Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Sell-off de ativos americanos devido a um fraco leilão de obrigações americanas a 20 anos. Foi o segundo sinal de alerta ontem. O outro foi a péssima inflação no Reino Unido, publicada à primeira hora: +3,5% vs. +3,3% esperado vs. +2,6% março, com Subjacente +3,8% nada menos vs. +3,6% vs. +3,4%. Em pouco tempo, já não será possível continuar a ignorar o aumento da inflação que estimamos que irá acontecer no 2.º semestre devido aos impostos alfandegários. Schnabel e Knot, conselheiros ultra-séniores do BCE, advertiram ontem sobre isso. O fraco leilão de obrigações americanas é simplesmente consequência direta da redução de impostos que Trump tenta que o Congresso aprove. Insistimos que, segundo os nossos cálculos, as poupanças de despesas de Trump apenas supõem 0,06Bn $/ano ou 0,6Bn $ em 10 anos, que poderão somar-se ao ganho dos impostos alfandegários (0,07/0,10Bn $/ano ou 0,7/1,0Bn $ em 10 anos, no melhor dos casos), sendo essa soma muito inferior aos 3Bn $/5Bn $ de menores receitas fiscais também em 10 anos devido às descidas de impostos que propõe. Isso levará os EUA ao terreno de irresponsabilidade fiscal (Dívida/PIB desde 120% para 130%/135%), debilitando o USD e dificultando a emissão de dívida soberana. E uma prova disto foi o leilão de ontem.
Nada disso será neutral para a bolsa americana, visto que as yields das suas obrigações irão subir (ontem +7 p.b. no T-Note, até 4,58%) e isso fará com que, para os mesmos lucros/cash flows livres, as empresas valham menos porque a taxa de avaliação exigida será mais elevada. A Europa pode ficar à margem disto durante um tempo, mas, no final, as obrigações europeias também irão elevar as suas yields, tanto por contágio (ontem: Bund +5,7 p.b., até 2,605%; Espanha +6,9 p.b., até 3,211%), como por reconhecimento do aumento da inflação. Mas, além disso, os lucros serão inferiores, porque numa guerra alfandegária, todas as partes perdem e os PIBs abrandam. As revisões em baixa dos EPSs já começaram. Isto é, avaliações inferiores. E isso é incompatível com subida de bolsas. Não é nenhum desastre, nem tampouco uma recessão, mas um contexto mais fraco que deveria resultar num ajuste das bolsas, não na sua subida contínua.
HOJE é o dia dos PMIs em todo o mundo e amanhã da inflação japonesa, que provavelmente se manterá perto dos +3,6% atuais, o que é excessivo para o Japão. Os PMIs na Índia saíram bons esta madrugada (Composto 61,2 vs. 59,7), mas já se esperava, na medida em que a índia vai substituindo progressiva e parcialmente a China. Os PMIs europeus saem ao longo do dia de amanhã e poderão melhorar um pouco, mas o Industrial irá manter-se em zona de contração económica. O IFO, às 9 h, também irá melhorar um pouco. E às 14:45 h, o PMI Industrial americano, com risco de retroceder um pouco até abaixo de 50, nível que separa a expansão da contração económica.
CONCLUSÃO: Os PMIs não serão maus, mas a Europa deve digerir o golpe de ontem e Wall St. devido ao mau leilão de obrigações americanas. Isso significa bolsas europeias ca.-0,5%/-0,7% e depois Nova Iorque melhor, talvez a subir um pouco como contrarreação inercial às quedas de ontem. O USD irá esperar um pouco em 1,135/€ antes de se dirigir para 1,140/€. As bolsas começarão a interiorizar os avisos que lhes chegam.
S&P500 -1,6% Nq-100 -1,4% SOX -1,8% ES50 0% IBEX -0,1% VIX 20,9% Bund 2,66% T-Note 4,58 Spread 2A-10A USA=+58pb B10A: ESP 3,28% PT 3,15% FRA 3,32% ITA 3,65% Euribor 12m 2,084% (fut.2,098%) USD 1,133 JPY 162,3 Ouro 3.331$ Brent 64,6$ WTI 61,3$ Bitcoin +3,1% (110.823$) Ether +1,3% (2.617$).
FIM
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