Tombini no Senado nesta semana

Alexandre Tombini, presidente do Bacen, realizou nesta terça-feira (3/8) um balanço sobre a economia brasileira em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Em sua análise, tratou de dar “cores mais suaves”, "relativizando" sobre a onda de pessimismo existente. Afirmou, por exemplo, que a inflação vem cedendo nas últimas apurações, assim como a atividade econômica deve se recuperar neste segundo semestre, depois da estabilidade no primeiro. Destaquemos o que foi dito por ele.
Polêmica sobre o que foi dito pelo diretor Luiz Awazu. Em entrevista à imprensa, Awaru disse que “os juros subiram acima de qualquer medida razoável de neutralidade e permanecerão neste patamar pelo tempo adequado”. Tombini tratou de colocar “panos quentes”, ao afirmar que os diretores do BACEN têm o direito de dizer o que pensam, reinando o pluralismo na instituição. Na verdade, Awaru quis dizer que o juro subiu demais e pode ser reduzido antes do previsto pelo mercado. Interessante salientar que Awaru pode ser a opção de Tombini para sucedê-lo em 2015. Isto nos leva a especular que, diante da economia desaquecida atualmente, esta pode ser a decisão de um hipotético governo Dilma, caso reeleito, com Luiz Awaru como futuro presidente do BACEN.
Inflação em queda. Tombini disse que a inflação está sob controle, em trajetória de queda nas últimas apurações. Não citou (como nos comunicados anteriores) que a inflação esteja resistente. Apenas reafirmou o que disse a ata, “mantidas as condições monetárias atuais, a inflação tende a ingressar numa trajetória de convergência para as metas nos trimestres finais do horizonte de projeção do BACEN”. Ou seja, neste momento a inflação não preocupa, reforçando o discurso mais moderado. Concordamos em parte com esta tese, mas não dá para “baixar a guarda” no combate à inflação. Isto porque Mantega levantou a possibilidade do reajuste de gasolina ainda neste ano, o que deve acontecer depois das eleições.
Sobre o crescimento. Tombini afirmou que a economia cresce em ritmo menos intenso. Houve uma estabilidade no primeiro semestre e espera uma suave recuperação no segundo. Os investimentos, no entanto, seguem aquém do esperado, tendo chegado a 18% do PIB em 2013 e não passando de 17,7% neste ano (primeiro trimestre). A economia deve crescer menos neste ano. O BACEN trabalha com 1,6% e esta Consultoria revisou o PIB de 1,2% para 0,8%. A economia paralisada, com as famílias endividadas e adiando o consumo diante do receio do desemprego e da inadimplência, e os empresários adiando investimentos, corroboram para isto. E o pior é que não dá para enxergar nenhuma retomada mais consistente em 2015, diante da necessidade de diversos ajustes. 

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