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MERCADOS EM MAIO

Chegamos ao segundo relatório sobre as perspectivas dos mercados em maio. A análise "top down", de "cima para baixo" ("top down approach”), segue como ferramental recomendada, pois permite aos investidores um olhar, primeiro, do ambiente macroeconômico como um todo (doméstico e global), depois, mais de setores e empresas.

Neste, é possível observar as oportunidades, a serem "garimpadas", no mercado de capitais.
 
De antemão, consideramos MAIO, no mercado de capitais brasileiro, mais um mês desafiante, o que deve demandar uma postura mais CONSERVADORA dos investidores na alocação de recursos.
De antemão, dependendo do ritmo das vacinações, achamos que os lockdowns localizados devem começar a se afrouxar, até pouco estaremos diante da redução do número de óbitos. Isso, no entanto, não deve afastar o fato de que teremos ainda um período de transição em que todo o cuidado será necessário. O tripé isolamento social, uso de máscara e álcool gel, continuará a nortear as nossas vidas, mas parte do comércio voltará a operar, assim como alguns serviços.

A seguir, alguns pontos a serem considerados.

Como condicional será importante estarmos atentos à CPI da Covid 19, que pode acirrar os ânimos e respingar no comportamrnto dos investidores. Isso porque será objetivo desta analisar todo o caminho do governo no enfrentamento da pandemia, seus vários passos errados, como no início, negando a CORONAVAC, contra o governo João Dória, de São Paulo. Isso está fartamente documentado. Assim como a postura do presidente nas negociações com a Pfizer, na encomenda até o final do ano de 70 milhões de doses. Outro fato à desgastar este governo será sua postura negacionsita, defendendo o “tratamento preventivo”, o uso do “kit Covid”, hoje demonstrado ineficaz. Ao fim, especulações indicam que o governo Bolsonaro realizou pesadas encomendas junto ao governo Trump de cloroquina e que os estoques deste remédio estão abarrotados no Exercito.

Importante também será estar atento ao ritmo da vacinações e a daí, uma mais rápida normalização da vida econômica. Em 24 horas, até o dia 06, o número de óbitos chegou a 2811, 414 mil no acumulado e 73.295 novos casos. Há uma reversão da tendência de alta. A chegada de novas doses de vacinas, produzidas pelo Butantan, Fiocruz e Pfizer, são um bom indicativo. Isso pode levar o Brasil ao ritmo ideal de vacinações, 1,5 milhão ao dia, podendo terminar os grupos prioritários neste semestre (80,5 milhões).

Na política econômica, destaque para a reunião do Copom desta semana. A taxa Selic foi elevada a 3,50% a.a e foi sinalizado, dada a “normalização parcial”, também para a reunião de junho na mesma toda, +0,75 ponto percentual, a 4,25%. Lembremos que em março o comitê optou por começar o “ciclo de normalização parcial”, correndo atrás da curva, com alta de 0,75 ponto percentual. Sinalizou também, pela ata, que, a não ser por mudanças significativas, “seria adequado dar continuidade a esse processo com outro ajuste de mesma magnitude”. Nesse contexto, afirmou que sua próxima decisão continuaria dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Nos EUA, os três pacotes de estímulo recentes, além do ritmo de vacinação, são ensejos para uma recuperação mais rápida da economia norte-americana. Estimativas apontam um crescimento do PIB acima de 6% neste ano. Em paralelo, os rendimentos dos Treasuriers de 10 anos cederam a 1,6%, diante da confirmação de Jerome Powell de que manterá a política monetária até que o desemprego caia abaixo dos 6% da PEA atual. Nesta semana temos os dados de março do payroll e do desemprego. Isto posto, temos uma maior apreciação do real frente ao dólar, em desvalorização no mundo

Este quadro, reforçado pelo pacote de infraestrutura de Joe Bidem, deve estimular as empresas brasileiras exportadoras de minério de ferro, de papel e celulose e de outras commodities. O fluxo de exportações destas para os EUA deve se intensificar.

Não devemos esquecer também da China, grande demandante de commodities brasileiras e em trajetória de consistente recuperação, destaque para as minerais. A cotação do minério de ferro, nos primeiros quatro meses deste ano, passou de Us$ 89 a US$ 193, com valorização de 116%. O mesmo ocontece com o barril de petróleo Brent. Neste primeiro quadrimestre de 2021 passou de US$ 50,8 a US$ 68,23, com valorização de 34,3%.

Sobre as commodities agrícolas, as perspectivas também são muito boas. A soja, por exemplo, já se valorizou 84,5% em 12 meses.

Isso destaca as empresas produtoras de commodities, ou ligadas, sem esquecer celulose (papel e papelão, embalagens), algodão (indústria têxtil) e também “proteína animal” (frigorífico), fortemente demandadas pelos chineses.

Enquanto isso, no Brasil o "trinômio" pandemia, front fiscal desafiante e ambiente político tensionado, devem nortear o cenário de abril, influenciando na trajetória do mercado de capitais. Lembremos que estes três também foram predominantes em março, mas mesmo assim o Ibovespa se valorizou 6,0%. Em abril, este mercado se manteve num bom drive, embora crescendo bem menos, o que reforça um certo ambiente de instabilidade. No mês, o Ibovespa se valorizou 1,9%, fechando a 118.893 pontos, no ano em pequeno recuo de 0,1%.

Continuaremos

Olhando para o Ibovespa até abril, vemos o setor em melhor performance foi o de commodities (IMAT) com um peso de 23% no IBOV composto por:

- VALE (subiu 165% nos últimos 12 meses),
- Suzano (subiu 77% nos últimos 12 meses),
- Gerdau (subiu 36% nos últimos 12 meses) entre outras.

O segundo setor com maior desempenho foi o industrial (INDX) que tem um peso de 21% no IBOV composto por:

- Ambev (subiu 31% nos últimos 12 meses),
- WEG (subiu 70% nos últimos 12 meses) entre outras.

Pelo lado negativo, o pior Setor Imobiliário (IFNC) que corresponde apenas a 1,6% 
do IBOV. E também o Setor Financeiro (IFNC), cujas empresas correspondem à 29% do IBOV.

Alocação

Setores

Se mantenha distante

Empresas públicas; varejo físico; hotelaria; imobiliário; rede hospitalar; shoppings. 

Boa oportunidade

Empresas produtoras de commodities (minério de ferro, soja, petróleo, celulose); de proteína animal (frigoríficos); de tecnologia; comércio virtual; bancos privados; setor elétrico; planos de saúde e laboratórios farmacêuticos.

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