sábado, 18 de outubro de 2025

Leitura de sábado - UBS e Prior

 *Leitura de Sábado: UBS vende ações da Prio para reduzir exposição a Tanure, dizem fontes*


Por Cynthia Decloedt


São Paulo, 16/10/2025 - O Banco UBS Brasil adotou a estratégia de reduzir sua exposição em créditos tomados pelo empresário Nelson Tanure junto ao Credit Suisse, banco suíço adquirido pelo UBS em 2023, apurou a Broadcast. Nesse movimento, o UBS desmontou uma das operações de crédito que tinham as ações da Prio como garantia, resultando na venda de posição relevante das ações da companhia produtora de petróleo que estavam em posse do banco. A operação foi feita na semana passada.


A venda pelo UBS de uma parte das ações da Prio foi comunicada ao mercado pela própria empresa na segunda-feira, 13. A Prio informou que o banco suíço reduziu participação relevante em derivativos, com liquidação financeira, referenciados em ações de emissão da Prio. Na quarta-feira, 14, em outro comunicado, a Prio informou que o UBS Brasil reiterou posição consolidada de 6,43% em derivativos com liquidação financeira referenciados em ações de emissão companhia.


A Prio é considerada um dos principais casos de sucesso dos investimentos feitos por Tanure em empresas problemáticas. A companhia passou por uma grande transformação desde 2013, quando a então HRT foi adquirida pelo empresário. A Prio vale hoje perto de R$ 32 bilhões e se consolidou como uma das maiores exploradoras e produtoras de petróleo privadas.


Mesmo depois desta operação, o UBS segue com parte de uma exposição em empréstimos tomados pelo empresário, que somavam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões antes desta liquidação, conforme fontes. As operações de crédito a Tanure foram feitas no segmento de gestão de fortunas (wealth managment) do Credit Suisse. O banco foi comprado pelo UBS em 2023, em uma operação global.


EMAE


A decisão de diminuir sua exposição ao empresário acontece em meio a uma série de eventos recentes envolvendo o nome de Tanure e suas empresas investidas. No início deste mês, o empresário perdeu o controle da EMAE, empresa de energia privatizada no ano passado pelo governo de São Paulo. A perda se deu por uma operação feita após o vencimento antecipado de um empréstimo de R$ 520 milhões tomado por meio de uma emissão de debêntures subscritas pela XP. Os papéis eram garantidos por ações da EMAE e ainda da Ambipar, que está reestruturando uma dívida de R$ 11 bilhões e caminha para entrar em recuperação judicial.


O vencimento antecipado das debêntures da EMAE foi decretado após a Phoenix Água e Energia, holding que tinha o controle da EMAE e onde Tanure é o principal acionista, deixar de honrar um compromisso de cerca de R$ 130 milhões. Como mostrou a Broadcast, credores estavam atentos aos movimentos da EMAE havia pelo menos seis meses, incluindo relacionados ao uso do caixa da EMAE. O maior deles, revelado pela Coluna do Broadcast, foi o acordo para a compra de R$ 250 milhões em debêntures conversíveis, bônus de subscrição e títulos de dívida emitidos no exterior (bonds) da Light, empresa na qual Tanure é um dos acionistas de referência.


Procurado, por meio da assessoria de imprensa, o empresário Nelson Tanure questionou a informação apurada pela Broadcast. O UBS não comentou e a Prio não retornou até a publicação da nota.


Contato: cynthia.decloedt@estadao.com


Broadcast+

Leitura de sábado - ANAC

 Leitura de Sábado: Regulador não pode ser fardo adicional para setor aéreo, diz Faierstein/Anac


Por Luiz Araújo


Brasília, 16/10/2025 - O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Tiago Faierstein, afirma que sua gestão terá como pilar o diálogo com o Congresso Nacional. Tendo assumido o posto há dois meses, o presidente avalia que, de forma equivocada, a agência se distanciou do Legislativo, o que teria enfraquecido o orçamento e levado ao desalinhamento entre a agenda regulatória e projetos parlamentares.


Em entrevista à Broadcast, Faierstein defende que a independência técnica não pode significar isolamento institucional e que o diálogo com o Executivo e o Legislativo é essencial para recompor o orçamento e garantir estabilidade regulatória. "A Anac tem excelência técnica, mas perdeu capacidade de articulação. Nosso papel é reconstruir essa ponte."


Com passagens pela Infraero, o diretor-presidente destaca que a estatal tem condições de recuperar protagonismo na aviação regional. "Após anos de déficit, ela conseguiu equilibrar as contas e hoje tem capacidade de investimento", afirma. Confira os principais trechos da entrevista:


Broadcast: Recentemente o senhor falou sobre a necessidade de equilíbrio do papel regulatório para que o setor aéreo não seja prejudicado. Como deve ser esse equilíbrio?


Tiago Faierstein: No fim do dia, o que queremos é melhorar o serviço para a população. A principal reclamação em relação às companhias aéreas é o preço da passagem. Há espaço para reduzir custos. Dois fatores impactam diretamente o valor das passagens. O primeiro é a oferta e procura: temos mais pessoas querendo viajar e menos aeronaves disponíveis, devido à manutenção, escassez de peças e atraso na entrega de novos aviões - uma situação global, não apenas do Brasil. O segundo ponto é o custo dolarizado: cerca de 60% das despesas do setor dependem do dólar. Quando a moeda sobe, o custo sobe. Mesmo com tarifas elevadas, os voos estão lotados, e as companhias enfrentam dificuldades financeiras. O objetivo é que a Anac não seja um fardo adicional para o setor, já pressionado por custos dolarizados e alta judicialização. Entre os temas em discussão, está a jornada dos tripulantes. Temos dialogado com o sindicato dos aeronautas em busca de um consenso. A ideia é equilibrar os interesses e manter a segurança e o bem-estar de todos.


Broadcast: A questão da judicialização está próxima de ser resolvida, certo? Já que há um julgamento em curso no STF que terá repercussão geral.


Faierstein: O Supremo vai decidir se prevalece o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) ou o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Se o STF entender que prevalece o CDC, pouco há o que fazer. Mas se prevalecer o CBA, teremos de atualizar a Resolução 400. A Anac pretende apresentar uma proposta de atualização ainda este ano, respeitando os prazos de consulta pública e de análise de impacto regulatório.


Broadcast: O Congresso se mostrou bastante crítico às companhias nos últimos anos. Não há risco de se opor a pautas como a flexibilização da jornada dos tripulantes?


Faierstein: A relação com o Congresso é de diálogo constante. Estamos próximos, trocando informações e sentindo a temperatura das pautas para evitar decisões desalinhadas. O objetivo é que a Anac seja o centro de consulta técnica antes de qualquer projeto de lei sobre o setor. Isso já está mudando. Passei nove meses entre a indicação e a sabatina no Senado, o que me permitiu circular, entender o ambiente e amadurecer o diagnóstico. A Anac tem reconhecida excelência técnica, mas se isolou nos últimos anos, deixou de dialogar com o Congresso. Esse isolamento foi prejudicial. Quando se deixa de conversar com o Congresso, perde-se orçamento e espaço na formulação de políticas públicas. O Congresso quer proximidade, quer ouvir, e é isso que estamos restabelecendo. Temos um programa de regulação responsiva, que ajusta o nível de normatização conforme o risco. Agora queremos aplicar o mesmo conceito à comunicação: conversar antes de publicar novas regras, antecipar informações ao Congresso e aos atores do setor. Assim, as demandas chegam mais amadurecidas e com menos ruído político.


Broadcast: O senhor vê perspectiva de que o problema de orçamento das agências seja superado nos próximos anos a partir dessa aproximação com o Congresso?


Faierstein: Esse é o principal foco do nosso trabalho. Já temos compromisso do presidente da Comissão de Infraestrutura e de lideranças da Câmara e do Senado para recompor o orçamento das agências reguladoras. Reativamos o Conselho das Agências Reguladoras Federais, que estava parado, e hoje temos uma pauta conjunta. Fui eleito vice-presidente, ao lado do diretor-geral da ANTT, Guilherme Sampaio. Estamos atuando de forma integrada com Aneel, Anvisa, Antaq, ANA e outras.


Broadcast: E com o governo, como será a relação?


Faierstein: A relação com o governo é de alinhamento e colaboração, especialmente com o Ministério de Portos e Aeroportos. A Anac foi criada para regular, certificar e fiscalizar, mas também para atuar de forma alinhada às políticas públicas do governo federal, como está previsto na sua lei de criação. Isso não compromete a independência técnica, pelo contrário: fortalece a atuação institucional. A agência precisa da política pública e do orçamento, e o governo precisa da Anac para executar suas diretrizes. Dialogar não é depender. A independência não deve ser confundida com isolamento. Eu costumo dizer que o diretor não está ali apenas para seguir normas, mas para dar rumo, direção e visão institucional.


Broadcast: Quais são as marcas pretendidas para sua gestão?


Faierstein: Nossa agenda não é quantitativa, baseada em número de resoluções ou regulamentos alterados. É qualitativa e estratégica. Queremos que o setor de aviação civil saia desta gestão melhor do que entrou: mais cidades atendidas, mais pessoas voando, companhias mais saudáveis. O foco é o olhar da sociedade. O crescimento do setor só se sustenta com um mercado equilibrado. E não existe aviação civil bem-sucedida no mundo sem apoio do Estado. Nosso trabalho será direcionado para as áreas em que a Anac tem controle efetivo e pode gerar resultados concretos. Vamos focar naquilo que está ao nosso alcance e que pode, de fato, produzir impacto positivo no setor.


Broadcast: Como o senhor avalia o papel dos aeroportos regionais para o avanço do setor?


Faierstein: O Programa Ampliar, criado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, é fundamental. Ele estabelece uma mesa de negociação entre governo e concessionárias, oferecendo contrapartidas como extensão de prazo ou reequilíbrio contratual em troca da assunção de aeroportos regionais deficitários. Não se trata de obrigar as concessionárias, mas de criar incentivos. É uma política pública inteligente, semelhante à que originou a Infraero, que administrava aeroportos pouco atrativos à iniciativa privada até se tornarem rentáveis. A lógica agora é a mesma: fomentar o desenvolvimento da aviação regional com apoio estatal, até que esses ativos se tornem viáveis.


Broadcast: Qual é o papel da Infraero no atual contexto?


Faierstein: A Infraero é uma empresa pública financeiramente independente, com mais de R$ 2 bilhões em caixa e 51 anos de experiência técnica. Após anos de déficit, ela conseguiu equilibrar as contas e hoje tem capacidade de investimento. É um ativo importante do governo e pode voltar a ter protagonismo na execução de políticas públicas, como a construção, reforma e administração de aeroportos regionais. A ideia não é que ela gere lucro, mas que cumpra sua função social de desenvolver infraestrutura onde o setor privado não tem interesse imediato. O equilíbrio financeiro permite que a empresa use seu caixa para investir em projetos públicos, sem depender do Tesouro. A Infraero também presta serviços remunerados, como consultoria e operação sob contrato com prefeituras, o que ajuda a manter a sustentabilidade. O importante é que, com as contas equilibradas, o dinheiro em caixa possa ser direcionado a investimentos em aviação regional, cumprindo o papel público para o qual a empresa foi criada.


Contato: luiz.araujo@estadao.com


Broadcast+

Leitura de sábado - peso do juro

 Leitura de Sábado: Peso do juro aumenta e deve prejudicar balanços de varejistas e alavancadas


Por Ana Paula Machado


São Paulo, 17/10/2025 - A desaceleração da economia brasileira deve se refletir nos resultados financeiros das empresas listadas na Bolsa no terceiro trimestre. Analistas e estrategistas ouvidos pela Broadcast afirmam que a taxa elevada de juros penalizará as companhias mais ligadas à atividade doméstica, especialmente as do setor varejista, mas com efeitos também sobre aquelas com endividamento alto. A temporada de balanços ganha fôlego a partir da próxima semana.


A percepção dos profissionais é a de que os resultados do período de julho a setembro evidenciarão a Selic a 15% "fazendo o trabalho dela", ou seja, desacelerando a economia em ritmo de pouso suave para diminuir a inflação. Segundo o Projeções Broadcast, o terceiro trimestre deve mostrar crescimento de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB), ante 0,4% nos três meses anteriores.


"As empresas que são mais sensíveis a este cenário podem apresentar um resultado pior, mas dentro do esperado, não deve ter nada fora da curva", afirma o analista de investimentos da Daycoval Corretora, Gabriel Mollo. "O que mais preocupa é a inadimplência, e isso afeta mais os bancos e varejo, o que acaba contaminando a economia como um todo."


O peso dos juros elevados nos resultados das empresas brasileiras deve permanecer, pelo menos, até o primeiro trimestre do próximo ano, de acordo com os analistas. A expectativa, segundo eles, para o início do ciclo de corte da Selic é a partir de março de 2027.


"O corte está demorando mais do que o mercado imaginava em função do discurso muito conservador do Banco Central", avalia o diretor de Equity Research Latin America do Citi, André Mazini.


O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, é mais pessimista e acredita que o ciclo de afrouxamento monetário deve se iniciar somente em maio ou junho, estendendo os efeitos da restrição monetária por mais tempo que o previsto.


"Em dezembro deve haver uma desaceleração forte da economia, mas hoje o que temos de precificação da curva de juros é um corte da Selic e a partir de janeiro e olhe lá."


Exposição


Expostas imediatamente ao ciclo monetário, as empresas varejistas devem ver a sua receita cair no terceiro trimestre deste ano. "O setor vai performar mal, pois o País está desacelerando e acredito que vai apresentar resultados consistentes quando Selic começar a cair, isso em março do ano que vem", projeta Mollo, da Daycoval Corretora.


O economista da Valor Investimentos Ian Lopes também acredita que o setor segue em um momento delicado, em função das altas taxas de juros. "Apesar de resilientes, os juros altos pesam na dívida das empresas, por isso, não vai ter resultados tão bons, com a inadimplência crescente e o consumo em queda", diz Lopes.


Outro fator que deve pesar nas empresas é o inverno mais persistente neste ano em comparação a 2024.


Para Mazini, do Citi, o fator clima deve impactar os resultados do varejo de vestuário, como Azzas, Lojas Renner e C&A. "Além da atividade ter se desacelerado no trimestre. Os volumes foram mais baixos neste período em todo o setor."


Para o analista da Reach Capital Investimentos Khalil Lima, o que pode melhorar os resultados do setor é a alavancagem, mas por perda de receita e não por redução da dívida líquida das empresas.


"Quando a atividade desacelera, a desalavancagem operacional também cai, isso porque a conversão da dívida líquida com margem Ebitda fica menor", diz Lima. "As piores categorias devem ser o de vestuário, com Lojas Renner, Guararapes e C&A apresentando balanços piores, e alimentos, com volume menor de vendas."


Por outro lado, empresas com muitas dívidas, como Raízen, também devem ser prejudicadas pelos juros altos. Nas últimas semanas, o mercado tem questionado a saúde financeira dessas companhias, dado o alto grau de alavancagem.


"O mercado vai olhar com lupa essas empresas já com receio de que pode prejudicar os resultados futuros", diz Villegas, da Genial. "Com manutenção da Selic e taxa de juros longos nestes patamares, as companhias alavancadas devem sofrer neste trimestre."


Contato: ana.machado@estadao.com


Broadcast+

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Fernando Gabeira

 Fernando Gabeira

Bolsonarista deve responder em liberdade

A maneira como se processa, julga e determina a prisão é, na verdade, um palco onde os holofotes estão nos vencedores

14/10/2025 00h06  

O prédio do STF em Brasília — Foto: Cristiano Mariz / O Globo

 

Há pouco mais de dois meses, falei dela numa entrevista ao canal MyNews. Falei de modo geral: uma presa política em condições precárias, em Três Corações, Minas Gerais. Fui criticado por me interessar por alguém de direita. Houve quem dissesse que inventei o caso. Hoje, serei um pouco mais específico.


Ela se chama Alexandra Aparecida da Silva, tem 43 anos, é ré primária, bons antecedentes. Usava uma tornozeleira eletrônica em sua pequena cidade de Fama, às margens do Lago de Furnas. De repente, foi levada para a prisão, onde sofre muito. Tem um nódulo na mama, esperando biópsia, um cisto no punho e sangramento retal. Não se trata de anistia, muito menos de dosagem de pena. Ainda não foi julgada.


É conhecida por Leca. Depois de presa pela primeira vez em Brasília, seu casamento foi para o espaço. Vivia precariamente, cuidando de nove cachorros. Estava na capital apenas no dia 9 de janeiro de 2023. Seu ônibus quebrou e se atrasou. Não participou de invasão aos prédios públicos. Mas suas redes sociais eram claras: adepta de Bolsonaro, bandeiras do Brasil, ilusão de estar salvando o país — essas coisas.


Quando deixou a prisão de Brasília e voltou para sua pequena cidade, Leca precisava trabalhar. Tinha de se apresentar todas as semanas à Justiça, na cidade vizinha Paraguaçu. Não havia muito como se mexer: seu dinheiro não dava para frequentar o restaurante da Rita, no máximo algumas idas à farmácia do Vantuil.


Leca teve a chance de se livrar do processo. Era um acordo em que tinha de admitir sua culpa. Preferiu não assinar nada, era mais verdadeiro. Nas suas saídas para o trabalho, alguém a fotografou. Denunciada, foi para a cadeia. A pequena cidade cuida dos seus cachorros e se cotiza para pagar o advogado.


Ninguém a vê como perigo à democracia. Pelo contrário, alguns começam a duvidar se a democracia não é o perigo. Nem todos sabem que o Brasil mudou muito com o fim da ditadura. Entramos em presídios, implodimos o da Ilha Grande, visitamos inúmeros hospícios. Era um movimento de esquerda, é verdade. Mas isso não se define por esquerda e direita. Transcende essa divisão. O escritor Henry David Thoreau costumava dizer que, para conhecer um país, é preciso visitar suas cadeias.


No meu entender, está em jogo em todo esse trabalho punitivo a própria imagem da democracia. A maneira como se processa, julga e determina a prisão é, na verdade, um palco onde os holofotes estão nos vencedores. Representam algo de fato distinto ou são apenas a continuidade de uma insensibilidade histórica?


Não acuso o Supremo, apenas tenho dito que assumir a responsabilidade de milhares de processos significa também ter algum controle sobre o dia a dia das prisões. O modesto pai de Leca foi visitá-la em Três Corações. A penitenciária impediu sua entrada, dizendo que não se vestia adequadamente. O homem saiu para comprar uma calça e camiseta, lançando mão de suas economias. Quando voltou ao presídio, disseram:


— Acabou o horário de visitas.


O mundo está cheio dessas micromaldades. Não consigo ignorá-las. Por isso peço a Alexandre de Moraes que considere processar Leca em liberdade. Ela precisa cuidar da saúde, dos seus nove cachorros, e a pequena cidade de Fama respirará aliviada com sua volta.

Riscos econômicos

 Artigo da folha de  16/10/2025, sobre riscos econômicos 


"Dois parágrafos, o primeiro e o último, da coluna do jornalista Vinicius Torres Freire, intitulada 'Maior banqueiro dos Estados Unidos lança teoria da barata para falar de perigo de bolha', lançam alerta sobre o crescente risco que a economia mundial vem demonstrando:


 'Há uma bolha de inteligência artificial? De crédito ruim? Zumbis existem?' O maior banqueiro dos Estados Unidos acredita em baratas: 'Quando se vê uma barata, tem mais por aí'. Se empresas financiadas por "bancos paralelos" ("shadow banks") quebram de modo estrambótico, em cantos menos visíveis pode haver mais financiamento irresponsável, à beira de estourar e, quem sabe, de afetar o sistema financeiro.' ...


 ... Há risco de choques por aí, cada vez mais. A China desafia os EUA. Donald Trump vai deixar barato ou vai amarelar, com medo de colapso de preço de ações? Trump agora ameaça levar guerra à Venezuela — como o Brasil negociaria com os americanos enquanto eles estivessem bombardeando Nicolás Maduro? Vai ocorrer acidente por causa das contas públicas da França, Japão ou Reino Unido? Um sucesso dos ataques de Trump ao Fed, ao BC dos EUA, pode causar fuga do dólar mais relevante no curto prazo?"

Guerra de geladeiras

*Na guerra das geladeiras, a LG prepara um contra-ataque aos chineses*


André Jankavski16 de outubro de 2025


Nos últimos anos, as geladeiras da LG tinham espaço apenas nas cozinhas da classe A.


Agora, a fabricante sul-coreana está querendo mudar esse posicionamento para fazer frente às marcas da Whirlpool e à Electrolux na casa de todos os brasileiros.


O principal movimento nessa direção é uma nova fábrica de geladeiras na região metropolitana de Curitiba, que deve começar a operar no segundo tri do ano que vem. 


A companhia está investindo R$ 1,5 bilhão na planta, com capacidade de produzir 350 mil refrigeradores por ano. A ideia é que praticamente todas as geladeiras vendidas pela fabricante sejam produzidas no Paraná – com exceção das linhas mais premium, que continuarão sendo importadas.


Daniel Song, o presidente da LG Electronics e CEO para a América Latina, disse que o investimento é uma das maiores apostas da gigante sul-coreana no Brasil. 


“Esse aporte não é apenas uma nova planta: é um movimento estratégico. Ao nacionalizar a produção, ganhamos escala, velocidade de resposta ao varejo e aderência superior às novas regras de eficiência energética,” Song disse ao Brazil Journal.


O mercado brasileiro de refrigeradores movimenta cerca de R$ 16 bilhões/ano, com cerca de 5 milhões de unidades vendidas. 


No ano passado, segundo a Eletros, o segmento de linha branca – que inclui refrigeradores, fogões e máquinas de lavar – cresceu 17%. 


Com a fábrica em funcionamento, a LG pretende chegar a um market share de 10% no fim do ano que vem – mais que o dobro da fatia atual, de cerca de 4,3%.


Para tentar alcançar essa meta, a companhia já está trazendo ao mercado modelos mais baratos. Se antes a LG era conhecida por geladeiras que começavam em R$ 10 mil, agora já é possível encontrar modelos por R$ 3,5 mil.


Mas como a produção na fábrica ainda não foi começou, os produtos ainda são importados. Ou seja, a empresa vem queimando caixa para conseguir conquistar o consumidor – e conseguir barrar a ofensiva de marcas chinesas como Hisense e Midea, que estão apostando em preços mais baixos.


Ao mesmo tempo, as líderes de mercado estão tendo um 2025 mais difícil. Em seus balanços, tanto Whirlpool e Electrolux falaram sobre uma desaceleração das vendas, mas sem dar números. Os motivos: juros altos e a ofensiva das asiáticas. 


A LG não se mostra preocupada com o atual momento. Roberto Barboza, o vice-presidente de vendas para a linha branca, disse que a marca sul-coreana pode ganhar espaço apostando na “democratização da inovação”. 


Uma dessas inovações é a redução do consumo da energia. A geladeira mais econômica da LG consome cerca de 30 kWh por mês, o que gera um custo médio mensal de R$ 30 em São Paulo. Segundo Barboza, é a geladeira com a maior eficiência energética do mercado. 


Além disso, a LG fez uma pesquisa de campo para entender os hábitos do brasileiro. As visitas incluíam questionários com os consumidores para entender onde os consumidores guardam suas bebidas e alimentos.


Resultado: a empresa criou modelos com painel externo (algo que não existe fora do Brasil) e layout interno otimizado para o gosto do brasileiro.


“O brasileiro abre a porta muitas vezes, então o freezer precisa ser maior. E há detalhes culturais: todo brasileiro quer bandeja de ovos – algo que não existe fora daqui,” disse Barboza.


Hoje a LG alterna a liderança em segmentos como TV e ar-condicionado, que são produzidos em Manaus. 


Segundo o CEO, a fábrica de refrigeradores vai permitir que a empresa consiga brigar pela liderança em um futuro não tão distante. 


“Hoje todas as geladeiras são importadas, o que reduz nossa rentabilidade. Com a produção local, ganhamos competitividade e podemos brigar de igual para igual com os concorrentes em preço – mas com um produto superior,” disse o executivo. 


A LG pretende usar micro e nanoinfluenciadores e fazer uma grande campanha na TV aberta para levar seu novo posicionamento a públicos regionais. “Queremos falar com quem está comprando sua primeira ou segunda geladeira com o mesmo tom aspiracional que usamos nas TVs OLED,” disse Barboza.


https://braziljournal.com/na-guerra-das-geladeiras-a-lg-prepara-um-contra-ataque-aos-chineses/

Lei cambial acochambra

 🏦*Lei muda e isenta 5 bancos em investigação da PF sobre lavagem de dinheiro- Estadão*


Uma mudança na legislação sobre operações de câmbio isentou cinco instituições financeiras que eram investigadas pela Polícia Federal por suposta participação em um esquema bilionário de evasão de divisas. As operações descobertas pela PF envolviam compra de criptoativos e lavagem de dinheiro para organizações criminosas como o grupo terrorista Hezbollah e o Primeiro Comando da Capital (PCC).


*Investigação da PF*: A Operação Colossus, iniciada em 2020, apurava um esquema bilionário de evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo criptoativos e organizações criminosas como o Hezbollah e o PCC.


*Bancos envolvidos*: Cinco instituições estavam sob investigação — Master, Genial, Travelex, Santander e Haitong — mas foram isentadas após mudança na legislação cambial.


*Mudança legal*: A nova lei cambial, aprovada em dezembro de 2021 e regulamentada em dezembro de 2022, transferiu a responsabilidade pelo registro correto das operações de câmbio dos bancos para os clientes.


*Impacto jurídico*: Com essa mudança, condutas investigadas entre 2017 e 2022 deixaram de ser consideradas crime, anulando a base legal para responsabilizar os bancos.


*Origem da lei*: O projeto foi enviado ao Congresso em 2019 pelo governo Bolsonaro. O relator, deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA), incluiu a mudança a pedido do Banco Central.


https://tinyurl.com/2brh8zfn

Fabio Alves