MACRO MERCADOS DIÁRIO 120521 MAIS SOBRE A ATA DO COPOM

Os mercados continuam operando em torno da trajetória das commodities, com especial atenção para a soja e o minério de ferro no Brasil, e seus possíveis impactos inflacionários. Isso parece ser preocupação no mundo, também no Brasil, sendo que por aqui o BACEN já está agindo, correndo atrás da curva.

Nos EUA, no entanto, o debate segue intenso, com o Fed ainda achando faltar muito para o início do ciclo de aperto monetário, já que, na leitura deles, o desemprego ainda é elevado (em torno de 6,1% da PEA) e as pressões inflacionárias, ainda transitórias. Nesta quarta-feira sai o CPI, na quinta, o PPI.

Por aqui, o BACEN segue atento. Na ata do Copom, divulgada ontem, o board do banco deixou transparecer que o ciclo de ajustes da Selic, neste ano, deve terminar antes de chegar ao patamar neutro, em torno de 6,5%. Este seria aquele que não desestimula a economia, e mantém a inflação sob controle. Teremos um ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em junho, a 4,25%, outro ajuste em agosto, na mesma intensidade, a 5,0%, depois mais um, para fechar o ano a 5,5%.

Na ata do Copom, o destaque acabou sendo o parágrafo 14, na qual reitera-se de que “o processo de normalização da Selic será parcial”, argumentando que um ajuste total poderia levar as expectativas de inflação para muito abaixo da meta. “Elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”.

Na verdade, temos como garantido mais um ajuste da Selic em 0,75 ponto percentual na reunião de junho, depois, tudo dependendo do ciclo de vacinação e também de como a economia e a inflação responderão. Isso porque a valorização cambial recente, com o dólar a R$ 5,20, é um fator poderoso de “amortecimento” dos preços tradeables (bens sensíveis ao câmbio), assim como o ritmo de retomada da economia ainda muito desigual e fraco, só devendo deslanchar com o fim do ciclo de vacinação. E este, ao que tudo indica, deve ficar para setembro ou outubro. Entre março e abril deste ano, devido ao atraso destas vacinações e pelo lockdown parcial em alguns e estados, a atividade sentiu o tranco e recuou, com a indústria e o comércio no mensal, em queda

Sobre a inflação, o IPCA de abril registrou 0,31%, desacelerando contra março (0,60%), mas no acumulado em 12 meses em elevação, 6,76%, por substituirmos períodos de baixa do primeiro semestre do ano passado com mais elevados. Até junho este índice do IBGE, em 12 meses, deve chegar a 8%. Analisando o índice por segmentos, observamos recuo nos preços dos bens não duráveis (alimentos), aceleração nos monitorados e os serviços (não comercializáveis) em baixa. Nossa projeção para o final do ano segue em 5,1%, mas devemos estar atentos ao reajuste da energia elétrica, em faixa vermelha, sancionado agora entre abril e maio.

Enfim, acreditamos ter uma leitura do BACEN bem clara sobre como deve atuar na política de juro até 2022. Tentará se antecipar neste ano, elevando o juro a 5,5% até setembro, dar um tempo, observando a atividade e a inflação. Na verdade, seu objetivo é trazer o IPCA, de 8% em junho para próximo ao centro da meta (3,75%), mesmo elevando o juro real a 4% e a Selic a 6,5%.
























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