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Despedidas (8)

Nós nos limitamos principalmente a restaurantes da vizinhança, com uma ou outra incursão em algum lugar alem das fronteiras do upper east sid e. Mas uma alternativa que usamos muito nesses dois anos é a visita a “mercearias” (no final e’ o que são) onde se pode comprar coisas diferentes e levar para casa. Para nos, essa é uma tradição antiga, vinda do nosso primeiro periodo aqui, quando os meios eram limitados (a bolsa do CNPq e a remessa do salário da UFF que a inflação dos anos 80 levou uma vez a US$ 25!). Naquela época, as quintas feiras (quando assistíamos The Cosby Show e depois Cheers), nos comprávamos um espumante espanhol (champanhe francesa estava obviamente fora do mapa das possibilidades de consumo), uns vidrinhos de fake caviar (as ovas de lump fish que o pessoal tinge de negro para parecer os filhinhos do esturjão) e fazíamos festas. Aos sábados, alugávamos um video player (depois acabamos comprando um), e dois filmes, que v...

Despedidas (7)

Hoje, domingo, a temperatura chegou a 33 graus Celsius (eu ja estou desmobilizando meus cálculos em Farenheit, pounds, gallons, yards e inches, e voltando para o meu lar métrico decimal). A previsão para amanha é máxima de 34 e depois de amanha 35 (não olhei a previsão para o resto da semana, preferi não saber).  Com isso estamos nos despedindo também da sequencia de estações bem definidas que parece caracterizar o mundo inteiro, menos o Rio e, em menor grau, Sao Paulo. Em Lisboa, as estações são também bem marcadas, como aqui, mas amplitude de variação entre inverno e verão é menor, mais confortável para administrar.  O calor de Nova York no verão (e nos ainda não chegamos nele) é forte e piora com o aumento vertical da umidade do ar. Vir para cá’ em julho ou, pior, em agosto é um erro serio que so se justifica se a viagem é a trabalho, para alguma coisa urgente e inadiável. Como na Europa, a cidade fica também muito menos atrativa. As coisas de arte, mus...

Despedidas (6)

Uma das coisas em que a duracao da estada aqui faz toda a diferença é a frequência a museus. Nos sempre gostamos muito de museus, mas quando vínhamos a NY de passagem, embora ir ao Metropolitan fosse quase um ritual, algo obrigatório, em paralelo a alguma exposição especial em algum outro, a relacao com os museus muda completamente quando se tem tempo em uma escala diferente. Uma das primeiras coisas que fizemos quando chegamos, em 2015, foi nos tornarmos membros do Metropolitan. O Met sempre foi meu museu preferido. Ele e’ definido como um museu enciclopédico, porque apesar de seu forte serem obras de arte, o museu tem tambem um acervo histórico e cultural muito grande. Desde os anos 80 que visitamos o Museu, na Quinta Avenida, na altura da rua 82, mas ir a museus e’ uma coisa relativamente cara (exceto em Washington, onde os melhores museus sao da cadeia museus nacionais, conhecidos coletivamente como Smithsonian). O Met e’ uma instituição publica nã...

Despedidas (5)

Nesses dois anos, exceto, naturalmente, pelas idas ao Brasil, que contam cada vez menos como lazer, nos praticamente nao viajamos. Muitas razoes para isso. A primeira e’ que, estando em NY, a vontade de ir a outros lugares e’ normalmente menor. Nao se fica entediado aqui, procurando outros lugares para ver. Ha’ um efeito atracao, e’ claro, ha’ outros lugares que da’ vontade de ver ou rever, mas nao ha’ o efeito expulsão, a compulsão de ir para outro lugar para fugir de onde se esta’. Fernanda queria (re)ver outros lugares, certamente nao por tedio de ficar aqui, antes pelo contrario, ela gosta de NY ainda mais do que eu. Quando vivíamos em New Jersey nos anos 80, com uma bolsa do CNPq, as possibilidades de vir a NY eram limitadas. Mesmo assim, nao se passavam muitas semanas antes que Fernanda pusesse uma maca (eu nao tenho acentos, e’ apple aqui) na bolsa, pegasse o trem e viesse passar o dia na cidade (eu tinha menos liberdade por causa das exigências do doutorado)...

Andando por NY

Ainda andando por Manhattan, nosso roteiro mais frequente foi, geralmente aos sábados pela manha, de casa ao Metropolitan nos dias de tempo bom (sem chuva ou nevasca). Sao 7 quadras para oeste e depois cerca de 20 para o norte. Fizemos muitas variantes (subir ou voltar por qualquer uma das avenidas, ainda que Fernanda normalmente preferisse a Madison por causa das vitrines, e eu preferisse a Terceira por causa da padaria do Eric Kayser), mas o mais comum tem sido ir ate’ a Quinta Avenida e subir pela Avenida mesmo, margeando o Central Park ou, quando o dia e’ mais convidativo, entrar por ele mesmo (entrar pelo Central Park encomprida o caminho porque nenhuma das passagens de pedestres avança em linha reta). Dependendo do que víssemos no museu, e do estado das pernas ao final, voltavamos a pe de novo ou de ônibus. Essa caminhada ainda será feita ate’ provavelmente nossos últimos dias aqui. O roteiro das avenidas e’, em si, muito interessante. Da Primeira a Terce...

Despedidas (3). Cardim falando de NY

A rigor, nos não estamos nos despedindo de Nova York, nos estamos nos despedindo de Manhattan. Fernanda ate’ que menos, ja’ andou mais para fora da ilha, um pouco para Astoria, Queens, onde ficam os supermercados que vendem coisas brasileiras, inclusive algumas que ja não encontrávamos no Brasil ha’ anos (como os dadinhos Quarto Centenário: quem for paulista e pelo menos da minha geração sabe do que estou falando), e um pouco, bem menos, pelo Brooklyn. Eu saio da ilha meio arrastado e me lembro de ter feito isto duas vezes nestes dois anos. Uma noite para ir ao BAM (Brooklyn Academy of Music) ver Isabella Rossellini e Jeremy Irons apresentarem uma biografia de Ingrid Bergman), outra para ir a casa de um velho amigo (na verdade, filho de velhos amigos). NY se divide em 5 boroughs: Manhattan, Bronx, Queens, Brooklyn e Staten Island. Staten Island, do outro lado da foz do Hudson, e’ o que menos tem a ver com a cidade, quase nunca se ouve falar e quando se ouve, não é bo...

Despedidas (2) Mais Cardim

O que mais fizemos nesses dois anos, junto com ir a museus, o que fica para depois, foi ir ver jazz. Eu tenho um primo, pianista profissional, que me ensinou o que havia para ser sabido de jazz quando eu era garoto. O problema, naturalmente, era que a maioria, quase todos, dos musicos que eu gosto mais ja morreram faz tempo. Mas ainda sobraram muitos, como Ron Carter, Herbie Hancock, Chick Corea e outros. Por mais de um ano, nos fomos praticamente todas as sem anas a algum clube de jazz. Sao muitos aqui, e, pelo que me dizem muitos amigos, em alguns deles se apresentam músicos promissores. Eu confesso que preferi ver o pessoal que ja cumpriu sua promessa. De longe, nosso lugar mais frequentado foi o Village Vanguard, na Sétima Avenida com 14. E’ o lugar mais importante do jazz aqui em NY. Muito simples, ele se mantém como sempre foi. Nos estivemos aqui, ha’ uns 25 anos atras, e tudo continua igual. Não tem cozinha, apenas um bar, e’ um lugar onde nao se vai para conversar (a não ser e...