domingo, 7 de setembro de 2025

Leitura de sábado

 *Leitura de Sábado: liquidação e interdição estão entre 4 saídas para Master após recusa do BC*


Por Célia Froufe e Cícero Cotrim


Brasília, 03/09/2025 - Após a recusa pelo Banco Central da compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) na noite desta quarta-feira, 3, há pelo menos quatro saídas para a instituição de Daniel Vorcaro: intervenção, liquidação, oferta de compra dos ativos por um terceiro ou uma nova configuração da operação pelo BRB. O mercado financeiro estava apreensivo com a possibilidade de o negócio ir para a frente porque via no Master atitudes do que não se poderia fazer à frente do banco e julgava que a punição deveria ser um exemplo. “O Master exagerou”, disse uma fonte à Broadcast.


Tanto a intervenção quanto a liquidação extrajudicial são regimes de resolução à disposição do BC para lidar com problemas graves em instituições financeiras. A primeira destina-se a interromper o funcionamento de uma instituição e retirá-la do Sistema Financeiro Nacional (SFN). A segunda é adotada quando ainda se avalia haver alguma possibilidade de recuperação. Pelo regimento da autarquia, cabe ao diretor de Fiscalização, Ailton Aquino, propor à diretoria colegiada a decretação de qualquer uma dessas alternativas, inclusive no caso Master.


Como mostrou o Estadão/Broadcast, o "risco-CPF" já estava por trás da divisão interna no BC sobre o desfecho da operação entre BRB e Master. Aquino vinha dando sinais favoráveis, enquanto o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Gomes, vinha se mostrando resistente à aprovação.


A avaliação é a de que a intervenção é vista como uma saída “muito traumática” para os envolvidos. Há, no entanto, quem aposte que, no caso do Master, não há outra solução possível. “Tenta-se evitar uma intervenção ao máximo”, considerou uma fonte do mercado financeiro. O melhor caminho seria optar por uma liquidação organizada. Para isso, seria preciso acionar o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que tem um “caixa” de cerca de R$ 114 bilhões, e usar uma parte desses recursos para sanar a questão. Uma pessoa que acompanha o tema ponderou que, agora que a operação com o BRB foi rejeitada, o ônus fica exclusivamente com o Master.


Como o BC não “costura” operações de fusão e aquisição - apenas avalia se o negócio para em pé -, o Master poderia tentar ainda vender seus ativos para um terceiro interessado. Muitas opções circularam no mercado recentemente como alternativas ao negócio. A quarta opção seria a de o BRB reformular sua proposta, como já antecipou a instituição de Brasília. Segundo interlocutores, o banco pode tanto pedir reconsideração por parte do BC quanto apresentar uma nova proposta para atender aos pontos levantados pela autoridade monetária.


Esta última opção, conforme uma fonte que acompanha o processo, é pouco viável depois que a negativa já foi dada pelo BC. Se a proposta do BRB - que já tinha ficado com o good bank - for ainda mais reduzida além do que já foi até aqui, na prática a instituição estaria adquirindo “uma carteira” e não mais a fatia de um banco. Desde o anúncio da operação, houve uma desconfiança em relação à entrada de um banco regional na aquisição do Master. Uma coisa, comentaram observadores, é procurar abrir um nicho diferente no negócio num momento de ampliação de atuação. Outra é entrar numa operação de um banco praticamente falido e que tem características muito diferentes da de sua atuação - o Master é voltado mais para investimentos e o forte do BRB é o financiamento imobiliário no Centro-Oeste.


De qualquer forma, a cúpula do BC considerou analisar o caso em busca de uma solução possível. A avaliação sobre a recusa do negócio é a de que o BC foi muito correto em não “jogar o pepino para a frente”. Foram muitas as conversas de representantes da autarquia com agentes do setor privado desde o anúncio da operação.


Contato: celia.froufe@estadao.com


Broadcast+

sábado, 6 de setembro de 2025

Leitura de sábado

 *Leitura de Sábado: Venda de fatia da Raízen atrai grupos japoneses, Itaúsa, Glencore e Aramco*


Por Altamiro Silva Junior, Talita Nascimento e Cynthia Decloedt


São Paulo, 05/09/2025 - A Raízen, distribuidora de combustíveis e produtora de açúcar e etanol, atraiu o interesse de asiáticos, incluindo os grupos japoneses Mitsubishi e Mitsui, que seriam, nesse momento, os maiores interessados. A possibilidade de adquirir uma fatia na companhia entrou também no radar de nomes nacionais, como a Itaúsa, uma das maiores empresas de participação da América Latina, que tem interesse em entrar no agronegócio, de acordo com fontes. Ainda, olharam o ativo a importadora e exportadora Glencore e a estatal árabe de energia Aramco.


A empresa ainda não começou a receber propostas formais para a compra de uma participação, o que está previsto para começar a ocorrer em outubro, segundo as fontes. E o tamanho da fatia da Raízen a ser vendido vai depender do apetite do comprador, de acordo com um interlocutor.


A Cosan, a holding que controla a Raízen, soltou comunicado na quinta-feira, 05, em que reitera que avalia alternativas para aprimorar sua estrutura de capital e, em conjunto com a Shell, sua sócia na empresa, busca novos investidores para o negócio. A empresa afirma que tem sido "ativamente procurada por interessados" em potenciais investimentos.


O CEO da Cosan, Marcelo Martins, disse em agosto que a companhia simpatizava com a opção de trazer um sócio estratégico para a Raízen. "Não faz sentido colocar capital na Raízen hoje. Foco é buscar solução para estrutura de capital da empresa", disse.


A Raízen, segundo apurou o Broadcast, também começou a receber propostas não vinculantes pelos ativos que têm na Argentina no último mês. Comercializadoras de commodities - as chamadas tradings - com atuação no país estão sendo incentivadas a apresentar propostas, apurou a Coluna. O negócio lá é estimado em torno de US$ 1,5 bilhão.


No Brasil, o processo de reestruturação da empresa vem avançando. A companhia anunciou na sexta-feira passada que vendeu mais duas usinas localizadas no Mato Grosso do Sul e levantou R$ 1,543 bilhão. Já ontem, a empresa informou que, em comum acordo com a Femsa Comércio, decidiu encerrar a parceria societária estabelecida em 2019 por meio da joint venture Grupo Nós, que operava as lojas Oxxo. Na separação, a Raízen ficou com 1.256 lojas de conveniência Shell Select e Shell Café, enquanto a Femsa receberá 611 mercados de proximidade Oxxo e o Centro de Distribuição em Cajamar (SP), além de dívidas e caixa disponíveis no Grupo Nós.


A Raízen registrou prejuízo líquido de R$ 1,844 bilhão no primeiro trimestre do ano-safra 2025/26 (1º de abril a 30 de junho de 2025), revertendo o lucro de R$ 1,066 bilhão obtido em igual intervalo da safra anterior.


Procurados, Itaúsa, Mitsubishi, Mitsui, Aramco, Glencore e Raízen não comentaram.


Contato: colunabroadcast@estadao.comP


Broadcast+

Principais jornais

 🗞️ *Principais assuntos dos jornais nacionais*


Haddad diz que agenda econômica do governo está ‘blindada’ e não pretende sair candidato em 2026 - Valor - https://tinyurl.com/286padct


Integrantes do governo Lula veem ‘pouca margem’ de negociação com governo Trump - Estadão - https://tinyurl.com/28gxmqvw


Lula diz que não passou a hora de ligar para Trump 'porque ele não quer conversar' - Folha - https://tinyurl.com/23gw6kqx


Lula diz que Alckmin, Haddad e Mauro Vieira não conseguem interlocução com governo Trump - Estadão - https://tinyurl.com/24mnqxm6


Trump assina ordem executiva oferecendo isenções tarifárias a parceiros comerciais - Valor - https://tinyurl.com/2ylrmlet


Sem citar Bolsonaro, Trump diz que aplicou tarifa de 50% ao Brasil por atitude 'lamentável' - Valor - https://tinyurl.com/2chpdboy


Trump diz que governo brasileiro mudou ‘radicalmente para a esquerda’ - Estadão - https://tinyurl.com/29rfwug6


Lourival Sant'anna: Tesouro americano resiste a sanções contra bancos brasileiros -CNN  - https://tinyurl.com/2a5vxglk


Malu Gaspar: Magnitsky: Empresa dona de imóveis da família de Alexandre de Moraes entra na mira dos EUA - Globo - https://tinyurl.com/27vordlc


Editorial: Mesmo com ataque dos EUA, exportações resistem - Folha - https://tinyurl.com/2bf5bbuk


*Governo e Congresso*


Bolsonaristas usam o 7/9 para tentar mostrar apoio popular à anistia- Estadão - https://tinyurl.com/25lelw82


Governistas reagem à anistia e apostam em veto de Lula, que vai defender soberania no 7 de Setembro - Globo - https://tinyurl.com/24vm439u


Brecha tira a obviedade da inconstitucionalidade- Estadão - https://tinyurl.com/244nk9gr


Ministro de Minas e Energia diz que País pode precisar de defesa nuclear - Estadão - https://tinyurl.com/2dd9p2kl


Mesmo após alertas, INSS renovou acordo com entidade ligada ao PT- Estadão - https://tinyurl.com/2yorzolk


Fala de Barroso mudou clima para anistia e filhos de Bolsonaro vão obedecer pai em 2026, diz Ciro Nogueira - Folha - https://tinyurl.com/2b33exgo


Ciro Gomes deve disputar governo do Rio em 2026, defende ala do PDT - Estadão - https://tinyurl.com/2cqxefkg


Tarcísio já avalia perfil de vice enquanto centrão, ex-ministros e Michelle disputam posto - Folha - https://tinyurl.com/237cjo8u


Lula defenderá soberania, Pix e PL de isenção do IR em pronunciamento do 7 de setembro - Folha - https://tinyurl.com/26jvfgpn


"O nosso plano é o Bolsonaro candidato", diz Valdemar Costa Neto - Correio Braziliense - https://tinyurl.com/2bwzcp5w


Pastores da onda 'presidente Bolsonaro' não abraçam 'réu Bolsonaro' - Folha - https://tinyurl.com/2bpzw3om


*Judiciário e Meio Ambiente*


STF marca para próxima quinta-feira duas sessões extras para julgar Bolsonaro - Valor - https://tinyurl.com/2yazlryp


Fintechs movimentaram R$ 94 bilhões do crime e bandidos deram golpes de R$ 1,8 bi em bancos pelo Pix - Estadão - https://tinyurl.com/2btx4ubz


Para evitar ação do crime organizado, BC anuncia novas regras para o Pix - Correio Braziliense - https://tinyurl.com/25ymjwz6


Editorial: Agronegócio deve atuar para manter vetos a PL do licenciamento ambiental - Globo - https://tinyurl.com/2b6ngmeb


🇧🇷 *Economia Nacional*


Bolsa renova recorde histórico com expectativa de corte de juros nos EUA; dólar cai - Folha - https://tinyurl.com/2cpcxrbg


Adriana Fernandes: Ataques hackers assustaram o Banco Central - Folha - https://tinyurl.com/2aundqs5


Governo libera ajuda de R$ 12 bi para o agro- Estadão - https://tinyurl.com/2y5aty7z


Preços mundiais de carne atingem novo recorde com demanda forte dos EUA - Folha - https://tinyurl.com/29fa8yk8


Governo cria sistema para barrar beneficiários do Bolsa Família e BPC em sites de apostas - Valor - https://tinyurl.com/22ueqza3


SUS faz 35 anos como marco democrático e com desafios à frente - Folha - https://tinyurl.com/24nteaov


🌎 *Internacionais*


Trump reduz lista de candidatos à presidência do Fed - Valor - https://tinyurl.com/23x9jrhs


Ainda não estou decidido sobre a reunião de juros de setembro, diz Goolsbee, do Fed de Chicago - Valor - https://tinyurl.com/27tol3lu


BofA revisa cenário após ‘payroll’ e espera dois cortes ‘cautelosos’ pelo Fed neste ano -Valor 


Trump assina decreto e anuncia mudança no nome da Defesa para Departamento da Guerra - Folha - https://tinyurl.com/238pmse3


Batida da imigração prende 475 trabalhadores em fábrica da Hyundai- Estadão - https://tinyurl.com/29jwey5n


Fareed Zacaria: Tarifas são presentes, mas não para os EUA- Estadão


Trump terá palavra final sobre aplicação do investimento de US$ 550 bilhões do Japão, diz FT - Valor - https://tinyurl.com/2a7m3cuj


Trump faz ameaça à UE após bloco multar o Google em ¤ 2,95 bi- Estadão - https://tinyurl.com/25gjkoxj


Vice-primeira-ministra do Reino Unido renuncia após escândalo de sonegação e força reforma ministerial - Folha - https://tinyurl.com/27fowyf9


Exército israelense ordena moradores da Cidade de Gaza a deixarem região para ‘zona humanitária’ - Estadão - https://tinyurl.com/2776yxvj


Trump avalia ataques contra cartéis na Venezuela, diz TV americana - Valor - https://tinyurl.com/28qervsy


Jatos da Venezuela sobrevoam navio dos EUA, que aciona caças- Estadão - https://tinyurl.com/25sjoz45


EUA enviam caças F-35 e escalam crise com Venezuela - Folha - https://tinyurl.com/2aa7xgsw


Congresso argentino avança para limitar capacidade de Milei governar por decretos - Folha - https://tinyurl.com/245skvb4


Lula diz que Brasil não tomará lado em embate entre EUA e Venezuela - Valor - https://tinyurl.com/222aletp


📊 *Mercados e Empresas*


Perspectiva de queda de juro nos EUA faz Bolsa bater recorde- Estadão - https://tinyurl.com/26kf8tg9


B3 anuncia projeto de redução do prazo de liquidação de ações para um dia útil - Folha - https://tinyurl.com/22fscnsr


BRB não vai recorrer ao BC, mas Master ainda não desistiu do acordo - Valor - https://tinyurl.com/2dasnjqg


Banco Master avalia levar novas opções para operação ao BC - Globo - https://tinyurl.com/226r6pcp


Túnel Santos-Guarujá será construído pela portuguesa Mota-Engil - Correio Braziliense - https://tinyurl.com/26folhlv


Pátria vence leilão do lote Paranapanema da rodovia Raposo Tavares em SP - Folha - https://tinyurl.com/27amzqnt


Titãs da tecnologia elogiam Trump em jantar e fazem promessas bilionárias para IA - Folha - https://tinyurl.com/27cqvbks

O balcão das togas

 *O balcão das togas*


Por Leonardo Corrêa*


A cena é surreal, mas já não causa espanto: o deputado Rui Falcão (PT) peticiona diretamente ao Supremo Tribunal Federal pedindo que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entregue o passaporte. Não há crime de sangue, não há dinheiro público desviado, não há sequer processo no qual ele figure como réu. Há apenas articulação política em Brasília, discutindo projeto de lei com parlamentares — algo que, numa democracia normal, é parte do ofício. Para tornar o quadro ainda mais absurdo, vale lembrar: a Constituição determina que a competência para processar governadores é do Superior Tribunal de Justiça, não do STF.


E, no entanto, o STF é chamado a intervir como se fosse delegacia de polícia, Ministério Público e juiz de primeira instância ao mesmo tempo. Tudo porque o foro privilegiado e a competência originária foram inflados até o ridículo, transformando a Corte Constitucional em balcão de litígios políticos.


O foro, que deveria ser exceção raríssima, virou regra. Para alguns, escudo; para outros, espada. No lugar da isonomia processual, temos privilégios seletivos, blindagens oportunistas e perseguições disfarçadas de legalidade. A competência originária do STF, por sua vez, transformou ministros em juízes de instrução: investigam, acusam, decretam cautelares e, ao final, julgam a própria causa.


Esse desvio tem raízes históricas. O constitucionalismo brasileiro nasceu sob forte influência norte-americana: desde Rui Barbosa, a Supreme Court of the United States (SCOTUS) foi referência para o controle de constitucionalidade difuso, em que qualquer juiz pode afastar a aplicação de uma lei inconstitucional. Mas, ao longo do século XX, enxertamos no nosso sistema a tradição europeia, sobretudo a do modelo kelseniano, que concebeu tribunais constitucionais com competências concentradas e originárias, funcionando quase como conselhos de Estado.


A Constituição de 1988 cristalizou esse hibridismo: manteve o controle difuso à americana, mas sobrecarregou o STF com poderes típicos do modelo europeu. O exemplo mais visível disso são as Ações Diretas de Inconstitucionalidade e a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental. Criadas à imagem do modelo kelseniano, elas abriram caminho para que o STF passasse a decidir diretamente, em tese, sobre a validade de leis e atos normativos, sem qualquer caso concreto. O problema é que, na prática, essa porta se tornou avenida para politização: partidos e entidades recorrem ao Supremo para resolver o que não conseguem no voto popular ou no Parlamento.


O resultado é uma corte deformada. Em vez de se limitar, como a SCOTUS, a dizer em última instância o que a Constituição é, o STF se viu transformado em tribunal criminal de primeira instância para autoridades, palco de disputas políticas e, ao mesmo tempo, árbitro originário de conflitos abstratos e genéricos. Um poder sem freios, que legisla negativamente e, muitas vezes, substitui o próprio legislador. A Constituição, porém, não foi escrita para governantes, mas contra governantes: é escudo, não lança; limite, não licença. E, como escrevi em A República e o Intérprete, “o texto é o limite. E onde há limite, há Direito — onde não há, há poder”.


Diante desse quadro, surgem propostas como a da deputada Caroline de Toni (PL), que quer conceder ao Congresso Nacional o poder de anular decisões do Supremo. Eis o típico remendo populista que, em vez de restaurar a Constituição, a dilacera. Coloca Parlamento e Supremo em duelo de vaidades, sem resolver a raiz do problema. Não precisamos de um “superparlamento” capaz de desfazer sentenças — precisamos de uma Suprema Corte que deixe de se ocupar de passaportes, disputas políticas e ações diretas travestidas de política judicial.


A verdadeira emenda constitucional necessária é outra: extinguir o foro privilegiado, acabar com a competência originária penal do STF e abolir o mecanismo das ações diretas e da ADPF. Isso devolveria aos juízes de primeira instância os processos que lhes cabem e reservaria ao Supremo sua função legítima — interpretar a Constituição em última instância, diante de casos concretos. É assim que se restaura o equilíbrio republicano, é assim que a liberdade volta a ser a presunção e não a exceção.


O Brasil tentou conciliar dois modelos, americano e europeu, e acabou com um monstro institucional. Nossa experiência com o sistema híbrido não passou no “pudding test” (é comendo que se prova o pudim): o resultado está aí, servido à mesa, e o gosto é amargo. Enquanto não fizermos essa cirurgia, continuaremos a ver a Justiça convertida em espetáculo de poder, e o poder, disfarçado de Justiça.


*Leonardo Corrêa – Advogado, LL.M pela University of Pennsylvania, sócio de 3C LAW | Corrêa & Conforti Advogados, um dos Fundadores e Presidente da Lexum.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

OESP

 *O Banco Central sob ataque dos abutres*


Só um BC independente pode tomar decisões que contrariam poderosos interesses, como a que impediu a compra do Master pelo BRB, motivo pelo qual o Centrão quer subjugar a autarquia


A diretoria do Banco Central (BC) reprovou a compra de parte do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) por entender, conforme apurou o Estadão, que a aquisição poderia contaminar o BRB, um banco público, com ativos “podres” do Master.


A sustentabilidade do modelo de negócios do Master há muito era causa de inquietação no mercado financeiro. O banco cresceu vertiginosamente usando recursos que os clientes investiam em CDBs, remunerados com taxas bem acima das de mercado, para aplicar em ativos de risco elevado, como precatórios.


Anunciada no final de março, a compra do Master pelo BRB era, portanto, de interesse de muita gente poderosa. Com exceção do BC, que passou mais de cinco meses analisando o negócio, a venda foi aprovada de forma relâmpago em outras instâncias envolvidas no negócio.


O governo do Distrito Federal, controlador do BRB, só enviou projeto de lei buscando aprovação do Legislativo local para a compra do Master após ser obrigado pela Justiça. Mas a Câmara Legislativa do DF levou apenas uma tarde para dar sinal verde à transação.


Já parte do mercado financeiro, mesmo incomodada com o Master, entendia que a solução via BRB era uma saída menos traumática para a questão. Com o negócio vetado, pode haver impacto em outras instituições financeiras. Ademais, uma intervenção do BC no Master torna-se cada vez mais provável, o que sempre pode resultar na revelação de mais problemas.


Veio do Congresso, porém, o sinal inequívoco de que o acordo BRB-Master atenderia a desejos inconfessáveis. Sabe-se que o dono do Master, Daniel Vorcaro, tem excelente trânsito em Brasília, sobretudo com parlamentares, com destaque para o senador Ciro Nogueira (PP-PI), estrela do Centrão.


Diante das notícias de que havia resistência ao negócio no BC – resistência essa que acabou personificada pelo diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, Renato Dias Gomes –, o Congresso partiu para a intimidação desbragada. No início da semana, lideranças de partidos do Centrão assinaram pedido de urgência para a tramitação de um projeto de lei que permite ao Congresso destituir presidentes e diretores do BC, prerrogativa que hoje compete única e exclusivamente ao presidente da República. O alvo evidente era o diretor Gomes, responsável pelo parecer que baseou a decisão do BC e que resistia a recomendar o negócio, em razão de evidente falta de garantias.


“Se o Congresso pode afastar o presidente da República, por que não poderia afastar um diretor do Banco Central?”, questionou o deputado Doutor Luizinho (RJ), líder do PP na Câmara. Ora, não poderia porque, como bem resumiu o ex-presidente do BC Arminio Fraga, isso seria coisa de “republiqueta”.


Graças à independência operacional do BC, conquistada há apenas quatro anos, é que a diretoria da autarquia pode barrar negócios como o que envolve o Master e o BRB, mesmo sob forte pressão. Agora, parte do mesmo Congresso que aprovou a Lei Complementar n.º 179, que transformou o Banco Central em autarquia de natureza especial justamente para protegê-lo de interferências político-partidárias, quer acabar com essa blindagem fundamental.


Conforme o projeto de lei que está sendo articulado na Câmara, os parlamentares podem votar a demissão de diretores do BC “quando a condução das atividades do Banco Central for incompatível com os interesses nacionais”. Obviamente, não houve preocupação de detalhar que interesses seriam esses nem que atividades seriam consideradas incompatíveis, abrindo espaço para o arbítrio.


Mesmo com o veto à aquisição do Master pelo BRB, a novela sobre o banco de Vorcaro está longe de acabar, porque ainda cabe recurso e, claro, os parlamentares contrariados não deverão se conformar.


Ao recusar a compra do Master pelo BRB, o Banco Central deixou evidente ao mercado que se orienta por posicionamento técnico, o que é essencial para que novos casos como esse não voltem a ocorrer.


Mas a elite política de Brasília não gosta muito dos técnicos, aqueles que normalmente são funcionários públicos de carreira que não fazem as vontades dos chefes de partidos. A esses abnegados servidores o Brasil agradece.



https://www.estadao.com.br/amp/opiniao/o-banco-central-sob-ataque-dos-abutres/

BDM Matinal Riscala

 Bom dia


Bom Dia Mercado.


Sexta Feira , 05 de Outubro de 2.025.


*Rosa Riscala: Payroll decide juros*


Haddad participa nesta sexta-feira, em São Paulo, do leilão do Túnel Santos-Guarujá, às 16h, na sede da B3.


… Não há nada na agenda dos mercados globais nesta sexta-feira além do payroll, o relatório de emprego dos Estados Unidos (9h30), que poderá definir quantos cortes do juro serão decididos pelo Fed este ano, se dois ou três. Não é o Fomc de setembro que está em jogo. Essa aposta está dada desde que Powell mostrou desconforto com o mercado de trabalho, em Jackson Hole. As chances de uma queda de 25pbs no dia 17 batem quase 100%. O que está em questão é se o payroll validará a expectativa de novas reduções em outubro e dezembro, que já é majoritária. Se os números de agosto vierem fracos, como vieram os de julho, podem mexer forte com os ativos.


… Nesta quinta, a pesquisa ADP comprovou o esfriamento do mercado de trabalho americano, ao apontar a criação de 54 mil vagas em agosto no setor privado, abaixo da projeção de 85 mil. Na véspera, o relatório Jolts já tinha mostrado abertura de postos menor que a esperada.


… Os dados contribuíram para reforçar o sentimento de que o payroll também virá ruim, abrindo espaço para um ritmo mais acelerado do Fed, o que impulsionou as bolsas em NY e também recuperou o Ibovespa, ajustando os juros e o dólar em baixa (leia abaixo).


… Para hoje, o mercado espera a criação de 76 mil postos em agosto, segundo a mediana das estimativas apuradas pelo Broadcast. As projeções vão de zero a 104 mil. Em julho, o payroll deu um susto e provocou a inflexão da política monetária, com apenas 73 mil vagas.


… A mediana para o salário médio por hora trabalhada deve avançar 0,3% (de 0,33% em julho) e ter alta de 3,7% na base anual (de 3,8%), enquanto a taxa de desemprego deve subir de 4,2% para 4,3%. Pequenas surpresas não devem alterar o cenário para o Fed.


… Para o Deutsche Bank, seria necessário um desempenho muito superior do payroll para que o mercado colocasse em dúvida o corte da reunião desse mês. Mas os dados de agosto podem colocar na mesa uma pausa no próximo Fomc, em outubro.


… No teto das estimativas, a JPMorgan Asset projeta uma recuperação no número de contratações para 100 mil em agosto, enquanto o UBS espera 70 mil; o Morgan Stanley, um resultado semelhante a julho (73 mil), e o Citi está mais pessimista, com 45 mil.


EUROPA – Ainda na agenda internacional, Alemanha divulga de madrugada (Brasil) as encomendas à indústria em julho e o Reino Unido, vendas no varejo, enquanto na Zona do Euro será informado o resultado final do PIB do segundo trimestre (6h).


NO BRASIL – A agenda é vazia, prevendo apenas duas reuniões dos diretores do Banco Central com economistas de São Paulo para a elaboração do Relatório Trimestral de Inflação, às 9h30 e 11h, quando os participantes já terão os números do payroll em mãos.


… Um diferencial de juros maior entre Estados Unidos e o Brasil tende a apreciar o câmbio ante o dólar, o que melhora a dinâmica inflacionária e pode esquentar o debate sobre uma redução antecipada da taxa Selic, deslocando as apostas de janeiro para dezembro.


GALÍPOLO – O presidente do BC viaja à tarde para Basileia, na Suíça, onde participa, entre os dias 6 e 8 de setembro, da Roundtable on Financial Stability e das Bimonthy Meetings do BIS, promovidas pelo Banco de Compensações Internacionais.


HADDAD – Ministro da Fazenda participa nesta sexta-feira, em São Paulo, do leilão do Túnel Santos-Guarujá, às 16h, na sede da B3. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também estará presente.


TARCÍSIO – O governador de São Paulo voltou às redes sociais, nesta quinta-feira, com uma postagem em defesa da anistia. “A história já mostrou que a anistia e o perdão são os melhores remédios para pacificar o País”, escreveu o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.


… Tarcísio é visto como potencial sucessor de Bolsonaro e poderá ser candidato à Presidência em 2026, em uma articulação que conta com o apoio do Centrão. Já o PL ainda defende uma anistia ampla, que reverteria a inelegibilidade do ex-presidente.


… A proposta do partido é, não só beneficiar Bolsonaro para disputar o Planalto no ano que vem, mas também livrar seu filho Eduardo.


… É um texto difícil de avançar, inclusive com muitas chances de ser considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, que já avisou que aceitaria discutir apenas o perdão aos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro.


… O presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que não há ainda um texto definido sobre a anistia e que as discussões com os líderes a favor e contra estão em andamento. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, trabalha em um projeto alternativo.


… A ideia seria deixar de fora os líderes da organização criminosa, acusação imputada a Bolsonaro e aos réus em julgamento no STF. A previsão é que o julgamento do núcleo principal da trama golpista termine na próxima semana, com o voto de Moraes na terça-feira, 9.


LULA – Nesta quinta, em Belo Horizonte, onde lançou o programa Gás do Povo, o presidente disse que a “batalha” contra o projeto que anistia os envolvidos nos atos do 8 de janeiro tem que ser feita pelo “povo, porque a extrema-direita tem força no Congresso”.


… Hoje, o presidente Lula assina a MP que autoriza a renegociação das dívidas de produtores rurais afetados por intempéries climáticas ao longo dos últimas cinco safras, com recursos que podem chegar a R$ 20 bilhões, segundo o Broadcast Agro.


… Já no domingo, Lula participará das festividades do 7 de Setembro em Brasília, onde um desfile oficial terá três temas principais, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência: a defesa da soberania nacional, a COP30 e o Novo PAC.


GÁS DO POVO – As mudanças no programa do Auxílio Gás devem custar entre R$ 5,1 bilhões e R$ 7,1 bilhões em 2026, segundo cálculos da Warren Investimentos, realizados a partir de dados da ANP e dos números trazidos pela MP publicada nesta quinta-feira.


… A Warren vê tal custo como “administrável”, embora o Orçamento contemple para o programa o piso previsto estimado pela corretora.


… O “Gás do Povo” pretende atender 15,5 milhões de famílias até março de 2026, das atuais 5,13 milhões beneficiadas pelo Auxílio Gás.


NÃO FOI IGUAL PERU – Sem sofrer de véspera com o payroll, os negócios globais vivenciaram pregões tranquilos ontem, com o Ibovespa aqui perto dos 141 mil pontos, o dólar abaixo de R$ 5,45 e DI com leve viés de queda.  


… O game que está sendo jogado é lá para frente, porque como se viu, já está mais do que precificado que o Fed vai cortar o juro em setembro. A pergunta que hoje vale dinheiro nos mercados é quanto vai durar o ciclo dovish.


… Otimista com a possibilidade de uma série de cortes da taxa americana, o dólar fechou em leve baixa de 0,11%, a R$ 5,4468, depois de o dado da ADP confirmar a desaceleração do mercado de trabalho nos Estados Unidos.


… O indicador apontou a criação de 54 mil empregos no setor privado americano em agosto, abaixo dos 65 mil esperados e quase na metade do número registrado em julho (106 mil), confirmando as suspeitas de Powell.


… Em Jackson Hole, o presidente do Fed já havia sugerido que o BC está priorizando o enfraquecimento do mercado de trabalho, ao invés das incertezas quanto à inflação, apesar dos impactos nos preços do tarifaço de Trump.


… Além da expectativa de que o juro vai cair este mês nos Estados Unidos, ainda ontem, a balança comercial de agosto foi citada pelo economista-chefe da Equador, Eduardo Velho, como driver do leve alívio no câmbio.


… Em agosto, as exportações registraram um avanço de 3,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, para US$ 29,861 bilhões. Já as importações caíram 2,0% no intervalo e atingiram US$ 23,728 bilhões.


… A balança comercial registrou superávit comercial de US$ 6,133 bilhões em agosto, após saldo positivo de US$ 7,075 bilhões em julho. O resultado veio levemente acima da mediana das estimativas, de US$ 6,050 bilhões.


… O resultado positivo ocorreu, apesar de as exportações aos Estados Unidos terem caído 18,5% em agosto, o primeiro mês em que começou a vigorar a taxa de 50% aplicada pelo governo Trump aos produtos brasileiros.


… Ao Broadcast, o economista Adauto Lima (da Western), que prevê um ciclo de cortes de 75 pontos-base pelo Fed (um corte em todas as reuniões deste ano), disse que, dependendo da tendência global, o dólar pode furar R$ 5,40.


… Lá fora, o índice DXY fechou em leve alta de 0,21%, aos 98,347 pontos, não porque o dólar subiu, mas porque as moedas europeias exibiram viés de queda, diante dos temores fiscais e políticos atravessados no momento.


… Na França, a popularidade de Macron despencou 4 pontos em setembro contra agosto, para 17%, pior nível desde sua primeira eleição, em 2017. No Reino Unido, a turbulência orçamentária tem elevado a guarda do investidor.


… O euro caiu 0,11%, a US$ 1,1653, e a libra perdeu 0,08%, a US$ 1,3434. O iene recuou para 148,47/US$.


SEU BONECO – Durante sabatina no Senado para a confirmação de seu nome ao Fed, Stephen Miran, indicado de Trump para a vaga de Adriana Kugler, garantiu que não será “marionete e fantoche” do presidente republicano.


… Miran se disse compromissado com a independência do Fed, prometeu tomar decisões com base nas próprias análises e no que é melhor para a economia, e negou que sofra pressão do governo para defender juros mais baixos.


… Em discurso muito alinhado a Washington, defendeu a política comercial protecionista da Casa Branca (“não é inflacionária”) e considerou “deflacionários” os esforços de Trump para restringir a imigração nos Estados Unidos.


… Momentaneamente, os juros dos Treasuries chegaram a desacelerar o ritmo de queda com os comentários de Miran, na medida em que o investidor teme que a credibilidade do Fed possa estar sendo colocada à prova.


… Mas não demorou para as taxas dos títulos do Tesouro americano recuperaram o fôlego de baixa, já que o relatório de emprego da ADP frustrou a previsão e o payroll deve confirmar o mercado de trabalho menos aquecido.


… O retorno da Note de 2 anos caiu para 3,585%, de 3,621% na véspera, e o de 10 anos recuou a 4,160%, de 4,222%.


… Aqui, não foi diferente com a curva do DI. Jan/26 marcou 14,885% (de 14,891% na véspera); Jan/27, 13,980% (de 13,996%); Jan/29, 13,305% (de 13,318%); Jan/31, 13,630% (contra 13,644%); e Jan/33, 13,820% (de 13,814%).


… No otimismo antecipado com o payroll, o S&P 500 avançou 0,83% e renovou recorde histórico, a 6.502,08 pontos; o Dow Jones subiu 0,77%, aos 45.621,29 pontos; e o Nasdaq fechou com ganho de 0,98%, aos 21.707,69 pontos.


… Pegando embalo, o Ibovespa interrompeu a sequência de três sessões de perdas e fechou em alta de 0,81%, aos 140.993,25 pontos, tendo superado os 141 mil pontos (141.482) na máxima do dia. O giro foi de R$ 18 bilhões.


… Cansados de cair, os bancos testaram uma recuperação em bloco. O BB, que estaria preparando um plano de contingência caso os EUA intensifiquem sanções da Lei Magnitsky, registrou valorização de 0,69%, a R$ 20,42.


… O papel PN do Bradesco emplacou alta de 2,00%, a R$ 16,83; Bradesco ON também subiu forte (+2,13%), para R$ 14,39; Itaú avançou 0,40%, cotado a R$ 37,94; e Santander unit fechou com ganho de 0,39%, valendo R$ 28,19.


… Vale subiu 0,20%, cotada a R$ 55,71, acompanhando de longe a alta firme de 1,67% do minério, enquanto Petrobras resistiu à queda do petróleo. O papel ON subiu 0,48%, a R$ 33,66, e o PN ficou estável, a R$ 31,06.


… À espera da reunião de domingo da Opep+, quando deve vir mais um aumento de produção, e reagindo ainda à alta inesperada dos estoques da commodity nos Estados Unidos, o barril do Brent caiu 0,90%, para US$ 66,99.


CIAS ABERTAS – OI registrou prejuízo líquido de R$ 835,8 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de R$ 15 bilhões de um ano antes; Ebitda ficou negativo em R$ 91 milhões, perda 8,6% maior na comparação anual.


NUBANK nomeou Patricia Whitaker como diretora-executiva da NuInvest.


SAMARCO. Fitch Ratings elevou a nota de risco da companhia de B- para B, mantendo a perspectiva positiva.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: De novo, compra de bolsas e obrigações ontem. O mais importante: a estabilização no formato recuperação suave das obrigações (redução de yields), porque isso afasta a possibilidade de um ajuste brusco do mercado. Os bancos centrais voltam a atuar como anjos da guarda das obrigações quando estas sofrem. Não se pode garantir que isto seja assim, mas é a alternativa mais provável. 


Good vibes today. Arrancamos o dia com Broadcom a subir +4,6% em aftermarket depois de publicar, ontem à noite, no fecho de Nova Iorque, resultados 2T e guidance 3T melhores do que o esperado. E com o Japão a subir quase +1% depois de Trump assinar, ontem, a ordem executiva de reduzir os impostos alfandegários sobre os automóveis japoneses desde 27,5% até 15% e prometer (?) não aplicar impostos alfandegários na aeronáutica. Já se sabia, mas a execução elimina incertezas. Mazda +3%, Nissan +2%, Toyota +1,5%... A chave será o emprego dos EUA de hoje, às 13:30h: Payrolls ou Criação de Emprego Não Agrícola 75k vs. 73k; Desemprego 4,3% vs. 4,2%. O melhor desenvolvimento seria alguma debilidade que reforçasse a expetativa de que a Fed continuará a baixar taxas de juros além da sua reunião de 17 de setembro, para a qual estão absolutamente descontados -25 p.b., até 4,00/4,25%. Este desenvolvimento é provável, porque ontem o Inquérito ADP de Emprego Privado saiu fraco: 54k vs. 68k esperado vs. 106k anterior.


EMPRESAS: Além de Broadcom, ontem Sanofi -9% por un fracasso no seu novo medicamento para eczema, e Lululemon -16% em aftermarket após rever em baixa o seu guidance para 2025 pela 2.ª vez. 


MACRO: Um par de dados fracos publicados à 1.ª hora, embora com pouca influência. Alemanha: Pedidos à Fábrica -3,4% vs. -0,6% esperado vs. +1,7% anterior. Reino Unido: Vendas a Retalho +1,1% vs. +1,3% esperado vs. +0,9% anterior.


POLÍTICA: O LDP governante no Japão votará, na segunda-feira, se Ishiba, atual PM, continua ou não. Poderá ser substituído por Takaichi, crítico com as subidas de taxas de juros do BoJ e mais dovish que Ishiba; isto é, fiscalmente mais laxo. Isso é mau para as obrigações japonesas, que têm vindo a sofrer por isso (O30A 3,24%), e depreciação para o yen (173/€). Mas poderá terminar por favorecer o PIB e a bolsa.


CONCLUSÃO: É provável que as bolsas aguentem o fecho semanal a subir (+0,2%/+0,4%?), como ontem ou um pouco menos, graças a Broadcom, Japão e emprego americano. A atenção estará na provável queda do governo na França na segunda-feira (moção de confiança) e na reunião do BCE na quinta-feira (repetir em 2,00/2,15%), e no aumento da inflação dos EUA até +2,9% desde +2,7%. Esse será um fluxo de notícias pior, portanto na próxima semana, o tom deverá ser menos firme. 


NY +0,8% US tech +0,9% US semis +1,3% UEM +0,4% España +0,6% VIX 15,3% Bund 2,71% T-Note 4,15% Spread 2A-10A USA=+57pb B10A: ESP 3,31% PT 3,14% FRA 3,49% ITA 3,60% Euribor 12m 2,190% (fut.2,183%) USD 1,165 JPY 172,7 Ouro 3.531$ Brent 67,1$ WTI 63,5$ Bitcoin -0,1% (110.709$) Ether +1% (4.369$). 


FIM

Fabio Alves