domingo, 3 de agosto de 2025

JR Guzzo

 Nota da redação: Esta é a última coluna de J.R. Guzzo para o Estadão. O texto foi escrito e enviado à redação na sexta, prática rotineira do jornalista, que também escrevia às quartas-feiras. Guzzo morreu na madrugada deste sábado, vítima de infarto.


“A primeira vítima das tiranias, pelo que comprova a experiência dos últimos 2.000 anos, costuma ser a verdade - se bem que tantas misérias costumam chegar juntas, nesses casos, que fica difícil cravar as top 10. O efeito mais visível é a pane geral nos circuitos cerebrais onde se produz o pensamento racional. O debate político cessa de emitir sinais de vida inteligente.


É precisamente o que está acontecendo neste momento de escuridão que cerca o mais vicioso conflito jamais surgido nas relações do Brasil com a maior potência econômica, militar e política do mundo. Os Estados Unidos, dentro das suas leis, aplicaram punições ao Brasil pelo que estimam ser o comportamento delinquente do governo e do ministro Alexandre de Moraes. A reação oficial brasileira é um hino contra a razão.


Em nenhum aspecto do contencioso o Brasil de Brasília e o seu sistema de propaganda estão construindo uma calamidade tão reles quanto no pacto anormal que têm com o ministro Moraes. 


O governo brasileiro decidiu que Moraes, cujas decisões e conduta são o verdadeiro motivo pelo qual os americanos adotaram as sanções, está acima das obrigações humanas, como os arcanjos e os profetas. O Brasil é o ministro. O ministro é o Brasil. 


Não chega a ser uma ideia; é apenas uma proposição estúpida. Por conta dela, todo cidadão brasileiro está no dever cívico, quase legal, de apoiar o ministro nas suas desventuras com a lei americana - e nas decisões em que viola a lei brasileira. Não importa o que tenha feito na sua função. Ou você fica do lado dele, e do que ele faz – ou então é linchado como traidor da pátria, sabotador do Brasil e inimigo da soberania nacional. É dessa descompensação que sai a última causa da esquerda nacional, como o “Sem Anistia” e outros naufrágios: “Mexeu com o Xandão, mexeu com os brasileiros”.


Com is “brasileiros”? Que brasileiros, cara pálida? Mexeu nada. Só mexeu com o próprio Moraes. Os crimes de que é acusado pelo governo americano - e que o jogam na escória mundial dos torturadores, assassinos em massa, genocidas, terroristas, criminosos de guerra etc. etc. – não têm absolutamente nada a ver com os “brasileiros”. Têm a ver apenas com Moraes e com os seus cúmplices. Não são problema seu. São problema deles.


Não foi você, nem Donald Trump, que abriu ilegalmente um inquérito policial que já dura seis anos, serve de caixa de ferramentas para todo tipo de repressão e torna ilegal tudo o que deriva dele – como os processos do golpe. Não foram os “brasileiros” que condenaram a 17 anos de prisão a moça do batom. Não fomos nós que levamos à morte o “Clezão”. Por que temos de pagar pelo que ele fez?”

Roberto Macedo

 Meu artigo hoje no Estadão:

‘Economania’, meu livro de educação financeira

O Estado de S. Paulo.19 Dec 2024Roberto Macedo ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), É CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR

Hoje usarei este espaço para falar um pouco sobre esse livro, que tem 316 páginas e foi lançado na semana retrasada. É para o cidadão comum, como quem vive de salário e nem pode ou quer contar com uma boa herança, com prêmios lotéricos ou com atividades ilegais para construir um patrimônio que lhe dê tranquilidade na aposentadoria, cujo planejamento deve começar o mais cedo possível.


O livro tem 104 dicas de educação financeira. Não usei o termo lições porque o entendi como muito professoral, ena minha visão o poupador tem quete rum papel muito ativo ao administrar sua poupança e seus investimentos. E conhecendo esse processo, inclusive porque, mesmo recorrendo a planejadores financeiros, é preciso saber como atuam e cobram pelos seus serviços.


Na capa do livro está a sua dica básica. A poupança é usualmente definida assim: renda menos consumo igual à poupança, mas o que se poupa não pode ser colocado em terceiro lugar como nessa definição, como se fosse um resto, que pode nem existir. É preciso ver a poupança como segue: renda menos poupança igual a consumo, com a poupança tendo uma meta ambiciosa e o consumo reduzido ao indispensável.


O livro não foi elaborado na base do achismo. Cita vários premiados com o Nobel de Economia e outras fontes e dados como argumentação. Um desses premiados é Daniel Kahneman, um psicólogo americano escolhido por suas contribuições à economia comportamental, que passou a ganhar espaço no final do século passado. Em particular por sua crítica à teoria neoclássica, hoje ainda dominante no ensino de microeconomia, e que argumenta que o ser humano é racional. Kahneman demonstrou que essa racionalidade é limitada, com dois sistemas de raciocínio, um rápido e instintivo, o sistema 1, baseado em crenças, princípios e desejos ocasionais, e outro, o sistema 2, bem analítico e racional, e que deve orientar boas decisões, particularmente as ligadas à poupança e aos investimentos.


Lançamento procura suprir importante carência da sociedade brasileira, pois o noticiário sobre investimentos vem principalmente do mercado financeiro


Passando ao conteúdo, ele tem 15 capítulos que agrupam as 104 dicas, inclusive o intitulado “Especialmente, mas não só para mulheres”. Sobre os assuntos que aborda, é bem completo, talvez o mais, e podem ser mencionados os seguintes conceitos básicos: dinheiro, preços, juros, inflação e outros, o que é educação financeira e por que é necessária, como adquiri-la e mantêla, o efeito da inflação sobre salários e ativos financeiros, as fontes de renda e como ampliá-las, os riscos da longevidade e a aposentadoria, dívidas boas e más, o processo decisório pessoal segundo a economia comportamental, liquidez, rentabilidade, risco e o perfil do investidor, a Teoria Moderna de Portfólio ou carteira de investimento, a hipótese de mercados eficientes, o cidadão diante do Estado, uma fórmula para a prosperidade pessoal, os fundamentos do hábito de poupar, aspectos básicos dos investimentos, o investimento em capital humano (como educação e saúde), o valor do investimento em educação, investimentos em renda fixa e variável, investimentos em imóveis e fundos imobiliários, a administração dos gastos de consumo, mais fontes gratuitas de educação financeira, a calculadora financeira do site do Banco Central, e muito mais! O livro está sendo oferecido no site amazon.com.br, procurando-se pelo nome do autor. O título do livro não funciona.


O livro também procura suprir o que chamo de “carência informativa”, pois o noticiário sobre investimentos vem principalmente do mercado financeiro e enfatiza renda fixa e renda variável. Ora, o melhor investimento que fiz na vida foi em educação, conforme reconheço no livro. O mercado informa também sobre investimentos em fundos imobiliários, mas não em imóveis por si mesmos. Também investi nessa área e não tenho queixas. Aliás, quando adolescente, éramos uma família de oito filhos e morávamos em residências alugadas pelo banco onde meu pai trabalhava, mudando de uma cidade para outra. Minha mãe largou o magistério para cuidar da filharada e nos ensinou muito. Do meu pai uma grande lição foi que na sala de jantar havia a foto de uma casa que conseguiu construir aos poucos em Belo Horizonte e na qual pretendia morar quando se aposentasse. Recomendava também que todos nós fizéssemos isso. Resultado, logo depois de completar 20 anos, havia me mudado para São Paulo. Logo comprei uma quitinete em construção dando uma entrada e com prestações mensais. Levou cerca de cinco anos para ficar pronta, mas no final fiquei com o imóvel, que depois revendi para comprar outro maior e assim por diante, sempre dando uma entrada e pagando prestações. Um imóvel adquirido dessa forma é considerado produto de compromisso com a poupança e mostro outros no livro.


Tem prefácio de Armínio Fraga, fundador da Gávea Investimentos, Ph.D. em Economia pela Universidade Princeton (EUA) e ex-presidente do Banco Central. Ele conclui seu prefácio afirmando: “A leitura dele é um excelente investimento! Seja um ‘economaníaco’”. •

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Manifesto

 RESTAURAR A DEMOCRACIA É TAREFA DOS BRASILEIROS (Editorial do jornal Gazeta do Povo)


“Nesta quarta-feira, o ministro do STF Alexandre de Moraes foi incluído na lista de autoridades estrangeiras sancionadas pela Lei Global Magnitsky, de acordo com o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro (Ofac, na sigla em inglês) norte-americano. A legislação foi criada para punir violadores de direitos humanos ou corruptos notórios, e impõe uma série de restrições para que essas pessoas façam qualquer tipo de negócio com empresas norte-americanas ou que tenham atuação nos Estados Unidos – até mesmo o uso de cartões de crédito com bandeiras de empresas dos EUA deve ser afetado. Esta “pena de morte financeira” vem se somar à perda do visto norte-americano, que já havia sido decidida pelo governo dos EUA semanas atrás.


No comunicado, o Ofac afirma que Moraes “usou seu cargo para autorizar detenções arbitrárias preventivas e suprimir a liberdade de expressão”; afirma, ainda, que ele promove “uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras” e que o ministro “é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados”. Quanto a isso, aliás, não há dúvida alguma: em um hipotético bingo de ataques à democracia, Moraes teria preenchido a cartela completa. O ministro encarna, hoje, a autocracia judicial que substituiu a democracia brasileira: processa, julga e prende sem o devido processo legal, atropela liberdades democráticas, ataca garantias parlamentares, censura e oprime – e não faz distinção de nacionalidade, incluindo empresas e cidadãos norte-americanos entre os alvos de suas decisões arbitrárias.


Dito isto, se a aplicação, a Moraes, da Lei Magnitsky é a melhor resposta que o governo norte-americano poderia dar, se ela é proporcional ou não, se havia outros trâmites institucionais que poderiam ser seguidos antes de uma medida tão drástica, se houve manifestações oficiais anteriores que poderiam ser consideradas um “aviso” do que estava por vir, não é avaliação que pretendemos fazer agora. Compreendemos especialmente que as muitas centenas de brasileiros que foram calados, desmonetizados ou mesmo presos graças a Moraes, bem como os parentes dessas pessoas e todos os que se solidarizam com as vítimas do arbítrio, estejam em júbilo com a decisão norte-americana. Mas também para essas pessoas é preciso fazer um aviso importante: não é uma cavalaria em branco, azul e vermelho, capitaneada por Donald Trump e Marco Rubio, que salvará o Brasil e devolverá a democracia ao país.


Se hoje o Brasil passa a vergonha global de ter um juiz de sua suprema corte colocado ao lado de gente como o ditador da Belarus e os responsáveis pelo assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, é graças a uma outra vergonha, ainda maior: a omissão, quando não o aplauso, de todos os que poderiam ter freado os ímpetos autoritários de Moraes e não o fizeram. Jornalistas que elogiaram a censura, instituições da sociedade civil que se calaram diante da abolição do devido processo legal, deputados que avalizaram a destruição da imunidade parlamentar, senadores que, sendo o contrapeso constitucional ao STF, se esconderam em vez de levar adiante processos de impeachment mais que justificados – todos esses ajudaram, de alguma forma, a alimentar a enorme desordem que vivemos hoje, e que dá margem a respostas estrangeiras como a que acaba de ocorrer.


São esses brasileiros que precisam reconhecer o seu papel no processo que levou ao fim da democracia no Brasil e, mais que fazer um mea culpa, têm de lutar para desfazer o estrago causado pela autocracia judiciária, cada um agindo da forma que lhe cabe, na arena da opinião pública ou no parlamento. A crítica firme ao sistema de censura que se instalou no Brasil, a defesa intransigente das garantias individuais contra os abusos do sistema persecutório, a proteção das garantias parlamentares, a investigação do arbítrio por meio da CPI do Abuso de Autoridade, a responsabilização de ministros no Senado: nenhum norte-americano, por mais poderoso que seja, é capaz de fazer isso em nosso lugar.


A restauração da democracia no Brasil depende necessariamente destas medidas, muito mais que de quaisquer sanções estrangeiras. Estas últimas, independentemente de serem ou não justificadas, podem ter efeitos ainda desconhecidos e imprevisíveis – basta ver como Lula conseguiu reverter uma parcela de sua impopularidade apelando para um patriotismo de botequim em reação ao tarifaço de Trump. Já uma fortíssima reação interna contra os desmandos do Judiciário será praticamente impossível de frear, caso os brasileiros estejam firmemente decididos a não mais se acovardar. Não podemos terceirizar a tarefa de salvar o país do autoritarismo: só os brasileiros podem realizar a necessária virada.”

Papo de um Economista de Mercado 17

 Diário de um economista de mercado 17


1. Nas minhas andanças pela terrinha, me recordo impressionado do "gap" civilizacional entre ambos os países, Brasil e Portugal. 


2. Não tem este papo academista e tolo de que a Europa é mais desenvolvida economicamente que o Brasil. Não é. O que eles têm é o que chamo de "marco civilizatório", suas instituições são respeitadas e preservadas. Ao contrário das nossas.


3. Portugal tem isso. É um povo melancólico, triste até, conformado. Mas possuem este traço, são "suaves" e tolerantes no trato diário. Por exemplo, aceitam bem os imigrantes.


4. Argumento que os "patrícios" são tolerantes e pela pobreza, muito "econômicos". Dizem ser forte a influência judaica.


5. Tudo isso para dizer que eu ficava abismado ao ver os potenciais em recursos naturais do Brasil, a riqueza em recursos, não ter dependência ao exterior. 


6. O Brasil é uma potência da natureza. Seus recursos naturais são abundantes, assim como seus recursos humanos, pela diversidade e criatividade. 


7. Não entendia por que somos tão "atrasados". Talvez pela ausência de mecanismos institucionais mais maduros. Talvez...


8.O Congresso é um acúmulo de "fichas sujas", sendo minoria os de "boa fé", com espírito público; o Judiciário está na mão de uma instância tóxica, nomeada por critérios nebulosos; e o Executivo? São mais de 20 anos de governanças em baixo nível, somos liderados por populistas despreparados. 


Não pode dar certo...


Vamos monitorando.

Papo de um Economista de Mercado 29

 Papo de um Economista de Mercado 29


Agenda

JHN Consulting 


1. Considero esta quarta-feira (10) um momento crucial no Brasil, no mundo.


2. Pelo lado das reuniões de política monetária, a expectativa é de que nos EUA o Fed mantenha a taxa de juros em 4,25% a 4,50%, mesmo com as pressões em contrário do governo Trump, em embate com o presidente da instituição, Jerome Powell. Cresce, inclusive, a tese da manutenção da taxa, dada a instabilidade com a "guerra tarifária". Neste caso, a inflação estaria no radar.


3. Em direção semelhante, temos por aqui a decisão do Copom, também pela manutenção da Selic em 15% anuais. O momento de instabilidade, com o governo Trump impondo uma "mão pesada" de 50% de tarifa de importação para bens domésticos, também é um complicador, assim como a inflação, pelo IPCA, ainda fora da meta, com projeção para este ano acima do teto, mais próxima de 5,70% pela Focus.


4. Ainda temos o dia 1/8 como crucial, quando o governo Trump deve impor esta "mão pesada". Lembrando que o governo brasileiro vem tentando estabelecer algum canal de comunicação com o americano, dificultado pela questão política.


5. Mesmo assim, possível que alguns alimentos, café, laranja, por exemplo, e a Embraer tenham algum atenuante neste front de tarifação. 


6. Nos EUA, ainda temos nesta semana uma agenda pesada de indicadores de mercado de trabalho, destacando o Jolts, o ADP, em geração de empregos privados, e o payroll, todos importantes para a decisão do Fed. 


7. Em complemento, ainda temos o PCE, indicador de gastos de consumo nos EUA, muito acompanhado pelo Fed. Saem também diversos indicadores de crescimento da economia no mundo.


8. Fato é que, neste momento de "stress", pelo "tarifaço", estes dados podem se tornar essenciais para a decisão do Fed, mesmo que divulgados com "atraso".


Vamos monitorando.

Papo de um Economista de Mercado 30

 Diário de um economista de mercado 30


1. Continuam repercutindo as decisões de ontem do presidente norte-americano, Donald Trump, contra as tarifas de importação de bens brasileiros para os EUA. 


2. Acabou frustrando um pouco á alguns, ou agradando à muitos, que esperavam algo mais radical. 


3. Produtos estratégicos para ambos os lados, como os aviões da Embraer, peças de aviação, papel e celulose, ferro gusa, suco de laranja, cerca de 694, num universo de 4 mil na pauta de exportações para os EUA, acabaram poupados.


4. Em números, estas exceções representam cerca de 43,4% das exportações brasileiras aos EUA em 2024. Nada mal. Poderia ter sido bem pior.


5. Por outro lado, restrições financeiras "caíram no colo" do ministro do STF, Alexandre de Moraes, à partir da aplicação da Lei Magnitisky. Parte do Judiciário considera esta decisão um ataque à democracia. 


6. Sim. Verdade. Concordo em parte. Mas este discurso se aplicaria à um regime democrático consolidado, não à um regime em que o STF, dominado por interesses outros, se move para proteger o governante de ocasião,  não a Constituição Federal da República Brasileira.


7.  Sobre o imbróglio comercial, expectativa é que ainda não acabou. Parte do Congresso americano considera como possível uma retaliação pelo fato do governo brasileiro continuar a comprar óleo e fertilizantes da Rússia. Uma nova lei pode ser aplicada neste caso, contra países q mantém relações comerciais com autocracias ou teocracias.


8. O q me parece fato concreto é que o governo brasileiro "esticou" a corda até onde pode. 


9. Foram vários os movimentos realizados à revelia dos interesses norte-americanos, ou mesmo em provocação. Até mesmo acusações (ou suspeitas) de fornecimento de urânio enriquecido ao Irã pairam sobre o governo do PT. 


10. Já comentei sobre isso. Tudo no terreno das bravatas, em discursos do "presidente" em fóruns internacionais como no BRICS, contra o dólar, criticando Israel, falando em genocídio, criticando o trumpismo, etc. 


Agora, arquem com as consequências.

Papo de um Economista de Mercado 31

 Papo de um Economista de Mercado 31


1. Certa feita, me vi no meio de um debate em torno das conquistas "douradas" da social democracia do mundo desenvolvido, em especial,  

da Europa, em Portugal, onde me atrevi a viver por seis anos.


2. Bom. Vamos aos fatos. Por lá, os subsídios sociais são abundantes e vamos combinar? geradores de distorções crônicas. 


3. Em maioria, são focados para os tais grupos mais fragilizados, como os ciganos. Estes, por inúmeros mecanismos de transferência de renda, podem vir a ganhar mais de mil euros mensais. E de boa? Não são poucos os que optam por não trabalhar, a viver destes subsídios.


4. Andam em bando e um protege o outro. 


5. Me recordo um episódio no Hospital Espírito Santo, em Évora, na Emergência, em q eles chegaram, em bando, ameaçando quebrar tudo se não fossem os primeiros. Haviam senhas, triagens, ordem. Foram respeitadas? claro que não.


6. Em verdade, são tantos subsídios, por filho, velhice, comorbidade, minoria, raça e gênero, q muitos optam por não trabalhar.


7. Lembrando q a tributação é pesada por lá, na média, a partir de 43% no IR. 


8. Um detalhe é q na legislação trabalhista também são muitos os "direitos", poucos os deveres. Gente com muitíssimos anos de trabalho faz "corpo mole", vive de atestados, pois sabe q o custo do empregador para demitir é muito elevado. Minha esposa, em escolas, era um exemplo, se empenhava, enquanto as velhinhas só na embromação...


9. Por isso, o salário mínimo ser um do mais baixos da Europa,  850 euros. Como sustentar uma seguridade social em q mais ingressam na aposentadoria do que no mercado de trabalho?


10. Sistema distorcido de "repartição", em q faltam recursos para pagar os aposentados. Quem está "sustentando" agora são os imigrantes, a aceitarem este salário, ingressando na seguridade. Dormem na rua (renda em Ptg é proibitiva), mas estão "empregados"...


11. E tudo piora qdo falamos do sistema de saúde. No SNS, os médicos, em maioria, despreparados, ultrapassados, nem tocam em vc, nem tiram a sua pressão! E os hospitais fechando várias áreas, como pediatria, por não terem recursos para atender os "utentes".


12. Uma coisa boa. Tem-se um aplicativo do SNS e com este podes comprar remédios subsidiados. Ao menos isso...Valor dos remédios, em torno de 1 a 3 euros.


13. Em Évora, era atendido no posto de saúde por um senhor de mais de 80 anos, q adorava falar da vida dele, se jactando da sua Mercedes na garagem. Atender que era bom? Esquece...

Fabio Alves