de juros, os retornos dos Treasuries subiram, com destaque para o do T-bond de 30 anos, que saiu de 4,2978% na sessão anterior para 4,3933%.


… O juro da 2 anos avançou a 3,9772% (de 3,9418%) e o da note de 10 anos subiu a 4,0935% (de 4,0136%).


… O dólar não precisava de mais motivos para subir, mas ainda ganhou força com a queda da inflação e do juro na zona do euro. O índice DXY avançou 0,20%, a 103,795 pontos.


… A moeda comum caiu 0,27%, a US$ 1,0830, depois de o CPI de setembro (final) desacelerar a 1,7%, de 2,2% em agosto. O dado ainda ficou menor que a prévia, de 1,8%. O núcleo cedeu de 2,8% para 2,7%.


… Depois, o BCE cortou suas principais taxas de juros em 25pb, como esperado e, segundo apuração da Reuters com quatro fontes, os dirigentes do BC europeu planejam cortar juros novamente em dezembro.


… O plano só deve mudar se ocorrer uma piora da inflação ou melhora importante nos dados da economia.


… Na coletiva, Lagarde foi dúbia. Disse que cortar juros foi uma “decisão unânime e apropriada”, destacando que os riscos para o crescimento tendem para o lado negativo, mas alertando que ainda há riscos para a inflação.


… Embora tenham cenário-base de -25pb, casas como Capital Economics e Nordea veem possibilidade de um corte maior de juros, se a economia enfraquecer mais.


… Já o Wells Fargo não vê razão para recuos maiores e prevê redução de 25pb em dezembro, janeiro e março.


… Ainda no câmbio, a libra subiu 0,25%, a US$ 1,3012, e o iene caiu 0,39%, a 150,170/US$.


EM TEMPO… Moody’s atribuiu rating ‘AAA.br’ à 10ª emissão de debêntures da VALE no valor de R$ 6 bilhões, anunciada na semana passada. A perspectiva é estável.


ASSAÍ reduziu projeção de abertura de lojas em 2025 de 20 para 10 e prevê abrir 20 novas unidades em 2026…


… Previsão de investimentos ficou entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão no próximo ano; grupo espera alavancagem de 2,6X a dívida líquida sobre Ebitda ao final de 2025.


LOCALIZA. Localiza Fleet aprovou a 15ª emissão de debêntures, no valor de R$ 1,750 bilhão.


MULTIPLAN. Cade aprovou recompra de 90 milhões de ações detidas pela OTPP.


JHSF registrou R$ 1,3 bilhão em vendas no 3Tri/24, alta de 25,3% ante o 3Tri/23. Taxa e custo de ocupação consolidados foram de 97,5% e 9,2% no período, respectivamente


ENERGISA. Consumo de energia subiu para 3.530 GWh em setembro, aumento de 2,4% ante o mesmo mês de 2023.


BTG PACTUAL. Fitch reiterou rating BB às notas seniores do banco com vencimento em 2030, com perspectiva estável.


AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

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