FECHANDO A SEMANA

Quinta-feira foi dia de Relatório Trimestral de Inflação (RTI), mas também de avanços no Congresso em algumas decisões do Congresso. Na CPI da Covid tivemos dois médicos avaliando a situação da pandemia no Brasil.  

No RTI o BACEN reforçou que deve manter na sua política de "normalização da política monetária" (não mais parcial), até algo em torno de 6,0% a 6,5%, próxima da neutra, talvez no ano que vem. Na próxima reunião do Copom, mais um ajuste de juro será sancionado, havendo dúvidas se em 0,75 ponto percentual ou 1,0. Atualmente, a taxa Selic se encontra em 4,25% ao ano. Disse a instituição, no entanto, que uma deterioração das expectativas da inflação pode exigir um aperto maior. Aqui o receio maior se desloca para a inflação, mais pressioanda, pela elevação nos preços da energia elétrica. 

Sobre as projeções, o BACEN elevou o crescimento do PIB em 2021 de 3,6% para 4,6%, ainda abaixo da Focus que projeta 5,0%. Esra revisão da projeção acabou possível, principalmente, pela melhora do setor de serviços. O BACEN frisou, no entanto, que o ritmo de crescimento ainda enfrenta bastante incerteza e riscos como "a disseminação de novas variantes do coronavírus, custos elevados em algumas cadeias produtivas e eventuais implicações da crise hídrica".

Até maio, o Banco Central falava em manter o processo de "normalização parcial" de estímulos à economia. Desde a semana passada, no entanto, depois da reunião do Copom, foi retirado este termo "parcial", indicando claramente a intenção de elevar a Selic até a taxa neutra - quando o o juro permite crescimento sem inflação - prevista em torno de 6,5%. 

Para completar o dia, o CMN fixou a meta de inflação para 2024 em 3,0%. As metas para 2022 e 2023 foram mantidas em 3,5% e 3,25%, respectivamente, e também o intervalo da meta de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2021, a meta é de 3,75%.

Nesta sexta-feira, teremos o IPCA-15, com certeza "absorvendo" o "tarifaço" de energia em curso. A taxa mensal deve ficar próxima a 1,0%, em 12 meses passando de 8,0%. Segundo o BACEN, os riscos de "contaminação da inflação futura", em decorrência da pressão atual, seguem no radar. É dia também de dados externos, com o saldo em conta corrente e os investimentos externos. O BACEN mantém a projeção para o saldo das contas externas neste ano de 0,2% do PIB. Esta previsão estava no Relatório de Inflação. Temos também os dados do CAGED. 

IPCA, em 12 meses, deve atingir 8,5% até agosto e a conta de luz, mais cara em julho. Com a revisão para cima da bandeira vermelha 2 - ainda a ser definida pela Aneel -, a tarifa como um todo deve subir 5% a 6% a partir do mês que vem. Esta projeção leva em consideração o avanço de 15% a 20% na bandeira vermelha 2.

Nos EUA, teremos o PCE e seu núcleo, mais um elemento do Fed na sua decisão de manter (ou não) a atual política acomodatícia. Parece já haver no mercado um consenso de que, por ora, esta decisão do Fed, considerando a inflação atual como algo transitório, como algo acertado.

Hoje é dia do ministro Paulo Guedes levar ao Congresso a portaria que define a isenção do Imposto de Renda Pessoa Física, de R$ 1,9 mil para algo em torno de R$ 2,3 mil a R$ 2,5 mil. É mais uma etapa da fatiada reforma tributária do governo.   

Na CPI, a expectativa nessa sexta feira se volta para os depoimentos dos irmãos Luis Miranda, deputado federal pelo DEM, e Luis Ricardo Miranda, servidor do ministério da Saúde, que denunciou um contrato irregular, visando a compra de um lote da vacina indiana Covaxin. Este depoimento acontece num momento em que o presidente segue muito pressionado, com a popularidade derretendo. Pesquisas recentes indicam isso, com a rejeição à 49% e a popularidade no seguinte nível: os que acham Bolsonaro regular (26%), ótimo ou bom (23%) e péssimo (49%).

E isso tudo acontece com o fantasma da candidatura Lula irreversível, depois da "decisão" do ministro Gilmar Mendes, nessa quinta, de estender a suspeição do ex juíz Sérgio Moro para todos os casos do petista nos quais atuou.

Nos mercados, o Ibovespa registrou alta de 0,85%, a 129.513 pontos com volume financeiro negociado de R$ 27,675 bilhões. Já o dólar fechou em queda de 1,17% a R$ 4,905. Foi o menor patamar do câmbio desde 9 de junho do ano passado, quando o dólar encerrou a sessão cotado a R$ 4,8885. Esta foi a quarta baixa consecutiva. 

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