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News 0703

 NEWS - 07.03


Por determinação de Lula, Fazenda desiste de criar teto de isenção de IR para doença grave / Essa era uma das propostas estudadas para compensar a ampliação da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês- Valor 6/3


Jéssica Sant'Ana


Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Fazenda desistiu de estabelecer um teto de isenção de Imposto de Renda (IR) para aposentados portadores de moléstia (doença) grave. Essa era uma das propostas estudadas para compensar a ampliação da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês.


Em nota enviada hoje ao Valor, a assessoria do Ministério da Fazenda disse que "não enviou e não vai enviar proposta sobre teto de isenção para moléstia grave". "A medida chegou a ser estudada, mas acabou sendo retirada das discussões a pedido do presidente Lula. Devido a esse e outros ajustes o projeto de lei ainda não foi encaminhado para a Câmara", diz a pasta na nota.


Na semana passada, o Valor havia informado que o governo poderia promover ajustes nessa proposta de compensação, devido ao impacto que a medida poderia ter na popularidade do presidente Lula.


No fim de novembro do ano passado, a equipe econômica havia anunciado que a ampliação da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês teria duas formas de compensação: a criação de um imposto mínimo efetivo de até 10% para rendas mais altas (acima de R$ 50 mil) e a alteração na isenção total de IR para portadores de moléstia grave.


Pela regra atual, aposentados e pensionistas com moléstia grave não recolhem IR, independentemente da renda. A ideia da pasta era que quem ganhasse até R$ 20 mil por mês continuasse isento, porém quem ganhasse mais precisaria recolher o IR, fazendo as deduções de saúde na declaração do imposto para saber o total do tributo a ser pago.


A ideia, contudo, foi descartada a pedido do presidente Lula. Conforme mostrou o Valor, integrantes do Ministério da Previdência Social eram contra a medida e alertaram o Palácio do Planalto sobre a repercussão negativa.


A proposta de ampliação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês, com suas medidas de compensação, está passando por um pente-fino pelos integrantes do governo, que querem evitar novos ruídos de comunicação.


A expectativa é que a proposta seja enviada ao Congresso Nacional no decorrer deste mês de março.


Lula edita MP para ampliar ações que podem receber dinheiro do Fundo Social do pré-sal / Texto também extingue fundo de investimentos que buscava aplicar recursos no Brasil e no exterior- Folha SP 7/3


Idiana Tomazelli / Adriana Fernandes


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou uma MP (medida provisória) para alterar a regulamentação do Fundo Social e ampliar a lista de ações que podem ser financiadas com essas verbas, oriundas da exploração do petróleo no pré-sal.


O texto também extingue um fundo privado de investimentos criado pela lei de 2010 para aplicar recursos em ativos no Brasil e no exterior, mas cujos aportes não foram efetivados ao longo dos últimos anos.


Agora, o governo poderá destinar todos os recursos do Fundo Social diretamente às ações já autorizadas (como educação e saúde pública) e também ampliar a cobertura para incluir infraestrutura social (como construção de escolas e postos de saúde) e habitação de interesse social (construção de casas populares para a baixa renda).


A MP ainda adicionou à lista ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e enfrentamento de suas consequências sociais. A medida foi publicada na noite desta quinta-feira (6) em edição extra do Diário Oficial da União.


Segundo um integrante da equipe econômica, a mudança vai permitir redirecionar cerca de R$ 21 bilhões em recursos que, na proposta de Orçamento de 2025, estão reservados para aporte no fundo de investimentos do Fundo Social, mas que na prática ficariam esterilizados porque essa iniciativa nunca ganhou tração. Outros R$ 21 bilhões já estão vinculados a despesas com educação.


Ainda não há decisão sobre o destino dos recursos realocados, mas eles devem financiar despesas financeiras do governo, sem impacto nas regras fiscais, ou gastos de custeio ou benefícios já programados, para não pressionar os limites do arcabouço fiscal.


Uma das possibilidades é abastecer o recém-criado FIIS (Fundo de Investimento em Infraestrutura Social), administrado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico). O fundo serve de fonte para operações de crédito, geralmente mais baratas do que os empréstimos de mercado.


Ao financiar transações reembolsáveis (isto é, o tomador precisa devolver o recurso ao longo do tempo), o fundo realiza uma despesa financeira, que não afeta o limite de gastos do arcabouço fiscal nem a meta de resultado primário perseguida pela equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda).


O dinheiro do Fundo Social também pode ser a fonte de recursos para o custeio de políticas ou benefícios, mas, nesse caso, a estratégia do governo será bancar gastos já programados no Orçamento, dentro das regras fiscais. Segundo um interlocutor da equipe econômica, a MP não abre margem para despesas acima do limite.


A MP atende a uma determinação do TCU (Tribunal de Contas da União), que estipulou prazo para o governo concluir a regulamentação do fundo.


A medida chega num momento em que o uso de fundos públicos desperta preocupação crescente entre economistas de fora do governo. Para eles, o governo deveria usar os recursos para reduzir a dívida pública, que deve ultrapassar os 80% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo as projeções. O patamar é considerado elevado para um país emergente como o Brasil.


Um integrante da equipe econômica reconhece que este não é o melhor momento para editar a medida, dado o risco de novos ruídos no mercado, mas enfatizou que a regulamentação cumpre uma decisão do TCU.


Além disso, diante das preocupações crescentes de economistas e do próprio Banco Central com a dinâmica da inflação, esse interlocutor do governo afirma que a mudança na aplicação dos recursos não representará um estímulo adicional à economia —o que poderia gerar uma pressão adicional sobre preços. O argumento é que nem todo o dinheiro precisa ser usado de forma imediata, e mesmo no caso de uso para empréstimos, as operações podem ser desembolsadas de forma paulatina.


O texto da MP ainda aprimora o funcionamento do CDFS (Conselho Deliberativo do Fundo Social), que vai decidir sobre a alocação e os órgãos destinatários dos recursos do Fundo Social no PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual), observada a lista de áreas habilitadas e o disposto nas regras fiscais.


O conselho também deverá publicar um plano anual de aplicação dos recursos e o relatório anual com informações sobre sua execução orçamentária e financeira.


O governo ainda terá 60 dias para definir a composição do CDFS, bem como condições e diretrizes para aplicações de recursos. "A participação no CDFS será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada", diz o texto.


O fundo de investimento extinto pela MP foi instituído pela lei que criou o Fundo Social em 2010 e tinha natureza privada.


A intenção original é que ele operasse como uma espécie de fundo soberano, aplicando recursos prioritariamente em ativos no exterior, para proteger o Brasil de um eventual risco de sobrevalorização do real a partir do aumento de exportações de petróleo.


Nos últimos anos, porém, os recursos previstos para integralização de cotas no fundo de investimento nunca foram executados, pois o repasse seria uma despesa primária, sujeita ao limite de gastos e à meta fiscal.


Com a mudança, o governo também evita uma cobrança da própria esquerda, que criticava o Executivo por não fazer a destinação integral dos recursos do Fundo Social.


FONTES: MP SOBRE FUNDO SOCIAL NÃO DARÁ IMPULSO NA ECONOMIA E NÃO TEM CARACTERÍSTICA PARAFISCAL- Broadcast 6/3


Por Fernanda Trisotto


Brasília, 06/03/2025 - A medida provisória que aperfeiçoa os mecanismos do Fundo Social e moderniza a legislação, editada há pouco pelo governo, não dará nenhum tipo de impulso na economia e não possui característica parafiscal, afirmaram interlocutores da equipe econômica ao Broadcast. A ação não trará prejuízos ao fiscal e não impactará o primário, garantem. Essa ala defende que a medida apenas atende a uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o fundo, que havia determinado sua regulamentação e implementação de estruturas de governança para um uso mais efetivo e seguro dos recursos arrecadados.


O entendimento da equipe econômica é de que a rubrica do Fundo Social hoje já está no orçamento, mas carecia de regulamentação, como apontado pelo órgão fiscalizador. Com a MP, o fundo soberano como foi inicialmente pensado, mas nunca constituído, fica extinto e dá lugar a uma legislação mais moderna, que permite o uso do dinheiro para ações de adaptação às mudanças climáticas e infraestrutura social, fugindo da lógica de custeio.


Atualmente, o Fundo Social tem cerca de R$ 20 bilhões. A MP deve ser confirmada e o Orçamento de 2025 aprovado para que esse recurso possa ser indicado como fonte para algumas ações, como o próprio Fundo Clima, com empréstimos reembolsáveis, por exemplo.


O objetivo da equipe econômica ao trabalhar esse texto foi de não provocar impactos para fins de PIB ou inflação. Por isso, foram barradas iniciativas que teriam um uso imediato dos recursos. Com o escopo de aplicação previsto na MP, diz essa fonte, não haverá desembolso imediato pelos ritos a serem cumpridos e o uso do dinheiro será diluído no tempo.


Além disso, as autorizações exigidas para o uso dos recursos do fundo como fonte para outras ações do orçamento seguem as regras fiscais: é preciso cumprir o arcabouço fiscal, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Esse recurso não será trazido para o resultado primário.


O Fundo Social era um fundo soberano de riqueza criado em 2010 no contexto da descoberta das reservas do pré-sal, para direcionar os recursos para investimentos em determinadas áreas. O TCU identificou que esse fundo ainda não havia sido devidamente regulamentado e determinou que a Casa Civil, junto aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, editasse normas para o uso apropriado dos recursos.



HADDAD DARÁ ENTREVISTA AO VIVO AO FLOW PODCAST NESTA 6ªF- Broadcast 6/3


Por Giordanna Neves


Brasília, 06/03/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dará uma entrevista ao vivo ao Flow Podcast nesta sexta-feira, 7, às 19h, em São Paulo. Este é o único compromisso que consta na agenda oficial do ministro.


Governo Lula zera alíquota de importação de carne, café, milho e azeite em tentativa de conter preços / Gestão petista pede aos estados que também tirem imposto de itens da cesta básica, já isentos de tributação na chegada ao país- Folha SP 7/3


Mariana Brasil / André Borges


O vice-presidente, Geraldo Alckmin, anunciou nesta quinta-feira (6) que o governo vai zerar a alíquota de importação para diversos produtos. A lista inclui carne, café, milho, óleo de girassol, óleo de palma, azeite, sardinha e açúcar.


A cesta básica já tem a sua tributação de importação zerada, conforme anunciou o vice-presidente, Geraldo Alckmin, mas o governo federal disse que vai fazer um apelo aos estados para que retirem impostos estaduais. As medidas devem entrar em vigor nos próximos dias.


Hoje, a alíquota sobre a carne é de 10,8%. O café, por sua vez, é de 9%. Essa também é a média aplicada sobre o milho, por exemplo. O imposto de importação é cobrado de empresas que atuam no Brasil e que compram produtos no exterior. A intenção do governo é que, com a retirada dos impostos, essas companhias consigam trazer para o país produtos com valores mais baixo, ajudando a segurar a inflação.


A alta no preço dos alimentos é apontada como uma das razões para a perda de popularidade do presidente, que atingiu na última pesquisa Datafolha o pior nível de aprovação de sua história.


"Nós acreditamos que esse conjunto de medidas vai ter sim um resultado importante. Claro que é preciso destacar que tivemos, no ano passado, uma queda grande nos preços dos alimentos no Brasil. Depois é que aumentou, motivado por uma seca excepcional e também pelo dólar. A expectativa da seca é que teremos um bom ano do ponto de vista climático e do ponto de vista do dólar que estava em R$ 6,20 foi para R$ 5,75", disse Alckmin.


As medidas devem entrar em vigor depois de recebidas as notas técnicas dos setores e dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e o da Agricultura e Pecuária.


O anúncio foi feito após reunião entre Lula (PT) e seus ministros e depois de discussão das medidas com representantes de entidades do setor de alimentos. Segundo Alckmin, as reuniões foram convocadas pelo presidente por estar preocupado com a questão do preço da comida.


Após o comunicado dos ministros, a conta de Instagram do presidente publicou, de forma equivocada, a informação de que o ovo também teve o imposto zerado. A postagem foi apagada minutos depois.


Pela manhã, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Alckmin (também ministro do Desenvolvimento e Indústria) se reuniram no Palácio do Planalto para discutir as medidas antes de levá-las para avaliação do presidente.


Os anúncios também incluíram uma aceleração do SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), um sistema sanitário municipalizado que padroniza os procedimentos de inspeção de produtos de origem animal para garantir a segurança alimentar.


O objetivo do governo é agilizar a fiscalização de produtos contemplados pelo sistema, como leite fluído, mel e ovos para trazer mais competitividade com redução de custos.


O vice-presidente disse ainda ser difícil estimar o impacto prático das medidas nos preços dos alimentos, mas que todas as mudanças visam a redução.


"Todas elas são medidas desde regulatórias até medidas tributárias, que o governo está abrindo mão do imposto, está deixando de arrecadar, abrindo mão de imposto para favorecer a redução de preço", afirmou.


Também estiveram presentes na reunião da manhã, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Sidônio Palmeira. De acordo com Fávaro, o primeiro encontro foi preparatório para a reunião com Lula.


O ministro Fernando Haddad (Fazenda) não tem participado de reuniões sobre o assunto e não estava presente no anúncio nesta quinta. Desde a semana passada, encontros com representantes dos setores têm sido tocados pelos ministros das áreas.


Entre as entidades do setor alimentício que participaram da reunião da tarde, estiveram a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Abras (Associação Brasileira de Supermercados).


Na primeira reunião ministerial do ano, Lula cobrou especialmente os ministros do setor para trazerem medidas que baixassem o preço dos alimentos. Desde então, havia a expectativa de que os chefes das pastas apresentassem alternativas ao governo.


Na ocasião, o presidente se queixou da alta da comida e afirmou que, a partir daquele momento, o lema de seu governo seria "união, reconstrução e comida barata na mesa do trabalhador".


No final de fevereiro, o presidente chegou a afirmar ter "obsessão por comida barata", durante participação em evento no Rio de Janeiro.


"Eu tenho obsessão em fazer o alimento barato, barato, barato, para que vocês possam comprar", disse o presidente na ocasião.


Nas últimas semanas, o governo chegou a avaliar a possibilidade de zerar o imposto de importação do trigo, como forma de baratear a entrada do insumo e, assim, reduzir a alta no preço dos alimentos. Ao retirar o imposto de 9% pago para trazer o cereal para o país, a expectativa é que houvesse uma queda nos preços para o consumidor.


O mesmo movimento foi analisado para zerar a alíquota de 9% que recai sobre o óleo comestível, incluindo produtos como óleo de soja, girassol, milho e canola, entre outros.


O efeito prático de zerar a alíquota de importação do trigo, no entanto, poderia não ter grande relevância sobre a inflação dos alimentos, mas seria ao menos um sinal político de que alguma coisa está sendo feita, avaliavam interlocutores do governo. O que não pode, como disse um ministro que acompanha o assunto, é ficar parado, como se nada pudesse ser feito.


Essa medida já foi tomada em diversas ocasiões, incluindo nas gestões de Dilma Rousseff (PT), Jair Bolsonaro (PL) e do próprio presidente Lula.


TARIFAS DE IMPORTAÇÃO ZERADA


Azeite: (hoje 9%)

Milho: (hoje 7,2%)

Óleo de girassol: (hoje até 9%)

Sardinha: (hoje 32%)

Biscoitos: (hoje 16,2%)

Massas alimentícias (macarrão): (hoje 14,4%)

Café: (hoje 9%)

Carnes: (hoje até 10,8%)

Açúcar: (hoje até 14%)

 


Isenção de tarifas de importação deve ter impacto limitado na arrecadação, diz Guilherme Mello – O Globo 6/3


Ana Carolina Diniz


Na reunião em que foi anunciada a isenção das tarifas de importação de alguns alimentos, jornalistas questionaram o impacto da medida na arrecadação do governo. O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, explicou que muitos dos produtos beneficiados têm um volume de importação reduzido devido à alta tributação.


- São medidas administrativas que, do ponto de vista da arrecadação, talvez não tenham um impacto significativo - afirmou.


Segundo ele, o impacto fiscal ainda será estimado a partir de notas técnicas. Mello destacou que essas medidas administrativas, somadas às ações regulatórias anunciadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e ao estímulo à concorrência no varejo e atacado, trarão benefícios diretos aos consumidores, ampliando a oferta e a transparência no mercado.


Mello e Dario Durigan, secretário-executivo do ministério da Fazenda, participaram da reunião representando o ministro Fernando Haddad, que está em despachos internos em São Paulo.


 


Governo vai estender a produtores de leite, ovos e mel efeitos do Sisbi por um ano / Com isso, esses produtos poderão ser comercializados em todo o território nacional, não apenas no município em que é produzido- Valor 6/3


Fabio Murakawa / Rafael Walendorff


O Ministério da Agricultura anunciou que vai conceder a equivalência do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi) aos produtores de leite fluído, ovos e mel fiscalizados pelo Sistema de Inspeção Municipal (SIM) durante um ano. Com isso, esses produtos poderão ser comercializados em todo o território nacional, não apenas no município em que é produzido.


"Vamos, por um ano, dar os efeitos do SIM para todo território brasileiro. Aqueles produtos que não correm nenhum risco de precarização sanitária, como foi dito, leite fluido, mel, ovos, que possam, sem nenhum risco da qualidade dos alimentos [ser comercializados]. Vamos dar efeito por um ano ao sistema SIM, para ter equivalência do sistema Sisbi, e com isso ampliar e dar oportunidade aos produtos da agricultura familiar brasileira", disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante o anúncio.


A medida faz parte do pacote divulgado pelo governo para tentar reduzir os preços dos alimentos.


"Não faz sentido, se o produto passou por esse critério [do sistema de inspeção municipal], mas vende só dentro do município. Ninguém vai morrer se comer produto produzido no município vizinho", explicou Fávaro.


Segundo o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, a medida traz "mais competitividade com redução de custo" aos produtores. A meta do Ministério da Agricultura é chegar a 3 mil municípios com o Sisbi até 2026. Criado em 2006, o sistema é semelhante ao SIF (Sistema de Inspeção Federal), mas não permite a exportação, é voltado à produção comercializada no mercado nacional.Até 2022, apenas 306 municípios haviam aderido ao Sisbi, número considerado baixo pelo ministério. Nos últimos dois anos, o número passou de 1,5 mil municípios. "Qual é o efeito? Quando a gente universaliza, permite que o frango caipira, o embutido, o produto lácteo, da agricultura familiar em especial, ganhem competitividade", disse Fávaro.


Aumento de diesel e frete pressiona alimentos e pode ameaçar medidas do governo para conter preços / Safra de soja tem monopolizado transporte de grãos, deixando outras colheitas em atraso; há falta de caminhões e alta do frete já chega a até 40% sobre o ano passado- Folha SP 7/3


André Borges


As medidas anunciadas pelo governo para tentar conter a inflação dos alimentos, zerando impostos de importação, devem ser impactadas por problemas crônicos ligados à infraestrutura logística nacional, usada no escoamento de sua produção.


O ano começou com sinais de que terá mais uma safra recorde de soja, um cenário a ser comemorado. Acontece que essa mesma colheita tem consumido a maior parte dos caminhões disponíveis no país, comprometendo outras colheitas em andamento, além de refletir o aumento do preço do frete, puxado pelos ajustes recentes do óleo diesel.


O próprio governo sente na pele os efeitos da infraestrutura precária. Na semana passada, uma das empresas que transportam milho para a estatal Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) jogou a toalha. Em um ofício, ao qual a Folha teve acesso, a empresa Padrão Transportes de Cargas e Logística afirma que vai ter que suspender a entrega de 500 toneladas encomendadas pela Conab, porque não encontra caminhão disponível e por causa do preço do frete.


Sediada em Pernambuco, a empresa de logística venceu uma licitação da Conab para carregar 10 mil toneladas de milho, decidiu pedir uma suspensão de 45 dias para realizar o serviço, concentrado nos estados do Piauí e da Paraíba.


"Em paralelo ao transporte de milho, está ocorrendo o transporte de soja, o que tem impactado, de forma bastante significativa, o frete a ser contratado para o transporte do milho. Isto porque a safra de soja –destaque-se, a maior registrada neste ano– elevou o valor do frete e reduziu a quantidade de caminhoneiros interessados em realizar viagens de longa distância, afirma a empresa.


Em Mato Grosso, estima-se que mais de dois terços da soja já foram colhidos. Como o transporte não pode demorar, o resultado são longas filas com milhares de caminhões nas principais estações de transbordo do país, como Rondonópolis (MT) e Itaituba (PA). "Verifica-se, ainda, além da alta safra de soja, o aumento no valor do diesel, que também impacta consideravelmente o valor do frete", diz a transportadora.


Paulo Bertolini, presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), diz que o reajuste do diesel já fez o frete subir entre 30% e 40% em relação ao ano passado, dependendo da região do país. À dificuldade de transporte, diz ele, soma-se a falta de estrutura para armazenamento de grãos.


"Não temos estruturas de armazenamento dentro das fazendas. No Brasil, só 15% das propriedades têm isso, enquanto nos Estados Unidos essa média é superior a 50%. Com os silos no campo, seria possível administrar melhor o estoque, mas o que acaba acontecendo é que o caminhão vira o próprio centro de armazenamento", diz Bertolini, que cobra medidas efetivas do governo para incentivar a construção dessas estruturas no campo.


Filas de caminhões têm segurado os motoristas até por 48 horas nas regiões de transbordo. Para dificultar a situação, a preferência dos caminhoneiros são os trajetos mais curtos, de até 300 km, o que também reduz a oferta do transporte.


Daniel Furlan Amaral, diretor de economia e assuntos regulatórios da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), avalia que o governo pode até recorrer a medidas paliativas e temporárias, como o corte do imposto de importação para quem traz alimentos de outros países, mas diz que isso não resolve o problema.


"Do ponto de vista interno, temos de trabalhar a questão da infraestrutura e condições que melhoram o ambiente de negócios. Temos de nos espelhar no que fizeram China e Estados Unidos, que investiram em modais de longo curso, como hidrovias, que é o melhor modal de transporte de grãos, e ferrovias. No ano passado, a participação das ferrovias caiu", disse Amaral.


A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) aponta que há 3,165 milhões de caminhões de cargas em geral, em seus diversos tamanhos, rodando pelas estradas brasileiras. Do lado dos profissionais do volante, as sinalizações são preocupantes. Cerca de 60% da carga nacional passa pelas rodovias.


"A verdade é que, infelizmente, a situação tende a piorar, porque os trabalhadores do setor estão envelhecendo e não tem havido renovação de profissionais no ritmo necessário", diz Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística).


Em janeiro, a NTC&Logística fez uma pesquisa com 400 empresas sobre dificuldades de contratar motoristas. Entre os entrevistados, 93% confirmaram que têm passado por problemas para conseguir encontrar profissionais.


"Vemos com preocupação o cenário, porque muitas empresas ficam usando os caminhões como armazém. Além disso, há falta de segurança e infraestrutura. O motorista parado não ganha nada. É um absurdo essa situação", diz Wallace Landim, diretor da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), que representa os caminhoneiros autônomos.


 


Medida para baratear alimentos é inócua e mostra que governo não entende do assunto, dizem associações / Para produtores de milho e café, não existem fornecedores internacionais com preço competitivo em relação ao brasileiro- Folha SP 7/3


Pedro S. Teixeira


A derrubada do imposto de importação para alimentos anunciada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira (6), será inócua, diz o presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Paulo Bertolini.


"É uma sinalização de que o governo não sabe o que faz, não sabe dos efeitos do que está fazendo e sinaliza uma intervenção no mercado", afirma o presidente da Abramilho.


O grão é um dos gêneros alimentícios que estará livre da taxa, tal qual a carne, o café, o açúcar, os óleos de girassol e palma, além do azeite e da sardinha. A medida, segundo o governo, visa à redução da inflação, cujo alta é puxada pelo preço dos alimentos.


De acordo com Bertolini, não há fornecedores vendendo milho a um preço competitivo frente ao valor do produto brasileiro. Porém, o valor do cereal negociado na Bolsa de Chicago está em US$ 10,61 (R$ 60,99) por saca (sem contar gastos com transporte e estocagem), contra um preço de R$ 86,68 registrado no pregão da B3 para a mesma quantia.


O país é o terceiro maior produtor (uma safra por volta de 120 milhões de toneladas), atrás de Estados Unidos, que também exporta, e China, que ainda precisa importar para suprir a demanda interna.


O Brasil é o atual segundo maior exportador, seguido pela Argentina. O país vizinho, porém, teve a produção afetada por uma seca em meados do ano passado, assim como o Rio Grande do Sul.


O principal exportador para o Brasil é o Paraguai, responsável pelo abastecimento de 1,6 milhão de tonelada. Para os membros do Mercosul, como é o caso do país fronteiriço, a alíquota de importação já é zero.


Para ele, o anúncio de Lula dá a entender que o preço do milho é um causador de inflação. No entanto, é comum que o preço do grão suba no período de entressafra, que ocorre para os produtores do Centro-Oeste durante os primeiros meses do ano.


Nesse contexto, os estoques de milho estavam no fim de janeiro no patamar mais baixo da série histórica, de acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP. Essa situação é um reflexo da falta de estrutura de armazenagem e da concorrência por espaço com a soja, que tem preferência por ter maior valor de venda, diz Bertolini.


"Existe um estoque mundial de milho também historicamente muito baixo", acrescenta. Por isso, os preços do grão estariam em alta no mundo inteiro. No caso das commodities, os preços são negociados em larga escala de acordo com as oferta e demanda globais.


"O produtor rural não pode ser culpado pela inflação", finaliza.


Para o diretor de relações institucionais da Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), Aguinaldo Lima, o cenário se repete no caso do café. "Não vejo nessa medida nenhuma solução para diminuir os valores, para reduzir os valores no mercado interno, até porque o preço de café não é um problema do Brasil, é um problema do mundo."


O governo ouviu a indústria alimentícia antes de anunciar a medida. Entre as entidades que participaram de reunião nesta quinta estiveram a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e Abras (Associação Brasileira de Supermercados).


Impacto de tarifas zeradas sobre alimentos deve ser limitado, dizem pesquisadores do FGV Ibre / “Sem comprometimento fiscal, uma parte de tais benefícios pode ser cancelada por desvalorizações cambiais", comenta André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas- Valor 6/3


Anaïs Fernandes


O anúncio de medidas feito pelo governo brasileiro na noite desta quinta-feira (6) para tentar conter os preços dos alimentos veio dentro do esperado, segundo André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e coordenador dos índices de preços da instituição.


Segundo ele, zerar impostos de importação de itens como carne, café, massas e açúcar pode reduzir a inflação de alimentos. "Vai ajudar um pouco, mas não resolve o problema", pondera.


Francisco Pessoa Faria, pesquisador associado do FGV Ibre, observa que, no caso de produtos como o café e o açúcar, o Brasil já é um dos principais exportadores do mundo, junto com Vietnã e Índia. “Eu não sei de quem a gente vai importar. Não vejo como isso vai poder baixar o preço, inclusive porque esses preços são mais ou menos regulados internacionalmente. Então, me parece inócuo”, afirma.


Outros itens que terão tarifa de importação zerada, como óleo de girassol e sardinha, têm peso pequeno na inflação dos alimentos, segundo Braz. Já a inclusão do azeite na lista chama a atenção, diz ele, porque é um item mais de "luxo".


Além disso, “sem comprometimento fiscal, uma parte de tais benefícios pode ser cancelada por desvalorizações cambiais", diz Braz.


Outras medidas anunciadas sem muitos detalhes, como a inclusão de estímulos para a cesta básica e alimentos no Plano Safra, são válidas, mas não devem ter efeito no curto prazo, segundo Braz. O mesmo vale para a proposta de fortalecer estoques reguladores, aponta. "Ambos são bem-vindos, mas já deveríamos ter feito isso", afirma.


Faria também considera, em um primeiro olhar, as ideias para o Plano Safra e os estoques boas. “O problema é que o negócio não vai resolver neste ano, não vai resolver agora. Não é isso que vai resolver o problema”, afirma.


 


Análise: Medidas do governo não aliviam percepção de inflação disseminada no curto prazo / A análise é de interlocutores de associações empresariais que estiveram nesta quinta-feira (6) na longa reunião, de mais de três horas, entre membros de ministérios, entidades do agro, do comércio e do atacado- Valor 6/3


Adriana Mattos


As medidas anunciadas pelo governo nesta noite de quinta-feira (6), para tentar conter a inflação de alimentos, até podem trazer algum vento político favorável no curto prazo, mas não é esperado um efeito mais amplo que possa reverter a percepção de inflação mais disseminada nos alimentos.


A análise, feita sob condição de anonimato, é dos próprios interlocutores de associações empresariais que estiveram nesta quinta-feira (6) na longa reunião, de mais de três horas, entre membros de ministérios, entidades do agro, do comércio e atacado.


Segundo o anúncio, foram afetados pela redução de taxa de importação basicamente nove itens: massas, biscoitos, sardinha, óleo de girassol, azeite de oliva, café, açúcar, milho e carne. Ainda foi anunciado o fortalecimento de estoques reguladores de preços do governo e ampliação na cota de importação de óleo de palma.


Apesar do apoio às medidas, reservadamente, esses interlocutores ouvidos fazem observações do impacto final no preço. Afirmam, por exemplo, que o recuo na taxação não poderá se perder na cadeia de distribuição e na venda dos produtos, e esse será um ponto de atenção.


Ainda afirmam que parte das mercadorias afetadas pela menor taxação são itens já com ampla venda de marcas regionais pelo país, e com produção local forte, como massas, biscoitos, além de café, e com uma concorrência entre empresas.


No fim das contas, a ideia é que com impostos zerados, ou menores, se estimule a competição e preços possam cair. A questão é que, a depender do segmento, o nível de concorrência no Brasil já é alto. E com custos logísticos e de distribuição mais competitivos nos últimos anos.


Alguns deles, como massa e biscoitos, são produtos de alto consumo nas famílias, em parte, por serem mais baratos, e que tiveram aumento no volume vendido após o aumento da inflação alimentar, em 2024, mostram as cestas de produtos pesquisadas por consultorias do setor.


Vale lembrar também que a redução na tarifa de importação do trigo, que poderia ter um efeito mais extenso em diferentes produtos, ficou fora do anúncio, algo que chamou a atenção de uma fonte do setor.


Uma das novidades não esperadas pelo mercado veio com a decisão de acelerar um programa que simplificará a certificação sanitária, pelo sistema e-Sisbi. Mas não está claro, no entanto, como uma menor burocracia no trânsito de mercadorias pode reduzir preço de produtos na gôndola.


Uma das razões seria um desenvolvimento maior da agricultura familiar, que poderia crescer com menores burocracias, diz um empresário que esteve na reunião.


Efeito político


“Montar esse minipacote era algo eles queriam desde a semana passada. Já buscavam alinhar ações desde a quinta, mas os temas não estavam maduros ainda mesmo dentro dos ministérios”, disse essa fonte.


De acordo com uma segunda fonte que esteve no encontro com Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, além de secretarias de Estado, o clima entre as partes foi de construção de ações, e de deixar de lado eventuais divergências. E apesar de embates mais tensos em determinados momentos, a respeito, por exemplo, da cesta final a ser beneficiada pela menor taxação, o governo conseguiu sair de lá com medidas mais práticas.


“Isso ajuda a ‘endereçar’ essa pressão toda que os ministros vinham sofrendo para buscar o que apresentar à população. [Geraldo] Alckmin foi importante para buscar essa comunicação melhor entre os setores”, disse esse interlocutor. Alckmin tem um bom trânsito entre varejistas e atacadistas do Sudeste desde que era governador de São Paulo.


Boa parte das medidas são ações em linha com o que o governo já discutia nos últimos dias, como Valor informou na quinta-feira (27), e com o que o mercado aguardava, como a redução de tarifas de importação de produtos e fortalecimento de estoques reguladores.


Além disso, não veio nenhuma ação em torno da redução da tributação sobre fertilizantes e embalagens, que poderiam ter efeitos mais amplos, e o tema das restrições às exportações não foi colocado na mesa hoje.


Alckmin disse que outras medidas estão em debate, mas não detalhou se envolve esses temas.


Outras ações de médio prazo, principalmente relacionadas ao acesso ao crédito e custos de produção , no caso dos produtos, e de flexibilização de contrato de trabalho, no caso dos varejistas — com efeito muito mais estrutural — também não foram debatidas.


Para um analista de banco ouvido, não muda a perspectiva mais cautelosa para a dinâmica de consumo em 2025, que já está sendo sinalizada pelos varejistas e indústrias nos anúncios dos resultados de 2024.


Ainda permanece uma expectativa de que os volumes de alimentos vendidos permaneçam pressionados devido à inflação alimentar e ao poder de compra mais limitado nos últimos meses, diz uma analista de um banco estrangeiro.


Em um relatório publicado nesta quinta-feira (6), antes da divulgação das medidas, a equipe de XP já via espaço limitado para o governo anunciar ações por conta das limitações para “flexibilizar” as receitas fiscais.


Reunião do governo com empresários para falar sobre preços de alimentos tem momentos tensos / Ânimos se exaltaram quando foi colocado na mesa pelo governo a manutenção das misturas dos biocombustíveis por tempo indeterminado e a criação de um aplicativo para anunciar quais supermercados têm os melhores preços- Valor 6/3


Rafael Walendorff


Apesar da cena de união de governo e setor privado durante o anúncio de medidas para conter a inflação de alimentos nesta quinta-feira (6), no Palácio do Planalto, a reunião de quase três horas entre ministros, secretários e empresários do agronegócio e do setor supermercadista teve momentos tensos e de divergências mais acaloradas.


Participantes do encontro relataram que o governo sugeriu a manutenção das misturas dos biocombustíveis por tempo indeterminado. Com isso, o teor de adição do biodiesel ao diesel fóssil ficaria em 14% e o de etanol à gasolina em 27,5%, sem previsão de data para retomar o cronograma de elevação. A proposta desagradou produtores, que argumentaram de forma mais incisiva contra a medida, o que gerou mal-estar na sala.


Segundo relatos, o governo teria encampado a ideia de que o aumento das misturas, principalmente do biodiesel e do etanol de milho, encarece o preço da ração animal. Representantes do setor pediram então que os ministros apresentassem dados a respeito, o que não ocorreu. Os empresários argumentaram que o cenário é justamente o contrário: maior produção dos biocombustíveis gera mais farelo de soja e de milho (DDG) para alimentar os animais.


A falta de previsibilidade para o setor produtivo e a possibilidade de os teores de misturas serem mantidos por um longo período geraram desconforto nos empresários. Um dos participantes disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu que não houvesse intervenção nessa área. Na sexta-feira (7), produtores de biodiesel têm novo encontro marcado com Alckmin para pedir apoio pelo aumento da adição, para 15%, que deveria ter ocorrido no início deste mês.


Entre as medidas anunciadas pelo governo está uma ação de publicidade de produtos com preços mais baixos. Alckmin não deu detalhes de como funcionará.


Um participante da reunião disse que a ideia original do governo era criar um aplicativo para anunciar quais mercados têm os melhores preços de determinados produtos. A proposta gerou reação do setor. Na avaliação de entidades presentes, o mecanismo poderia pressionar pequenos e médios comerciantes e gerar concorrência desleal com grandes empresas, que têm escala e poderiam fazer mais promoções, por exemplo.


Segundo relatos, os atacadistas pediram ao governo para rever o aumento recente do imposto de importação de embalagens plásticas.


Alckmin destaca superávit dos EUA com Brasil em conversa com auxiliares de Trump / Videoconferência é parte de operação do governo Lula para tentar evitar que país vire alvo de tarifaço- Folha SP 7/3


Ricardo Della Coletta / Nathalia Garcia


O vice-presidente Geraldo Alckmin argumentou aos principais auxiliares de Donald Trump para a área de comércio que os Estados Unidos são superavitários nas trocas com o Brasil em cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,14 bilhão) e que o país aplica tarifa zero em alguns dos principais produtos comprados dos americanos.


Alckmin teve nesta quinta-feira (6) uma videoconferência com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e com o representante de Comércio americano, Jamieson Greer.


A conversa, que durou 50 minutos, faz parte de uma operação montada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tentar evitar que o Brasil se torne alvo de tarifas aplicadas por Trump —o republicano iniciou uma guerra comercial com seus principais sócios econômicos: México, Canadá e China.


De acordo com nota da assessoria do vice-presidente, além de destacar que o comércio bilateral tem favorecido os americanos, Alckmin disse que as tarifas efetivamente recolhidas pelo Brasil são menores do que os índices nominais.


"Dos dez produtos que o Brasil mais importa dos Estados Unidos, oito a tarifa é zero. A tarifa média ponderada efetivamente recolhida é de 2,73%, bem abaixo do que sugerem as tarifas nominais", diz trecho do comunicado.


"O Brasil responde pelo 7º maior superávit comercial de bens dos Estados Unidos. Se somarmos bens e serviços, o superávit comercial dos Estados Unidos com o Brasil supera os US$ 25 bilhões".


Ainda de acordo com a nota, foram apresentados os detalhes da política tarifária recíproca durante a conversa. Alckmin e os auxiliares de Trump concordaram em manter reuniões bilaterais sobre o tema nos próximos dias.


Pelo lado brasileiro, participaram da reunião o secretário-executivo do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Márcio Elias Rosa, a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, a secretária-executiva da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Marcela Carvalho, e o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, Uallace Moreira.


Também estiveram presentes o diretor do departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Fernando Pimentel, e o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Maurício Lyrio.


Segundo a Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) a partir de estatísticas americanas, entre 2014 e 2023, os EUA acumularam um superávit de US$ 263,1 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil. Apenas em 2024, o saldo positivo em bens para os americanos foi de US$ 7,3 bilhões, o sétimo maior entre seus parceiros comerciais.


No governo Lula, há a avaliação de que o Brasil está em uma posição equilibrada quando se trata da tarifa efetiva e que esse caminho deve ser explorado. Dados da Amcham mostram que, embora a tarifa média nominal brasileira para o mundo seja de 12,4%, a tarifa média efetiva ponderada sobre as importações dos EUA é de 2,7%.


O tema das tarifas já tinha sido parte da conversa de Alckmin com o senador republicano Steve Daines em reunião em Brasília, em fevereiro.


Em 13 de fevereiro, Trump assinou uma ordem de implementação de tarifas recíprocas, mirando países que, segundo o governo americano, taxam excessivamente sobre produtos dos EUA.


O etanol brasileiro esteve no topo da lista de exemplos elencados pelo governo americano em um documento que resumiu as medidas.


"A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil", disse trecho do texto.


Os estudos devem ficar prontos até 1º de abril. Até lá, a expectativa do governo Lula é conseguir negociar um acordo com os americanos.


Outra medida do republicano que afeta o Brasil é o anúncio de uma sobretaxa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA.


Produtos semiacabados de aço estão entre os principais itens exportados pelo Brasil aos EUA, ao lado de petróleo bruto, produtos semiacabados de ferro e aeronaves.


Segundo dados do governo americano, entre novembro de 2023 e novembro de 2024 o Canadá foi o maior fornecedor de aço para os americanos, com 22,6% do total, seguido pelo Brasil (16,4%) e o México (11,9%).


Governo norte-americano pode avaliar adiamento de taxas ao Brasil, diz secretário a Alckmin / Segundo integrantes do governo brasileiro que participaram do encontro, Lutnick sinalizou que Washington pretende discutir alternativas para evitar o aumento das tarifas. Ele citou que o Brasil 'não é dos países mais problemáticos'.- Globo g1 6/3


Por Ricardo Abreu, TV Globo — Brasília


O governo norte-americano pode adiar a aplicação de tarifas a produtos brasileiros, informou o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, durante reunião por videoconferência nesta quinta-feira (6).


Segundo integrantes do governo brasileiro que participaram do encontro, Lutnick sinalizou que Washington pretende discutir alternativas para evitar o aumento das tarifas e citou que o Brasil "não é dos países mais problemáticos" para os EUA na área comercial, reforçando o histórico de superávit americano no comércio bilateral.


Durante a conversa, os americanos destacaram a taxa cobrada pelo Brasil sobre o etanol importado dos EUA, e indicaram que aguardam um gesto do governo brasileiro sobre o tema como parte das negociações.


Grupo técnico e prazo até o dia 12


Um dos resultados do encontro foi a criação de um grupo técnico para aprofundar as discussões e buscar uma solução antes da data prevista para o início das taxações, marcada para o próximo dia 12.


A avaliação dos participantes foi de que o clima da reunião foi positivo, com disposição mútua para trabalhar em conjunto, eliminar barreiras e aprofundar o comércio entre os dois países.


Entretanto, segundo interlocutores, a decisão final sobre o adiamento das tarifas dependerá do avanço nas tratativas técnicas nos próximos dias.


Conversas continuam


Lutnick afirmou ainda que poderá tratar diretamente com o presidente Donald Trump sobre a possibilidade de adiar a entrada em vigor das tarifas.


Para dar sequência ao diálogo, o chanceler Mauro Vieira terá nesta sexta-feira (7) uma reunião com o chefe do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), Jamieson Greer, dando continuidade às tratativas para evitar que os produtos brasileiros sejam afetados pelo novo pacote tarifário norte-americano.


 


CadÚnico: governo federal anuncia atualização cadastral de milhões de famílias / Foco da campanha será nos cadastros que estão há mais de 24 meses desatualizados- O Globo 7/3


O Governo Federal através do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome anunciou, que 6,4 milhões de famílias inseridas no Cadastro único (CadÚnico) deverão realizar atualização de seus dados até fevereiro de 2026. A medida vale para beneficiários do Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Pé-de-meia, Auxílio Gás, Tarifa Social de Energia Elétrica e outros que não estão nesses programas, mas seguem inseridos na ferramenta.


O CadÚnico é utilizado para inclusão de famílias de baixa renda em programas sociais do Governo Federal. Reúne diversas informações como a quantidade de pessoas que constituem a família, condições de vida, entre outros. A atualização no sistema é prevista por lei e deve ser realizada a cada dois anos ou após mudança de endereço, ou renda. A falta de atualização no sistema pode promover a suspensão ou bloqueio do benefício.


Anúncio sobre atualização do CadÚnico


O anúncio para atualização do CadÚnico ocorrerá no aplicativo do CadÚnico, no ícone “envelope”, mas para quem se beneficia do Bolsa Família, haverá aviso no aplicativo Caixa Tem. Mensagens de texto no extrato de pagamento também serão enviadas para esses beneficiários.


Vale destacar que não existe necessidade imediata das famílias se deslocarem até os pontos do Sistema Único de Assistência Social (Suas), porque as notificações serão realizadas escalonadamente. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social e Combate à Fome, mensagens de voz também serão disponibilizadas através da Central de Atendimento da Caixa.


Assim, as famílias devem ir ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) ou no órgão informado pela gestão municipal, após o recebimento da notificação. Mas as famílias formadas por uma pessoa terão a entrevista feita no próprio endereço.


 


Carnaval fez vendas do comércio subirem 13%, diz Itaú / Sem revelar o volume de gastos dos brasileiros, banco captou movimento via pix e maquininhas da Rede- Folha SP 7/3


Dados apurados pelo Itaú Unibanco, maior banco privado do país, mostram que a folia nas ruas das cidades foi o que mais puxou as vendas realizadas pelo comércio entre o sábado de Carnaval e a quarta de cinzas na comparação com o mesmo período do ano anterior. A alta foi de 13% no período.


Os números consideram as vendas realizadas via adquirência (débito e crédito) e Pix QR Code, realizadas de pessoa física (PF) para pessoa jurídica (PJ), no ecommerce e via maquininhas da Rede.


Alimentação foi o item que mais puxou as vendas, com crescimento de 17,3%, seguido pelo consumo em bares e restaurantes (16,7%), combustível (15,6%) e hotéis (14,7%).


Com Stéfanie Rigamonti


 


Marta trabalha por indicação de advogado para Secretaria-Geral da Presidência / Segundo ela, Marco Aurélio de Carvalho representa melhor a Frente Ampla; outros nomes cogitados são Pimenta e Boulos, de quem ela foi vice em 2024- Painel – Folha SP 7/3


A ex-prefeita Marta Suplicy está engajada na campanha para que o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, seja nomeado por Lula para a Secretaria-Geral da Presidência.


Ela prometeu trabalhar junto a Lula e aliados pela indicação.


Seu marido, o empresário Márcio Toledo, que costuma organizar encontros suprapartidários onde a pauta é o enfrentamento ao bolsonarismo, diz que o advogado é "quem melhor representa o espírito e o sentido da Frente Ampla, tão necessária e imprescindível para o presidente Lula governar nosso país".


Os dois principais argumentos em favor de Carvalho são o fato de ele ter relações que furam a bolha da esquerda (embora seja filiado ao PT) e não ter projeto de se candidatar em 2026. Não precisaria, assim, deixar a pasta daqui a um ano, seis meses antes da eleição.


A Secretaria-Geral tem entre suas funções fazer a interlocução com movimentos sociais e a sociedade civil.


Outros nomes cogitados são o deputado federal Paulo Pimenta (RS) e, como mostrou a Folha, o psolista Guilherme Boulos (SP) –de quem, aliás, Marta foi vice na campanha à Prefeitura de São Paulo no ano passado. Também não está descartada a permanência do atual ministro, Márcio Macêdo.


Para defensores de Carvalho, a eventual nomeação de Boulos reforçaria o caráter "esquerdista" do Palácio do Planalto, especialmente após a indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para o Ministério das Relações Institucionais.


MDB diz não estar interessado em liderança do governo para Isnaldo / Hipótese passou a ser cogitada depois que líder do partido foi preterido por Lula do cargo de ministro das Relações Institucionais- Painel – Folha SP 7/3


O MDB mandou recados para o governo Lula de que não está interessado em uma eventual transferência do líder do partido na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), para a liderança do governo na Casa.


A hipótese passou a ser cogitada depois que Isnaldo foi preterido por Lula do cargo de ministro das Relações Institucionais, que acabou indo para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A liderança do governo seria uma espécie de compensação para o centrão.


Os emedebistas, no entanto, avaliam que Isnaldo tem mais projeção e poder liderando a bancada do partido. Migrar para a liderança do governo, no atual momento de baixa de popularidade presidencial, seria um movimento arriscado demais.


Além disso, isso amarraria o MDB mais ainda ao governo Lula, num momento em que o partido quer deixar em aberto suas opções para a eleição de 2026 —inclusive apoiar um nome da oposição.


Gusttavo Lima diz apoiar Caiado, mas que só tomará decisão política em 2026 / Governador afirmou na véspera que ele e o cantor formarão chapa presidencial no próximo ano- Folha SP 7/3


Anna Virginia Balloussier


O cantor sertanejo Gusttavo Lima reafirmou seu apoio ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de quem se diz amigo, mas descartou um posicionamento político agora, após Caiado dizer que os dois estarão juntos na mesma chapa presidencial no ano que vem —ele não especificou quem seria o titular e quem seria o vice.


A empresa que gerencia sua carreira artística divulgou nesta quinta (6) uma nota para confirmar que Gusttavo Lima estará com o governador goiano num ato em Salvador, no próximo dia 4 de abril. Só não há, segundo o texto, previsão para se filiar a um partido agora..


"Em relação a especulação sobre possível filiação partidária do cantor, enfatizamos que Gusttavo Lima participará do evento em questão estritamente em apoio a Ronaldo Caiado (de quem é amigo pessoal), não existindo definições sobre esse assunto. Reforçamos que Gusttavo Lima não tem partido, mas apoia o governador do estado de Goiás. Qualquer decisão por parte do cantor somente será tomada em 2026."


O cantor virou coqueluche eleitoral após pesquisa Quaest de fevereiro mostrá-lo como o nome mais competitivo contra o presidente Lula (PT) em 2026 —o petista marcou 41%, e Gusttavo Lima, 35%.


Sem partido, ele manifestou vontade de ser presidente do Brasil em janeiro, falando em colocar o seu "conhecimento em benefício de um projeto para unir a população".


Há dúvidas, nos bastidores políticos, se fala para valer. O dirigente de um partido que o sondou em janeiro, por exemplo, disse que vê um jogo combinado com Caiado. A ideia seria ganhar holofotes midiáticos, mas não levar a candidatura para frente. Em vez disso, endossar o governador e se lançar ao Senado.


Caiado disse na quarta-feira (5) que começará pré-campanha com viagens pelo país nos próximos meses. Segundo o governador, os dois estarão na mesma chapa, mas a decisão sobre quem será o candidato a presidente só será tomada em 2026.


"O importante é que vamos estar juntos", disse ao UOL. "A decisão será em 2026. Até lá vamos trabalhar."


Caiado foi o primeiro nome da direita a colocar candidatura na mesa, tendo anunciado sua disposição para concorrer em 2026 já no ano passado. Ele tenta ocupar o espaço junto ao eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi condenado pela Justiça Eleitoral e está inelegível até 2030.


Gusttavo Lima se aproximou ainda de Pablo Marçal (PRTB). Sob perigo de ficar inelegível, por imbróglios judiciais que acumulou na corrida municipal paulistana de 2024, o influenciador rejeitou recentemente a hipótese de ser vice do cantor.


Em fevereiro, os dois se encontraram em Miami, e o influenciador postou uma foto prometendo um anúncio que iria "abalar as estruturas da política nacional".


Enquanto patina por mares eleitorais, Gusttavo Lima faz acenos ao eleitorado bolsonarista. Na quarta, o empresário Luciano Hang, dono da Havan e notório defensor do ex-presidente Bolsonaro, publicou um vídeo sobre visita à rede de lojas do "embaixador" —apelido do cantor entre seus fãs.


Partidos pequenos, como o PRTB, o Avante e o PRD abriram portas para a filiação do artista tendo em vista a eleição de 2026. Líderes de legendas maiores, como União Brasil, PL e PP afirmaram que não podem prometer a candidatura presidencial e que o preferem na eleição ao Senado por Goiás. Há ainda muitos interesses regionais em jogo e resistências a embarcar no projeto de alguém sem experiência política.


 


ESTADÃO: INELEGIBILIDADES PODEM DIFICULTAR ESCOLHAS DA DIREITA, DIZEM ANALISTAS- 7/3


A direita brasileira chega ao cenário eleitoral de 2026 diante de um impasse. As inelegibilidades do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do ex-influenciador Pablo Marçal (PRTB) limitam, por ora, opções para a disputa presidencial, e o campo conservador ainda não conseguiu consolidar um nome forte o suficiente para rivalizar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Especialistas apontam que, apesar do desgaste do governo Lula, a fragmentação no campo da direita pode dificultar a competitividade da oposição.


O cientista político e sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, avaliou que “a direita tem um grande potencial eleitoral em 2026 por causa da queda de popularidade de Lula e da manutenção de uma forte polarização política no País”. “Outros fatores são as perspectivas econômicas, com inflação, sobretudo de alimentos e serviços, ainda alta, taxa de juros com tendência de alta. Ou seja, podemos chegar a 2026 com um crescimento não tão dinâmico para alimentar um projeto de reeleição e trazer um sentimento de continuidade para o eleitor (sobre Lula).”


No entanto, Cortez ponderou que a direita precisa superar desafios. “Vai ter que ter um trabalho de construção, de aproveitar essa oportunidade. Dados os desafios jurídicos e políticos de Bolsonaro - o único nome com capital político para unir o campo conservador e ter um grau de competitividade -, a tendência é de fragmentação no primeiro turno.”


‘ÓRFÃ’. Na mesma linha, o cientista político Paulo Ramirez, da Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo (FespSP) e ESPM, destacou que, caso o ex-presidente siga inelegível, a direita ficará “órfã” de um grande líder capaz de aglutinar votos. “O nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), surge como uma opção, mas há um detalhe importante: desde a redemocratização, com exceção do (Fernando) Collor, cargos Executivos em Estados e municípios nunca foram trampolim direto para a Presidência. O PSDB que o diga”, afirmou, referindo-se às tentativas frustradas de tucanos ao Planalto ao longo das últimas décadas.


O governador de São Paulo é considerado um aliado estratégico de Bolsonaro, mas ainda evita se comprometer publicamente com uma candidatura presidencial. Para o cientista político Ricardo Ribeiro, analista da MCM 4Intelligence, essa hesitação tem fundamento. “Para Tarcísio, o custo de oportunidade de deixar uma reeleição quase garantida em São Paulo para entrar numa eleição presidencial incerta é muito alto”, pontuou.


NOMES. Além de Tarcísio, outros nomes são citados, como os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). No entanto, os especialistas concordam que ambos sofrem com a falta de projeção nacional. Outro nome que ganha atenção é o do cantor sertanejo Gusttavo Lima. (Mateus Cerqueira)

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