quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: ONTEM foi uma sessão aborrecida, típica de agosto. Nova Iorque fraca, embora a Europa tenha conseguido encerrar ligeiramente em terreno positivo. O setor tecnológico registou tomadas de lucro (Nq-100 -1,4%), mais por cautela do que por notícias concretas. O setor de defesa caiu devido à (aparente) reabertura das negociações para um cessar-fogo na Ucrânia. Consideramos a reação do mercado ingénua. Leonardo caiu -10%, o que nos parece uma sobrerreação e, por isso, consideramos uma oportunidade para comprar mais barato, com um preço-alvo de 57,4€ (potencial +30%) (ver nota em espanhol). A Home Depot animou ligeiramente a sessão nos EUA, apresentando vendas comparáveis no 2º trimestre de +1% vs +1,1% esperado e BPA de 4,68$ vs 4,72$ esperado, mas confirmou o guidance para 2025, algo que o mercado interpretou como uma mensagem positiva quanto ao impacto das tarifas.


GEOESTRATÉGIA. O Hamas afirma estar disposto a uma pausa de 60 dias e à libertação de reféns (proposta dos EUA, já aceite por Israel). A situação na Ucrânia também apresenta hoje um melhor cenário: os EUA estariam dispostos a garantir de alguma forma a segurança da Ucrânia com meios aéreos após um eventual cessar-fogo, mas apenas se a Ucrânia adquirir armas americanas por 100 mil M$, financiadas pela Europa. Trump referiu que a Rússia enfrentaria uma “situação difícil” se não colaborasse para alcançar um acordo de paz.


MACRO. Inflação a subir no Reino Unido: +3,8% vs +3,6% (Subjacente +3,8% vs +3,7%). Com estes dados, o quadro global da inflação é o seguinte: EUA perto de +3%, Reino Unido perto de +4% e UEM um pouco acima de +2%. A Nova Zelândia reduziu a taxa diretora para 3,00% (de 3,25%). A China manteve a taxa de financiamento a 1 ano em 3,00% e a 5 anos em 3,50%. Ambos, como esperado.


EMPRESAS. A Softbank comprou cerca de 2% da Intel, além do facto de o governo dos EUA estudar tomar cerca de 10%. O governo do Reino Unido aliviou a pressão sobre a Apple relativamente à segurança de dados. Além do já referido sobre Defesa (Leonardo) e Intel.


CONCLUSÃO: Perspectiva fraca para hoje porque deverá prevalecer a cautela natural antes de Jackson Hole (reunião anual de banqueiros centrais em Wyoming), que começa amanhã e termina sábado. Powell fala na sexta-feira às 15h. Será um teste quanto à sua postura sobre as próximas descidas das taxas. Achamos que irá insinuar mais uma descida na reunião de 17 de setembro (-25 pb, para 4,00/4,25%), mas nada mais, e mesmo isso não é certo. O seu mandato termina em maio de 2026 e Trump deverá nomear outro (Bessent, Hasset, Waller…?) mais favorável a descidas de taxas. Hoje não há grandes referências. A Suécia (Riksbank) irá manter a taxa diretora nos 2,00% às 8h30 e a Target publica resultados na pré-abertura dos EUA (BPA esperado: 2,01$; -21,6%). Isso é neutro ou ligeiramente negativo. Os futuros das bolsas apontam para quedas de cerca de -0,3%/-0,5%, e esse deverá ser o desfecho hoje.


S&P500 -0,6% Nq-100 -1,4% SOX -1,8% ES50 +0,9% IBEX +0,3% VIX 15,6% Bund 2,75% T-Note 4,32% Spread 2A-10A EUA=+56pb O10A: ESP 3,78% PT 3,16% FRA 3,45% ITA 3,59% Euribor 12m 2,081% (fut.2,194%) USD 1,164 JPY 171,6 Ouro 3.320$ Brent 66,0$ WTI 62,6$ Bitcoin -1,3% (113.609$) Ether -1,6% (4.169$).


FIM

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Carlos Eduardo Novaes

 A VOLTA POR CHINA –  Carlos Eduardo Novaes

Fazem 36 anos. O dia 4 de junho de 1989 marcou o fim dos maiores protestos que a China conheceu, realizados por milhares de estudantes que pediam liberdade e democracia na Praça da Paz Celestial, em Pequim. O Exercito chinês conteve a manifestação à bala provocando a morte de 300 pessoas (número oficial). Pouco depois Deng Xiaoping, chefe supremo do país, iniciou a “Segunda Revolução”,  trazendo ao mundo uma improvável novidade: a combinação de um regime totalitário com uma economia de mercado. Na ocasião Xiaoping declarou em alto e bom som: “Lamentem os mortos mas recebam a prosperidade”.


De lá para cá a China cresceu 10% por ano (em média), tirou quase 900 milhões de pessoas da pobreza e da miséria (dados do Banco Mundial), tornou-se a segunda economia do planeta, ganhou estabilidade social e sob a batuta do Partido Comunista enterrou definitivamente as esperanças de algum dia virar uma democracia.


- Nem em meus sonhos mais doces imaginei que a China seria o que é hoje – declarou ao jornal O Globo, o gerente de uma distribuidora de bebidas em Xangai.


Nem ele nem eu que estive na China em 1975 – três anos depois da visita de Nixon e um ano depois de Brasil e China estabelecerem relações diplomáticas. Mao Tsé Tung ainda era vivo – morreu em 1976 – e ao passar em frente sua residência me pus a pensar como um homem da sua estatura – física e histórica -, líder da Revolução de 1949, cabia em uma casinha tão modesta. Voltei à China 42 anos depois, em 2017.


Na época da primeira viagem à China era um ponto abaixo da curva planetária. Um país pobre, rural – 80% de sua superpopulação vivia nos campos – pouco citado na mídia e de onde ninguém saia e poucos turistas entravam (sob vigilância). Na majestosa Praça da Paz Celestial, meia dúzia de gatos pingados, nas largas avenidas uma dúzia de carros antigos e centenas, milhares de bicicletas que mais pareciam um enxame de gafanhotos. 

Às oito horas da manhã tocava uma sirene pela cidade, as bicicletas paravam onde estavam e seus condutores iniciavam um momento de exercícios físicos seguidos por uma breve louvação ao presidente Mao, sempre aclamado como o Grande Timoneiro. Havia fotos de Mao espalhadas por cada metro quadrado de Pequim.


Uma cidade em preto e branco onde a noite descia pesada sem o brilho de luminosos. Raro ver um chinês em trajes comuns. Vestiam túnica azul ou cinza ou o uniforme do Exército Vermelho...na cor verde! Coloridas somente as crianças, muito coloridas. Nossos dois guias estavam sempre de azul e um deles, Chang, se espantou quando na chegada do grupo ao hotel pedi que me conseguisse um exemplar do Diário do Povo.

- O senhor entende nossa língua? – perguntou ele em português de Portugal

- Nada! Mas pelas fotos posso avaliar se há uma contrarrevolução em marcha...


A viagem de 25 dias pelo país partiu de trem de Pequim para o Sul até Cantão, de onde saímos para Hong-Kong. Logo na chegada do então “protetorado” inglês demos de cara com o cartaz: “Beware with pick-pockets! ” (Cuidado com os punguistas). Estávamos entrando em outro mundo.

 Durante o périplo aproximei-me de Liu, a pequenina intérprete (1m50 talvez) que falava português melhor do que eu e abusava da expressão “joia”, na moda no Brasil. Anos depois fui encontrá-la em Havana, Cuba, onde o marido servia e mais recentemente ela me descobriu no Face Book. No trem conversávamos muito sobre nossos países, Liu pouco sabia sobre o Brasil e quando lhe mostrei o país no mapa ela comentou:

- Grande como a China! Devemos ter muita coisa em comum, não?


Muitas lembranças ficaram pelo caminho, outras se apagaram ao longo desses 40 e tantos anos. Visitamos inúmeras escolas, fábricas, museus, comunidades rurais e fomos homenageados com um almoço onde nos  serviram o famoso pato laqueado, precedido por um longo ritual que começava com o cozinheiro exibindo o pato, tal como um mágico, já morto e depenado. Foi duro come-lo depois.


De todas as visitas, sempre iniciadas à volta de uma mesa com explicações dos dirigentes e regadas a chá e cigarro (os chineses são verdadeiras chaminés ambulantes) duas situações me deixaram impressionado, pelo inusitado (para moradores no Brasil). Nas fábricas os velhos aposentados permaneciam na ativa. Quando perguntei se seria por falta de mão-de-obra (imagina se vai faltar mão-de-obra na China!!) o dirigente me respondeu que suas presenças eram importantes para transmitir experiência e sabedoria aos mais novos.

 

A segunda surpresa veio nas escolas primárias, incluindo o jardim de infância. Fomos levados  a uma grande sala onde as crianças se divertiam com brinquedos. Só que os brinquedos, muito simples, bolas, ursos e cubos, eram quase do tamanho dos alunos, obrigando-os a se juntarem, dois, três, quatros para movimentarem as peças. Uma cena estranha aos olhos de um forasteiro ocidental. Indaguei a razão daquela desproporção e a professora respondeu:


- Simples. É para as crianças aprenderem a importância da ação coletiva. Se distribuirmos brinquedinhos pequenos cada uma vai brincar sozinha em seu canto.


Não é o que acontece no mundo adulto de hoje? Outro dia recordei as palavras da professora ao entrar em um vagão do metrô no Rio e observar quase todas as pessoas com o nariz enfiado nos seus “brinquedinhos” digitais.


Em 2017, na recente viagem a Pequim, a Praça da Paz Celestial, palco do massacre de 1989, tinha virado atração turística, cobrava ingresso, submetia as pessoas a rigorosa revista e transbordava de gente que se espalhava pelos seus 44 hectares (0,44 kms2). Desapareceram os uniformes. A exceção da farda dos policiais e militares, os trajes não eram diferentes dos que circulam pela Disneylândia. Eu caminhava pela multidão, olhando para baixo à procura dos pés-de lótus, mas o que via eram sapatilhas, rasteirinhas, scarpins, um ou outro Dolce Gabana e Marta me apontou um Brian Atwood que custa mais de mil dólares. Pequim hoje concentra a maior coleção de grifes famosas do planeta.


Uma cidade agora vertical, brilhante, luminosa, onde a noite cai com as cores do arco-íris. As “hutongs”, casinhas alinhadas em torno de um pátio quadrado com um banheiro coletivo no centro, sumiram das ruelas, demolidas pelo progresso vertiginoso que em suas áreas ergueu lojas, galerias e prédios de apartamentos. Enfim os chineses que habitavam essas precárias habitações ganhavam um banheiro para chamar de seu.

 

Aquela cidade que conheci nos anos 70 e mais parecia a capital de um país sem futuro transformou-se em pouco mais de quatro décadas em uma frenética megalópole com todos os requisitos da modernidade. Circulávamos por todos os cantos – eu e Marta – mais relaxados do que em nosso país. As pessoas se mostravam atenciosas e sorridentes – o chinês tem um riso fácil (nem sempre autêntico). Quando anoitecia surgiam grupos fazendo exercícios físicos coreografados nas largas calçadas. No pátio de uma igreja próximo ao hotel onde estávamos os casais dançavam a céu aberto. A China continua hoje sendo um ponto fora da curva, mas no melhor sentido da expressão.


Li em algum lugar que no passado 80% dos chineses que saiam para estudar em universidades estrangeiras não voltavam ao país. Atualmente só não volta quem recebe ofertas irrecusáveis. Os chineses entram e saem de suas fronteiras aos borbotões, tomando o lugar dos japoneses no protagonismo do turismo internacional. A qualquer ilhota que se vá no fim do mundo lá está um bando de chineses com suas câmeras e máquinas fotográficas. É certo que o Governo restringe alguns direitos dos cidadãos – da plena informação, entre eles – mas eles gozam de algumas liberdades – de viajar, entre elas – que nunca existiram na União Soviética de onde os russos fugiam para dirigir taxis em Nova Iorque. O que fez a diferença?


Deng Xiaoping e seus sucessores adaptaram Marx aos tempos modernos. O sonho de igualdade do barbudo alemão nunca alcançado pelos soviéticos e seus “satélites” – se é que eles tentaram de verdade – estão muito mais próximos do que se pensa da realidade chinesa. O país se empenha para reduzir o nível de pobreza e botar seus habitantes dançando nas ruas. Para isso conta com a maciça presença em seu território do capitalismo universal. Uma incoerência? Uma contradição, o capitalismo dar o braço ao comunismo? E desde quando o capital se preocupa com a ideologia dos regimes políticos que lhe permitem multiplicar os lucros? 

 

Andava pelas ruas de Pequim extasiado com aquele cenário de esfumaçada grandeza pensando que nesses 47 anos que separam minhas duas visitas, a China cresceu a uma velocidade alucinante, conduzida pelo Partido Comunista, graças a “Segunda Revolução” de Xiaoping ironicamente apoiada pelas “democracias de mercado” ocidentais.

 Não pude deixar de estender meu pensamento até nosso governo do povo, para o povo e pelo povo, amargando uma comparação frustrante ao constatar que nessas quatro décadas o país avançou muito, mas atrás do trio elétrico do Primeiro Mundo e na direção da desigualdade social e econômica.


Por fim resta uma dúvida que me invadiu quando subia a Muralha da China. Será que o brasileiro está feliz em viver em uma “democracia capitalista” que exalta a liberdade e os direitos fundamentais só para privilegiar as elites? 

Um empresário (lúcido) que viajou ao meu lado no retorno ao Brasil, afirmou sobre a China:

- Se eu fosse 90% da população brasileira iria preferir viver lá. Como estou entre os 10% ...

Aula prática de economia

 AULA PRÁTICA DE ECONOMIA

Como funciona a economia. Isso não ensinam na escola.


Todas as tardes, dez amigos se encontravam no Bar do Leôncio, no centro da pacata cidade de Santa Aurora, para beber, conversar e esquecer um pouco as preocupações da vida.

A conta era sempre a mesma: R$ 100,00 por rodada de cerveja.

Mas eles nunca dividiam essa conta igualmente, pois sabiam que suas realidades eram muito diferentes — e então decidiram contribuir de forma proporcional ao que cada um podia pagar:

Os quatro mais pobres não pagavam nada.

O quinto, que fazia bicos, pagava R$ 1,00.

O sexto, com um trabalho irregular, dava R$ 3,00.

O sétimo, que tinha um salário fixo, contribuía com R$ 7,00.

O oitavo, funcionário público, pagava R$ 12,00.

O nono, dono de um pequeno negócio, desembolsava R$ 18,00.

E o décimo, o mais rico — Artur Dourado, um investidor de sucesso — bancava o restante: R$ 59,00.

Todos achavam justo. Todos brindavam juntos. Todos se beneficiavam da cerveja.

 Era como funcionam os impostos progressivos no Brasil e em muitos países:

Quem tem mais, contribui mais.

Um dia, o Leôncio, dono do bar, apareceu com uma novidade:

— Meus amigos, vocês têm sido clientes fiéis. Hoje, vou dar um desconto: a rodada vai sair por R$ 80,00!

Foi só alegria. Mais risadas, mais brindes, e até um “viva ao Leôncio!”

Mas aí surgiu uma dúvida:

Como dividir esse desconto de R$ 20,00 de forma justa?

Se os R$ 20,00 fossem divididos igualmente entre os dez, os quatro que nunca pagaram passariam a “receber” dinheiro só por estarem ali — o que parecia estranho.

Então Artur Dourado, o mais rico, propôs:

— E se a gente repartir o desconto na mesma proporção de antes? Cada um ganha um alívio conforme já contribuía. Assim, ninguém perde.

Todos concordaram.

E o novo valor ficou assim:

O 5º passou de R$ 1,00 para R$ 0,00.

O 6º de R$ 3,00 para R$ 2,00.

O 7º de R$ 7,00 para R$ 5,00.

O 8º de R$ 12,00 para R$ 9,00.

O 9º de R$ 18,00 para R$ 14,00.

O 10º (Artur) de R$ 59,00 para R$ 50,00.

Todos pagaram menos.

Ninguém saiu no prejuízo.

Todos economizaram.

Mas aí começaram as reclamações...

— “Peraí… o Artur economizou R$ 9,00 e eu só R$ 1,00?”

— “Isso não é justo!”

— “Os ricos sempre se dão melhor!”

— “Ele tá ganhando mais que a gente com esse desconto!”

Tomados pela indignação, os nove amigos se revoltaram contra Artur.

Chamaram-no de aproveitador. Disseram que o sistema favorecia os ricos.

Reclamaram tanto… que no dia seguinte, Artur não apareceu mais.

E foi só nesse momento que entenderam:

❌ Sem ele, os outros não conseguiam juntar nem metade da conta.

❌ Sem ele, o sistema não se sustentava.

❌ Sem ele… não havia mais cerveja para ninguém.

 Essa história mostra, de forma simples, como funcionam os impostos progressivos:

Quem ganha mais, paga mais.

Mas se você pune quem sustenta a estrutura, o sistema inteiro desmorona.

Moral da história:

“O socialismo fracassa… quando acaba o dinheiro dos outros.” — Margaret Thatcher

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Bolsas em compasso de espera até à reunião dos banqueiros centrais em Jackson Hole (de quinta a sábado), reagindo de forma muito moderada às restantes referências. Isto foi o que aconteceu ontem (EUA estáveis e Europa -0,3%) e hoje é previsível que a mesma tendência se mantenha. Será uma sessão com praticamente nenhuma referência. Teremos apenas: (i) alguns indicadores do mercado da habitação nos EUA (Inícios de Construção e Licenças de Construção), que deverão continuar sólidos; (ii) resultados do segundo trimestre da Home Depot antes da abertura americana, que poderão dar as primeiras pistas sobre o impacto das tarifas de Trump no consumo; e (iii) ruído no plano geoestratégico, sendo que será apenas isso mesmo. Ruído com poucas conclusões práticas e pouco impacto nos mercados. Fica claro que no fim de semana as posições se mantiveram distantes, pelo que damos pouca probabilidade a uma resolução rápida do conflito.


Em suma, o mais provável hoje é que as bolsas voltem a movimentar-se lateralmente (+/-0,3%), à espera de Jackson Hole e, concretamente, da intervenção de Powell na sexta-feira. Poderá apontar para uma descida das taxas em setembro, mas sem se comprometer para já com o ritmo de afrouxamento da política monetária, arrefecendo provavelmente as expetativas do mercado, que apontam para 2 a 3 cortes este ano, podendo favorecer alguma tomada de ganhos a partir de sexta-feira.


S&P500 0,0% Nasdaq100 0,0% SOX +0,4% ES-50 -0,3% VIX 15,0% BUND 2,78%. T-NOTE 4,33%. SPREAD 2A-10A EUA=+56,8pb O10A: ESP 3,33% ITA 3,59%. EURIBOR 12M 2,08%. USD 1,166. JPY 172,4. OURO 3.331$. BRENT 66,5$. WTI 63,3$. BITCOIN -0,8% (116.470$). ETHER -2,0% (4.340$).

Aperto dos EUA

 *ESTADÃO: EUA APERTAM CERCO A MORAES; BRASIL CONTESTA INVESTIGAÇÃO*


22:30 18/08/2025 


Brasília, 18/08/2025 - O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira, 18, que leis e ordens estrangeiras que atinjam cidadãos brasileiros, relações jurídicas celebradas no País, bens situados em território nacional e empresas que atuam no Brasil não têm efeito automático e precisam ser homologadas para ter eficácia. A determinação ocorre após os Estados Unidos aplicarem a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. Em reação, o governo americano fez novas ameaças, afirmou que nenhum tribunal estrangeiro pode anular punições impostas pelos EUA e chamou Moraes de "tóxico".


"Ficam vedadas imposições, restrições de direitos ou instrumentos de coerção executados por pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País, bem como aquelas que tenham filial ou qualquer atividade profissional, comercial ou de intermediação no mercado brasileiro, decorrentes de determinações constantes em atos unilaterais estrangeiros", diz a decisão de Dino, que não cita as sanções da Lei Magnitsky impostas a Moraes.


Na prática, a determinação de Dino significa que qualquer cidadão brasileiro que se sentir prejudicado por uma imposição de Estado estrangeiro em território nacional pode recorrer ao STF ou a outro órgão do Judiciário do Brasil.


A decisão do ministro foi dada no âmbito de um processo sobre a tragédia de Mariana (MG) envolvendo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e municípios brasileiros que acionaram a Justiça de outros países. O ministro declarou inválida medida cautelar da Justiça do Reino Unido que determinou ao lbram, em março deste ano, a desistência de ação no STF que pede a suspensão dos contratos firmados entre escritórios ingleses e Executivos municipais do País.


AMEAÇA. Nesta segunda-feira, a gestão Trump usou as redes sociais para reforçar as críticas a Moraes. "Alexandre de Moraes é tóxico para todas as empresas legítimas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados. Nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos Estados Unidos ou proteger alguém das severas consequências de descumprilas", diz a postagem assinada pelo escritório que trata de questões diplomáticas do hemisfério ocidental e replicada pela embaixada americana no Brasil.


O governo Trump ainda ameaçou com punições cidadãos de outros países que mantenham relação com o magistrado brasileiro. "Cidadãos americanos estão proibidos de manter qualquer relação comercial com ele. Cidadãos de outros países devem agir com cautela: quem oferecer apoio material a violadores de direitos humanos também pode ser alvo de sanções."


'OFENSA. De acordo com a decisão de Dino, ordens judiciais estrangeiras só podem ser executadas no Brasil mediante homologação ou por meio de mecanismos de cooperação internacional. Qualquer violação a essas regras, disse o ministro, "constitui ofensa à soberania nacional, à ordem pública e aos bons costumes, portanto presume-se a ineficácia de tais leis, atos e sentenças emanados de país estrangeiro".


Ao determinar que a Justiça do Reino Unido não pode impor restrições às leis e ao Judiciário do Brasil, Dino afirmou que a decisão tem efeito vinculante, ou seja, abrange qualquer ordem estrangeira que pretenda impor "atos unilaterais por sobre a autoridade dos órgãos de soberania do Brasil".


Ele ainda mencionou o contexto atual, em que os Estados Unidos têm aplicado sanções ao Brasil e a ministros do Supremo como forma de pressionar por uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu sob acusação de tentativa de golpe de Estado.


No mês passado, o governo Trump aplicou a Lei Magnitsky a Moraes, relator do caso. A legislação, tradicionalmente imposta a violadores de direitos humanos e terroristas, prevê sanções como o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo americano.


'NEOCOLONIALISMOS. "Diferentes tipos de protecionismos e de neocolonialismos são utilizados contra os povos mais frágeis, sem diálogos bilaterais adequados ou submissão a instâncias supranacionais", declarou Dino. "Nesse contexto, o Brasil tem sido alvo de diversas sanções e ameaças, que visam impor pensamentos a serem apenas 'ratificados' pelos órgãos que exercem a soberania nacional."


O ministro ressaltou também que os mesmos fundamentos da decisão proferida ontem sobre a medida da Justiça inglesa incidem "em todas as demais em que jurisdição estrangeira - ou outro órgão de Estado estrangeiro - pretenda impor, no território nacio-nal, atos unilaterais". Tal esclarecimento, observou o magistrado, "visa a afastar graves e atuais ameaças à segurança jurídica em território pátrio".


BANCOS. Dino ainda considerou que há "riscos de operações, transações e imposições indevidas envolvendo o sistema financeiro nacional" e determinou ciência da decisão ao Banco Central, à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), à Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) e à Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (Cnseg). “Transações, operações, cancelamentos de contratos, bloqueios de ativos, transferências para o exterior (ou oriundas do exterior) por determinação de Estado estrangeiro, em desacordo aos postulados dessa decisão, dependem de expressa autorização desta

Corte", afirmou.


AÇÃO. A ação do Ibram na qual Dino deu a decisão sustenta que municípios brasileiros não têm legitimidade para mover ações no exterior relacionadas a fatos ocorridos no Brasil. Na petição, de junho de 2024, o instituto cita processos que correm no Reino Unido, na Holanda e na Alemanha contra mineradoras. O caso ganhou novos contornos quando a Justiça do Reino Unido determinou, em março, que o lbram desista do processo no STF. É nesse ponto que o caso se conecta à Lei Magnitsky: a ofensa à soberania nacional. (Lavínia Kaucz)

Crise insolúvel

 *COLUNA DO ESTADÃO: FLÁVIO DINO TRANSFORMA SANÇÃO DA LEI MAGNITSKY A MORAES EM 'CRISE INSOLÚVEL'*


22:40 18/08/2025 


Ao tentar blindar seu colega da Corte Alexandre de Moraes de sanções da Lei Mag-nitsky, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, provocou uma "situação inédita, complexa, sensível e insolúvel". Além disso, levou os bancos brasileiros "à estaca zero" sobre o que pode ou não ser feito no relacionamento comercial com o magistrado que foi punido pelo governo dos Estados Unidos. O cenário acima foi traçado à Coluna por representantes de grandes instituições do País. Eles destacaram que os bancos acionaram novamente seus departamentos jurídicos porque não sabem o que fazer. O setor tem características peculiares, porque as relações dos bancos são glo bais, interligadas com o mundo, comerciais e contratuais.


SITUAÇÃO. Um dos interlocutores observou que o Banco do Brasil, que tem parte da folha de pagamento do STF, é um banco público de capital aberto, com operações nos EUA. E indagou: "O que o BB faz se for acionado pelo Tesouro dos EUA, com prazo para encerrar uma conta? Dirá que está sujeito ao STF?".


RISCOS. Se a instituição disser que não pode encerrar o relacionamento, o Ofac - Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros - vai aplicar multa e fechar sua operação nos Estados Unidos, e serão perdidos vários contratos. "Podem ocorrer sanções gravíssimas, a ponto de pôr em risco o patrimônio da instituição." Por outro lado, há também a seguinte dúvida: haveria possibilidade de os bancos não cumprirem a decisão de

Dino?


PODE FALAR. Como o BB foi mencionado, a Coluna procurou a assessoria do banco e o espaço segue aberto para manifestação.

NA BRONCA. Governadores de direita apontados como presidenciáveis demonstraram incômodo nos bastidores com as declarações do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que os chamou de "ratos". Entretanto, nenhum veio ou pensa em vir a público para comprar briga com o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.


CABEÇA QUENTE. O grupo, que depende do espólio bolsonarista e busca unir forças para 2026, tem reagido de duas formas: uns silenciaram e outros minimizaram as ofensas. "Entendo o desabafo e o desespero do filho que está com o pai em prisão domiciliar sem ter sido julgado", afirmou à Coluna o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).


DEIXA QUIETO. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse estar surpreso com os xingamentos, mas ressaltou que entende o momento de dificuldade da família Bolsonaro: "Até marido e mulher discordam".


DEIXA QUIETO. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse estar surpreso com os xingamentos, mas ressaltou que entende o momento de dificuldade da família Bolsonaro: "Até marido e mulher discordam".


EFEITO... O oncologista Drauzio Varella assina um manifesto de entidades de saúde que será entregue hoje ao Congresso para cobrar a adoção de taxas maiores do imposto seletivo, o "imposto do pecado", sobre bebidas alcoólicas e açucaradas, bets, ultraprocessados e derivados de tabaco na reforma tributária. O tributo busca desestimular o consumo de produtos prejudiciais.


...COLATERAL. A carta, coordenada pela ACT Promoção de Saúde, também tem o apoio da chef Rita Lobo, da pneumologista Margareth Dalcolmo, de economistas e ex-ministros da Saúde.


PRONTO, FALEI! Rodrigo Schwartz Advogado tributarista “A proposta de taxação dos super-ricos exige cautela. Pode aliviar a classe média, mas traz riscos de fuga de capitais e impacto na competitividade do Brasil."


CLICK.Eduardo Leite Governador do Rio Grande do Sul No Palácio dos Festivais, durante a abertura da 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que acontecerá até o próximo sábado na Serra Gaúcha.


(Roseann Kennedy, com Eduardo Barretto e lander Porcella)

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Mercados entre Ucrânia e Jackson Hole*


A vice-presidente de supervisão do Fed, Michelle Bowman, discursa hoje, em evento pré-Jackson Hole


… Em dia sem indicadores relevantes, os mercados entram na contagem regressiva para a fala de Powell no Simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira. Aqui, o fortalecimento do dólar, nesta segunda-feira, e a mensagem conservadora de Diogo Guillen no Warren Day impediram reação dos juros ao IBC-Br mais fraco. No noticiário corporativo, destaque para o balanço de Home Depot antes da abertura em NY, enquanto o resultado da XP, ontem à noite, impôs queda às ações no after hours. Investidores também acompanham as negociações para a paz na Ucrânia, após a reunião de Trump, Zelensky e líderes europeus, em Washington, que avançaram, mas ainda permanecem incertas.


TRATATIVAS – Trump afirmou que já iniciou os preparativos para um encontro trilateral com Putin e Zelensky, após telefonema de 40 minutos com o presidente russo. O vice J.D. Vance, o secretário de Estado, Marco Rubio, e Steve Witkoff cuidarão da organização.


… Ao lado de líderes europeus, Trump reforçou que ainda não sabe se será possível chegar a uma solução e que só terá clareza “em uma ou duas semanas”. Apesar de falar em progressos, admitiu que um cessar-fogo imediato é improvável.


… O presidente do Conselho Europeu, António Costa, convocou para hoje (8h) videoconferência para alinhar os desdobramentos da reunião em Washington e reforçar a coordenação entre União Europeia e os Estados Unidos.


… A maior preocupação dos europeus e de Zelensky é obter o compromisso dos Estados Unidos para proteger a Ucrânia, participando da rede de segurança ao país, o que reduziria o risco de Putin romper o compromisso de paz e decidir novas invasões no futuro.


… Em Moscou, o assessor Yuri Ushakov confirmou a conversa entre Trump e Putin, mas evitou mencionar cúpula trilateral, falando apenas na possibilidade de “elevar o nível das delegações” em negociações diretas entre Rússia e Ucrânia.


… Enquanto Trump recebia Zelensky e líderes europeus na Casa Branca, Putin telefonou para líderes dos países do Brics, incluindo Índia, África do Sul e o Brasil. Lula confirmou a ligação de 30 minutos, reiterando estar à disposição para colaborar nos esforços de paz.


… O presidente ucraniano, que vinha rejeitando incisivamente a troca de territórios, já admite discutir questões territoriais com Putin.


… Zelensky elogiou a postura do líder americano e destacou a importância de garantias de segurança firmes dos Estados Unidos e da Europa. Embora tenha admitido abertura para futuras conversas, disse que não há data definida para eventual encontro direto.


… Segundo o Financial Times, Kiev propôs a compra de US$ 100 bilhões em armamentos americanos, financiados pela Europa, como contrapartida para garantias de segurança dos Estados Unidos após um eventual acordo de paz.


… O pacote incluiria ainda US$ 50 bilhões em drones, em parceria com empresas ucranianas. A proposta foi compartilhada com aliados europeus antes da reunião em Washington, reforçando a tentativa de institucionalizar compromissos de longo prazo.


A OUTRA GUERRA – Mediadores do Egito e do Catar afirmam que o Hamas aceitou proposta de cessar-fogo e troca de reféns com Israel.


… O acordo prevê 60 dias de suspensão das operações militares em Gaza, com a libertação de metade dos reféns em troca de prisioneiros palestinos. Ainda não houve resposta oficial de Israel, mas diplomatas veem a medida como possível passo para um pacto.


NOVO ATAQUE A MORAES –O Departamento de Estado dos EUA voltou a mirar Alexandre de Moraes, chamando o ministro do STF de “tóxico” para empresas e pessoas que buscam acesso ao mercado americano.


… Em nota divulgada pelo Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, alertou que quem apoiar Moraes poderá ser alvo de sanções.


… A reação veio após decisão de Flávio Dino afirmando que atos e leis estrangeiros não produzem efeitos imediatos no Brasil, o que no STF foi lido como possível obstáculo à aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes.


… A fala de Dino provocou reação de Eduardo Bolsonaro, que acusou o ministro de tentar barrar a sanção “por uma canetada”.


… Em entrevista ao Washington Post, Moraes rejeitou a pressão internacional e garantiu que não recuará “um milímetro” no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do grupo acusado na ação da trama golpista.


… Disse que o STF preserva a democracia brasileira e que condenará ou absolverá com base em provas. Moraes acusou Eduardo Bolsonaro de estimular a hostilidade contra o Brasil e afirmou que falsas narrativas envenenaram a relação com os Estados Unidos.


A RESPOSTA À USTR –O Itamaraty protocolou nesta segunda-feira defesa formal contra a investigação aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), com base na Seção 301 da lei americana.


… O documento de 91 páginas, assinado por Mauro Vieira, rebate cada uma das seis acusações feitas por Washington – comércio digital, tarifas preferenciais, anticorrupção, propriedade intelectual, etanol e desmatamento ilegal.


… O Brasil afirma que as alegações são “improcedentes” e que não há qualquer prejuízo ao comércio americano, lembrando que os Estados Unidos registraram superávit de US$ 7,4 bilhões na balança bilateral em 2024.


… O texto dedica atenção especial ao Pix, apontado como barreira a plataformas estrangeiras, e argumenta que o sistema é aberto a todos os provedores, nacionais ou internacionais, desde que sigam regras do Banco Central e da LGPD.


… Também enfatiza a solidez da legislação anticorrupção e o alinhamento às convenções da OCDE e ONU, e a proteção à propriedade intelectual. O Itamaraty não reconhece a legitimidade de instrumentos unilaterais como a Seção 301 e defende a OMC como único foro para disputas.


… O governo destaca que a resposta foi dada em “espírito de diálogo” e pede que os Estados Unidos recuem da ofensiva.


AGENDA –Sem indicadores locais, o dia reserva atenção à participação do vice, Geraldo Alckmin (12h), na Conferência Anual do Santander.


… No exterior, o destaque fica para os números de construção de moradias iniciadas nos Estados Unidos (9h30) e a decisão do Banco Central da China sobre as taxas de referência de 1 e 5 anos (LPR), no final da noite (22h15).


… Às 15h10, a vice-presidente de supervisão do Fed, Michelle Bowman, discursa em Wyoming, em evento pré-Jackson Hole.


AFTER HOURS – XP caiu 3,2% no after hours em NY após balanço. Lucro recorde de R$ 1,32 bilhões no 2Tri veio com entradas líquidas mais fracas, segundo Citi. Já a ação da Intel saltou 5,41% com o aporte de US$ 2 bilhões do SoftBank.


NA CÂMARA –Hugo Motta quer votar nesta semana o projeto sobre proteção de crianças no ambiente digital. Líderes definem a pauta hoje. O governo Lula pressiona para incluir a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil.


INDEPENDÊNCIA DO BC –Apoiadores da PEC 65 articulam aprovação na CCJ esta semana. Texto garante autonomia financeira ao BC, sem alterar definição das metas de inflação. Relatório inclui blindagem ao Pix contra taxações externas.


CORTOU O BARATO – Teimando com o BC, traders ainda mantêm apostas de 43% na curva do DI de que a Selic vai cair 0,25 ponto em dezembro. Mas Guillen foi ontem o porta-voz de que a ata conservadora continua valendo.


… Repetiu a mensagem, lembrando que a inflação persiste acima da meta, que o mercado de trabalho segue dinâmico e, apesar de reconhecer que a economia já desacelera, disse que ainda cresce acima de seu potencial.


… No mesmo dia em que a aposta para o IPCA/25 no Focus caiu abaixo de 5%, Guillen observou que as expectativas de inflação seguem desancoradas no horizonte mais longo, exigindo Selic alta por tempo “bastante prolongado”.


… Os comentários deixam muito claro que ele não se sensibilizou nem pela surpresa do IPCA de julho abaixo do esperado e tampouco pelos indicadores recentes sugerindo que o ritmo da atividade econômica está esfriando.


… Ontem mesmo, o IBC-Br fraco em junho (-0,1%, perto do piso das estimativas, de -0,2%) apontou nesta direção, sem que Guillen tenha deixado qualquer margem para o mercado sonhar com um corte antecipado da Selic.


… A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, acredita que as próximas leituras do “PIB do BC” exibirão continuidade da desaceleração econômica no curto prazo, acompanhando o efeito defasado da política monetária.


… No Focus, a mediana para o IPCA deste ano caiu de 5,05% para 4,95%, a 12ª baixa seguida, mas ainda 0,45 ponto acima do teto da meta, de 4,50%. A projeção para o IPCA de 2026 caiu pela quinta vez seguida, de 4,41% para 4,40%.


… De forma muito tímida, os juros curtos ainda testaram queda ontem, de olho no IBC-Br mais lento e na nova rodada de melhora nas expectativas para a inflação no boletim Focus. Mas o alívio foi limitado por Guillen.


… O contrato de DI para Jan/26 fechou na mínima do dia, a 14,890% (de 14,893% no ajuste anterior).


… Já a ponta longa do DI reproduziu o avanço do dólar e das taxas dos Treasuries, além do temor de escalada das tensões entre o Brasil e os Estados Unidos, depois da decisão de Dino de invalidar ordens judiciais estrangeiras.


… Terminaram nas máximas do dia os vencimentos para Jan/27, a 13,980% (de 13,913% no pregão anterior); Jan/31, a 13,530% (contra 13,374%); e Jan/33, a 13,680% (de 13,524%). O Jan/29 subiu para a 13,235% (de 13,107%).


… Lá fora, em compasso de espera pelos desdobramentos da Ucrânia e pela participação de Powell em Jackson Hole, o rendimento da Note de 2 anos avançou para 3,770% (de 3,751%) e o de 10 anos foi a 4,339% (contra 4,320%).


PARADA ESTRATÉGICA – Estes mesmos gatilhos (Ucrânia e Jackson Hole), que sustentaram o dólar lá fora, além da possível suspensão dos efeitos da Lei Magnitsky no Brasil, vieram a calhar para uma correção do câmbio aqui.


… Mas se Powell soar dovish na sexta-feira, as apostas de fôlego extra do real devem prosperar, até porque o carry trade continua muito vantajoso e, se depender do recado de Guillen, a Selic só deve ter espaço pra cair ano que vem.


… De qualquer maneira, sob o clima de esperar para ver a agenda internacional da semana, o dólar assumiu o hedge e cumpriu a realização de lucro, voltando a operar acima de R$ 5,40, cotado a R$ 5,4344, em alta de 0,67%.


… No exterior, o índice DXY rompeu a linha dos 98 pontos e subiu 0,32%, para 98,167 pontos. Se Powell, na sexta-feira, considerar cedo demais para projetar o ciclo de corte do Fed, o dólar ganhará espaço de recuperação.


… E vice-versa. Um discurso mais otimista projetaria o euro à casa de US$ 1,18, segundo o ING, depois de a moeda europeia ter caído 0,33% ontem, para US$ 1,1669. A libra perdeu 0,34%, a US$ 1,3509, e o iene caiu a 147,89/US$.


… Cumprindo a espera pelas novidades de Powell e Zelensky, as bolsas em NY operaram engessadas no zero a zero: Dow Jones caiu 0,08% (44.912,19 pontos); S&P 500, -0,01% (6.449,16 pontos); e Nasdaq, +0,03% (21.629,77 pontos).


FORÇA NA PERUCA – O tom duro de Guillen não sabotou o otimismo do Ibovespa, que descolou da cautela em NY, manteve no radar o corte de juro pelo Copom e partiu para os 137 mil pontos, sinalizando que não quer parar por aí.


… O Broadcast informou que análises gráficas indicam que o índice à vista da bolsa doméstica ingressa em um canal de alta no curto prazo, podendo voltar à marca histórica na faixa dos 141 mil pontos estabelecida no início de julho.


… Mas claro que vai depender de dar tudo certo com Powell esta semana e vai depender também dos desdobramentos da roleta russa de Putin contra a Ucrânia, no terreno ainda tão instável das negociações.


… Desconfiado de que não haveria ontem, no encontro na Casa Branca, nenhum progresso imediato para um cessar-fogo, o contrato do petróleo Brent para outubro subiu 1,13%, a US$ 66,60, e puxou junto as ações da Petrobras.


… Os papéis ON da estatal de petróleo ganharam 0,80%, a R$ 32,86, e os PN avançaram 0,63%, para R$ 30,36.


… A maior alta do Ibovespa foi Raízen, que saltou 10,58%, negociada a R$ 1,15, reagindo à notícia, veiculada em O Globo, de que a Petrobras estuda alternativas para investir na empresa, joint venture entre a Cosan e a Shell.


… Após o fechamento, a Petrobras negou à CVM estudo de investimentos em etanol ou distribuição com a Raízen.


… Vale caiu 0,23%, para R$ 53,20, em linha com a queda de 0,64% do minério de ferro. Mas os bancos, junto com a Petrobras, asseguraram que o Ibovespa fechasse em alta de 0,72%, aos 137.321,64 pontos, com giro de R$ 19,7 bi.


… BB ON se destacou novamente e subiu mais 2,03%, a R$ 21,07, ampliando os ganhos surpreendentes do pregão anterior, quando os investidores desprezaram a frustração com o balanço trimestral fraco e saíram às compras.


… Bradesco PN engatou alta de 2%, a R$ 16,35; Bradesco ON, +1,59%, a R$ 14,01; Itaú, +0,72%, a R$ 37,76; e Santander, +1,26%, a R$ 27,27. Na segunda prévia da carteira teórica do Ibovespa, entrou Cury e saiu São Martinho.


CIAS ABERTAS – Valor informou que o Cade aceitou a PETROBRAS como terceira interessada no procedimento que avalia a possível compra da participação da Novonor na Braskem por Nelson Tanure, via fundo…


… A entrada da estatal pode atrasar ou até barrar a operação, já que a petroleira afirma não ter sido notificada previamente da venda e só tomou conhecimento por fato relevante divulgado pela Braskem…


… A Petrobras tem os direitos de preferência e “tag along” (proteção para minoritários em caso de mudança de controle acionário), na hipótese de venda, direta ou indireta, das ações detidas pela Novonor na Braskem.


VALE informou que reduziu de três para dois o nível de emergência da barragem Forquilha III, localizada na mina Fábrica, em Ouro Preto (MG)…


… Com a redução, companhia disse que não opera mais barragens em nível de emergência três, que é o mais alto na escala que mede o grau de risco de rompimento da estrutura…


… Itaú BBA manteve recomendação de compra e atualizou para US$ 13 preço-alvo para ADRs da mineradora para o final de 2026, sem alteração em relação ao final de 2025…


… O banco ajustou modelo para incorporar resultados apresentados pela companhia no segundo trimestre.


HAPVIDA. SPX Capital atingiu participação acionária na companhia de 5,01%, passando a deter 25.205.162 de papéis ordinários; gestora não foi mencionada no formulário de referência mais recente da empresa, de 7 de julho.


ONCOCLÍNICAS. Conselho de Administração aprovou proposta que aumenta o limite do capital autorizado da companhia de R$ 800 milhões para R$ 1,3 bilhão em ações ordinárias.


SUZANO. O conselho de administração aprovou a sua primeira emissão de cédulas de produto rural com liquidação financeira (CPR-Fs), em até três séries, com valor nominal unitário de R$ 1 mil, totalizando R$ 2 bilhões.


CPFL ENERGIA informou que fará o pagamento de R$ 370 milhões em dividendos no dia 25 de agosto; esta é a terceira parcela dos R$ 3,219 bilhões em dividendos aprovados em assembleia geral ordinária de 29 de abril.


VIRGO. A securitizadora foi alvo de queixa na CVM pelo suposto uso indevido de recursos de fundos de reservas de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA)…


… Uma delas tem como base a acusação da movimentação irregular de, pelo menos, R$ 216 milhões envolvendo cerca de 80 títulos desse tipo.

Fabio Alves