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Despedidas (6)

Uma das coisas em que a duracao da estada aqui faz toda a diferença é a frequência a museus. Nos sempre gostamos muito de museus, mas quando vínhamos a NY de passagem, embora ir ao Metropolitan fosse quase um ritual, algo obrigatório, em paralelo a alguma exposição especial em algum outro, a relacao com os museus muda completamente quando se tem tempo em uma escala diferente. Uma das primeiras coisas que fizemos quando chegamos, em 2015, foi nos tornarmos membros do Metropolitan. O Met sempre foi meu museu preferido. Ele e’ definido como um museu enciclopédico, porque apesar de seu forte serem obras de arte, o museu tem tambem um acervo histórico e cultural muito grande. Desde os anos 80 que visitamos o Museu, na Quinta Avenida, na altura da rua 82, mas ir a museus e’ uma coisa relativamente cara (exceto em Washington, onde os melhores museus sao da cadeia museus nacionais, conhecidos coletivamente como Smithsonian). O Met e’ uma instituição publica não-estatal (como aquelas que o Bresser tentou criar no Brasil quando foi ministro da reforma do estado). Ele nao tem a ver com governo, mas nao e’ uma instituição privada e, em troca de certos benefícios, nao pode implementar varios tipos de políticas (por exemplo, nao pode discriminar nao apenas contra etnias ou genero, mas tambem nao pode discriminar criancas). Ele nao pode cobrar entradas e apenas sugere valores de contribuição, que o visitante pode ou nao aceitar. Antigamente, a natureza voluntaria da contribuicao era meio oculta e todo mundo pensava nele como pago. Recentemente o museu foi intimado a tornar clara essa natureza e hoje as pessoas pagam o que quiserem. E’ um museu enorme (vimos muitas de suas ampliacoes nesses trinta e tantos anos) e eu costumava ir sempre aos mesmos lugares, onde estavam as telas que eu gostava de rever. Pissaro, entre os franceses do final do sec XIX, Sargent na American Wing, e mais algumas coisas. Mais de hora e meia, duas horas no maximo, visitando um museu fica muito cansativo, nao so para a atencao, mas tambem para as pernas e por isso, em visita curta, eu ia visitar meus velhos conhecidos. Como associados, nos pagamos uma contribuicao annual, que nos da’ direito a um numero ilimitado de visitas, e certos outros privilegios, mas o mais importante e’ o estimulo que cria para conhecer o museu em mais detalhe. Nesses dois anos, visitar o Met foi uma atividade praticamente seminal. Olha-se as exposicoes novas, visita-se os velhos amigos, passa-se um tempo tomando um capuccino e comendo um cupcake de chocolate na cafeteria da American Wing. Despedir-me do Met e’ talvez, individualmente, a coisa mais dolorosa do retorno a Portugal. Ainda temos a chance de visita-lo algumas vezes antes de ir (na verdade, pretendo faze-lo amanha de manha), mas e’ mesmo a despedida de um velho amigo. Ha’ varios outros museus muito interessantes em NY, mas, para mim pelo menos, os outros eu vou ver, mas o Met e’ ir para casa.
Quem vem para ca’, a proposito, para estada mais longa, deve providenciar tao cedo quanto possivel apos a chegada, uma carteira de identidade de NYC. Nao apenas serve como identidade para varias coisas que demandam isso aqui, mas tambem, como estimulo, dao um ano de membership em uma lista enorme de museus, inclusive o Met, por um ano. Eu nao gusto de arte moderna, mas Fernanda gosta e usou sua carteira para virar membro do MOMA e outros museus por aqui.
Outro museu muito simpatico, tambem na Quinta, mas na altura da rua 103, e’ o da cidade de NY. Conta a historia da cidade, muito interessante, e tem exposicoes especiais, como uma de fotografia, agora, de Todd Webb, que e’ magnifica. Fernanda gosta particularmente de um museu de fotografia chamado ICP, mas eu nunca fui. Mas alem dos grandes, tipo Met e Moma ou Guggenheim, que eu tambem nao gusto, ha’ muitos relativamente pequenos, como os que eram colecoes privadas (os mais conhecidos sao a Morgan Library e a Frick Collection) e os tematicos. Duas ou tres semanas atras fomos ao Tenement Museum, que retrata a vida dos emigrantes europeus do fim do seculo XIX, inicio do XX, que e’ muito interessante, emocionante mesmo, retratando um estilo de vida que era muito proximo ao de nossos proprios antepassados (especialmente para quem e’ de SP). Alem disso, ha’ muitas visitas guiadas (neste sabado vamos a uma do Harlem nos anos 60) que, para quem tempo e curiosidade, podem ser muito interessantes. Mas, disso tudo, a despedida mesmo e’ do Met. O cartao de membership vai provavelmente para uma moldurinha em algum lugar.

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