Não ame seu trabalho nem sua carreira.
É uma armadilha. O maior truque do mundo moderno foi inventar a ideia de que as pessoas devem amar o que fazem.
Vestir a camisa da empresa, criar uma identidade baseada no emprego e colocar as prioridades da empresa acima das suas são apenas formas de gerar renda extra para empresas que, na maioria das vezes, não devolvem a lealdade que cobram dos empregados.
Vários estudos comprovam que trocar de empresa é a forma mais eficiente de subir na carreira e ganhar mais. Como as empresas fazem para manter os empregados ganhando menos do que poderiam? Criando a ideia de vestir a camisa e de cobrar lealdade.
Já cansei de receber colegas que queriam mudar e investir no seu desenvolvimento, talvez mudando de empresa ou carreira, mas pediam para eu não comentar nada com seus chefes. Afinal, pensar em sair da empresa é traição!
É impressionante a presença da ideia de que nossa identidade DEVE estar ligada à nossa profissão. Pior, dizemos aos nossos filhos que devem sempre seguir o que amam, buscando, no trabalho, a realização pessoal. Mas nossa identidade não deveria depender do emprego.
O salário deveria ser um meio de realizarmos o que queremos e não um fim em si mesmo. Claro que não amar o trabalho não significa ser um robô que trabalha apenas em troca de salário. Respeitar os colegas, ajudá-los a subir na carreira e buscar relações nas quais a empresa e nós saíamos ganhando deveriam ser o padrão. Mas não é.
Não devemos jurar lealdade a uma entidade que, muitas vezes, não tem memória.
Sou um medíocre jogador de tênis, basquete e role-playing games, leitor voraz de quadrinhos, ouvinte de thrash metal, visitante constante de museus, viajante incansável e muitas outras coisas antes de ser professor.
Estudo muito para me manter atualizado na minha profissão, mas ela não me define. Busco criar relações de ganha-ganha com as empresas, mas sempre mantenho abertas opções para não tomar uma rasteira (e crescer na carreira).
Isso não me impede de ficar anos na mesma empresa, mas numa renegociação informal constante na qual não só um lado ganha. No fundo, devemos dizer à nova geração: concentrem-se no que vocês tenham aptidão e que vá ter mercado no longo prazo.
Busquem ser felizes com coisas fora do trabalho. E gastem tempo criando opções de empresas e até de carreiras. Só assim para que haja um equilíbrio saudável entre trabalho e lazer que permita que as pessoas tenham carreiras e não se descubram acorrentadas a um emprego que só suga e pouco devolve. Há como ser o melhor no que se faz sem amar o trabalho. Esse truque moderno de culpar as pessoas que buscam seus sonhos fora da empresa tem um único objetivo: retirar dinheiro do seu bolso.
Afinal, quem não quer alguém supermotivado que trabalha por um salário mais baixo porque ama o que faz? Fuja dessa armadilha.
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