quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Bco Master e suas falcatruas

 🏦 *Master fez investimentos de r$ 1,2 bilhão em empresas vinculadas a irmã de Vorcaro- Estadão*


*CVM vê indícios de crime em aporte de R$ 361 milhões numa clínica em nome de laranja*


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está investigando o Banco Master devido a suspeitas de irregularidades em investimentos feitos em empresas vinculadas à Natália Vorcaro, irmã do dono do banco, Daniel Vorcaro. A CVM identificou indícios de crimes em aportes de R$ 2,1 bilhões do Banco Master em dez empresas, cujas notas comerciais foram emitidas pela Laqus Depositária de Valores Mobiliários e adquiridas exclusivamente pelo Master.


Desses valores, R$ 1,2 bilhão foi investido em empresas ligadas a Natália Vorcaro. Além disso, a Clínica Mais Médicos S.A., que recebeu R$ 361 milhões do banco, opera em uma estrutura rudimentar e compartilha o mesmo escritório de contabilidade com a Del Participações, onde Natália é administradora. A investigação sugere que essas operações foram criadas de forma fraudulenta para que o dinheiro retornasse ao grupo familiar de Daniel Vorcaro, inflando artificialmente o patrimônio do banco.


O Banco Master afirmou que os investimentos citados já foram quitados, mas não comentou os vínculos com Natália. A Laqus, por sua vez, declarou que cumpriu os requisitos legais e não é responsável pela emissão das notas comerciais.


https://tinyurl.com/2cvwcgwx

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: STF acende alerta nos bancos*


Nos Estados Unidos, a ata do Fomc (15h) é o destaque


… A decisão do PBoC de manter os juros na China é a primeira notícia do dia para os mercados globais, que têm na agenda dados de inflação de julho no Reino Unido, Alemanha e Zona do Euro. Nos Estados Unidos, a ata do Fomc (15h) é o destaque, além das falas de dois Fed boys: Waller, candidato à sucessão de Powell, e Bostic, um dos mais notórios falcões. Em Wall St, mais uma varejista, a Target, divulga balanço. O Simpósio de Jackson Hole será aberto à noite. Nas negociações para a paz na Ucrânia, o local para o encontro entre Putin e Zelensky permanece indefinido. Aqui, tem nova pesquisa Quaest, Haddad em seminário da Fazenda, enquanto a insegurança jurídica assusta os bancos.


O FATOR DINO – A decisão do ministro Flávio Dino (STF), afastando a eficácia automática de leis estrangeiras no Brasil, causou uma onda de dúvidas e apreensão no setor bancário, em especial, nas instituições que têm operações nos Estados Unidos.


… No Ibovespa, as ações de bancos tiveram fortes quedas, enquanto juros e dólar subiram (leia abaixo em Mercados).


… Ao analisar segunda-feira decisão da Justiça do Reino Unido sobre indenização a vítimas do desastre de Mariana e Brumadinho, Dino definiu que ordens judiciais estrangeiras só valem após homologação da Justiça do Brasil.


… Embora motivada por um caso específico, a decisão protege cidadãos brasileiros dos efeitos da Lei Magnitsky, usada pelo governo americano para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, acusado de promover uma caça às bruxas no processo contra o ex-presidente Bolsonaro.


… Em novo despacho, ontem, Dino reiterou que não há eficácia automática de leis estrangeiras em território nacional.


… Na prática, isso significa que os bancos brasileiros, todos com relacionamento com instituições e empresas americanas, podem sofrer sanções tanto dos Estados Unidos, se não cumprirem a Lei Magnitsky, ou podem ser punidos pela legislação do Brasil se cumprirem a Lei.


… A disposição dos ministros do STF fica clara na sua recusa de transferir seus recursos para cooperativas de crédito, como foram aconselhados. Segundo a jornalista Mônica Bergamo (Folha), consideram que isso representaria uma capitulação da Suprema Corte.


SEM CONSENSO – O STF está dividido sobre como reagir às sanções de Donald Trump contra Alexandre de Moraes.


… Uma ala defende represálias, como o bloqueio de ativos de empresas americanas no Brasil, enquanto outro grupo avalia que a medida poderia encerrar de vez as relações diplomáticas entre os dois países.


… A tensão aumentou com a decisão de Flávio Dino, que obrigou bancos a consultarem a Corte antes de cumprir ordens estrangeiras.


… A medida não teve apoio unânime: alguns ministros temem que ela amplie a crise internacional e coloque os bancos diante de um impasse entre descumprir normas do sistema financeiro global ou ordens do Supremo.


… Parte da Corte defende que o debate mais amplo sobre a Lei Magnitsky ocorra no processo relatado por Cristiano Zanin, aberto a pedido do deputado Lindbergh Farias (PT), que busca impedir bloqueios de contas de Moraes por bancos no Brasil.


… Zanin já enviou o caso para manifestação da PGR e aguarda a devolução para tomar sua decisão.


TARIFAÇO NA OMC – Os Estados Unidos aceitaram a consulta do Brasil na OMC, mas afirmam que parte das tarifas se enquadra em “segurança nacional”, fora do alcance do órgão. O Itamaraty vê como resposta de praxe, mas destaca que abre um canal de diálogo.


… Se não houver acordo em 60 dias, o Brasil pode pedir a criação de painel.


… O governo Lula espera que a fase de consultas permita negociação direta com autoridades americanas, mas já admite recorrer à Justiça dos Estados Unidos contra as sanções. Há temor de que o USTR fragmente medidas contra o Brasil em várias etapas.


LULA E BIG TECHS – O governo pretende enviar até a próxima semana ao Congresso o projeto de lei de regulamentação das plataformas digitais.


… A proposta segue os parâmetros fixados pelo Supremo Tribunal Federal em junho, prevendo responsabilização das empresas em caso de falhas sistêmicas na remoção de conteúdos sensíveis, como incentivo ao terrorismo, suicídio ou crimes contra crianças.


… A iniciativa ganhou força após o tarifaço de Trump, que chegou a citar a regulação das big techs como uma das motivações das sobretaxas.


… Lula também deve reunir seus ministros na próxima terça-feira (26) para alinhar o discurso do governo sobre o novo marco regulatório.


… Nesta terça-feira, o presidente almoçou com Hugo Motta, pedindo a ele que garanta “bom andamento” às matérias de interesse do Planalto na Câmara, incluindo a proposta sobre redes sociais.


A GUERRA – Líderes militares da Otan devem se reunir hoje em circunstâncias consideradas únicas para discutir garantias de segurança e o apoio à Ucrânia, impedida por Putin de ingressar formalmente na organização.


… Trump esclareceu que os Estados Unidos estão prontos para usar poder aéreo em apoio a uma força europeia no país, mas descartou o envio de tropas terrestres. A reunião desta quarta-feira deve refinar as opções militares para proteger a Ucrânia.


… Nas negociações de paz, Putin sugeriu encontro com Zelensky em território russo — proposta descartada de imediato.


… Moscou ainda indicou a China como possível garantidora, mas a União Europeia mantém ceticismo sobre um acordo de paz e prepara novas sanções contra a Rússia até setembro, segundo Politico.


… Na AFP, a Suíça afirmou que dará imunidade a Putin se ele viajar ao país para negociações, apesar do mandado de prisão contra ele. Já a Casa Branca sugere realizar a reunião trilateral em Budapeste, capital da Hungria.


… Em declaração inédita ao programa de rádio Mark Levin Show, Trump sinalizou ontem que, talvez, não participe da reunião com Zelensky e Putin. “Tive encontros bem-sucedidos com Putin e Zelensky, mas agora é melhor que eles se encontrem sem mim”.


AGENDA – A pesquisa Genial/Quaest sobre avaliação do governo (7h) e a divulgação da ata do FED (15h) são os destaques desta quarta-feira.


… No Brasil, a agenda traz ainda o fluxo cambial semanal do BC (14h30), a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em seminário sobre governança organizado pela Fazenda (14h) e a presença do governador Tarcísio de Freitas em evento do Santander (18h).


… O Tesouro deve divulgar o ranking anual de custos e o relatório resumido de execução orçamentária dos Estados e do Distrito Federal, com dados do terceiro bimestre de 2025.


… No exterior, os índices de inflação no Reino Unido, Alemanha e Zona do Euro saem na madrugada brasileira, quando a presidente do BCE, Christine Lagarde, participa de encontro do Fórum Econômico Mundial, na Suíça.    


… Ainda nos Estados Unidos, as falas dos dirigentes do Fed devem trazer mensagens divergentes, com Christopher Waller (12h), mais dovish, e Raphael Bostic (16h), mais hawkish. Às 11h30, saem os dados semanais de estoques de petróleo do DoE.


… O balanço da Target sai antes da abertura dos mercados em Nova York.


CHINA HOJE – A taxa básica de juros para empréstimos (LPR) de 1 ano permaneceu em 3% e a de 5 anos, em 3,5%.


AFTER HOURS –As ações da Nu Holdings avançaram 1,37% no after hours de Nova York após nova recomendação de compra, agora do Citi, que dobrou o preço-alvo para US$ 18, sinalizando potencial de alta de 35%.


SINUCA DE BICO – No centro do fogo cruzado entre o STF e Trump, o estrago foi considerável ontem para os papéis do setor financeiro, que caíram em bloco e perderam mais de R$ 40 bilhões em valor de mercado no pregão.


… “Os bancos nacionais estão entre a cruz e a espada. Todos têm relacionamento e usam serviços de bancos e grandes empresas americanas”, resumiu ao Broadcast Marcos Weigt, da Tesouraria do Travelex Bank.


… De um lado, as instituições financeiras podem sofrer sanções dos Estados Unidos se não adotarem restrições a Moraes baseadas na Lei Magnitsky. De outro lado, se cumprirem a ordem, podem contrariar a legislação brasileira.


… As ações do BB, que vinham resistindo firmes e fortes nos últimos pregões à decepção com o balanço trimestral, entregaram os pontos ontem e afundaram 6,03%, para R$ 19,80, figurando como terceira pior queda do dia.


… Só perdeu para Raízen (-9,57%; R$ 1,04), após a Petrobras negar intenção de investimento, e para Cosan (-6,41%).


… Tombo também para Santander unit (-4,88%, a R$ 25,94), para o Itaú, que perdeu 3,04% e fechou a R$ 36,31, além do Bradesco. O papel PN registrou desvalorização de 3,43%, para R$ 15,79, e o ON recuou 3,29%, para R$ 13,54.


… Sob o peso do dia, o Ibovespa engatou queda firme de 2,10%, aos 134.432,26 pontos, com giro de R$ 22,4 bilhões.


… Só cinco das 84 ações da carteira teórica do índice à vista escaparam ontem no campo positivo: Minerva (+2,93%), Suzano (+0,78%), Hypera (+0,48%), Marfrig (+0,17%) e Vale, com ganho marginal de 0,08%, cotada a R$ 53,24.


… Junto com o petróleo, Petrobras fechou no vermelho: ON -1,37%, a R$ 32,41; e PN, -1,05%, a R$ 30,04.


… Embora sem qualquer resolução concreta para um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, o barril do tipo Brent para entrega em outubro apostou as fichas nas negociações de paz e teve queda de 1,21%, cotado a US$ 65,79.


… Nas bolsas em Wall Street, o pessimismo do setor de tecnologia pesou para o Nasdaq, que perdeu 1,46%, aos 21.314,95 pontos. Já o S&P 500 caiu bem menos (-0,58%), aos 6.411,45 pontos, e o Dow Jones não caiu nada.


… O índice da Nyse, negociado praticamente estável (+0,02%), a 44.922,39 pontos, recebeu suporte da Home Depot (+3,15%), que frustrou no balanço, mas informou guidance positivo para as vendas no acumulado do ano.


GUARDA ELEVADA – Além de terem queimado quase 3 mil pontos do Ibovespa, os ruídos sobre a aplicação da Lei Magnitsky contribuíram para acelerar o dólar a R$ 5,50 e disparar o DI, com o investidor redobrando a cautela.


… No câmbio, também parece estar batendo o risco de que a ata do Fed e a participação de Powell em Jackson Hole esvaziem as chances de sinalização de que o ciclo de corte dos juros nos Estados Unidos começará em setembro.


… O real encerrou ontem com o pior desempenho entre as 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor, diante do salto de 1,22% do dólar à vista, para R$ 5,5009, revisitando o patamar em que estava duas semanas atrás.


… Esta correção deixa em stand-by as apostas de que a moeda norte-americana poderia estar pronta para furar suportes psicológicos importantes, depois de ter encerrado a semana passada abaixo da marca de R$ 5,40.


… Lá fora, o dólar teve ontem volatilidade bem menos intensa do que aqui, com o índice DXY em leve alta de 0,10%, a 98,265 pontos, e queda modesta do euro (-0,12%, a US$ 1,1649), libra (-0,12%, a US$ 1,3488) e iene (147,53/US$).


… De olho nos próximos recados do Fed e desdobramentos na Ucrânia, os juros dos Treasuries interromperam a sequência de três altas. A taxa da Note-2 anos caiu a 3,750% (de 3,770%) e a de 10 anos, a 4,303% (de 4,339%).


… Mas aqui a curva do DI descolou completamente do exterior, precificando a escalada da tensão entre o Brasil e o governo Trump, que coloca os bancos domésticos numa encruzilhada, expostos à insegurança jurídica do momento.


… Desde que o mês começou, os juros futuros longos não fechavam com tanto prêmio de risco como ontem. O vencimento de Jan/27 voltou a cruzar a barreira de 14% e saltou de 13,95% no ajuste para 14,145% no fechamento.


… Sob pressão, fecharam nas máximas do dia os contratos de Jan/31, a 13,750% (de 13,476% na véspera); e Jan/33, a 13,870% (de 13,621%). Jan/29 foi a 13,480% (de 13,194%) e, na ponta curta, Jan/26 marcou 14,910% (de 14,890%).


… O trecho de mais curto prazo do DI tem as altas limitadas pela esperança de que o Copom ainda possa mudar de conversa e dar margem à interpretação de um corte antecipado da Selic, apesar de Guillen ter indicado o contrário.


… Em relatório, o BTG Pactual avalia que a combinação recente de surpresas baixistas na inflação e na atividade econômica aumentou a possibilidade de o BC relaxar a política monetária mais cedo, já na reunião de dezembro.


… Mas o banco reconhece que uma postura menos conservadora do Copom continua condicionada à continuidade de indicações desinflacionárias e de alguma reancoragem, ainda que parcial, das expectativas para o IPCA.


CIAS ABERTAS – O Cade deve julgar hoje o mérito da operação de fusão entre a BRF e a MARFRIG.


MASTER. A Câmara Legislativa do DF aprovou, em segundo turno (14 votos a 7), projeto de lei que autoriza o BRB a comprar parte do banco. Texto segue para a sanção de Ibaneis, mas a compra ainda depende do aval do BC…


… Uma investigação conduzida pela CVM apontou, pela primeira vez, a suspeita de crimes financeiros na gestão do Banco Master, por meio de investimentos milionários fraudulentos que inflaram o patrimônio da instituição…


… Além disso, permitiram aportar recursos em empresas vinculadas à irmã do dono, Daniel Vorcaro…


… O Master manifestou surpresa com as alegações, informou que não foi formalmente solicitado pela CVM a prestar esclarecimento e considera “inadmissível a abertura de procedimentos com vazamento de informações à imprensa”.


AÉREAS. Cade adiou para a sessão de 3 de setembro julgamento sobre existência ou não de infrações concorrenciais no contrato de codeshare entre a Gol e a Azul…


… O motivo seriam novos documentos apresentados no caso, que ainda precisariam ser analisados. (fontes do Valor)


WEG. Conselho concedeu aval para contratação de financiamento pelas subsidiárias Balteau Produtos Elétricos e Weg Turbinas e Solar no valor de R$ 130 milhões…


… Contratação será feita por meio da linha BNDES Finame Materiais Industrializados, com prazo de até 18 meses…


… Adicionalmente, colegiado também concedeu aval para financiamento de US$ 50 milhões pela Weg Africa (PTY), com prazo de 36 meses.


ANEEL. Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira a nomeação de Willamy Moreira Frota e Gentil Nogueira para duas diretorias da agência reguladora.

Bolivar Lamounier

 VERMELHO ATÉ  A MEDULA

Bolívar Lamounier

Em 1966, prosseguindo meus estudos de pós-graduação na UCLA, comecei a sentir que a saudade de casa batia mais forte. Em retrospecto, causa espanto a diferença entre os meios de comunicação de que hoje dispomos e os daquela época. De lá, eu podia telefonar, mas o custo era incompatível com a modesta bolsa de estudos com que me sustentava; e escrever cartas, cujas respostas levavam uma eternidade para chegar. Pegar um avião e vir por um breve período era impensável.

Fui ruminando tal situação até que um dia decidi solicitar e obtive de meu orientador licença para uma viagem um pouco mais demorada a Belo Horizonte. Ele compreendeu perfeitamente os meus motivos psicológicos, mas tratei de reforçá-los dizendo que pretendia colher dados para minha futura tese de doutoramento. 

O momento era alvissareiro, pois o Departamento de Ciência Política da UFMG acabara de entrar em funcionamento, e tudo indicava que viria a ser uma instituição de grande prestígio, como de fato aconteceu. Clara indicação disso foi que, no segundo semestre daquele ano, o DCP promoveria um seminário de ciência política, ao qual compareceria a nata internacional dessa área de estudos. Estaria também presente o representante da Fundação Ford no Brasil, Peter Bell, um grande benfeitor das ciências sociais em nosso país, com quem tive o privilégio de manter uma estreita amizade até o falecimento dele, em 2012. 


Do seminário propriamente eu não teria condições de participar, pois deveria retornar a Los Angeles para o semestre de outono, cujo começo praticamente coincidiria com a referida reunião. Preparei-me, pois, para a viagem de volta, mas não pude iniciá-la em razão de um fato imprevisto e desconcertante. No aeroporto do Galeão, no Rio, ao me apresentar no balcão da companhia aérea, fui informado de que meu visto de entrada nos Estados Unidos fora cancelado. No dia seguinte, fui bem cedo à Embaixada americana, que me instruiu a voltar a Belo Horizonte, uma vez que a ordem de cancelamento partira de lá; era, pois, ao Cônsul local que deveria me reportar. Tratei de estabelecer contato com o Peter Bell antes mesmo de embarcar para a capital mineira, o que, segundo me pareceu, a própria embaixada já havia feito. 


Em Belo Horizonte, fui rapidamente ao encontro do Peter Bell para pedir-lhe que me acompanhasse ao Consulado, o que ele de imediato se prontificou a fazer. O que se passou desse momento em diante, como antecipei, foi bizarro, para dizer o mínimo, e afetou o restante de minha vida.


O Consulado americano funcionava no oitavo andar de um prédio situado na esquina das ruas Guajajaras e Bahia, ao lado da lanchonete  Camponesa, uma referência  da culinária belorizontina daqueles tempos. Quando Peter Bell e eu nos apresentamos à recepção, o cônsul nos fez saber peremptoriamente que nos receberia um de cada vez, não juntos. Entrei primeiro, e bastaram-lhe cinco minutos para me dizer que não iria reconsiderar sua decisão. Que cancelara meu visto porque me considerava um perigoso comunista. Peter entrou em seguida e, na descida do elevador, contou-me rapidamente o que se passara na conversa dele com o Cônsul. Quarenta e um anos mais tarde, em 2007, ele fez o mesmo relato num depoimento prestado à revista dos veteranos da Fundação Ford (LAFF Society Newsletter, 52, 2007). 


The consul insisted on seeing Bolivar and me separately rather than together. When Bolivar emerged from his meeting, he did not utter a word, but looked crestfallen.  It was then my turn to go to the office. The consul shut the door and told me point blank that he could not possibly grant a visa to Bolivar. When I asked why, he said that it was because Bolivar was the real thing. I asked what that meant, and the consul responded: He is deep red. Having told me that, he admonished there was nothing more to be said.


With that, Bolivar and I took the elevator down to the ground floor of the building that housed the Consulate. As we got out, members of the Brazilian secret police seized Bolivar and manhandled him into the back of a covered truck. I tried to accompany him, but was pushed back. I went back to the Consulate again and demanded  an explanation. To no avail”. 


Os agentes e a direção do DOPS nada me disseram, nem perguntaram.  Fiquei quase três meses atrás das grades, sem qualquer comunicação oficial das autoridades. Era, naquele momento, o único preso político sem processo formado em todo o Brasil, com o que meu nome permanecia o tempo todo na imprensa. No documento acima citado, Peter Bell relata que os participantes do seminário internacional de ciência política, uma vez informados do local onde eu me encontrava, alugaram um ônibus e foram até lá; não conseguiram avistar-se comigo, mas conseguiram me ver, certificando-se de que estava vivo. Só quem conseguiu falar comigo foi Mário Brockman Machado, um grande amigo, à época um pós-graduando em Minas, que era advogado e tinha em mãos sua carteira de identificação da OAB. 


Finalmente liberado por meio de um habeas-corpus impetrado junto ao STM (Supremo Tribunal Militar), consegui retornar aos Estados Unidos, mas adianto-lhes que esse foi o episódio inicial de minha trajetória como um “perigoso comunista”, não obstante o teor convictamente  liberal de tudo o que escrevi em livros e pela imprensa por toda a minha vida.

Vida acadêmica Jairo José da Silva

 Estando aposentado, tenho que me apresentar em pessoa todos os anos à administração da Universidade para confirmar que ainda estou vivo, para desgosto deles.

Fiz isso hoje. Tive que assinar alguns papéis onde era tratado como Sr., só Sr, nada mais. Quando fui professor ali, toda a documentação a mim dirigida usava o tratamento Ilmo. Sr. Prof. Dr.


O que essa mudança indica? Muito. Pra começar, que a administração da Universidade não sabe a diferença entre função, cargo e título.

Função é uma atividade, simplesmente, cargo é uma posição regulada por leis que definem sua amplitude, pré-requisitos, modos de acesso e outras características que a singularizam, título é uma distinção acadêmica conquistada pelo seu titular por mérito comprovado.


Eu era professor na Universidade, essa era a minha função. Meu cargo era o de Professor Titular, o mais alto, conquistado em concurso público de títulos e provas. Meus títulos são Mestre, Doutor e Livre-Docente.


Ao me aposentar, eu abandonei minha função e meu cargo, mas preservei os meus títulos. Eu deveria, se a Universidade entendesse dessas coisas, continuar a ser tratado como Dr., ou Prof. Dr., se se entende, como de fato, que professor é a minha profissão.


Mas não se pode esperar, claro, que nossas universidades sejam permeáveis a essas sutilezas. Elas estão acima da compreensão deles.


Para comparação. Quando meu amigo Michael, que era inglês, obteve o seu doutorado em Berkeley, o consulado britânico de São Francisco, por iniciativa própria, recolheu o seu passaporte e emitiu um novo em que o seu nome era precedido por um Dr. Daquele dia em diante nunca mais o trataram senão por doutor.


Na Alemanha, todo cidadão titulado antepõe o título a seu nome e é assim tratado socialmente. Todas as vezes em que estive lá, sempre fui tratado por Herr Doktor, até pelo serviço de venda de ingressos da Ópera. Quando o indivíduo tem dois doutorados, fica Herr Dr. Dr.


No Brasil, o doutorado acadêmico não tem nenhum valor social, nem mesmo para as universidades que o concedem. Aqui, doutor é só o advogado de porta de cadeia, o médico ou pessoas consideradas socialmente elevadas.


Muitos anos atrás, quando do aluguel de um apartamento, no contrato de locação, o dono da imobiliária e o locatário, um professor primário, eram tratados por doutor, mas eu não, eu era só Sr. Porque se supunha que o proprietário era socialmente mais digno que o locador e mereceria o título. Por sacanagem, devolvi o contrato dizendo que não podia assiná-lo porque continha falsidade ideológica. Doutor aqui, eu disse, só eu. Eles o mudaram.


Isso é o Brasil.

Por que não crescemos?

 Por que o Brasil não cresce como outros países? Economistas explicam | CNN Brasil 

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Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: ONTEM foi uma sessão aborrecida, típica de agosto. Nova Iorque fraca, embora a Europa tenha conseguido encerrar ligeiramente em terreno positivo. O setor tecnológico registou tomadas de lucro (Nq-100 -1,4%), mais por cautela do que por notícias concretas. O setor de defesa caiu devido à (aparente) reabertura das negociações para um cessar-fogo na Ucrânia. Consideramos a reação do mercado ingénua. Leonardo caiu -10%, o que nos parece uma sobrerreação e, por isso, consideramos uma oportunidade para comprar mais barato, com um preço-alvo de 57,4€ (potencial +30%) (ver nota em espanhol). A Home Depot animou ligeiramente a sessão nos EUA, apresentando vendas comparáveis no 2º trimestre de +1% vs +1,1% esperado e BPA de 4,68$ vs 4,72$ esperado, mas confirmou o guidance para 2025, algo que o mercado interpretou como uma mensagem positiva quanto ao impacto das tarifas.


GEOESTRATÉGIA. O Hamas afirma estar disposto a uma pausa de 60 dias e à libertação de reféns (proposta dos EUA, já aceite por Israel). A situação na Ucrânia também apresenta hoje um melhor cenário: os EUA estariam dispostos a garantir de alguma forma a segurança da Ucrânia com meios aéreos após um eventual cessar-fogo, mas apenas se a Ucrânia adquirir armas americanas por 100 mil M$, financiadas pela Europa. Trump referiu que a Rússia enfrentaria uma “situação difícil” se não colaborasse para alcançar um acordo de paz.


MACRO. Inflação a subir no Reino Unido: +3,8% vs +3,6% (Subjacente +3,8% vs +3,7%). Com estes dados, o quadro global da inflação é o seguinte: EUA perto de +3%, Reino Unido perto de +4% e UEM um pouco acima de +2%. A Nova Zelândia reduziu a taxa diretora para 3,00% (de 3,25%). A China manteve a taxa de financiamento a 1 ano em 3,00% e a 5 anos em 3,50%. Ambos, como esperado.


EMPRESAS. A Softbank comprou cerca de 2% da Intel, além do facto de o governo dos EUA estudar tomar cerca de 10%. O governo do Reino Unido aliviou a pressão sobre a Apple relativamente à segurança de dados. Além do já referido sobre Defesa (Leonardo) e Intel.


CONCLUSÃO: Perspectiva fraca para hoje porque deverá prevalecer a cautela natural antes de Jackson Hole (reunião anual de banqueiros centrais em Wyoming), que começa amanhã e termina sábado. Powell fala na sexta-feira às 15h. Será um teste quanto à sua postura sobre as próximas descidas das taxas. Achamos que irá insinuar mais uma descida na reunião de 17 de setembro (-25 pb, para 4,00/4,25%), mas nada mais, e mesmo isso não é certo. O seu mandato termina em maio de 2026 e Trump deverá nomear outro (Bessent, Hasset, Waller…?) mais favorável a descidas de taxas. Hoje não há grandes referências. A Suécia (Riksbank) irá manter a taxa diretora nos 2,00% às 8h30 e a Target publica resultados na pré-abertura dos EUA (BPA esperado: 2,01$; -21,6%). Isso é neutro ou ligeiramente negativo. Os futuros das bolsas apontam para quedas de cerca de -0,3%/-0,5%, e esse deverá ser o desfecho hoje.


S&P500 -0,6% Nq-100 -1,4% SOX -1,8% ES50 +0,9% IBEX +0,3% VIX 15,6% Bund 2,75% T-Note 4,32% Spread 2A-10A EUA=+56pb O10A: ESP 3,78% PT 3,16% FRA 3,45% ITA 3,59% Euribor 12m 2,081% (fut.2,194%) USD 1,164 JPY 171,6 Ouro 3.320$ Brent 66,0$ WTI 62,6$ Bitcoin -1,3% (113.609$) Ether -1,6% (4.169$).


FIM

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Carlos Eduardo Novaes

 A VOLTA POR CHINA –  Carlos Eduardo Novaes

Fazem 36 anos. O dia 4 de junho de 1989 marcou o fim dos maiores protestos que a China conheceu, realizados por milhares de estudantes que pediam liberdade e democracia na Praça da Paz Celestial, em Pequim. O Exercito chinês conteve a manifestação à bala provocando a morte de 300 pessoas (número oficial). Pouco depois Deng Xiaoping, chefe supremo do país, iniciou a “Segunda Revolução”,  trazendo ao mundo uma improvável novidade: a combinação de um regime totalitário com uma economia de mercado. Na ocasião Xiaoping declarou em alto e bom som: “Lamentem os mortos mas recebam a prosperidade”.


De lá para cá a China cresceu 10% por ano (em média), tirou quase 900 milhões de pessoas da pobreza e da miséria (dados do Banco Mundial), tornou-se a segunda economia do planeta, ganhou estabilidade social e sob a batuta do Partido Comunista enterrou definitivamente as esperanças de algum dia virar uma democracia.


- Nem em meus sonhos mais doces imaginei que a China seria o que é hoje – declarou ao jornal O Globo, o gerente de uma distribuidora de bebidas em Xangai.


Nem ele nem eu que estive na China em 1975 – três anos depois da visita de Nixon e um ano depois de Brasil e China estabelecerem relações diplomáticas. Mao Tsé Tung ainda era vivo – morreu em 1976 – e ao passar em frente sua residência me pus a pensar como um homem da sua estatura – física e histórica -, líder da Revolução de 1949, cabia em uma casinha tão modesta. Voltei à China 42 anos depois, em 2017.


Na época da primeira viagem à China era um ponto abaixo da curva planetária. Um país pobre, rural – 80% de sua superpopulação vivia nos campos – pouco citado na mídia e de onde ninguém saia e poucos turistas entravam (sob vigilância). Na majestosa Praça da Paz Celestial, meia dúzia de gatos pingados, nas largas avenidas uma dúzia de carros antigos e centenas, milhares de bicicletas que mais pareciam um enxame de gafanhotos. 

Às oito horas da manhã tocava uma sirene pela cidade, as bicicletas paravam onde estavam e seus condutores iniciavam um momento de exercícios físicos seguidos por uma breve louvação ao presidente Mao, sempre aclamado como o Grande Timoneiro. Havia fotos de Mao espalhadas por cada metro quadrado de Pequim.


Uma cidade em preto e branco onde a noite descia pesada sem o brilho de luminosos. Raro ver um chinês em trajes comuns. Vestiam túnica azul ou cinza ou o uniforme do Exército Vermelho...na cor verde! Coloridas somente as crianças, muito coloridas. Nossos dois guias estavam sempre de azul e um deles, Chang, se espantou quando na chegada do grupo ao hotel pedi que me conseguisse um exemplar do Diário do Povo.

- O senhor entende nossa língua? – perguntou ele em português de Portugal

- Nada! Mas pelas fotos posso avaliar se há uma contrarrevolução em marcha...


A viagem de 25 dias pelo país partiu de trem de Pequim para o Sul até Cantão, de onde saímos para Hong-Kong. Logo na chegada do então “protetorado” inglês demos de cara com o cartaz: “Beware with pick-pockets! ” (Cuidado com os punguistas). Estávamos entrando em outro mundo.

 Durante o périplo aproximei-me de Liu, a pequenina intérprete (1m50 talvez) que falava português melhor do que eu e abusava da expressão “joia”, na moda no Brasil. Anos depois fui encontrá-la em Havana, Cuba, onde o marido servia e mais recentemente ela me descobriu no Face Book. No trem conversávamos muito sobre nossos países, Liu pouco sabia sobre o Brasil e quando lhe mostrei o país no mapa ela comentou:

- Grande como a China! Devemos ter muita coisa em comum, não?


Muitas lembranças ficaram pelo caminho, outras se apagaram ao longo desses 40 e tantos anos. Visitamos inúmeras escolas, fábricas, museus, comunidades rurais e fomos homenageados com um almoço onde nos  serviram o famoso pato laqueado, precedido por um longo ritual que começava com o cozinheiro exibindo o pato, tal como um mágico, já morto e depenado. Foi duro come-lo depois.


De todas as visitas, sempre iniciadas à volta de uma mesa com explicações dos dirigentes e regadas a chá e cigarro (os chineses são verdadeiras chaminés ambulantes) duas situações me deixaram impressionado, pelo inusitado (para moradores no Brasil). Nas fábricas os velhos aposentados permaneciam na ativa. Quando perguntei se seria por falta de mão-de-obra (imagina se vai faltar mão-de-obra na China!!) o dirigente me respondeu que suas presenças eram importantes para transmitir experiência e sabedoria aos mais novos.

 

A segunda surpresa veio nas escolas primárias, incluindo o jardim de infância. Fomos levados  a uma grande sala onde as crianças se divertiam com brinquedos. Só que os brinquedos, muito simples, bolas, ursos e cubos, eram quase do tamanho dos alunos, obrigando-os a se juntarem, dois, três, quatros para movimentarem as peças. Uma cena estranha aos olhos de um forasteiro ocidental. Indaguei a razão daquela desproporção e a professora respondeu:


- Simples. É para as crianças aprenderem a importância da ação coletiva. Se distribuirmos brinquedinhos pequenos cada uma vai brincar sozinha em seu canto.


Não é o que acontece no mundo adulto de hoje? Outro dia recordei as palavras da professora ao entrar em um vagão do metrô no Rio e observar quase todas as pessoas com o nariz enfiado nos seus “brinquedinhos” digitais.


Em 2017, na recente viagem a Pequim, a Praça da Paz Celestial, palco do massacre de 1989, tinha virado atração turística, cobrava ingresso, submetia as pessoas a rigorosa revista e transbordava de gente que se espalhava pelos seus 44 hectares (0,44 kms2). Desapareceram os uniformes. A exceção da farda dos policiais e militares, os trajes não eram diferentes dos que circulam pela Disneylândia. Eu caminhava pela multidão, olhando para baixo à procura dos pés-de lótus, mas o que via eram sapatilhas, rasteirinhas, scarpins, um ou outro Dolce Gabana e Marta me apontou um Brian Atwood que custa mais de mil dólares. Pequim hoje concentra a maior coleção de grifes famosas do planeta.


Uma cidade agora vertical, brilhante, luminosa, onde a noite cai com as cores do arco-íris. As “hutongs”, casinhas alinhadas em torno de um pátio quadrado com um banheiro coletivo no centro, sumiram das ruelas, demolidas pelo progresso vertiginoso que em suas áreas ergueu lojas, galerias e prédios de apartamentos. Enfim os chineses que habitavam essas precárias habitações ganhavam um banheiro para chamar de seu.

 

Aquela cidade que conheci nos anos 70 e mais parecia a capital de um país sem futuro transformou-se em pouco mais de quatro décadas em uma frenética megalópole com todos os requisitos da modernidade. Circulávamos por todos os cantos – eu e Marta – mais relaxados do que em nosso país. As pessoas se mostravam atenciosas e sorridentes – o chinês tem um riso fácil (nem sempre autêntico). Quando anoitecia surgiam grupos fazendo exercícios físicos coreografados nas largas calçadas. No pátio de uma igreja próximo ao hotel onde estávamos os casais dançavam a céu aberto. A China continua hoje sendo um ponto fora da curva, mas no melhor sentido da expressão.


Li em algum lugar que no passado 80% dos chineses que saiam para estudar em universidades estrangeiras não voltavam ao país. Atualmente só não volta quem recebe ofertas irrecusáveis. Os chineses entram e saem de suas fronteiras aos borbotões, tomando o lugar dos japoneses no protagonismo do turismo internacional. A qualquer ilhota que se vá no fim do mundo lá está um bando de chineses com suas câmeras e máquinas fotográficas. É certo que o Governo restringe alguns direitos dos cidadãos – da plena informação, entre eles – mas eles gozam de algumas liberdades – de viajar, entre elas – que nunca existiram na União Soviética de onde os russos fugiam para dirigir taxis em Nova Iorque. O que fez a diferença?


Deng Xiaoping e seus sucessores adaptaram Marx aos tempos modernos. O sonho de igualdade do barbudo alemão nunca alcançado pelos soviéticos e seus “satélites” – se é que eles tentaram de verdade – estão muito mais próximos do que se pensa da realidade chinesa. O país se empenha para reduzir o nível de pobreza e botar seus habitantes dançando nas ruas. Para isso conta com a maciça presença em seu território do capitalismo universal. Uma incoerência? Uma contradição, o capitalismo dar o braço ao comunismo? E desde quando o capital se preocupa com a ideologia dos regimes políticos que lhe permitem multiplicar os lucros? 

 

Andava pelas ruas de Pequim extasiado com aquele cenário de esfumaçada grandeza pensando que nesses 47 anos que separam minhas duas visitas, a China cresceu a uma velocidade alucinante, conduzida pelo Partido Comunista, graças a “Segunda Revolução” de Xiaoping ironicamente apoiada pelas “democracias de mercado” ocidentais.

 Não pude deixar de estender meu pensamento até nosso governo do povo, para o povo e pelo povo, amargando uma comparação frustrante ao constatar que nessas quatro décadas o país avançou muito, mas atrás do trio elétrico do Primeiro Mundo e na direção da desigualdade social e econômica.


Por fim resta uma dúvida que me invadiu quando subia a Muralha da China. Será que o brasileiro está feliz em viver em uma “democracia capitalista” que exalta a liberdade e os direitos fundamentais só para privilegiar as elites? 

Um empresário (lúcido) que viajou ao meu lado no retorno ao Brasil, afirmou sobre a China:

- Se eu fosse 90% da população brasileira iria preferir viver lá. Como estou entre os 10% ...

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