quinta-feira, 8 de junho de 2017

Andando por NY


Ainda andando por Manhattan, nosso roteiro mais frequente foi, geralmente aos sábados pela manha, de casa ao Metropolitan nos dias de tempo bom (sem chuva ou nevasca). Sao 7 quadras para oeste e depois cerca de 20 para o norte. Fizemos muitas variantes (subir ou voltar por qualquer uma das avenidas, ainda que Fernanda normalmente preferisse a Madison por causa das vitrines, e eu preferisse a Terceira por causa da padaria do Eric Kayser), mas o mais comum tem sido ir ate’ a Quinta Avenida e subir pela Avenida mesmo, margeando o Central Park ou, quando o dia e’ mais convidativo, entrar por ele mesmo (entrar pelo Central Park encomprida o caminho porque nenhuma das passagens de pedestres avança em linha reta). Dependendo do que víssemos no museu, e do estado das pernas ao final, voltavamos a pe de novo ou de ônibus. Essa caminhada ainda será feita ate’ provavelmente nossos últimos dias aqui. O roteiro das avenidas e’, em si, muito interessante. Da Primeira a Terceira anda-se por areas residenciais, com seu comercio, dentro da ideia de que Manhattan e’ uma reunião de áreas mais ou menos auto-suficientes, nao apenas seus mercados e mercearias, barbeiros e leitores de mao (aos borbotões) mas tambem seus restaurantes, cinemas (que estão desaparecendo aqui tambem), parques infantis, escolas, etc. A Lexington e’ mais comercial e de escritórios, como tambem a Madison, so que para renda mais alta do que a Lexington (lojas de grife, essas coisas). A Madison, no passado, era a avenida das grandes agencias de publicidade (quem assistia a Feiticeira, o seriado, vai reconhecer porque era onde ficava a McMan and Tate). A Park, única avenida com duas maos e um passeio com jardim no meio, e’ a dos ricos (ricos mesmo). A Quinta é dos ricos tambem. Ja foi mais, mas ricos aqui sao ricos mesmo, nao os dos Jardins (em SP).
Outro roteiro que tambem fizemos muito, embora mais porque iamos a lugares por ali do que por si mesmos, era o Village. O Village é o Quartier Latin daqui. O West Village e’ melhor tratado, com aquelas ruas de predios antigos e baixos que se ve em filmes. O East Village era mais um lugar para imigrantes, a Primeira Avenida era mais ou menos a fronteira entre o que era razoavelmente seguro e os lugares onde nao se ia, nos anos 80, por exemplo, quando moramos aqui pela primeira vez. Depois da Primeira vem a Alphabet City, as avenidas A a C, que eram barra pesada na epoca, inclusive pelo trafico de drogas. Agora a gentrificacao liquidou tudo isso. Passeamos por la duas ou tres semanas atras e nao se faz ideia do que a area ja foi. Tambem as comunidades de imigrantes, como os ucranianos na Primeira Avenida, ja estao se diluindo. A St Mark’s Place, entre a Segunda e a Terceira, onde conviviam grupos enormes de punks e livrarias radicais, so se reconhece pela localização, nao tem mais nada da epoca. Sobra ali de muito bom o Cloister Café, na rua 9, também entre 2a. e 3a. Uma delicia de lugar, muito bonito, otima comida e precos muitos bons. No West Village fica o Vanguard e outras casa de jazz, e o melhor da area em torno da Washington Square. E’ como caminhar no calcadao de Copacabana, meio obrigatório para quem passa pela cidade, mas um obrigatorio agradavel, sem sacrifício. 
 Um pouco mais para o sul da ilha, fica o Soho, que tambem ja foi, e ainda e’, mas nao tanto, um bairro de artistas. A gentrificacao tornou tudo meio caro para que esses pessoal continuasse por ali, mas ainda tem muitas galerias e e’ um lugar gostoso de se andar. Nao e’ uma area muito grande, vai da W Houston ate’ a Canal St, anda-se uma manha e se ve quase tudo. Ao sul da Canal fica o que se chama aqui de Tribeca (Triangle Below Canal). Era uma area meio malvista, mas quando os precos subiram no Soho, o pessoal atravessou a rua do Canal e foi para Tribeca, e agora e’ uma área de artistas ate’ mais que o Soho propriamente. Em dias mais friozinhos, um passeio pelo Soho/Tribeca pode acabar no Dean and Delucca da Prince Street, onde se pode comprar pães sensacionais, mortadella trufada e ainda levar (ouo tomar la mesmo) um gumbo, a sopa de frutos do mar, muito condimentada, da Louisiana, para casa.
Claro que ha’ muitos outros roteiros de caminhada por aqui e Fernanda fez muitos mais do que eu, muitas vezes em visitas guiadas para conhecer a historia do lugar e coisas assim, para o que eu nao tenho muita paciencia. Mas um roteiro final e’ a area das antigas Twin Towers, o World Trade Center, onde esta’ o memorial as vitimas do ataque terrorista de setembro de 2001. A area foi toda remodelada e ficou muito interessante para se visitar. Dali pode se atravessar a West St em direção ao Brookfields Place, para se ver o Hudson, o cais para veleiros e iates, e depois comer alguma coisa no Le District, uma mistura de mercearia e restaurante francês onde se come muito bem ou se compra para comer em casa depois.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...