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MACRO MERCADOS DIÁRIO 05/05/2021 - DIAS DIFÍCEIS

Terça-feira foi intensa e quarta-feira não deve ser diferente. Teremos a reunião do Copom, sendo consenso o ajuste de 0,75 ponto percentual, a 3,5%, e a CPI da Covid 19 deve avançar nas suas “oitivas”, com o depoimento do ex-ministro e médico Nelson Teich. No exterior, os mercados devem continuar a repercutir as declarações de Janet Yellen, e atenção especial deve ser dada ao transcurso da pandemia no mundo, com especial destaque para a Índia.

Realmente, ontem foi um dia de stress nos mercados. No Brasil, uma série de fatores internos também pesaram, assim como as citadas declarações de Yellen. A bolsa de valores paulista, pelo índice Ibovespa, recuou 1,26%, a 117.712 pontos e lá fora, em NY, os mercados fecharam sem uma “direção definida”. O Dow Jones subiu 0,06%, a 34.133 pontos, mas o S&P recuou 0,67%, a 4.164 pontos e o Nasdaq cedeu 1,86%, a 13.633 pontos. Tudo porque a secretária de Tesouro Norte-americano, Janet Yellen, sinalizou que o juro norte-americano pode ser elevado se houver um sobreaquecimento da economia.

No Brasil, tudo se complicou ainda mais, depois do “direto e assertivo depoimento” do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta na CPI da Covid, criticando a postura negacionista do presidente, quanto à gravidade da pandemia, além da “politização da vacina”. Soma-se a isso, a base de apoio politico do governo no Congresso indicando que pretende derrubar os vetos do presidente ao Orçamento deste ano. Isso acabou ofuscando a boa notícia da apresentação do projeto de reforma tributária.

Na reunião do Copom parece dado que o Banco Central deve tentar “ancorar as expectativas”, tentando trazer a inflação do ano que vem para próxima da meta de 3,75%. Isso porque, neste ano, o IPCA fechará acima do teto da meta, pelas nossas estimativas, entre 5,1% e 5,3%.

Sobre as decisões do Copom, um ajuste de 0,75 ponto percentual ocorre hoje, depois, mais dois, um de 0,75 p.p. na reunião de junho, e um de 0,5 p.p. em julho, para fechar o ano em 5,5%. O IPCA previsto é de 5,1% neste ano, mas preocupa a bandeira vermelha tarifária, autorizada pela Aneel, o que deve impactar o índice do IBGE em 0,2 ponto percentual no curto prazo.

Neste cenário, será importante observar o que será dito no comunicado, depois da reunião. Será que o BACEN continuará vendo a inflação como transitória e manterá o ajuste “parcial” da Selic, ou será que retirará este termo “parcial” e agirá de forma mais dura, mais hawkish, visando ancorar as expectativas para o ano que vem?

Em outras palavras, a autoridade monetária deve deixar o cenário para o “data dependent” ou deve agir com mais força no curto prazo?

De qualquer forma, achamos importante retirar este termo “parcial”, por engessar por demais e gerar ruídos desnecessários no mercado. Parcial então deverá ser lido como uma sinalização de juro, uma expectativa, e não um rígido compromisso.

Sobre a evolução da CPI da Covid 19, o receio maior é de que os depoimentos dos ministros, e de outros atores, sobre a administração da pandemia, acabem por ofuscar o esforço de tocar as reformas. A tributária por exemplo, foi apresentada ontem, mas pouco notada, dada a importância do depoimento do Mandetta. Disse ele, inclusive, que enviou ao presidente, pouco antes da sua exoneração, uma carta avisando sobre o risco de colapso do sistema de saúde e defendendo o isolamento social. Ao que parece, esta acabou ignorada.

No exterior, as atenções sobre o que disse Yellen, na hipótese de elevar o juro se a economia sobreaquecer, foram “amenizadas” pela resposta do Fed e da Casa Branca, considerando, por enquanto, possíveis pressões inflacionárias como transitórias. À noite de ontem, Yellen concertou o que disse, não colocando como inevitável a elevação de juro agora, mas deixando no ar esta possibilidade, desde que a inflação comece a pressionar.

Sobre a agenda do dia, além da reunião do Copom, destaque para os indicadores de atividade no Brasil, como o PIM do IBGE de março, já devendo mostrar alguma perda de fôlego, diante do atraso das vacinas na ocasião e o clima político piorando, e nos EUA, toda atenção para a geração de empregos do setor privado, segundo a ADP.

Bons negócios a todos!

Agenda Semanal
Indicadores

4ª feira (05)
PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); Produção Industrial (IBGE, Mar) (Br); Variação de Empregos Privados ADP (Apr) (EUA); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (Br); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); ISM Não-Manufatura: Emprego (EUA); Estoques de Petróleo em Cushing; Decisão da Taxa de Juros Selic (Copom); Composto e Setor de Serviços (Apr) (China).

5ª feira (06)
Mercado deve “precificar” a reunião do COPOM; Relatório Mensal do BCE (Euro); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA); Balança Comercial (Apr) e PMI do Setor de Serviços Caixin (China).

6ª feira (07)
Vendas no Varejo (PMC, IBGE, Mensal) (Mar) (Br); Relatório de Emprego (“Payroll”) (Apr) (EUA); Taxa de Participação (Apr) (EUA); Taxa de Desemprego (Apr) (EUA).

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