Os Intelectuais irresponsáveis
Por Cláudio Dantas
Quando Pérsio Arida, Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha ergueram a bandeira de apoio a Lula em 2022, venderam ao Brasil a promessa de um governo responsável.
Com suas credenciais do Plano Real e ares de sobriedade liberal, juraram que garantiriam estabilidade e compromisso fiscal a um governo historicamente inclinado ao populismo.
O mercado aplaudiu, os editoriais celebraram, e Lula foi eleito com o selo de aprovação desses “carrapatos do mercado”.
Hoje, em março de 2025, com a economia em frangalhos, uma coisa fica clara: eles não foram meros espectadores da tragédia — foram coautores dela.
Eles sabiam exatamente quem era Lula.
Não era segredo que o PT, em seus anos de glória, priorizou gastos descontrolados e alianças políticas em detrimento de reformas estruturais.
Ainda assim, Arida, com sua retórica acadêmica, e Fraga, com seu prestígio no Banco Central, escolheram ignorar os sinais.
Apostaram que sua influência poderia domar as velhas tendências petistas, que suas vozes se sobreporiam às promessas eleitoreiras.
O resultado?
Uma economia à deriva: inflação descontrolada, real despencando, déficit fiscal em colapso e um mercado que, depois de lucrar com Lula, vê agora o estrago que ajudou a causar.
E o pior: já articulam nos bastidores para garantir que o sucessor de Lula não seja Jair Bolsonaro.
A corresponsabilidade desses economistas está na ilusão que venderam.
Durante a transição, posaram como guardiões da racionalidade, garantindo que o tripé macroeconômico do governo Bolsonaro — câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal — seria preservado.
Mas o tripé ruiu, e eles assistiram calados enquanto o governo expandia gastos sem contrapartidas, afrouxava a política monetária e terceirizava a culpa para a “herança maldita” ou o cenário externo.
Em 2024, Arida já admitia que o tripé estava “manco”, mas fingiu não ver que sua chancela a Lula só acelerou o colapso.
Fraga, com sua experiência, não pode alegar ingenuidade ao endossar um projeto fadado ao fracasso.
O pior veio depois: o silêncio ensurdecedor.
Enquanto o Brasil afunda, esses economistas não fazem um mea culpa.
Preferem se esconder atrás de análises técnicas e discursos sobre fatores globais, esquivando-se da responsabilidade de terem dado legitimidade a um governo que trocou a disciplina fiscal por benesses políticas.
O agronegócio, e não a política econômica de Haddad, é o que ainda impede um desastre maior.
Enquanto isso, o povo sente no bolso o preço da irresponsabilidade:
desemprego crescente, custo de vida sufocante e uma moeda que derrete a cada nova canetada.
Esses economistas não foram vítimas de circunstâncias.
Foram cúmplices conscientes movidos por vaidade, cálculo político, ou pela ilusão de que poderiam domar o indomável.
Deram ao PT o verniz de seriedade que ele precisava para vencer, mas esqueceram de que estavam embarcando em um trem desgovernado.
A tragédia econômica de 2025 tem muitos pais, mas esses economistas deixaram suas digitais na cena do crime.
Lula riscou o fósforo, e eles jogaram a gasolina. “
Cláudio Dantas
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