domingo, 11 de junho de 2017

Despedidas (9)


Nos tivemos de mudar muitas coisas de nossos hábitos para a transição de Lisboa para cá. Em Portugal, o lazer principal era comer e viajar (na verdade, era cuidar e brincar com, as crianças, e isso continua sendo a principal atividade, cá como lá). Aqui, como ja falei antes, as prioridades são outras. Há muito o que fazer que não havia em Portugal (para ser justo, não ha’ em lugar algum, pelo menos não no volume que se tem aqui), mas comer e viajar não são comparáveis. Também já comentei em algum lugar que Manhattan e’ peculiar por que nao tem um centro em nenhum sentido. A vida urbana e’ construída em  sub áreas do espaço, não propriamente bairros, mas que sao separados por alguma linha que, apesar de invisível, todo mundo conhece. Dentro de cada uma dessas areas ha’ praticamente tudo, com poucas exceções (por exemplo, os grandes museus, o distrito teatral, etc). Mas nao e’ apenas o pequeno comercio que se espalha por essas áreas, como em qualquer outra cidade, mas sao também muitas formas de lazer, restaurantes, etc. Ha’ restaurantes famosos e ha, mais que em qualquer outro lugar, as grandes cadeias, do MacDonald’s ao Red Lobster, muitas, fazendo todo tipo de comida. Mas voce tem a sua volta bons lugares, a precos normais (nao turísticos), que sao conhecidos pelos moradores da area, mas que praticamente nao sao frequentados por mais ninguém. Nos nos adaptamos sem grande dificuldade a essa geografia. Ha’ um numero enorme de pizzarias aqui em volta, como em toda a ilha. Como a comunidade de emigrantes italianos e descendentes e’ muito grande, as pizzas tendem a ser boas (em Portugal tinhamos muita saudade de pizzas melhorzinhas: ha’ poucos italianos, o pessoal que faz pizza parece ter aprendido pelo google). Mas alguns lugares sao muito bons. Aqui perto de casa, na Primeira com 74, ha’ uma chamada Numero 28, que faz uma pizza branca (sem molho de tomate) trufada que e’ um delirio, pelo gusto e pelo perfume do azeite trufado. As outras sao boas tambem, mas a de trufas e’ o nosso pedido de sempre. Mais perto ainda, na Segunda com 65, ha’ um restaurante italiano muito bom tambem, chamado Mediterraneo, que serve entre as entradas uma polenta com pesto que nos reconciliaria com a vida, tivessemos nos alguma queixa mais seria. O resto do cardapio e’ muito bom, mas depois da polenta com pesto, a gente aceitaria qualquer coisa. Nos ainda nao nos conformamos com a perda do lugar a que iamos muito, a duas quadras de casa, chamado Bistrot 61, na Primeira com (pois e’) 61, onde se comia mexilhoes com fritas deliciosos, alem de um hamburger Rossini (com um pedaco de escalope de foie gras por cima) magnifico. Em todos esses lugares se e’ (ou era, no caso do 61) atendido por jovens estudantes muito simpaticos. Nosso consume mais frequente acaba sendo comida vietnamita, no Spicy Saigon, na Primeira com 67, um bistrot operado por uma familia vietnamita, com comida deliciosa e precos muito baixos. A poucas quadras de casa ha’ ainda um classico local que frequent ha’, literalmente, decadas, o Burger Heaven, onde se come um cheeseburger ao modo tradicional, acompanhado de batatas fritas, cole slaw e pickles de pepino. Rarissimas vezes, nesses dois anos, comemos fora desse perimetro. Uma ou outra vez para visitar algum lugar muito tradicional, como Oyster Bar, na Grand Central, mais pelo folklore do que realmente pela comida. Ha’ muitos outros lugares em volta, servindo sushis, comida Indiana, e outras mais incomuns, como persa, afghan, cambodjana, e por ai vai. Mas eu confesso que meu gusto pelo exotico e’ limitado, ao contrario do resto da familia. Esses lugares “de bairro” tem sempre precos melhores (mas e’ sempre preciso tomar cuidado com o vinho, que muitas vezes dobra a conta, e se lembrar que ha’ tambem o imposto, cerca de 8% e a gorjeta, mais 17%, que nao estao incluidos no precos do cardapio). Mas ha’ outra alternativa, muitas vezes mais interessante, para quem passa temporadas mais longas, os lugares onde se pode comprar coisas para comer em casa (da’ para comer em hoteis tambem, com certeza), mas a esses eu volto depois.

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