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Bankinter Portugal Matinal 3004

 Análise Bankinter Portugal


SESSÃO: Trump afirma que quer ser Papa e também aspira um terceiro mandato como Presidente dos EUA. É de supor que investiga a forma de compatibilizar ambos os cargos. O segundo é constitucionalmente impossível, mas é perigoso que retome o assunto. O primeiro depende da sua nomeação como cardeal nas próximas horas e que o Colégio dos Cardeais o escolha de seguida, mas não nos parece. 


Com um dia que arranca assim e com a publicação do PIB 1T EUA às 13:30 h (que é a referência desta semana) provavelmente em contração mas com uma dispersão ampla de estimativas, quem pode estimar o que acontecerá na sessão? Qualquer coisa é possível e, ainda assim, pode dizer-se que é um eufemismo. Os futuros sobre Wall St. vêm em quedas de ca.-0,5%, mas os europeus apresentam-se planos, como se estivessem a viver num planeta paralelo. O fluxo de fundos desde os EUA para a Europa favorece os preços dos ativos europeus, naturalmente, mas continua sem ter sentido que, num contexto de economia e mercado com riscos assimétricos (isto é, a profundidade da perda provável supera o potencial ganho se as coisas continuarem a complicar-se), a bolsa europeia ofereça ca. +5% acumulado 2025 vs. ca. -5% Wall St. 


A sequência de subidas de bolsas desde 22 de abril, apenas interrompida ontem na Europa, teve apoio de 2 fatores: (i) expetativas de suavização de impostos alfandegários. (ii) Bancos centrais a expressarem-se a favor de continuarem com as descidas de taxas de juros. Mas a forma de ver as coisas poderá mudar para pior a partir de hoje, aplicando a lógica dos dados, porque, independentemente dos impostos alfandegários aplicados e das descidas das taxas de juros, uma parte do dano já está infligido, principalmente sobre a confiança, que é a base do mercado. E os dados de hoje são: 


PIB 1T da França publicado às 06:45 h muito fraco, embora esteticamente pareça bom, porque passa para +0,1% (t/t) desde -0,1% no 4T’25, MAS todo o crescimento se deve a Inventários (+0,5% vs. -0,2%); isto é, a produção não vendida que terá de vender depois, para entender rapidamente. Porque o Consumo Privado desparece (0% vs. +0,2%), o Investimento continua a contrair-se (-0,2% vs. -0,1%) e as Exportações retrocedem (-0,7% vs. +0,2%). Poderá pensar-se que a culpa é das Importações elevadas para contornar os futuros impostos alfandegários, mas não: +0,4% vs. +0,5% no 4T’24. No final, em grandes números, esse PIB 1T +0,1% responde a +0,5% de Inventários e -0,4% de contribuição negativa do Setor Exterior, sendo as restantes componentes neutralizadas entre si. 


Elaboramos um pouco mais do que o habitual sobre o PIB francês porque certamente é o tom que vamos encontrar na macro a partir de agora, a que inclui já março. Principalmente abril. E isso fará com que a situação não seja interpretada com tanta complacência daqui para a frente. Particularmente o PIB 1T EUA das 13:30 h, para o qual o consenso insiste em esperar algo positivo (+0,2%?), mas que o resultado real será pior que isso e pior do que visto hoje à primeira hora no PIB 1T francês. A Fed de Atlanta estima -2,7% (sim, não é um erro: -2,7%), mas nós temos vindo a avisar que será substancialmente negativo pelo adiantamento das exportações (-1,5%/-2%?) e nas últimas horas alguns “grandes” americanos apressaram-se a baixar as suas estimativas: MStanley -1,4% (antes 0%), Goldman -0,8% (antes -0,2%) e JP Morgan -1,75% (antes 0%). Grandes equipas, mas reações lentas…


Outros dados maus para arrancar o dia:


Preços de Habitações no Reino Unido (7 h) entram em negativo em abril: t/t -0,6% vs. 0% esperado vs. 0% março; a/a +3,4% vs. +4,1% vs. +3,9%.


Alemanha: Vendas a Retalho de março entram em negativo: t/t -0,2% vs. +0,4% esperado vs. +0,2% fevereiro (revisto para pior desde +0,8% preliminar); a/a +2,2% vs. +2,4% vs. 0% (revisto para pior desde +4,9% preliminar).


Os resultados corporativos 1T continuam a ser publicados abundantemente e são bons, principalmente os americanos (com mais de 40% das empresas publicadas, EPS médio +10,1% vs. +6,7% esperado), mas, insistimos, são do 1T. E hoje já várias empresas de primeira ordem retiram ou reveem guidances (Mercedes, Samsung, UPS…) e a maioria das que os mantêm avisam que não contemplam o impacto dos impostos alfandegários. Não tardarão em chegar revisões em baixa dos resultados dos trimestres seguintes.


CONCLUSÃO: O PIB 1T EUA das 13:30 h é fundamental para que o mercado tenha um choque de realidade. Pode ser o ponto de reversão para o senso comum após as subidas complacentes dos últimos dias. Embora qualquer resultado seja possível, se sair realmente em contração, Wall St retrocederá, digamos, -1%/-2%, e Europa irá mudar para pior rapidamente. De facto, depois de ver a macro europeia de primeira hora, não faz sentido que suba. Comprar-se-ão obrigações (yields inferiores) e o USD será vendido (1,14, como ontem?). Dia emocionante.


S&P500 +0,6% Nq-100 +0,6% SOX -0,9% ES50 -0,2% IBEX -0,7% VIX 24,2% Bund 2,50% T-Note 4,17% Spread 2A-10A USA=+51pb B10A: ESP 3,16% PT 3,04% FRA 3,22% ITA 3,61% Euribor 12m 2,076% (fut.1,942%) USD 1,138 JPY 162,1 Ouro 3.309$ Brent 63,5$ WTI 59,6$ Bitcoin +0,3% (94.967$) Ether -0,6% (1.804$). 


FIM

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