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*Vamos olhar para dentro, again*
Paulo Roberto de Almeida
Trump está anunciando o maior programa de introversão umbilical da história dos EUA, ever. Não sei se vai conseguir nos próximos 3,5 anos, mas é possível que consiga entravar os EUA por anos à frente.
Xi Jinping e toda a China agradecem a facilitação desse trabalho no sentido de “make China great again”.
Três séculos atrás, um Imperador idiota, aconselhado por mandarins talvez “republicanos”, resolveu fechar os portos da China aos contatos estrangeiros, expulsar os “imigrantes” e passar a viver na excelência de suas realizações anteriores, excelentes até ali.
Em consequência, a China passou em branco pela primeira revolução industrial, pela segunda, e na terceira, estava imersa no Grande Salto para a Frente e na Revolução Cultural do maoísmo demencial, e conseguiu recuar o gigante asiático da primeira economia do mundo (1/3 do PIB global) até o século XVIII, para menos de 5% do PIB total sob Mao.
Deng, com certo esforço, logrou colar a China à 4a. revolução industrial, e ela já está a caminho da 5a. e possivelmente já está na 6a., com distinção.
Trump quer recuar os EUA abaixo da 3a. revolução industrial, para o fordismo da 2a., a do motor à explosão e do petróleo.
Os chineses só observam, satisfeitos, mas silenciosos.
Como diria Napoleão, nunca interrompa seu inimigo quando ele estiver fazendo alguma bobagem. Keep quiet China!
Trump está ajudando a fazer a China great again, e ela agradece, mas só silenciosamente, para não interromper esse magnífico processo de retrocesso programado, deliberado e voluntário.
Arnold Toynbee e Carlo Maria Cipolla, estudiosos da sucessão e da decadência dos impérios, já faleceram, pois teriam excelente material empírico para continuar A Study of History e The Economic Decline of Empires em novas bases, nunca antes vistas na História.
Trump merece todo o crédito pela obra grandiosa, aplaudido freneticamente pelos republicanos amestrados.
Confesso que eu nunca esperei ter uma exposição completa de um painel inteiro do desenvolvimento histórico num único discurso alucinante no Congresso americano. Thanks Donald: como diria Keynes, teremos consequências economicas de Mister Trump.
Encerro, deplorando o espetáculo.
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 5 de março de 2025
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