terça-feira, 13 de maio de 2025

Resumo Vinland

 🚨 BOLETIM SEMANAL VINLAND CAPITAL 🚨 

💰Resumo Comitê de Investimento (13/05/2025) 


Nos EUA, as negociações do final de semana apontam para redução substancial das tarifas para China, reforçando o nosso cenário de moderação do crescimento, e não de uma queda mais acentuada da atividade. Além disso, o Fed manteve a taxa de juros parada entre 4,5% e 4,25% a.a., com a indicação de que não tem pressa para ajustar a taxa de política monetária.


No Brasil, o BC subiu a taxa Selic em 50 pbs na reunião da semana passada para 14,75% a.a. e a sinalização aponta para o provável fim do ciclo de alta de juros. O comunicado ressaltou cautela e flexibilidade à frente.


No Book Macro, em juros locais, temos posições aplicadas em juros nominais e reais. Nos juros internacionais, mantemos posições aplicadas em México, tomadas em Polônia e vendidos na inclinação da curva da África do Sul. Em moedas, seguimos com posições táticas de venda de volatilidade em USDBRL. No mercado de crédito, mantemos uma posição reduzida em ativos bancários e emissores corporativos de alta qualidade de crédito, por conta dos spreads apertados. E no mercado de ações, estamos alocados em arbitragens de M&A no mercado local.



Internacional 🌎 


Nos EUA, o número de pedido de seguro-desemprego de 228 mil veio em linha com o esperado e segue rodando em níveis baixos. A inflação e seu núcleo de abril surpreenderam para baixo - o núcleo sem alimentos e energia veio em 0,2% MoM abaixo do esperado de 0,3% com destaque para vestuário e passagem aérea mais fracos. Daqui para frente, vai ser importante acompanhar o impacto da tarifas no núcleo de bens. Em relação à política monetária, o Fed manteve a taxa de juros parada entre 4,25% e 4,50% a.a. e indicou que não tem pressa para ajustar a taxa de política monetária.


Na Polônia, o NBP reduziu a taxa de juros em 50 pbs, para 5,25% a.a., conforme esperado pelo mercado. Entretanto, tanto o comunicado quanto a coletiva de imprensa foram mais hawkish, indicando menos cortes ao longo deste ano do que o esperado anteriormente.


Na República Tcheca, a inflação de abril surpreendeu o consenso para baixo (1,8% YoY vs. consenso 2,1%). A surpresa foi concentrada em itens mais voláteis, como alimentação e energia, de modo que o núcleo permaneceu acima da meta de 2%. Além disso, o CNB cortou a taxa de juros em 25 pbs, para 3,5% a.a., mantendo um tom cauteloso quanto a possibilidade de cortes futuros. Por fim, a produção industrial surpreendeu positivamente (4,5% YoY vs. cons. 3,1%).


Na Hungria, a inflação de abril surpreendeu para cima (4,2% YoY vs. cons. 4%), influenciado por uma queda menor do que a esperada nos componentes mais voláteis. Nas aberturas, os serviços continuam rodando em nível elevado — próximo a 7,0% YoY — indicando uma economia com elevada persistência inflacionária. Além disso, os dados de vendas no varejo (0,4% YoY vs. cons. 1,7%) e de produção industrial (-5,0% YoY vs. cons. -5,0% YoY) surpreenderam para baixo, evidenciando fraqueza da atividade econômica.


Na África do Sul, a divulgação da produção industrial surpreendeu negativamente (-0,8% YoY vs. cons. 0,8%), influenciada pela queda na produção de derivados de petróleo, como plásticos e produtos químicos.


No México, a produção industrial de março veio mais forte, sugerindo um setor secundário mais forte no 1T do que a estimativa preliminar do PIB. Além disso, a inflação de abril subiu de 3,8% YoY para 3,9% YoY surpreendendo a estimativa dos analistas, enquanto o núcleo aumentou bem de 3,6% YoY para 3,9% YoY, mas em linha com o esperado. O destaque é a decisão política monetária na quinta-feira e é esperado redução da taxa de juros de 9,0% a.a. para 8,5% a.a. e a atenção vai estar sobre a sinalização dos próximos passos da política monetária.


No Chile, a inflação de abril veio abaixo do consenso e caiu de 4,9% YoY para 4,5% YoY. O núcleo também cedeu para 3,5% YoY. Os dados correntes de inflação continuam benignos e as expectativas de inflação dos economistas continuam ancoradas na meta de inflação de 3,0% no horizonte relevante.


Na Colômbia, a inflação e seu núcleo vieram bem mais pressionados. A inflação subiu de 5,1% YoY para 5,2% YoY, enquanto o núcleo sem alimentos e itens regulados passou de 4,8% YoY para 4,9%. Tanto a parte volátil quanto o componente subjacente vieram mais pressionados. Ademais, as minutas revelaram que apesar da decisão unânime de corte de 25 pbs, o Comitê segue dividido e que o lado fiscal deve ganhar importância nas próximas decisões de política monetária.



Cenário Doméstico 🇧🇷


Na atividade, a produção industrial de março veio mais forte surpreendendo as expectativas depois dos dois meses anteriores mais fracos. A alta veio puxada pela produção de bens de consumo, especialmente bens duráveis, semi e não duráveis. 


Na inflação, o dado de abril veio em linha com consenso, mas com a abertura ruim - o núcleo de serviços e industriais vieram mais fortes. A inflação permaneceu em 5.5% YoY, enquanto a média dos núcleos subiu de 5,1% YoY para 5,3% YoY. O quadro inflacionário continua ruim, mas com estabilização em patamares pressionados.


Na política monetária, o Copom aumentou a taxa Selic em 50 pbs para 14,75% a.a. em linha com o amplo consenso. O comunicado trouxe elementos que sugerem o fim do ciclo de aumento da taxa de juros como a retirada da assimetria altista do balanço de riscos para a inflação e prescrição de um cenário com política monetária contracionista por período prolongado.


📈Bolsa📉


Nossas principais teses de investimento, em ordem de relevância, são: 


1. Empresas ligadas ao setor elétrico

2. Empresas de consumo defensivo

3. Empresas ligadas a consumo cíclico com baixa alavancagem

Stephen Kanitz

 *REMEXENDO A HISTÓRIA, entenda a origem da CULTURA DO ÓDIO dos intelectualoides e jornalistas aos MILITARES BRASILEIROS*


Por *Stephen Kanitz*


*A História Não Contada de 1964.*


Por que intelectuais, jornalistas, historiadores, professores e escritores tem tanto ódio dos militares brasileiros? 


*A razão jamais divulgada, até hoje, é essa*, uma aula de realidade.


Uma semana depois de assumirem o governo, os militares patrocinaram uma emenda constitucional que se tornaria o maior erro deles.


Promoveram a emenda constitucional número 9 de 22 Julho de 1964, e logo aprovada 81 dias depois.


Essa emenda passou a obrigar todo jornalista, escritor e professor deste país a pagarem imposto de renda, algo que nenhum destes fazia desde 1934.


Pasmem.


Este é um dos segredos mais bem guardados pelos nossos professores de história, a ponto de nem os novos militares, jornalistas, professores de história e escritores de hoje sabem o que ocorreu de fato.


Além de serem isentos do IR, jornalistas tinham financiamento imobiliário grátis, vôos de avião grátis, viviam como reis.


*Nenhum livro de história, nenhum jornalista de esquerda* jamais irá lhes lembrar que o Artigo 113, 36 da Constituição de 1934 e repetido no  artigo 203 da constituição de 1946, rezava o seguinte.


Art. 203:

“Nenhum imposto gravará diretamente a profissão de escritor, jornalista ou professor.”  


*Por 30 anos foi uma farra, algumas faculdades "vendiam" diplomas de jornalista “até arcebispo era jornalista.”* 


Por 30 anos esse favoritismo classista era um nó na garganta de nossos médicos, enfermeiras, bombeiros, engenheiros, advogados, odontologos, farmacêuticos, políciais, psicólogos, arquitetos e militares, que se sacrificavam pelos outros sem reconhecimento.


*Que mérito especiais tinham esses privilegiados*? 

Além de poderem chantagear os governos, que muitos faziam.


Especialmente os privilegiados de esquerda, pois o Imposto de Renda é o imposto que por definição distribui a renda dos mais ricos para os mais pobres.


*Hipocrisia intelectual maior não há*.


Até a família Mesquita entrou na justiça pleiteando a isenção dos lucros do Estadão, alegando que os lucros advinham de suas profissões de jornalistas.


Só que com esta medida os militares de 1964 antagonizaram, em menos de dois meses de poder, toda a elite intelectual deste país.


Antagonizaram aqueles que, até hoje, fazem o coração e as mentes dos jovens.


“Grande parte dos jornalistas que tiveram suas crônicas coletadas para este livro, Alceu de Amoroso Lima, Antônio Callado, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Heitor Cony, Edmundo Moniz, Newton Rodrigues, Otto Lara Resende, Otto Maria Carpeaux, entre outros, foram aqueles que logo se arrependeram do apoio dado ao golpe.”


Essa gente apoiou a luta pela democracia, ela só se tornou golpe depois da PEC que tirou seus privilégios classistas.


“Os Jornalistas apoiaram abertamente o regime, mas antes dele fazer aniversário de um ano, já eram adversários do regime que ajudaram a instalar”, continua Alzira Alves.


Só por que mexeram no bolso dos jornalistas e historiadores, dos intelectuais a professores, numa medida justa, democrática, e que combateu a má distribuição da renda, que esses canalhas incentivavam.


Se os militares fossem de fato de direita, como jornalistas, professores de história e escritores não pararam de divulgar, eles teriam feito o contrário. 


Eles se incluíram nesta lista classista.


Mas foram éticos e não o fizeram.


*Jornalistas também não pagavam imposto predial, imposto de transmissão1, imposto complementar2, isenção em viagens de navio, transporte gratuito ou com desconto nas estradas de ferro da União, 50% de desconto no valor das passagens aéreas e nas casas de diversões.* 

Eram tratados de forma diferenciada das demais profissões. Tinham incontáveis privilégios.


Devido a estas isenções na compra de casa própria, a maioria dos jornalistas tinha pesadas dívidas, e a queda de 15% nos seus salários causou problemas financeiros.


*O tal “golpe” que os militares causaram foi, na realidade esse.*  


Contra os que se achavam intelectuais e não contra a nação.


*Para que nenhuma dúvida ficasse, eu me dei ao trabalho de ir buscar na internet as Constituições Federais de 1934 e a de 1946 e você poderá confirmar nos links a seguir*


*CF de 1934*

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm


*CF de 1946*

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm.....*REMEXENDO A HISTÓRIA, entenda a origem da CULTURA DO ÓDIO dos intelectualoides e jornalistas aos MILITARES BRASILEIROS*


Por *Stephen Kanitz*

Ata do Copom

 *Necton Markets | Ata da 270ª reunião do Copom*


*_Tão dovish quanto o comunicado_*


Após um comunicado bastante _dovish_, a ata da reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) deu continuidade ao tom empregado na decisão e deve não só impulsionar a visão de que o ciclo de aperto já teria se encerrado na ocasião, como também dar corpo às discussões sobre o início de uma distensão monetária ainda este ano, não obstante a desancoragem significativa das projeções do próprio comitê para o horizonte relevante da política monetária (4T26). Destacamos os parágrafos do documento que corroboram nosso entendimento abaixo.


*Parágrafo 6.* A mudança na ordem dos temas analisados na reunião, com o cenário internacional ficando em primeiro lugar e a inflação corrente, em último, sintetiza a prioridade que o comitê parece estar dando para cada assunto. Levada às últimas consequências, a alteração pode indicar uma mudança importante na função de reação da autoridade monetária - que pode estar mais atenta aos sinais vindos da atividade e do mercado de trabalho do que dos preços, por exemplo. Nem sempre a ordem dos fatores não altera o produto.


*Parágrafo 7.* Apesar de reforçar que o cenário internacional marcado pela maior incerteza exige mais cautela na gestão dos juros, o comitê passa a prever uma desaceleração ainda mais intensa da economia americana. A expectativa soa como uma aposta arriscada, oposta à cautela recomendada pelo próprio comitê, em um vetor de desinflação cuja materialização pode muito bem nunca ocorrer. 


*Parágrafo 8.* A exemplo do ocorrido no comunicado, o comitê se mostra mais convicto sobre a desaceleração da economia doméstica à frente, na comparação com as últimas comunicações oficiais. A maior confiança sobre a perda de dinamismo no cenário prospectivo se mantém mesmo “após vários anos de surpreendente dinamismo.”


*Parágrafo 9.* Destaque do documento, o parágrafo explicita a convicção do comitê sobre a política monetária estar suficientemente restritiva, não obstante o juro neutro com o qual o Banco Central trabalha estar bastante defasado e a inflação corrente não dar sinais claros de convergência. Ainda, crava que os efeitos dos juros contracionistas já são sentidos nos _soft_ e nos _hard data_ - uma afirmação no mínimo controversa - e indica uma aposta na continuidade de tal dinâmica. Possivelmente o parágrafo mais _dovish_ da ata.


*Parágrafo 11.* Ao analisar o cenário de crédito, o Copom passa a incorporar os efeitos do consignado privado em suas projeções, mas assume que o programa terá como efeito principal a substituição de “dívidas caras” por “dívidas baratas”, sem impulsionar o consumo - premissa bastante branda, que acaba por minimizar um dos principais riscos inflacionários presentes no cenário doméstico. 


*Parágrafo 14.* Embora ressalte que o cenário de inflação de curto prazo segue adverso, inclusive com a materialização de alguns dos riscos altistas mapeados nas últimas comunicações, a avaliação do cenário de inflação é algo mais benigna, com o comitê retirando a menção ao possível estouro da meta em junho.


*Parágrafo 16.* O destaque reside no fato de trazer poucos esclarecimentos sobre a caracterização do balanço de riscos como neutro, um dos pontos mais esperados na ata (e considerados mais _dovish_ no comunicado da decisão de maio).


*Parágrafos 21 e 25.* Como no comunicado, a decisão de abandonar o _guidance_ e retomar uma postura totalmente dependente dos dados soa _dovish_ por abrir a porta para uma manutenção da Selic na próxima reunião do Copom, de junho - que cravaria o encerramento do ciclo, não obstante uma desancoragem relevante das projeções de inflação do próprio comitê para o horizonte relevante (4T26). Mencionar o estágio “avançado” do ciclo reforça a visão de que o ciclo de aperto já pode ter sido encerrado.


*Gustavo Gonzaga*

*Necton Investimentos*

Bankinter Portugal Matinal 1305

 Análise Bankinter Portugal


SESSÃO: As bolsas subiram ontem com força (EUA +3,3% e Europa +1,6%) após o acordo do final de semana entre os EUA e a China, que implica baixar os impostos alfandegários para 30% para produtos chineses, e 10% para produtos americanos (vs. 145% e 125% anterior). É, sem dúvida, uma boa notícia que aproxima posturas, mas não se pode perder a perspetiva… A situação alfandegária continua a ser pior do que no início da guerra comercial e isso afeta o crescimento económico e as expetativas de resultados empresariais. Contudo, as bolsas não só superaram os níveis do “Liberation Day” (2 de abril), mas também os de dia 4 de março, dia em que foram anunciados os primeiros impostos alfandegários. Acreditamos que o mercado peca por otimismo.


Hoje deveremos ver alguma correção nas bolsas, embora moderada, já que os indicadores adiantados continuam a gerar a falsa expetativa de melhoria na frente macro. Espera-se uma forte recuperação do ZEW alemão, até +11,3 em maio desde -14,0 anterior, condicionada pelo otimismo dos acordos comerciais e formação de governo na Alemanha sobre o sentimento dos investidores institucionais alemães. Por outro lado, nos EUA, teremos o IPC de abril, que se espera que repita tanto na taxa geral como na subjacente (+2,4% e +2,8% a/a, respetivamente). Contudo, os banqueiros centrais têm vindo a avisar sobre as pressões inflacionistas a médio prazo, derivadas da guerra comercial.


Em suma, consideramos excessiva a euforia das bolsas e não vemos grandes catalisadores nas próximas semanas, quando finalizada a temporada de resultados e após a moderação das tensões comerciais. Portanto, as bolsas deverão tender a corrigir nas próximas semanas.


S&P500 +3,26% Nq100 4,02% SOX +7,04%  ES-50 +1,6% VIX 18,39% -3,51pb. Bund 2,64%. T-Note 4,46%. Spread 2A-10A USA=+46,4pb B10A: ESP 3,27%  ITA 3,67%. Euribor 12m 2,07% (fut.12m 2,1%). USD 1,111. JPY 164,3. Ouro 3.253,79$. Brent 64,75$. WTI 61,76$. Bitcoin -0,16% (102.522$). Ether -1,3% (2.454$).


FIM

BDM Matinal Riscala 1305

 Ata do Copom e inflação nos EUA são destaques

www.bomdiamercado.com.br

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


[13/05/25]


… A inflação ao consumidor nos EUA (CPI) deve se manter estável em 2,4% em abril na base de comparação anual. Em termos mensais, no entanto, a previsão da Bloomberg é de alta de 0,3%, recuperando-se da queda de 0,1% no mês anterior, com os recentes aumentos de tarifas sobre produtos importados. O dado, que sai às 9h30, ainda causa preocupação, mesmo após o acordo entre os EUA e a China, que pode afastar a recessão, mas ainda terá impacto na economia. Aqui, a expectativa é para a ata do Copom (8h), que pode sinalizar as chances de o ciclo de aperto da Selic ter se encerrado a 14,75%. Na B3, repercutem os balanços divulgados ontem à noite – incluindo o de Petrobras, que reportou crescimento de 48,6% do lucro do 1Tri, mas não agradou no after hours em NY. Hoje tem JBS e Nubank.


… Sobre a ata, de alguma forma, pode vir comprometida pela inesperada reviravolta do cenário externo, que entrou no balanço de riscos como fator baixista, ao projetar uma desaceleração global mais pronunciada e redução dos preços das commodities.


… A suspensão por 90 dias das tarifas de até 145% dos EUA para a China (para 30%, incluindo os 20% do fentanil) e de 125% da China para os EUA (para 10%) muda radicalmente as perspectivas da guerra comercial e dos efeitos sobre a economia global.


… Se tudo correr bem entre Trump e Xi, é provável que os piores prognósticos de uma recessão global não se materializem.


… Neste caso, o dólar continuaria a se sustentar como moeda forte, inibindo uma trajetória mais benigna da taxa de câmbio no Brasil, e o arrefecimento da atividade doméstica dependeria quase que exclusivamente dos efeitos cumulativos da política monetária.


… O IPCA de abril desacelerou na margem para 0,43% (de 0,56% em março), mas ainda causa desconforto o aumento do índice de difusão de 61% para 67%, junto com as pressões persistentes nos serviços subjacentes, confirmadas na última leitura da inflação.


… Além disso, a produção industrial de abril, com crescimento de 1,3% sobre o mês anterior, superou de longe as estimativas do mercado (+0,3%), mostrando que a atividade segue resiliente, apesar dos juros nos níveis mais elevados em quase 20 anos.


… Por outro lado, a reancoragem das expectativas acontece em ritmo lento, com quedas residuais nas projeções para o IPCA na pesquisa Focus. Nesta semana, a projeção para 2025 recuou de 5,53% para 5,51%, seguindo bem acima do teto da meta de 4,50%.


… Para 12 meses à frente, entrando no ano eleitoral, a política fiscal expansionista do governo Lula inibe recuo mais firme nas expectativas para a inflação, que estavam em 4,97% na semana anterior e foram ajustadas em dois centésimos apenas, para 4,95%.


… Depois do Copom e do comunicado que deixou em aberto a decisão para junho, o mercado está dividido entre a manutenção da Selic e um ajuste final de 25pbs, que levaria a taxa básica para os 15%, com a curva de juros projetando leve redução no final do ano.


… Pode ser que a ata desempate essa aposta. Economistas vão se debruçar sobre alguns aspectos para sondar o que o BC está pensando.


… Para o estrategista Sérgio Goldenstein, um dos pontos mais importantes do comunicado foi a prescrição de uma política monetária em patamar “significativamente contracionista por um período prolongado”, não mencionada no comunicado anterior.


… Segundo ele, “percebe-se que a estratégia para a convergência da inflação passa a ser de juros higher for longer, não necessariamente uma taxa Selic ainda mais contracionista” – ou seja, o juro não subiria mais, mas ficaria elevado até cumprir o seu papel.


… Outra observação que, segundo Goldenstein, reforça as chances de Selic estável seria a indicação de “cautela adicional” para a próxima reunião, tendo em vista o “estágio avançado do ciclo e seus impactos acumulados ainda por serem observados”.


… “O Banco Central parece estar confortável com essa taxa de juros. O cenário-base seria o de estabilidade em junho. Uma alta de 25pbs da Selic só ocorreria no caso de uma piora relevante do balanço de riscos”, concluiu em sua avaliação.


… Para além da ata, o mercado tem para monitorar nesta 4ªF os dados de serviços e, na 5ªF, as vendas no varejo. Se vierem fortes, podem mudar as expectativas para os juros, resgatando como maioria um último ajuste da Selic no Copom de junho.


NÃO FICARÁ DE GRAÇA – A trégua entre Estados Unidos e China pode ter afastado o risco de recessão, mas não chegou a tempo de evitar uma desaceleração, segundo economistas ouvidos pela Bloomberg.


… Eles ainda esperam que os dados do mercado de trabalho possam começar a mostrar o impacto no emprego no final de maio, enquanto a aceleração da inflação deve ficar evidente nos relatórios que serão divulgados no mês que vem.


… Essa combinação deixa a economia a caminho de crescer significativamente menos este ano do que em 2024.


… Embora a tarifa sobre os produtos chineses, de 30%, esteja bem abaixo da taxa de 145% aplicada no último mês, ainda representa um aumento acentuado em relação ao período anterior à posse do presidente Trump em janeiro.


… “O alívio temporário representa uma redução notável da tensão, mas não evitará uma desaceleração”, disse Gregory Daco, economista-chefe da EY. Para ele, “a demanda aquecida, as pressões elevadas sobre os preços e a incerteza política aguda ainda pesarão”.


… Uma questão fundamental é se as famílias e empresas aproveitarão a trégua de 90 dias para estocar mais. 


… Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, espera que os relatórios semanais do seguro-desemprego comecem a aumentar até o Memorial Day, em 26 de maio, prenunciando uma desaceleração nas contratações, que ficará clara no payroll de junho.


… “Eu esperava que o governo fechasse em breve um acordo com a China e outros países, amenizando a guerra comercial. Mas a guerra continua. Espero que o retorno das compras antecipadas comece este mês e se estenda até junho e julho.”


… Outros economistas concordam: “É provável que os importadores dos EUA aumentem as compras no curto prazo para se protegerem contra o aumento das tarifas novamente”, disse o economista-chefe do Comerica Bank, Bill Adams.


… Também eParte inferior do formulário


…… Economistas da Bloomberg fizeram o alerta: “Um período de recuperação para reabastecer os estoques dos varejistas pode levar ao congestionamento dos portos, e se as prateleiras estiverem vazias, os aumentos de preços podem ser mais rapidamente.”


… Os analistas, em geral, concordaram que o acordo abriu uma perspectiva melhor, embora ainda moderada, para a economia dos EUA este ano. O UBS pode aumentar sua previsão do PIB deste ano em 0,4pp, para 0,5%.


… Também o IBS acredita em um aumento de 0,40pp de sua projeção do PIB, para 0,9%.


… O Goldman Sachs dobrou a previsão do PIB, a 1%, reduziu a probabilidade de uma recessão nos próximos 12 meses de 45% para 35% e ajustou em baixa a expectativa de inflação (PCE) de 3,8% para 3,6%.


PETROBRAS – Os ADRs registraram oscilações estreitas e divergentes no after hours em NY, após o balanço:  ON, +0,17%, e PN, -0,36%.


… O lucro líquido de R$ 35,2 bilhões cresceu 48,6% sobre o 1Tri/2024, pouco acima das estimativas compiladas pelo Valor (R$ 34,9 bi). O Ebitda (R$ 61 bilhões) subiu 1,7% contra o 1Tri/2024 e a receita de vendas, +4,6%, para R$ 123,1 bilhões, frente ao 1Tri/2024.


… A Petrobras aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 11,72 bilhões, R$ 0,90916619/ação.


… Os proventos serão pagos em duas parcelas, nos meses de agosto e setembro. A primeira, de R$ 0,45458310/ação, no dia 20 de agosto, sob a forma de juros sobre capital próprio. A segunda, de R$ 0,45458309/ação, em 22 de setembro, entre dividendos e JCP.


… Os detentores de ADRs receberão os pagamentos a partir de 27 de agosto e de 29 de setembro, respectivamente.

… A Petrobras realiza teleconferência sobre o balanço às 12h.


MAIS BALANÇOS – JBS e Nubank divulgam resultados depois do fechamento, juntamente com a Caixa Econômica Federal, CVC, Pagbank, Raízen, Santos Brasil e SLC Agrícola. Confira abaixo no Em tempo os balanços de ontem à noite.


MAIS AGENDA – O índice ZEW de expectativas econômicas na Alemanha abre o dia (6h) na Zona do Euro, com estimativas de recuperação da queda de 14,0 registrada em abril para um avanço a 13,7 em maio, segundo o consenso do Trading Economics.


… Aqui, não há indicadores previstos, além da ata do Copom, mas o documento deve tomar muito tempo dos economistas.


… O presidente do BC, Gabriel Galípolo, está em Pequim, China, onde participa da missão do governo brasileiro e de jantar com Xi Jinping.


QUEBRANDO O GELO – Mesmo feita a ressalva de que a trégua de 90 dias entre os EUA e a China não significa uma retirada definitiva das tarifas, o acordo provisório removeu uma espada de cima da cabeça dos mercados.


… Dentro do Fed, coube a Austan Goolsbee o alerta de que, apesar da redução das taxas, as incertezas em torno da política comercial de Trump ainda representam risco de inflação e desaceleração do crescimento econômico.


… Mas o investidor quer ouvir Powell esta semana, em discurso na 5ªF. Se ele já estava sem pressa de relaxar a política monetária antes mesmo de Trump se entender com os chineses, ganha agora ainda mais tempo.

… O Goldman Sachs já jogou lá para frente, de julho para dezembro, a aposta para o primeiro corte do juro.


… Na medida em que esvazia o risco de recessão e as pressões por um Fed dovish, a aproximação entre os governos de Washington e Pequim fez a festa das bolsas em NY e puxou ontem o dólar e os juros dos Treasuries.


… A taxa da Note de 2 anos rompeu 4% e fechou a 4,001%, contra 3,883% na última 6ªF, antes da negociação comercial selada em Genebra. O retorno da Note de 10 anos subiu para 4,468%, de 4,381% no pregão anterior.


… No câmbio, o índice DXY saltou 1,44%, a 101,788 pontos, após ter rodado perto da linha dos 102 pontos na máxima do dia (101,977). Com o dólar recuperando seu status, as três principais moedas concorrentes caíram.

… O iene foi a 148,40/US$, o euro afundou 1,39%, a US$ 1,1090, e a libra recuou 0,94%, a US$ 1,3179. O real também foi trocado pelo interesse no dólar, que ainda segue, porém, abaixo de R$ 5,70: R$ 5,6840 (+0,52%).


… Loucas por um rali, após o pesadelo da guerra comercial, as bolsas em NY vibraram com a pausa nas tarifas recíprocas. O Nasdaq voltou à marca técnica de bull market: alta de pelo menos 20% contra o piso recente.


… O índice da bolsa eletrônica disparou 4,35% ontem, aos 18.708,344 pontos, acumulando uma valorização de 22,53% desde a mínima registrada quando Trump lançou as primeiras investidas de sua política protecionista.


… As ações das Sete Magníficas geraram nesta 2ªF uma onda compradora em Wall Street.


… Apple, que concentra boa parte da produção de iPhones na China, disparou 6,2%. A Tesla saltou 6,75%, já que os chineses representaram 22% da receita total da montadora de veículos elétricos no ano passado.

… Amazon arrancou 8,12%; Meta, +7,97%; Microsoft, +2,38%; Alphabet, +3,73%; e Nvidia, +5,44%. De ânimo revigorado, o Dow Jones subiu 2,81% (42.410,34 pontos) e o S&P 500 ganhou 3,26%, aos 5.844,19 pontos.


BYE BYE BRASIL – Chamou a atenção que o Ibov não tenha conseguido colar no boom de otimismo de NY, fechando perto da estabilidade (+0,04%, aos 136.563,18 pontos), com volume financeiro de R$ 24,4 bilhões.

… Passado o pior da turbulência tarifária, os EUA voltam a ser a melhor rota para o fluxo estrangeiro e investidores já se perguntam se a rotação de portfólios para os mercados emergentes vai se esgotar.  


… Com a guerra comercial pegando fogo, o Brasil vinha faturando o interesse do k externo, mas se confronta agora com a realidade de que a sorte pode virar e que é melhor estar preparado para uma fuga de capital.

… “Essa reação imediata tão grande de descompressão da bolsa americana, subindo com tanta força, e o Treasury abrindo, para nós é um sinal amarelo”, observou ao Valor o gestor Fernando Fontoura, da Persevera.


… “É sinal de que aquele investidor mais estrutural (estrangeiro com posição grande) está vendendo mais.”


… Houve ontem realocação de recursos para setores mais ligados à retomada global, caso das commodities.


… Vale ON engatou alta de 2,51%, a R$ 54,28, e Petrobras também decolou: ON (+2,71%, a R$ 34,10) e PN (+2,39%, a R$ 31,65). Atenuada a tensão comercial, o petróleo Brent para julho avançou 1,64%, para US$ 64,96.


… O suporte veio também dos sauditas, maiores produtores da Opep+. A gigante petrolífera Aramco espera que a demanda por petróleo permaneça resiliente no ano, especialmente se EUA e a China resolverem as diferenças.


… Os papéis dos bancos caíram em bloco no Ibovespa: Itaú PN (-2,01%, a R$ 36,48); Bradesco PN (-1,46%, a R$ 14,90); BB ON, que divulga balanço na 5ªF, perdeu 1,56%, a R$ 29,07; e Santander Unit ON (-0,73%, a R$ 29,77).


… O desfecho positivo das tarifas deu força ao dólar, aos juros dos Treasuries e, de tabela, puxou por aqui a curva do DI, com exceção da ponta curta, que operou de lado, à espera do recado da ata sobre a Selic terminal.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,805% (contra 14,795% no pregão anterior); Jan/27, 14,040% (de 14,005%); Jan/29, 13,465% (de 13,385%); Jan/31, 13,600% (13,520%); e Jan/33, 13,650% (13,580%).


EM TEMPO… Prejuízo líquido da NATURA no 1Tri25 diminuiu 87,3% contra um ano antes, para R$ 151,5 mi.  Receita líquida somou R$ 6,7 bi, alta anual de 45,8%…


… Ebitda recorrente totalizou R$ 789,5 mi, avanço de 30,1% contra igual intervalo do ano passado.

TELEFÔNICA BRASIL registrou lucro líquido de R$ 1,058 bi no 1TRI25, alta de 18,1% s/ 1TRI24. Receita líquida cresceu 6,2%, para R$ 14,390 bi; Ebitda aumentou 8,1%, para R$ 5,704 bi…


… A companhia distribuirá R$ 500 milhões na forma de JCP, ou 0,1543 brutos por ação; ex dia 23; data de pagamento ainda será definida.


SABESP. Lucro líquido contábil somou R$ 1,48 bilhão no 1Tri25, 80% acima do mesmo período de 2024. Entre janeiro e março, Ebitda ajustado registrou alta anual de 17,1% ano, somando R$ 3 bilhões…


… Receita líquida ajustada alcançou R$ 5,43 bilhões, crescimento de 3,9% em um ano…


… O conselho de administração aprovou um programa de recompra de até 6.904.170 ações ordinárias de emissão da companhia, o que representa aproximadamente 1% do total de ações em circulação.


ITAÚSA registrou lucro líquido de R$ 3,9 bi no 1Tri25, alta de 8% contra um ano antes.


BRADESCO e BB confirmaram que cada um dos bancos passará a deter um terço das ações da bandeira de cartões Elo, mesma fatia que a outra sócia, a Caixa Econômica Federal, também terá.


HAPVIDA teve lucro líquido ajustado de R$ 416,4 mi no 1Tri25, queda de 15,8% contra o 1Tri24. Sem ajuste, lucro foi de R$ 54,3 mi, recuo de 34,9% sobre um ano antes…


… Ebitda ajustado somou R$ 1,003 bi no 1Tri25, avanço anual de 0,5%. Receita líquida de R$ 7,499 bilhões ficou 7,3% acima de igual intervalo do ano passado.


BRAVA ENERGIA reverteu prejuízo e teve lucro de R$ 829,2 mi no 1Tri25. Ebitda ajustado somou R$ 1,070 bi, queda anual de 14%. Receita líquida totalizou R$ 2,874 bi, alta de 1,8% contra o 1Tri24.


YDUQS teve lucro líquido de R$ 128,7 milhões no 1TRI25, queda de 14,6% na comparação anual. Receita líquida subiu 1,6%, para R$ 1,487 bi; Ebitda recuou 1,1%, para R$ 503,3 milhões…

… A empresa divulgou guidance de lucro para o período de 2025 a 2030. Companhia projeta ganho líquido ajustado por ação entre R$ 1,70 e R$ 2,00 neste ano.


DIRECIONAL teve lucro líquido de R$ 164,515 milhões no 1TRI25, alta de 9,5% na comparação anual. Receita líquida subiu 33,6%, para R$ 894,132 milhões; Ebitda ajustado cresceu 42,2%, para R$ 233,8 milhões.

EVEN reportou lucro líquido consolidado de R$ 53,9 milhões no 1Tri25, queda de 16,9% contra o 1Tri24. Receita líquida totalizou R$ 337,3 milhões, baixa de 16,6% contra um ano antes.


IRB RE teve lucro líquido de R$ 118,6 mi no 1Tri25, alta de 49,9% em um ano.


GRUPO SBF teve lucro líquido ajustado de R$ 69,623 milhões no 1TRI25, alta de 64,6% na comparação anual. Receita líquida subiu 4,0%, para R$ 1,554 bi; Ebitda ajustado caiu 4,9%, para R$ 222,112 milhões.


AZZAS informou que a WGI Emerging Markets, administrada pela Westwood, passou a deter 10.344.746 ações de emissão da companhia. O montante soma 5,01% do total desta classe de ativos.


EMBRAER atualizou valor de dividendo anunciado em 29/4 para R$ 0,0701/ação; pagamento será realizado em 23/5; ex amanhã.


MOTIVA (antiga CCR) informou que o tráfego total de veículos nas concessões rodoviárias que administra caiu 14,3% em abril de 2025 ante o mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, o recuo foi de 2,8%.

MOBLY informou, por meio de fato relevante, que recebeu a revogação da oferta pública voluntária para aquisição (OPA) do controle da companhia feita por Regain Participações e Paul Jean Marie Dubrule…


… A família fundadora da Tok&Stok, adquirida pela Mobly no ano passado, tenta impedir a fusão entre as duas empresas desde que o negócio foi anunciado.


AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!


*com a colaboração da equipe do BDM Online


AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Mercado espera detalhes do acordo EUA-China*


… Os mercados financeiros abrem hoje na expectativa pelos detalhes do acordo que teria sido fechado no fim de semana entre os EUA e a China, após apenas dois dias de negociações na Suíça. Já nos primeiros negócios, os futuros de NY e os pregões asiáticos festejavam a informação anunciada pelos dois países. A notícia prevalece sobre a agenda importante de indicadores nesta semana em NY, com inflação (CPI e PPI), vendas no varejo, produção industrial e confiança do consumidor, e no Brasil. A ata do Copom amanhã é esperada com grande interesse para sinalizar junho, além do volume de serviços e dados do comércio, que, se vierem fortes depois do IPCA, deverão reforçar as chances de um ajuste final da Selic, para 15%. O calendário de balanços também é extenso, com Petrobras hoje, após o fechamento.


… O aumento da produção de óleo e gás no 1Tri deve levar a Petrobras a registrar resultados melhores em relação ao 1Tri/24. Estimativas compiladas pelo Valor junto a bancos e corretoras apontam para um lucro líquido médio de R$ 34,9 bilhões (+47,25%).


… Para a receita líquida, a projeção é de R$ 130 bilhões (+10,47%) e para o Ebtida, de R$ 64,3 bilhões (+7,16%).


… Além de Petrobras, divulgam balanços nesta 2ªF o BTG Pactual, Itaúsa, Telefônica Brasil, Sabesp, Hapvida, Banco Inter, Natura, Brava, Direcional, YDUQS, IRB, Grupo SBF, Track & Field, Even, OceanPact, Technos, Terra Santa e Taurus.


… A temporada de resultados na B3 segue forte nos próximos dias, com destaque para JBS e Nubank amanhã (3ªF); Eletrobras, Equatorial, Eneva, Americanas e Cisco (4ªF); e BB, CPFL, BRF, Marfrig, Cyrela, Eztec, Gafisa, Lojas Marisa, Gol e Walmart (5ªF).


… A ata do Copom, nesta 3ªF, pode ajustar as apostas para a Selic terminal, depois que o comunicado deixou junho em aberto, sem definir se o ciclo está encerrado com a taxa básica em 14,75% ou se o Comitê verá a necessidade de mais uma alta residual de 25pbs.


… O IPCA de abril, divulgado na 6ªF, reforçou as posições mais conservadoras, já que, apesar da desaceleração na margem, trouxe elevado índice de difusão, somando-se às pressões da surpresa com a produção industrial de março, bem acima do esperado.


… Se a ata não resolver esse impasse, o volume do setor de serviços (4ªF) e as vendas no varejo de março (5ªF) podem ser decisivos.


… Já hoje, o mercado monitora a edição semanal da pesquisa Focus (8h25), com atualização das projeções de inflação, PIB, Selic e câmbio.


… Nos EUA, se confirmado o desfecho positivo das negociações com a China, uma onda de otimismo pode embalar os mercados e resgatar as apostas em corte antecipado do juro pelo Fed, com junho ressurgindo como uma possibilidade.


… Nesse contexto, os indicadores desta semana perderão o status, já que foram projetados no auge da guerra comercial de Trump com os chineses. Powell tem uma fala prevista para 5ªF e, já com mais clareza sobre o quadro, poderá validar o ponto de inflexão.


… Na noite deste domingo, os sites internacionais de notícias só tinham um destaque, o acordo anunciado pela Casa Branca com a China.


… O secretário do Tesouro, Scott Bessent, revelou que os dois dias de negociação em Genebra com autoridades chinesas foram “muito produtivos”, com “progresso substancial”, e que os detalhes serão fornecidos em um briefing na manhã desta 2ªF.


… O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, que acompanhou Bessent à Suíça, confirmou que as discussões do fim de semana com a China foram “muito construtivas” e que se chegou a um “acordo”, sem antecipar mais informações.


… “A rapidez com que conseguimos chegar a um acordo significa que, talvez, as diferenças não eram tão grandes quanto se pensava. Nós estamos confiantes de que o acordo que fechamos com nossos parceiros chineses nos ajudará a resolver essa emergência nacional.”


… As autoridades chinesas que participaram das reuniões também falaram positivamente. O vice-primeiro-ministro da República Popular da China, He Lifeng, disse que a reunião “alcançou progressos substanciais”, chegando a um “consenso importante”.


… Já o representante de Comércio Internacional da China, Li Chenggang, sugeriu que uma declaração conjunta seria divulgada em breve. “Acredito que, independentemente de quando esta declaração for divulgada, será uma grande notícia. Boas notícias para o mundo.”


… “Este é um enorme ponto positivo na direção certa para os mercados”, disse Dan Ives (Wedbush Securities), em nota aos clientes. Para ele, “o fim de semana foi o melhor cenário possível, mostra que um acordo maior entre EUA e China já está em discussão”.


… Na Reuters, Michael Brown (Pepperstone) previu que investidores estarão agora mais confortáveis para retomar as posições de risco. “Parece que evitamos o pior cenário de fracasso das negociações e, de fato, alcançando algum progresso.”


… Brown apenas acrescentou que o mercado vai querer mais informações específicas para fortalecer essa convicção.


… Para Valentin Marinov (Crédit Agricole), “os últimos acontecimentos podem ser uma bênção para ativos e moedas correlacionados ao risco e um golpe para moedas consideradas refúgio, como o iene, o franco suíço e até mesmo o euro.”


… Os primeiros preços nos mercados de câmbio da Austrália e da Ásia nesta 2ªF mostraram que tanto o euro quanto o iene recuaram em relação ao dólar americano, enquanto o yuan offshore também apresentava uma leve valorização.


… Os ativos de risco também podem se beneficiar do cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão, bem como dos sinais de que os líderes da Rússia e da Ucrânia devem se reunir esta semana. Putin propôs encontrar-se com Zelensky no dia 15 (5ªF), em Istambul (Turquia).


MAIS AGENDA – Trump anunciou no fim de semana que assinará hoje ordem executiva que pode reduzir os preços de medicamentos nos Estados Unidos entre 30% e 80%. Amanhã, o presidente parte para uma viagem oficial no Oriente Médio.


… Em visitas à Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes, a pauta engloba o cessar-fogo entre Israel e Gaza, petróleo, comércio, acordos de investimento e novos desenvolvimentos nas áreas de exportação de semicondutores avançados e programas nucleares.


… Entre indicadores fora dos EUA, são destaques nesta semana: o PIB/1Tri na Zona do Euro e no Japão, e dados de inflação na Alemanha.


PETRÓLEO – O Irã e os EUA realizaram neste domingo a quarta rodada de negociações sobre o programa nuclear.


… O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, classificou as conversas como “difíceis, mas úteis”. Fonte americana disse que o resultado foi “encorajador” e que um próximo encontro ocorrerá em breve.


CHINA – Em linha com as expectativas, a inflação ao consumidor (CPI), divulgada na noite da última 6ªF, recuou 0,1% em abril, na comparação anual, repetindo o declínio de março e marcando o terceiro mês consecutivo de queda.


… Já o índice de preços ao produtor (PPI) chinês teve queda anualizada de 2,7% no período, após recuo de 2,5% em março. O dado veio levemente pior do que o esperado pelo consenso dos analistas de mercado, de -2,8%.


GALÍPOLO – O presidente do BC está fora do Brasil em viagens oficiais à Suíça, onde participou no fim de semana das reuniões bimestrais do BIS na Basileia, e agora segue para a China (amanhã, 13 de maio) e para a Espanha (15 e 16 de maio).


FAZ PARTE DO MEU SHOW – NY manteve a volatilidade à véspera da reunião entre os EUA-China em Genebra, diante dos novos sinais trocados de Trump, ao cogitar na 6ªF quedas das tarifas a Pequim de 145% para 80%.


… O comentário só serviu para a Casa Branca desmentir depois, quando a chefe de comunicação do governo de Washington esclareceu que os americanos cobrariam concessões e não cortariam as taxas unilateralmente.


… O mercado está cansado de saber que a retórica de Trump é muito pouco confiável, muitas vezes sem compromisso com a verdade. Assim, tão rápido quanto se arriscaram a subir, as bolsas em NY devolveram tudo.


… Também os Fed boys trataram de indicar que Powell está certo quando diz não ter pressa de relaxar os juros, porque, até que saiam avanços concretos para um desfecho da guerra comercial, a estratégia é arriscada.


… Raphael Bostic não acredita ser prudente ajustar a política monetária com “tão pouca visibilidade do caminho a seguir”. Adriana Kugler defendeu a posição do Fomc de manter os juros inalterados na próxima reunião (maio).


… Agora é ficar na torcida para que os americanos e os chineses tenham mesmo conseguido se entender nas últimas 48h em que estiveram na Suíça, porque é isso que pode fazer a total diferença para uma reviravolta otimista.  


… Em compasso de espera pelas negociações do fim de semana, o Dow Jones caiu 0,29% (41.249,38 pontos), enquanto o S&P 500 (-0,07%, aos 5.659,91 pontos) e o Nasdaq (17.928,92 pontos) se acomodaram na estabilidade.


… Entre os Treasuries, profissionais de mercado citaram o clima de esperar para ver, que derrubou de leve as taxas da Note de 2 anos (a 3,883%, contra 3,893% na véspera) e de 10 anos, para 4,381%, de 4,385% no dia anterior.


… Também o dólar caiu lá fora. Não quis confiar antecipadamente em um progresso com a China no fim de semana.


… A reputação da moeda americana foi tão abalada nos últimos tempos pelo protecionismo econômico kamikaze de Trump, que vem acontecendo o que parecia improvável, com migração de investimentos para outras divisas globais.


… Na 6ªF, o índice DXY caiu 0,3%, embora tenha conseguido defender a linha dos 100 pontos (100,339). O iene acelerou para 145,35/US$, o euro avançou 0,26%, cotado a US$ 1,1253, e a libra ganhou 0,44%, a US$ 1,3306.


… Em meio à busca recente por alternativas diferentes à moeda americana, estrategistas do BofA veem espaço para valorização adicional do real. Na 6ªF, o dólar estacionou na casa de R$ 5,65, à espera do desenrolar na Suíça.


… Limitou a baixa a 0,11%, negociado a R$ 5,6548, um dia depois de ter registrado queda intensa, de quase 1,5%. Diante do enfraquecimento global, a XP reduziu na 6ªF a projeção do dólar no fim do ano de R$ 6,00 para R$ 5,80.


PLATÔ – Uma continuidade do alívio no câmbio pode ajudar o Copom a parar de subir a Selic, apesar do recado do comunicado da semana passada de juro em patamar “significativamente contracionista por período prolongado”.


… Qualquer abordagem mais dovish do BC continua condicionada à política comercial de Trump e à política fiscal de Lula, neste momento em que a inflação ainda continua rodando alta e estourando o teto da meta, de 4,5%.


… Embora o IPCA de abril, divulgado na 6ªF, tenha desacelerado para 0,43%, contra 0,56% em março, subiu em 12 meses, de 5,48% para 5,53%. A inflação segue espalhada: o índice de difusão foi de 64,72% para 66,84%.


… Outra evidência ruim é que a alta acumulada pelos preços nos serviços subjacentes, de 6,7%, é a maior desde junho de 2023. Diante das pressões no resultado, o ASA elevou sua projeção para IPCA deste ano de 5,3% para 5,4%.


… Mas a XP reduziu de 6,0% para 5,7%, refletindo a melhora no câmbio e a queda do petróleo, embora no intervalo da última semana a commodity venha testando uma reação, apontando em progressos na negociação com a China.


… O barril do Brent para entrega em julho registrou valorização de 1,70% na 6ªF, para US$ 63,91.


… No geral, a expectativa é de que, se der tudo certo lá fora e a tensão comercial parar de escalar, o ambiente externo possa propiciar ao Copom um importante argumento para dar um fim ao ciclo de aperto monetário.


… Apesar do desconforto com o IPCA de abril, a ponta curta do DI operou estável na 6ªF, de olho nas novidades do fim de semana em Genebra. Os contratos mais longos fecharam com viés de queda, mas também perto dos ajustes.


… O contrato de juro para janeiro de 2026 marcou 14,795% (de 14,790% no fechamento anterior); Jan/27, 14,005% (contra 13,990%); Jan/29, 13,385% (de 13,415%); Jan/31, 13,520% (contra 13,590%); e Jan/33, 13,580% (13,640%).


… A esperança de que o momento mais crítico da guerra comercial tenha passado e que, por aqui, o BC comece a preparar os espíritos para aliviar o conservadorismo promete resgatar o apetite do investidor estrangeiro para a B3.


… Neste início de maio, o saldo em capital externo está positivo em R$ 1,3 bi, depois da fuga no começo de abril.


… O Ibovespa volta a sonhar com recordes inéditos de pontuação. O pregão da 6ªF, porém, foi morno, porque em todo o mundo os investidores operaram engessados pela expectativa com os desdobramentos entre os EUA-China.


… O índice à vista fechou em alta discreta de 0,21%, aos 136.511,88 pontos. A surpresa ficou com o giro de R$ 29,7 bilhões, inflado pela venda de participação relevante (16,5%) de coinvestidores do fundo Pátria na SmartFit (-4,75%).


… A rede de academias sozinha girou quase R$ 2,7 bilhões, mais que Itaú PN, que movimentou perto de R$ 2 bi após a divulgação de seu balanço trimestral muito elogiado e que garantiu rali aos papéis do banco (+5,41%, a R$ 37,23).


… Ainda Bradesco PN (+0,27%, a R$ 15,12), BB (+0,41%, a R$ 29,53) e Santander (+0,87%, a R$ 29,99) fecharam no azul. Petrobras ON (+0,51%; R$ 33,20) e PN (+0,65%; R$ 30,91) repercutiram nova descoberta de petróleo.


… A companhia identificou a presença de petróleo de “excelente qualidade e sem contaminantes” no pré-sal no campo de Aram, localizado na bacia de Santos. Esta é a segunda descoberta no campo anunciada em dois meses.


… Vale ON (+0,40%, a R$ 52,95) registrou ganho moderado, apesar de o minério ter fechado em queda de 0,57%.


EM TEMPO… BRASKEM reverteu prejuízo e teve lucro líquido de R$ 698 milhões no 1Tri25. O Ebitda recorrente foi de R$ 1,3 bilhão, com alta de 16% ante os primeiros três meses de 2024…


… A receita líquida, por sua vez, foi de R$ 19,5 bilhões, alta de 9% contra igual intervalo do ano passado.


PETROBRAS comunicou que, após seis anos, retomou as perfurações de poços na Bahia, do poço 7-TQ-240D-BA, localizado no campo de Taquipe, em São Sebastião do Passé, a cerda de 80 km de Salvador (BA)…


… A Petrobras também informou que a Proquigel, subsidiária da Unigel, aprovou acordo para encerramento das controvérsias contratuais e litígios existentes entre as empresas…


… Acordo prevê o retomada da posse e operação das unidades de fertilizantes (FAFENs), na Bahia e em Sergipe, pela Petrobras. Para produzir seus efeitos, o acordo ainda precisará ser homologado pelo Tribunal Arbitral.


BANCO MASTER. O Banco de Brasília (BRB) conseguiu derrubar uma decisão que o impedia de fechar a compra da instituição, anunciada no final de março.


BANCO ABC BRASIL teve lucro líquido de R$ 225,6 milhões no 1TRI25, alta de 1,1% na comparação anual. ROAE ficou em 14,1% no 1TRI25, de 15,1% no 1TRI24.


BANCO BV encerrou o 1Tri25 com lucro líquido recorrente de R$ 480 milhões, crescimento de 49,6% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.


MINERVA firmou acordo de leniência de R$ 22 milhões com a CGU e a AGU relacionado a investigações iniciadas em 2017 sobre supostos pagamentos indevidos a auditores fiscais federais agropecuários em Araguaína (TO).


JHSF. O conselho de administração aprovou a proposta de venda de uma fração do imóvel onde funciona o Shopping Ponta Negra, em Manaus, de sua titularidade.


FERTILIZANTES HERINGER reverteu prejuízo e teve lucro líquido de R$ 59,577 milhões no 1Tri25. Apesar da melhora no resultado trimestral, a empresa contabilizou queda de 6,7% na receita líquida de vendas…


… O Ebitda ficou positivo em R$ 3,539 milhões, ante resultado negativo de R$ 52,116 milhões na comparação anual.


RAÍZEN informou que a BlackRock passou a deter 5,001% das ações preferenciais.


HIDROVIAS DO BRASIL fará a 4ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, para distribuição pública, em até duas séries, no valor R$ 2,2 bilhões.


JALLES MACHADO. O conselho de administração aprovou a sexta emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em duas séries, no valor de R$ 400 milhões.


COPEL informou que a GQG Partners LLC aumentou sua participação acionária na companhia para 65.162.324 ações ordinárias, representando 5,01% do total desta classe de ação.


ISA ENERGIA. O STJ determinou convocação da empresa e da Fazenda de SP para audiência dia 22 sobre complementação de aposentaria e pensão a colaboradores da antiga Cesp até maio/1974.

domingo, 11 de maio de 2025

Maurício Meirelles

 Maurício Meireles


Nove de abril de 1964 foi um dia tumultuado, para dizer o mínimo. Os militares tinham acabado de tomar o poder e, naquela data, com o Ato Institucional Número 1, suspenderam inúmeras garantias democráticas. Na lista de cassados em seguida constavam nomes como João Goulart, Leonel Brizola e Rubens Paiva. Era o início de uma ditadura que duraria 21 anos.


No mesmo dia, o escritor Rubem Fonseca —executivo da Light, mas nos primeiros passos de sua carreira literária— redigiu uma carta ao presidente do Ipês (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), organização empresarial que tinha participado da conspiração contra João Goulart.


"Meu caro [Haroldo] Poland", bateu o autor à máquina, "venho pela presente solicitar minha demissão da Comissão Executiva do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais. Levam-me a isso razões particulares a que não posso deixar de atender".

No documento, o autor também defende que o Ipês continue se dedicando a uma agenda de "reformas de base".


A missiva está entre as centenas de papéis no acervo do escritor, a que a Folha teve acesso. O material, hoje em cerca de 60 caixas, foi encontrado pela filha de Rubem Fonseca, Bia Corrêa do Lago, no apartamento do pai depois da morte dele, em 2020.

Ao que tudo indica, o documento só está preservado ali. A reportagem fez uma busca nos arquivos do Ipês, no Arquivo Nacional, mas não encontrou uma cópia da correspondência.


A carta acrescenta um novo elemento a uma controvérsia que marcou a biografia de Rubem Fonseca, uma das mais notórias vítimas da censura no regime militar. Nos anos 1980, pesquisas revelaram que ele havia integrado a cúpula do Ipês —o que, como consequência, poderia torná-lo cúmplice das articulações pelo golpe de 1964.

A participação no Ipês, aliás, foi um dos poucos assuntos sobre os quais Rubem Fonseca falou na imprensa. Em um texto de 1994 na Folha, por exemplo, ele dizia que havia dois grupos dentro do instituto: um golpista e outro reformista e democrático, ao qual ele pertencia. Também disse ter se afastado da organização depois do golpe.

A carta de demissão parece dar lastro à versão do escritor sobre seu afastamento. "A carta não me surpreendeu, mas fiquei feliz de a ter encontrado", diz Bia Corrêa do Lago, acrescentando que o documento reforça o que ouvia em conversas privadas com o pai.


Foi em 1981 que a participação de Rubem Fonseca no Ipês, então como diretor da Light, empresa de distribuição de energia que financiou o instituto, veio à tona pela primeira vez. Naquele ano, saiu o livro "1964 - A Conquista do Estado", do cientista político uruguaio René Armand Dreifuss, pioneiro ao revelar a atuação dos empresários para derrubar o governo João Goulart —sustentando que o Ipês teve papel crucial nesse processo.

Pela análise de Dreifuss, o instituto se apresentava em público como algo inofensivo, apenas um think tank disposto a auxiliar o país em reformas. No entanto, estava envolvido em ações secretas e produzia peças de propaganda para influenciar a opinião pública. 

 

O Ipês contou inclusive com a participação dos militares. O general Golbery do Couto e Silva, um dos militares mais influentes da ditadura, foi uma das lideranças da entidade. Golbery não só ajudou a traçar a estratégia da organização, mas também coordenou o levantamento de dados sobre brasileiros considerados subversivos.

Quando saiu o livro de Dreifuss, Zé Rubem, como os amigos o chamavam, já era um escritor famosíssimo. Não foi à toa que, de tantos nomes citados na obra, o seu tenha chamado a atenção.


Dreifuss descobriu que ele coordenara o núcleo editorial do Ipês, mas, como a pesquisa não é especificamente sobre o escritor, não chega a se estender em detalhes da trajetória dele —ou a mencionar um eventual afastamento da entidade.

Logo depois da publicação do livro, Rubem Fonseca publicou um artigo no Jornal do Brasil (uma cópia do texto está preservada em seu acervo). Nele, desenvolve pela primeira vez o argumento das alas reformista e conservadora do Ipês e minimiza o papel da organização no golpe.


O escritor lembra ainda que, quando os militares tomaram o poder, não foi ocupar um cargo no governo federal porque não quis. Diz que, quando o governo comprou a Light, foi um dos primeiros diretores a serem demitidos. E recorda o rumoroso caso de censura a seu livro "Feliz Ano Novo", em 1975 — o volume de contos só voltaria às livrarias com a reabertura.


A historiadora Heloísa Starling, que foi orientanda de Dreifuss e chegou a pesquisar o Ipês em Minas Gerais, diz ver com ceticismo a explicação do autor.


Em seu novo livro, ainda inédito, ela dedica um capítulo à entidade empresarial. Na obra, sustenta que a fase final do plano do instituto —aliado a uma facção das Forças Armadas— era ocupar o Estado.


"O Ipês é o braço empresarial do golpe, não há ala democrática lá. É como o que vemos hoje, usavam o discurso da democracia para subverter a democracia. Mas não acho que Rubem Fonseca estivesse interessado na ocupação do Estado", diz ela.

"Várias pessoas participam ativamente e depois se arrependem. Os efeitos dos atos institucionais podem ter funcionado de gatilho para uma compreensão maior. Podemos calçar os sapatos do morto nisso." 

 

Já nos anos 2000, outras pesquisas sugeriram que Rubem Fonseca fosse o autor dos roteiros dos filmes do Ipês, produzidos por Jean Manzon, lendário fotógrafo de revistas brasileiras. Mas esses estudos apoiam a acusação em evidências frágeis, enquanto trabalhos posteriores afirmam que os filmes do instituto eram iniciativa principalmente da unidade de São Paulo e que o papel do escritor neles foi superestimado.


Contudo, historiadores têm apontado documentos no acervo do Ipês, no Arquivo Nacional, que parecem contradizer a carta de demissão.


Por exemplo: em 27 de março de 1968, Haroldo Poland, presidente da entidade, comunica numa carta a Rubem Fonseca que o autor foi reconduzido, por unanimidade, para o Conselho Orientador do instituto; chama-o de "caro amigo dr. José". Além disso, a ata de dissolução da organização, em 1972, tem a assinatura do escritor.


Segundo Bia Corrêa do Lago, o pai continuou oficialmente no quadro do Ipês porque era executivo da Light, mas se afastou do dia a dia da entidade.


"Ele deixou de ir às reuniões do Ipês. Como a Light ainda estava ligada ao instituto, ele continuou ligado de alguma maneira, mas sem ações na prática", diz ela, acrescentando que o pai era contra a deposição de João Goulart e que está contratando uma pesquisadora para investigar os arquivos do instituto.


A filha do autor vem trabalhando no acervo do pai para uma fotobiografia em celebração do centenário dele. Ela afirma que os papéis permitem um olhar abrangente sobre as posições políticas do escritor — inclusive com uma atuação de juventude contra o Estado Novo de Getúlio Vargas. Segundo Bia, o homem que surge dos documentos tem credenciais democráticas.

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