BDM Matinal Riscala 1912
*Rosa Riscala: Pacote desidratado fica para hoje na Câmara*
… O BoJ decidiu esperar um pouco mais para apertar o juro e manteve a taxa inalterada em 0,25% durante a madrugada. Também hoje, às 9h, o BoE inglês deve optar por manutenção (4,75%), ainda que deva indicar retomada do ciclo de cortes no ano que vem. As decisões de política monetária vêm no day after do Fed. Hoje tem PIB/3Tri nos EUA (10h30), depois de Powell ter esfriado as chances de nova queda do juro em janeiro e elevado a 90% as apostas em uma pausa em janeiro, ajudando o dólar a explodir por aqui. Após um dia de ausência no câmbio, o BC ataca novamente com mais um leilão à vista hoje (9h15), de até US$ 3 bilhões. O RTI será divulgado às 8h e comentado às 11h em coletiva de imprensa por Galípolo e Campos Neto, que antes participam de café da manhã com jornalistas (10h). Na Câmara, sem votos do governo para a PEC do ajuste fiscal, Lira chamou nova sessão para hoje (10h).
… O pacote fiscal vai sendo desidratado. Os deputados mudaram as regras sobre as emendas parlamentares e, no parecer da PEC a ser votada hoje, foram afrouxadas as exigências para o BPC e os limites para supersalários.
… Segundo o Valor, as mudanças promovidas pelo relator, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), no benefício para os idosos e pessoas de baixa renda com deficiência diminuirão o impacto da proposta em R$ 12 bilhões até 2030.
… O relator decidiu excluir as regras que restringiam o acúmulo de benefícios, ampliavam o conceito de família para o cálculo da renda e dificultavam a concessão do benefício a quem tem a posse ou propriedade de bens.
… A mudança no critério de definição de deficiência também foi derrubada no parecer, mas o relator inseriu dois artigos que condicionam o pagamento do benefício à avaliação que ateste deficiência de grau moderado ou grave.
… Em outro ponto, o relatório rejeitou a mudança proposta pelo governo de corrigir os recursos do Fundo Constitucional do DF pelo IPCA e não mais pela variação da receita, em vitória à bancada do Distrito Federal.
… A mudança no cálculo de reajuste do salário mínimo pelo governo foi mantida pelo relator em seu parecer.
… Em relação ao Fundeb, o relator, deputado Moses Rodrigues (União-CE), retirou do texto a autorização para que a União, a partir de 2026, abata do Fundo de Educação Básica a despesa com educação em tempo integral.
… O relator também reduziu dos 20% desejados pelo governo para 10% o percentual da complementação da União ao Fundeb que poderá ser usado em ações para criar e manter matrículas em tempo integral na educação básica.
… O governo sofreu revés na tentativa de extinguir brechas que permitem supersalários na administração pública. O relator alterou o texto para prever a regulamentação por meio de lei ordinária, o que facilita flexibilizações.
… Mais cedo, nesta 4ªF, a Câmara acabou com a cobrança do novo DPVAT e, em nova desidratação ao pacote de Haddad, determinou que o bloqueio das emendas deve valer apenas para aquelas de pagamento não obrigatório.
… Já as emendas impositivas, que são individuais ou de bancada estadual, só poderão ser contingenciadas (e não bloqueadas) pelo projeto aprovado pelos deputados, o que diminuirá o alcance das medidas fiscais.
… Ainda na contramão das diretrizes do pacote fiscal, o Congresso aprovou a LDO, rejeitando a chance de corte nas emendas, aumentando o reajuste do fundo partidário e autorizando gastos de estatais fora do arcabouço.
… Além disso, a lei, que servirá de base para o Orçamento do ano que vem, afrouxou o cumprimento da meta fiscal.
… A LDO foi aprovada sem o dispositivo que obrigaria o governo a mirar somente no centro da meta fiscal até outubro de 2025 e não no piso inferior da banda, que permite um ajuste mais leve nas contas públicas.
… Se aprovado hoje pela Câmara, o pacote seguirá talvez nesta 5ªF mesmo ao Senado. Pacheco confirmou para hoje sessão semipresencial para votar as medidas fiscais e cancelou sessão conjunta do Congresso que votaria a LOA/25.
… O planejamento inicial era concluir a votação do pacote de fiscal na Câmara ontem para que o Senado pudesse analisar as propostas até amanhã, mas o atraso coloca em xeque a chance de aprovar os textos ainda este ano.
… O presidente do Senado informou que, se a votação dos projetos de contenção de gastos se estender até amanhã, não descarta convocar sessão no sábado para concluir a votação do Orçamento de 2025, também de forma remota.
… Segundo o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), a expectativa é de que o Senado não faça alterações nos textos aprovados na Câmara para que sigam para sanção presidencial ainda neste ano.
… Randolfe deverá ser o relator de um dos três textos do pacote e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, deverá assumir a relatoria da PEC fiscal. O terceiro texto será entregue a outro governista.
… Diante da trajetória de descontrole da dívida pública, os mercados continuam em crise de nervos (abaixo).
… “Não se fala abertamente, mas o debate que nós, gestores, estamos tendo é de que a escalada da tensão fiscal já coloca na mesa a discussão sobre dólar a R$ 7 ou R$ 8 e juros a 20%, disse uma fonte ao Broadcast.
LULA – O presidente fará um novo exame de tomografia hoje para avaliar a sua recuperação depois dos dois procedimentos cirúrgicos aos quais foi submetido na semana passada para tratar um sangramento intracraniano.
… A assessoria presidencial ainda não confirmou o horário do procedimento, mas deve ocorrer pela manhã.
… O retorno do presidente a Brasília dependerá do resultado do exame. Uma reunião ministerial está marcada para amanhã e a presença de Lula é aguardada. Para se preservar, ele não deve ir hoje, em SP, ao Natal dos Catadores.
MAIS AGENDA – O mercado espera no RTI mais detalhes sobre alguns pontos abordados pela ata do Copom.
… Entre eles, está a estimativa do hiato do produto, reavaliado como “mais positivo”, as projeções de inflação para 2026 e a revisão da estimativa para o juro neutro do BC, que passou de 4,75% para 5%.
… O Tesouro divulga hoje as condições para o leilão de compra e venda de títulos públicos.
LÁ FORA – A previsão é de que o PIB/3Tri dos EUA registre leve alta para 2,9%, contra 2,8% no trimestre anterior. Mas o indicador perde boa parte da importância, depois de Powell já ter indicado possível pausa no corte dos juros.
… O dado sai às 10h30, mesmo horário do auxílio-desemprego, que deve ter queda de 12 mil pedidos, para 230 mil. Ao meio-dia, as vendas de moradias usadas têm previsão de alta de 2,5% em novembro.
… O México decide juro às 16h. A China define às 22h15 as taxas de referência de longo prazo (LPRs) de 1 e 5 anos.
A FEBRE NÃO BAIXA – De um lado, Haddad diz que o Brasil está sofrendo ataque especulativo e o guru Mohamed El-Erian acredita que o rali do dólar é uma reação exagerada clássica de economias emergentes, que se retroalimenta.
… De outro, os mercados domésticos continuam botando para quebrar, com uma marca inédita por dia do dólar e sem que a mudança de estratégia do Tesouro nos leilões de títulos consiga dar uma porta de saída para o pânico.
… Os leilões de NTN-F, ontem, foram considerados um fracasso, com recompra de apenas 400 mil títulos, contra oferta de até 4 milhões, enquanto no leilão de venda de 1,2 milhão todas as propostas foram rejeitadas.
… Reportagem de Renata Pedini e Denise Abarca (AE) com profissionais de mercado aponta que o remédio do Tesouro foi pouco eficaz para os sintomas dos negócios e não atacou a doença: dívida pública sem controle.
… Para piorar as coisas nesta 4ªF, a sinalização hawkish do Fed acentuou a queda do real, induzindo o dólar a quebrar novo recorde, a R$ 6,2657, com salto de 2,78%, na maior valorização em um dia em mais de dois anos.
… O BC não apareceu ontem no câmbio, deixando o caminho ainda mais livre para a moeda americana correr solta.
… Paralelamente à escalada do dólar para cima de R$ 6,25, o contrato futuro de juro para Jan/27 flertou com os 16% no pior momento do dia, dando a dimensão do quanto as apostas têm se afastado dos 14,25% contratados pelo BC.
… Na curva do DI, este vencimento do DI fechou a 15,840% (contra 15,410% na véspera). O Jan/26 subiu a 15,385% (de 15,115%); Jan/29, a 15,540% (de 15,050%); Jan/31, a 15,210% (de 14,710%); e Jan/33, a 14,940% (de 14,450%).
… A onda de alta nas apostas para a Selic segue a todo o vapor. O ASA, que antes previa 14,25%, projeta agora juro terminal de 15,25%. A LCA revisou seu call de 14,25% para 15,50%. O Bradesco subiu de 12% para 14,75%.
NA PILHA – Não é bom que o Ibovespa esteja de volta à faixa dos 120 mil pontos (120.771,88) e é pior ainda que a queda acentuada de ontem (-3,15%) tenha acontecido sob volume financeiro muito forte, de R$ 83,0 bilhões.
… O vencimento de opções sobre o índice à vista ajudou a turbinar o giro. Ainda assim, ninguém se ilude que a liquidez elevada tenha respondido apenas a este fator técnico. A verdade é que muita gente entrou vendendo.
… À percepção fiscal negativa, somou-se a inclinação menos dovish do Fed para o ano que vem, com mais juro nos EUA se juntando a mais juro no Brasil, a receita com a fórmula perfeita para abalar a renda variável.
… O Itaú reduziu a recomendação de aporte na bolsa brasileira para o menor patamar já recomendado.
… Em sua carta mensal de investimentos, o banco baixou de 19% para 7% o percentual recomendado da carteira a ser alocado em ações brasileiras no caso de investidores agressivos. Para os moderados, caiu de 14% para 4,7%.
… Para conservadores, foi de 7% para 2,3%. A mudança se deve à piora especialmente nas expectativas de inflação futura. A única recomendação de compra neste momento é de ativos de renda fixa com juro real (acima da inflação).
… O Ibov registrou ontem apenas três ações em alta: Marfrig (+1,81%; R$ 16,29), MRV (+1,54%; R$ 5,26) e Santos Brasil (+0,54%; R$ 13,13).
… Automob, maior desvalorização do índice, desabou 30% (R$ 0,35), após subir 200% desde a estreia no Ibov. CVC (-17,11%, a R$ 1,55) e Azul (-11,58%, a R$ 3,59) completaram a trinca das maiores quedas.
… Santander, com -4,27%, a R$ 23,56, teve a maior perda entre os principais bancos. Bradesco PN registrou -4,17% (R$ 11,49); Bradesco ON, -4,12% (R$ 10,48); Itaú, -2,85% (R$ 30,97); e Banco do Brasil ON, -2,78% (R$ 23,74).
… Entre as blue chips de commodities, Vale não encontrou suporte no minério de ferro (-2,63% em Dalian) e perdeu 2,32% (R$ 54,81).
… Petrobras ON caiu 2,23% (R$ 40,38) e PN recuou 2,58% (R$ 37,31), na mínima do dia, na contramão da alta de 0,27% (US$ 73,39/barril) do Brent/fev, em meio à queda nos estoques dos EUA.
… Com a disparada do dólar nas últimas semanas, a defasagem no preço dos combustíveis aumentou em relação ao mercado internacional, principalmente o diesel, o que abre uma janela para reajuste pela Petrobras.
… A defasagem do diesel atingiu 14% nas refinarias da estatal ontem e 13% na média nacional, segundo a Abicom.
… Para equiparar os preços ao Golfo do México, referência dos importadores brasileiros, o litro do diesel teria que aumentar em R$ 0,49. A Petrobras não reajusta o preço do diesel há 358 dias.
… A gasolina está há menos tempo sem reajuste (163 dias) e, por isso, tem defasagem menor, de 7% nas refinarias da Petrobras e 6% na média nacional. Para equiparar os preços, a Petrobras teria que elevar o litro em R$ 0,20.
SUSTO HAWKISH – Investidores já esperavam que o Fed realizaria um ‘corte hawkish’ de juros ontem. Ou seja, imaginavam que o BC americano sinalizaria cautela maior nos próximos meses, ainda mais com Trump à vista.
… Mas na hora do vamos ver, o gráfico de pontos assustou. Mostrou que a maioria (10) dos membros do Fomc prevê só mais dois cortes de 25pb nos juros em 2025. Em setembro, antes de Trump vencer, a expectativa era de quatro.
… “Powell creditou essa mudança mais às preocupações com a inflação do que à economia robusta, então o gráfico foi hawkish pelo pior motivo”, disse Scott Ladner (Horizon Investments) à Reuters.
… No FedWatch, do CME, as apostas para manutenção do juro em janeiro subiram a quase 90%.
… Depois da decisão, de novo dividida, Powell botou mais lenha na fogueira. Disse que a inflação tem tido desempenho pior que o esperado. “Realmente, queremos ver mais progresso antes de cortar juro em 2025”.
… Ainda afirmou que não pode descartar uma alta de juros em 2025, embora este não seja o cenário base do Fed.
… As estimativas para o núcleo do PCE subiram de 2,6% para 2,8% em 2024; de 2,2% para 2,5% em 2025; e de 2% para 2,2% em 2026. O Fed só espera inflação na meta de 2% em 2027.
… O Fed ainda espera menos desemprego e mais PIB, cenário que chancela menos cortes. O BC reduziu a expectativa de desemprego em 2024 (de 4,4% para 4,2%) e 2025 (4,3% para 4,2%).
… Aumentou o PIB 2024 (de 2% para 2,5%) e de 2025 (2% para 2,1%).
… O que se viu em Wall Street foi uma fuga em massa do risco. O S&P 500 perdeu os 6 mil pontos, com queda de 2,95% (5.872,16), a pior desde agosto.
… Em queda pela 10ª sessão consecutiva, o Dow Jones (-2,58%, a 42.326,87 pontos) fechou a pior sequência desde as 11 baixas seguidas registradas em 1974. O Nasdaq perdeu 3,56% (19.392,69 pontos).
… Os juros subiram. O da note de 2 anos, mais sensível à política monetária, avançou 10pb, a 4,355%, de 4,257% na véspera. O da note de 10 anos atingiu 4,506% (de 4,400%), maior desde maio.
… Um Fed menos disposto a cortar juro disparou o dólar. O índice DXY subiu 1%, a 108,027 pontos, com destaque para o euro, que derreteu 1,14% e ficou mais próximo da paridade, em US$ 1,0368.
… A libra recuou 0,95%, a US$ 1,2583, a despeito da expectativa de manutenção do juro pelo BoE hoje, e o iene cedeu 0,84%, a 154,745/US$.
… Tanto o Reino Unido (de 2,3% para 2,6%) quanto a zona do euro (de 2% para 2,2%) registraram aceleração no CPI de novembro ante nov/23.
… Philip Lane, o economista-chefe do BCE, considerou o dado da zona do euro consistente com o retorno da inflação à meta de 2%.
EM TEMPO…PETRORECONCAVO comprou parte dos ativos da Brava Energia na Bacia Potiguar (RN), por US$ 65 mi…
… Foi assinado acordo de parceria vinculante para a aquisição de 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural na região.
CARREFOUR concluiu a venda de 15 imóveis para FII da Guardian Gestora, no valor de R$ 725 milhões…
… A empresa aprovou pagamento de R$ 200 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0948 por ação, com pagamento em 8/1/25; ex em 24/12.
IGUATEMI assinou memorando para 2ª maior aquisição de shoppings da história, com fatias do Pátio Paulista e Higienópolis, em São Paulo, por R$ 2,58 bilhões, pertencentes à Brookfield no Brasil.
LOCALIZA aprovou a 41ª emissão de debêntures no valor de R$ 700 milhões. Prazo de vencimento será até 15 de dezembro de 2031.
CCR aprovou o 3º programa de recompra de até 3,5 milhões de ações. Total corresponde a 0,1733% do total de ações. Prazo máximo de aquisição é de 18 meses.
MRV. Subsidiária Resia iniciou plano de desinvestimento e desalavancagem com venda do terreno Marvida, com valor geral de venda (VGV) de US$ 7,5 milhões.
TELEFÔNICA BRASIL aprovou redução de capital e restituição de R$ 2 bilhões. A redução será concretizada por meio de devolução do valor aos acionistas, equivalente a R$ 1,2265 por ação ordinária.
WEG informou que investirá 28 milhões de euros em nova fábrica de redutores na região de Esmirna, na Turquia. Unidade tem conclusão prevista para 2027.
VIBRA ENERGIA. Conselho aprovou a reeleição de Ernesto Peres Pousada para o cargo de presidente, com prazo de gestão de dois anos…
… Empresa aprovou pagamento de parcela de JCP no valor de R$ 0,2619/ação; ex dia 26. Fará ainda a 9ª emissão de debêntures simples, em série única, no valor de R$ 1 bi, com prazo de vencimento de 98 meses.
CPFL ENERGIA projeta investimentos de R$ 29,8 bilhões até 2029. O maior desembolso irá para distribuição, com R$ 24,734 bilhões. O segundo maior investimento será em transmissão (R$ 3,673 bilhões).
EQUATORIAL fará o resgate antecipado facultativo total das debêntures da 1ª série da 5ª emissão, em 23/12. Valor estimado do resgate é de R$ 1,711 bilhão.
TAESA fará a 17ª emissão de debêntures, no valor de R$ 650 milhões.
NEOENERGIA COELBA aprovou a distribuição de R$ 94,7 milhões em JCP; ex em 26/12.
BANCO PAN distribuirá R$ 302 milhões em JCP, a R$ 0,2414 por ação; ex em 26/12.
ESPAÇOLASER aprovou a criação de programa para recompra de até 5 milhões de ações, equivalente a 2,6% dos papéis em circulação.
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