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Despedidas (8)

Nós nos limitamos principalmente a restaurantes da vizinhança, com uma ou outra incursão em algum lugar alem das fronteiras do upper east side. Mas uma alternativa que usamos muito nesses dois anos é a visita a “mercearias” (no final e’ o que são) onde se pode comprar coisas diferentes e levar para casa. Para nos, essa é uma tradição antiga, vinda do nosso primeiro periodo aqui, quando os meios eram limitados (a bolsa do CNPq e a remessa do salário da UFF que a inflação dos anos 80 levou uma vez a US$ 25!). Naquela época, as quintas feiras (quando assistíamos The Cosby Show e depois Cheers), nos comprávamos um espumante espanhol (champanhe francesa estava obviamente fora do mapa das possibilidades de consumo), uns vidrinhos de fake caviar (as ovas de lump fish que o pessoal tinge de negro para parecer os filhinhos do esturjão) e fazíamos festas. Aos sábados, alugávamos um video player (depois acabamos comprando um), e dois filmes, que vamos com os amigos (e vizinhos de campus housing) na noite de sábado para domingo. Agora, felizmente, apesar do champagne de verdade continuar esperando ocasiões especiais, o fake caviar pelo menos dá lugar a outras coisas, que, em NY, são fáceis de encontrar, em variedade inimimaginá
vel. Há muitos provedores dessas frescurinhas espalhados pela ilha. Aqui mesmo, ao lado de casa, temos um supermercado dedicado a frescurinhas, o Gourmet Garage, onde compramos queijos de todo lugar e outras coisas. A algumas quadras de casa há um mercado dedicado a comidas e ingredientes japoneses (a dificuldade e’ que 90% do que esta’ exposto esta’ identificado apenas em japonês). As coisas não são propriamente baratas, mas comprar para levar para casa (e’ mais confortável que picnics) e’ possível se fazer uma peregrinação por comidas incomuns sem grandes percalços. E’ claro que isso é possível fazer em muitos outros lugares, mas em Paris, acaba-se comprando coisas francesas, em Portugal as portuguesas, e assim por diante. Aqui se compra as francesas, as portuguesas, as italianas, tudo junto ou separado, como se queira. 

Atraves dos anos, para nos, o melhor lugar para fazer isso se chama Zabar’s, na Broadway com 82 ou 83. Pode soar esnobe, mas e’ preguiça mesmo, como desta vez estamos do lado leste, ao invés do oeste onde fica o Zabar’s, nao fomos nem uma vez ali, mas quem passar por aqui e estiver por ali (e’ na altura do Museu de Historia Natural), tem de dar uma passada la’. Pode-se comprar qualquer coisa para combinar depois. Pra quem for mais preguiçoso, eles abriram ha’ alguns anos uma lanchonete também onde se pode comer algumas coisas simples mas sensacionais.
Mas o Zabar’s ficou fora da nossa área geográfica, por isso e’ memória mais do que experiência, não temos do que nos despedir desta vez. Mas estamos nos despedindo de dois outros lugares que talvez nao sejam tao bons quando o Zabar’s (ou, quem sabe, sao), e que frequentamos mais. Um se chama Le District, fica no Brookfield Place, ao lado do World Trade Center. E’ uma mistura de restaurante informal, onde se come em balcões, nao em mesas, de tudo, de ostras, uma especialidade novayorkina historica, a steaks em que se escolhe a carne no acougue que eles mantém e eles churrasqueiam ali ao seu lado. Mas alem disso, tem varios balcoes com paes, queijos, patisserie e, o nosso preferido, o de patês e terrinas. Ha’ dois dias comemos uma terrina de galinha de angola que compramos la’ que e’ uma delicia. Outro lugar ótimo para se comprar coisas assim, e’ o Dean and Deluca. Ha’ varios espalhados pela ilha. Nos vamos com mais frequencia a uma na esquina da Maddison com 85, porque e’ bem na saída do Metropolitan, muito conveniente, mas a melhor e’ na Prince Street, no Soho. Com o tempo vai-se conhecendo coisinhas que são melhores aqui do que ali, como o roastbeef que se compra no Food Emporium da Terceira com 69, que e’ preparado ali mesmo, delicioso para quem gosta dessas coisas (como eu, Fernanda nao e’ muito chegada). Do Le District ainda vamos nos despedir mais uma ou duas vezes no mes que nos resta, com certeza. Do Dean and Deluca também, afinal e’ logo ali.

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