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Amilton Aquino

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"E, como esperado, em pouco mais de um mês, a proporção entre eleitores que apoiam e desaprovam Trump já se inverteu. Infelizmente, minha esperança (e a de muitos cansados da cultura woke) de que o falastrão viesse a latir mais do que morder não está se confirmando. A tendência é que ele continue trazendo mais problemas do que soluções, criando um consenso mundial contra si. 


Seu maior mérito até aqui tem sido mostrar ao mundo como éramos felizes e não sabíamos. Ao contrário do que a esquerda pintou durante todo o século XX, os EUA não eram o grande vilão do mundo, mas sim o primeiro império da humanidade a criar uma legislação internacional com o objetivo expresso de proibir guerras expansionistas, o principal motivador de conflitos desde as primeiras civilizações.


Não por acaso, tivemos os 80 anos mais pacíficos e prósperos da história da humanidade, sem que o império da vez anexasse um único quilômetro quadrado de qualquer nação. Sim, tivemos guerras, algumas justificadas, outras não. Mas o fato é que os últimos 80 anos poderiam ter sido ainda mais pacíficos se, do outro lado, não houvesse… a Rússia, esta sim imperialista.


Basta pensar nos três principais grandes conflitos dos últimos cinquenta anos: a Guerra da Coreia, a do Vietnã e, agora, a da Ucrânia, além das dezenas de guerras revolucionárias, golpes ou tentativas de golpes ao redor do mundo. A Rússia tem suas digitais em todas, seja promovendo o famigerado comunismo ou, agora, retornando ao seu histórico imperialismo, que a levou a ser o maior país do mundo em extensão territorial.


É estarrecedor o quanto ainda hoje existe tanta gente simpática à Rússia. Na esquerda, até dá para entender, uma vez que o país esteve na dianteira da tentativa de revolução global, que via nos EUA e na Europa Ocidental os inimigos a serem batidos. Agora, quanto à direita, é realmente um fenômeno novo, que tem muito mais a ver com a recusa da cultura woke e com a simpatia por um populista autoritário (modelo que Putin exerce muito bem) do que com qualquer apreço à liberdade que dizem defender.


Ver cidadãos comuns defendendo Putin contra Zelensky é lamentável, mas ainda mais lamentável é ver hoje acadêmicos, inclusive norte-americanos, como Jeffrey Sachs, culpando os EUA pela invasão russa na Ucrânia! O grande e único argumento: a expansão da OTAN para o Leste Europeu!


É uma completa inversão de valores. Desde a queda do Muro de Berlim, ainda em 1999, Polônia, República Tcheca e Hungria correram para o guarda-chuva da OTAN. Por que será? Ano após ano, à medida que as ex-repúblicas soviéticas conseguiam se separar da Rússia, todas bateram na porta da OTAN. A Rússia até tentou segurar sua zona de influência já em 1994, quando estourou a guerra na pequena Chechênia, que chegou a expulsar os russos, mas logo depois foi reconquistada. Depois veio a Geórgia, onde a Rússia promoveu a separação de duas regiões e fincou suas bases militares. Depois, a Moldávia, cuja região da Transnístria segue como um enclave russo dentro do seu território. Depois, a Síria e diversos países africanos que passaram a ter bases russas. Por fim, a Ucrânia.


Durante todo esse tempo, o Ocidente fez vistas grossas para os cada vez mais audaciosos movimentos de Moscou. A guerra da Ucrânia apenas escancarou o grande objetivo da vida de Putin: recuperar a zona de influência da antiga URSS.


Ora, como um país com 130 milhões de habitantes e uma economia 35 vezes menor que a dos EUA e da Europa (com uma população 6 vezes maior) poderia ter a pretensão de recuperar a tal zona de influência?


Só mesmo na cabeça doentia de um psicopata como Putin. Agora, como ele tem conseguido arregimentar tanta gente no Ocidente para defender sua doentia visão de mundo é mesmo de admirar.


Todo mundo lembra o grande erro de Fukuyama ao escrever "O Fim da História", que celebrava a vitória da democracia liberal contra o autoritarismo comunista. O mundo teria um belo horizonte pela frente. A Europa desistiu de se armar. A Rússia, agora apenas mais um país problemático emergente, não seria mais uma ameaça à maior aliança defensiva da história.


Sim, é compreensível que, no Ocidente, muita gente tenha acreditado nesse futuro promissor. A Rússia não, pois está no seu DNA o expansionismo. E, enquanto o Ocidente se dividia com os devaneios woke, a Rússia espalhava desinformação para fomentar os conflitos internos, patrocinava movimentos de imigração islâmica para a Europa e, principalmente, se rearmava para sua mais ousada ação: a invasão da Ucrânia.


E aqui chegamos. Em pleno século XXI, a Rússia contando agora com um infiltrado na Casa Branca!


Enfim, sabe qual foi o erro do Ocidente nisso tudo? Não ter incorporado imediatamente todos os países do antigo bloco soviético na OTAN antes que a Rússia se rearmasse. A conclusão não é minha, e sim do cientista político Andrew A. Michta, em resposta ao bando de intelectuais trumpistas que tenta agora justificar a implosão da ordem mundial do pós-guerra, liderada pelos próprios EUA. Eu vou além, pois acho que o segundo maior erro do Ocidente foi ter patrocinado a transferência do arsenal nuclear da Ucrânia (o terceiro maior da época) para a Rússia. Se isso não tisse ocorrido, o mundo hoje não estaria no atual impasse.


E sim, a Rússia continua sendo o principal foco de desestabilização mundial, com seu proxy da era soviética, a Coreia do Norte, além do islamismo radical, também aliado no objetivo de destruir o Ocidente. Que Deus nos proteja, pois os EUA definitivamente lavaram as mãos quanto ao seu papel de polícia do mundo. A Rússia a e China agradecem."

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