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MACRO MERCADOS DIÁRIO 15/04/2021- NO BRASIL, INCERTEZAS FISCAIS; NOS EUA, ECONOMIA CRESCENDO

Os mercados resolveram “embarcar” na retórica do Fed, acreditando que o juro, por lá, deve ser elevado, entre 2022 e 2024, “pouco provável antes”. No Brasil, ainda continuamos cercados de incertezas, tanto no Orçamento, ainda em discussão e sob impasse, como pela lentidão no ritmo das vacinações e o clima de açodamento político em Brasília.

Nesta quarta-feira (dia 14), o presidente Bolsonaro tratou de jogar “mais gasolina na fogueira”, aguardando a “sinalização do povo para poder tomar providências”. Mais enigmático impossível. O que quis dizer com isso? Seria mais um blefe? Ou ameaças concretas, mostrando ter espaço para uma manobra mais abrupta e apoio dos militares? Neste dia, saiu uma pesquisa mostrando que ele perderia, num segundo turno, para o ex-presidente Lula da Silva.

Sobre o Orçamento, vem causando desconforto o “vazamento” de uma PEC “fura teto”, do ministro Paulo Guedes, que aceitaria depesas com Saúde fora do teto, e R$ 18 bilhões em emendas. Nada certo ainda. Em paralelo, vence hoje o prazo para o governo enviar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, dando início aos debates sobre como iremos gastar e arrecadar em 2022, ano de eleição e tão aguardado por alguns. Ainda nem temos o orçado para este ano, quanto mais para o ano que vem.

Na dicussão sobre a CPI da Covid, foram definidos os participantes, chamando atenção a maioria independente e da oposição. Agora estes dois grupos devem definir quem deve comandar o espetáculo.

Uma boa notícia nesta quarta-feira foi a antecipação da entrega de 2 milhões de doses em vacinas da Pfizer, algo essencial num momento em que a média de morte, dos últimos cinco dias, se mantém acima de 3 mil (3.012). Ontem, ao fim de 24 horas, foram mais 3.462 mortes, acumulando desde março do ano passado 362.180, com 75.998 novos casos.

Falando da Política Monetária do BACEN, Roberto Campos Neto reforçou mais um ajuste de 0,75 ponto percentual na reunião do Copom dia 05/05, com uma “parada” em 3,5% e o “observar da cena” para ver como evolui o cenário da pandemia e da economia real. Sobre esta, parece haver a expectativa de que a vacinação, ainda baixa, em torno de 12% do total, envolva toda a população adulta até setembro. A partir daí, a economia deve começar a “decolar”, o que nos levaria a um segundo semestre de retomada, bem melhor do que o primeiro, já perdido.

Nos EUA, Jerome Powell voltou a mostrar otimismo em relaação ao início do ciclo de aperto monetário, afirmando estar num “ponto de inflexão”, ainda distante do pleno emprego. Para ele, o início do ciclo de elevação de juro deve acontecer entre 2022 e 2024, antes “pouco provável”. Na sua leitura, o Fed ainda tem condições para tolerar uma inflação anualizada acima de 2% por alguns meses, reforçando achar esta “temporária”. Saíram os dados do Livro Bege, mais otimistas, sinalizando “um ritmo moderado entre fevereiro e abril deste ano”.

Nos mercados de ativos, a bolsa de valores doméstica registrou o maior índice desde fevereiro, no terceiro pregão seguido de alta, mesmo com giro financeiro fraco (R$ 64,4 bilhões), dadas as incertezas fiscais e políticas em Brasília, além de um olhar mais preocupado sobre a pandemia e o ciclo de vacinações.

O Ibovespa foi a 120.294 pontos, avançando 0,84%, impulsionado pelas commododities, com o petróleo avançando mais de 4,0%. Contribuiu o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), mais otimistas sobre a demanda em crescimento. O Brent para maio subiu 4,57% (a US$ 66,58) e o WTI +4,9% (a US$ 63,15). No ano, a B3 acumula ganho de 1,07%, depois de recuar em janeiro e fevereiro, respectivos 4,0% e 3,0%, subindo 6% em março e 12 3,14% até agora, em abril.
Neste contexto, o dólar recuou bem, -0,82%, a R$ 5,6705, beneficiado pelo fluxo cambial positivo neste mês, de US$ 1,06 bilhão até o dia 9/4 e devido à perda do dólar no mercado global, tais as sinalizações mais “dovish”, mais otimistas, do Fed de Jerome Powell.

Como já dito acima, para ele a economia norte-americana segue crescendo em equilíbrio e a Política Monetária segue frouxa por um bom tempo. Decorrente disso, os juros futuros domésticos deram uma recuada no mercado de futuro, embora nos EUA pressionados, com os T Bonds de 10 anos a 1,62%, diante de certo ceticismo com os comunicados de Jerome Powell. Neste clima, as bolsas de NY operaram em alta, impulsionadas pelos resultados dos bancos, mas com as empresa de tecnologia em recuo.

Nesta quinta-feira, os futuros de petróleo operavam em mais um dia de alta, impulsionando as empresas exportadoras de commodities ao redor do mundo, no Brasil, destaque para a Petrobras e a Vale.

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