quinta-feira, 22 de maio de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Sell-off de ativos americanos devido a um fraco leilão de obrigações americanas a 20 anos. Foi o segundo sinal de alerta ontem. O outro foi a péssima inflação no Reino Unido, publicada à primeira hora: +3,5% vs. +3,3% esperado vs. +2,6% março, com Subjacente +3,8% nada menos vs. +3,6% vs. +3,4%. Em pouco tempo, já não será possível continuar a ignorar o aumento da inflação que estimamos que irá acontecer no 2.º semestre devido aos impostos alfandegários. Schnabel e Knot, conselheiros ultra-séniores do BCE, advertiram ontem sobre isso. O fraco leilão de obrigações americanas é simplesmente consequência direta da redução de impostos que Trump tenta que o Congresso aprove. Insistimos que, segundo os nossos cálculos, as poupanças de despesas de Trump apenas supõem 0,06Bn $/ano ou 0,6Bn $ em 10 anos, que poderão somar-se ao ganho dos impostos alfandegários (0,07/0,10Bn $/ano ou 0,7/1,0Bn $ em 10 anos, no melhor dos casos), sendo essa soma muito inferior aos 3Bn $/5Bn $ de menores receitas fiscais também em 10 anos devido às descidas de impostos que propõe. Isso levará os EUA ao terreno de irresponsabilidade fiscal (Dívida/PIB desde 120% para 130%/135%), debilitando o USD e dificultando a emissão de dívida soberana. E uma prova disto foi o leilão de ontem. 


Nada disso será neutral para a bolsa americana, visto que as yields das suas obrigações irão subir (ontem +7 p.b. no T-Note, até 4,58%) e isso fará com que, para os mesmos lucros/cash flows livres, as empresas valham menos porque a taxa de avaliação exigida será mais elevada. A Europa pode ficar à margem disto durante um tempo, mas, no final, as obrigações europeias também irão elevar as suas yields, tanto por contágio (ontem: Bund +5,7 p.b., até 2,605%; Espanha +6,9 p.b., até 3,211%), como por reconhecimento do aumento da inflação. Mas, além disso, os lucros serão inferiores, porque numa guerra alfandegária, todas as partes perdem e os PIBs abrandam. As revisões em baixa dos EPSs já começaram. Isto é, avaliações inferiores. E isso é incompatível com subida de bolsas. Não é nenhum desastre, nem tampouco uma recessão, mas um contexto mais fraco que deveria resultar num ajuste das bolsas, não na sua subida contínua.


HOJE é o dia dos PMIs em todo o mundo e amanhã da inflação japonesa, que provavelmente se manterá perto dos +3,6% atuais, o que é excessivo para o Japão. Os PMIs na Índia saíram bons esta madrugada (Composto 61,2 vs. 59,7), mas já se esperava, na medida em que a índia vai substituindo progressiva e parcialmente a China. Os PMIs europeus saem ao longo do dia de amanhã e poderão melhorar um pouco, mas o Industrial irá manter-se em zona de contração económica. O IFO, às 9 h, também irá melhorar um pouco. E às 14:45 h, o PMI Industrial americano, com risco de retroceder um pouco até abaixo de 50, nível que separa a expansão da contração económica. 


CONCLUSÃO: Os PMIs não serão maus, mas a Europa deve digerir o golpe de ontem e Wall St. devido ao mau leilão de obrigações americanas. Isso significa bolsas europeias ca.-0,5%/-0,7% e depois Nova Iorque melhor, talvez a subir um pouco como contrarreação inercial às quedas de ontem. O USD irá esperar um pouco em 1,135/€ antes de se dirigir para 1,140/€. As bolsas começarão a interiorizar os avisos que lhes chegam.


S&P500 -1,6% Nq-100 -1,4% SOX -1,8% ES50 0% IBEX -0,1% VIX 20,9% Bund 2,66% T-Note 4,58 Spread 2A-10A USA=+58pb B10A: ESP 3,28% PT 3,15% FRA 3,32% ITA 3,65% Euribor 12m 2,084% (fut.2,098%) USD 1,133 JPY 162,3 Ouro 3.331$ Brent 64,6$ WTI 61,3$ Bitcoin +3,1% (110.823$) Ether +1,3% (2.617$). 


FIM

BDM Matinal Riscala

Haddad anuncia medidas para cumprir meta fiscal

 Resumir

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*



[22/05/25]


… A Câmara dos EUA varou a madrugada negociando o projeto de Trump que corta impostos e aumenta gastos para tentar votar ainda nas próximas horas. Índices PMI de atividade industrial e de serviços abrem o dia na Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido e nos EUA, onde sairão também pedidos de auxílio-desemprego e vendas de casas usadas. O Fed boy do dia é John Williams (15h). Não há balanços relevantes previstos em NY – que monitora os riscos do elevado déficit fiscal. Aqui, em mais um pregão de agenda sem indicadores, será realizada reunião do CMN, mas a expectativa é para o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que deverá vir com as medidas preparadas pela equipe econômica para permitir o cumprimento da meta do ano. Haddad e Tebet concedem entrevista às 15h.


… Meia hora antes, às 14h30, o primeiro Relatório de 2025, referente ao segundo bimestre, será divulgado.


… Além dos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, participam da coletiva os secretários-executivos da Fazenda, Dario Durigan, e do Planejamento, Gustavo Guimarães, Clayton Montes (Orçamento), Rogério Ceron (Tesouro Nacional) e Robinson Barreirinhas (Receita).


… De acordo com pesquisa do Broadcast, a estimativa do mercado aponta para um congelamento de R$ 10,0 bilhões no Orçamento/2025, segundo a mediana. As projeções de 17 casas consultadas variam de R$ 5,0 bilhões a R$ 28,0 bilhões.


… Já levando em conta os efeitos desse congelamento, a estimativa intermediária para o resultado primário do governo central em 2025 é de déficit de 0,26% do PIB, descontados os créditos extraordinários para pagamentos de precatórios da União.


… A pesquisa também questionou o mercado sobre qual seria o ajuste total necessário ao longo do ano para que o governo atinja o déficit zero em 2025. A mediana indica uma necessidade bem maior entre bloqueios e contingenciamentos, de R$ 40,0 bilhões.


… Se o alvo for a banda inferior do arcabouço, déficit de até 0,25% do PIB, a necessidade seria de um congelamento de R$ 15,0 bilhões.


… Embora Haddad tenha descartado novos gastos, as medidas a serem anunciadas hoje não contemplam todas as iniciativas do pacote do Planalto para tentar reverter a queda de popularidade do presidente Lula. Nem tudo está no Orçamento.


… A MP do setor elétrico, assinada nesta 4ªF e apresentada por Lula a David Alcolumbre, corre por fora, já que a ideia é que os custos da gratuidade das contas de luz para 60 milhões de pessoas sejam compensados com o aumento da energia para quem pode pagar.


… Em reunião com líderes do Congresso e ministros, o presidente disse que a reforma do setor elétrico busca fazer justiça tarifária no País e “garantir liberdade para o consumidor escolher de onde contratar”. O áudio do encontro foi divulgado pelo Planalto.


… “Todo mundo sabe que o povo mais pobre, que a classe média brasileira, que utiliza energia elétrica pelo mercado regulador, paga mais do que as pessoas que utilizam energia pelo mercado livre, que geralmente são os empresários”, disse Lula.


… O presidente afirmou que o governo quer criar concorrência para que a energia elétrica chegue mais barata para a população.


… A proposta prevê a abertura total do mercado livre de energia a partir de março de 2028, mas desde já a Nova Tarifa Social de Energia beneficiará pessoas com faixa de consumo até 80 kWh, que não vão pagar conta de luz.


… Hoje, quem gasta até 30 kWh tem desconto de 65%; de 31 a 100 kWh, de 40%; e de 101 a 200 kWh, desconto de 10%.


… Para viabilizar a Nova Tarifa Social, o MME aumentará em 1,5% as contas dos demais consumidores e cortará benefícios dos consumidores de energia eólica e solar. Além da isenção da conta de luz, o governo prepara outras medidas de apelo popular.


… Está em estudo uma nova modalidade de crédito aos microempreendedores, que terá o Pix recorrente como garantia dos empréstimos tomados junto aos bancos, e uma linha de crédito da Caixa e do BB para a compra de motocicletas a entregadores de aplicativos.


… Na Saúde, o presidente Lula quer trocar a dívida federal dos hospitais particulares pelo uso de sua estrutura para cirurgias do SUS.


… Hoje, uma das medidas que deve constar do Relatório Bimestral é o novo Vale Gás, que prevê a distribuição de botijões com vouchers de R$ 110 a serem entregues pela Caixa. Mas o programa respeitará o limite de R$ 3,5 bilhões previsto no Orçamento deste ano.


… Outra questão é o Pé-de-Meia, que ganhou um prazo do Tribunal de Contas da União para ser incluído no PLOA.


… Nos desmentidos do pacote, na semana passada, Haddad disse que o Orçamento de 2026 não começou a ser discutido e que não havia nenhuma demanda do Ministério do Desenvolvimento Social para um reajuste do Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700.


… O ministro ainda garantiu que a meta de déficit zero deste ano será atingida, como foi atingida no ano passado.


… Mas na véspera do Relatório Bimestral, as incertezas fiscais no Brasil se somaram aos receios com o déficit nos EUA para puxar as taxas de juros na B3 e em NY, enquanto o enfraquecimento global do dólar permitiu a apreciação do real e o Ibov realizou (leia abaixo).


INSS – Outro fator de preocupação fiscal: a AGU calcula que os pedidos de reembolso de aposentados que tiveram descontos indevidos já somam R$ 1 bilhão, envolvendo cerca de 1,7 milhão de beneficiários que informaram, até o momento, que foram lesados.


… Se todas as associações tivessem fraudado os beneficiários, o custo chegaria a R$ 5,9 bilhões, mas essa não é a expectativa do governo.


AS INCERTEZAS CONTINUAM NO AR? – Em seminário da FGV, no início da noite, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou que a ata do Copom de junho segue “absolutamente válida em direção, sentido e módulo”.


… Apesar de uma certa pausa no armistício tarifário entre EUA e China, ele acha muito cedo ainda para reduzir qualquer incerteza com o cenário global. Por isso, diz que a ata não pode ser considerada “velha”. “As incertezas continuam no ar.”


… Já os economistas que participaram do evento apostam em um recuo completo de Trump na guerra das tarifas, registrou o Broadcast.


… Para Roberto Padovani (Banco BV), é divertido observar a “grande bagunça” provocada por Trump, que já percebeu que, nesta briga, os EUA têm mais a perder do que a China, que “pensa 100 anos à frente e tem um regime político que suporta turbulência”.


… Caio Megale (XP Investimentos) avalia que o objetivo de Trump é afetar a China, que tem relações comerciais com o mundo todo. “A ideia era sufocar as exportações chinesas, mas a China exporta para todos os países.”


… Já Tatiana Pinheiro (Galapagos) considera que a estratégia mercantilista de Trump não funciona no cenário atual, em uma estrutura econômica diferente. “Agora é uma revisão de PIB para baixo e de inflação para cima [nos EUA].”


… Os economistas estão mais preocupados com a inflação no Brasil, que deve forçar o BC a manter os juros elevados por bastante tempo.


LICENCIAMENTO AMBIENTAL – O Senado aprovou, por 54 votos a 13, o novo marco legal do licenciamento ambiental. Segundo Valor, o avanço do texto representa uma vitória direta de Alcolumbre sobre Marina Silva.


… Em meio ao impasse em torno da prospecção de petróleo na Margem Equatorial, o presidente do Senado emplacou emenda que, na prática, pode afrouxar as regras e facilitar a autorização para a exploração na região.


… Como o texto sofreu mudanças pelos senadores, terá que retornar para a Câmara dos Deputados.


GRIPE AVIÁRIA -A Rússia flexibilizou as suspensões sobre a importação de frango brasileiro, proibindo apenas a importação de carne de aves e derivados do Rio Grande do Sul, segundo o Ministério da Agricultura.


… A pasta autorizou nesta 4ªF a solicitação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para guardar carne de frango em contêiner frigorificado nas cargas já inspecionadas e prontas para exportação.


… Até a atualização mais recente, de ontem à noite, havia nove investigações de suspeita da doença no País.


PETRÓLEO – Integrantes da Opep+ estão considerando a possibilidade de aumentar a produção pelo terceiro mês seguido em julho, segundo fontes da Bloomberg. A elevação prevista na oferta é consistente: 411 mil bpd.


… A decisão final deverá ser tomada em reunião marcada para 1 de junho.


MAIS AGENDA – Nos EUA, o auxílio-desemprego (9h30) tem previsão de alta de mil pedidos, para 230 mil. No mesmo horário, sai a atividade nacional de abril do Fed/Chicago. Às 11h, as vendas de moradias usadas em abril.


… O PMI composto de maio sai nos EUA (10h45). O BCE divulga às 8h30 a ata da última decisão monetária.


JAPÃO HOJE – A leitura preliminar do PMI/S&P Global composto caiu de 51,2 em abril para 49,8 em maio. O indicador ficou abaixo patamar neutro de 50, ou seja, indicando contração da atividade econômica.


… O PMI industrial cedeu de 48,9 para 48,0 no mesmo período, também em território de contração. O PMI de serviços teve queda de 52,4 para 50,8 na mesma comparação, mas continua a apontar expansão da atividade.


FECHOU O TEMPO – Como o populismo fiscal não é exclusividade dos emergentes, as bolsas em Wall St afundaram e os juros dos Treasuries saltaram, assustados pelos planos de corte de impostos de Trump.


… Sem compensação do lado da redução das despesas para equilibrar as contas públicas, relatório do Deutsche Bank aponta que o déficit orçamentário do país pode ficar acima de 6,5% do PIB por um período prolongado.


… Com os nervos à flor da pele, a taxa da Note de 10 anos cruzou 4,5% e a do T-Bond-30 anos rompeu a barreira dos 5%. A pressão externa estressou a curva do DI, já de guarda elevada com o relatório bimestral de hoje.


… Em meio à aversão ao risco fiscal americano, o dólar caiu globalmente, com o índice DXY voltando a furar a linha dos 100 pontos. Aqui, o Ibovespa interrompeu os recordes e queimou mais de 2 mil pontos, na cola de NY.


… Caíram o Dow Jones (-1,91%; 41.860,44 pontos), S&P 500 (-1,61%; 5.844,61 pontos) e Nasdaq (-1,41%;  18.872,64 pts). As varejistas foram mal em dia de balanços: Target (-5,21%), Best Buy (-1,41%) e Lowe´s (-1,68%).


… Além das dúvidas sobre a saúde fiscal dos EUA, para piorar, a demanda pelo leilão de Treasuries de 20 anos veio abaixo do esperado, com o mercado pedindo prêmios elevados para absorver os bônus do Tesouro.


… O retorno da Note de 2 anos subiu à faixa dos 4% (4,007%), contra 3,973% na véspera, o da Note de 10 anos acelerou para 4,586%, de 4,484% no pregão anterior, e o yield do T-Bond-30 anos avançou a 5,083%, de 4,966%.


… O clima pesado em NY veio a calhar para uma realização de lucro do Ibov. Um dia depois de ter conquistado a marca inédita dos 140 mil pontos, o índice à vista caiu 1,59%, aos 137.881,27 pontos, com giro de R$ 22,7 bi.


… Apesar da correção detonada pela cautela coletiva, a bolsa ainda acumula alta de 2% este mês. A onda de vendas ontem foi generalizada: só 13 das 87 ações que compõem a carteira teórica escaparam no positivo.


… Os bancos caíram pesado: Itaú PN (-2,01%, a R$ 37,53); Bradesco PN (-1,78%, a R$ 15,41); BB ON (-0,94%, a R$ 25,26); e Santander Unit (-2,00%, a R$ 29,92). Vale ON (-1,28%, a R$ 54,64) contrariou o minério (+0,76%).


… Petrobras ON (-0,85%, a R$ 33,88) e PN (-1,12%, a R$ 31,75) operaram em linha com a queda de 0,71% do petróleo Brent/jul, a US$ 64,91 por barril, depois do aumento inesperado nos estoques da commodity nos EUA.


… Mais cedo, a cotação do petróleo chegou a subir mais de 1%, em meio a rumores de que Israel estaria se preparando para atacar instalações nucleares do Irã, o que não se confirmou até o fechamento do negócios.  


… As piores perdas do Ibov ficaram com ações sensíveis à alta do DI: Marcopolo (-6,94%), Vamos (-6,60%), Cyrela (-5,61%) e MRV (-5,56%). Gol PN (+35,29%) voltou a bombar com a aprovação da recuperação judicial em NY.


… Já Azul PN (-5,56%) amargou a sexta queda consecutiva, com o rating rebaixado pela S&P e rumores de que busca empréstimo de US$ 600 milhões com credores como primeiro passo para eventual plano de recuperação.


A CONTA QUE NÃO FECHA – Sem saída, os juros futuros embutiram prêmio de risco, de olho no fiscal aqui e nos EUA. A MP do setor elétrico, que faz parte do pacotão para salvar a popularidade de Lula, adiciona riscos.


… Além disso, a informação do Broadcast de que já chegam a R$ 1 bilhão os pedidos de reembolso de aposentados do INSS pela escândalo da fraude também coloca uma faca no pescoço das contas públicas.


… O mercado não esconde o medo de que o contingenciamento programado no relatório bimestral seja insuficiente para o equilíbrio fiscal e que o documento possa se transformar em uma peça de ficção.


… O DI para Jan/26 subiu a 14,750% (contra 14,735% no dia anterior); Jan/27 superou 14%, a 14,055% (de 13,965%); Jan/29 avançou a 13,665% (de 13,505%); Jan/31, 13,890% (13,740%); e Jan/33, 13,960% (13,810%).


… Apesar da empinada na curva, o dólar fechou em baixa de 0,48%, a R$ 5,6422, porque falou mais alto enfraquecimento da moeda americana no exterior, em meio à dinâmica fiscal preocupante nos EUA.


… Com Trump obstinado em levar adiando a promessa de campanha de cortes de impostos e aumento de gastos em áreas estratégicas, os investidores têm reduzido (ainda mais) a presença do dólar em suas carteiras.


… Nem bem a moeda americana teve tempo de desfrutar a trégua na guerra comercial e já surgem os novos desafios do déficit do orçamento americano para continuar pondo em xeque a dominância global do dólar.


… O índice DXY caiu 0,55%, a 99,559 pontos. O euro subiu 0,35%, a US$ 1,1331, apesar de o dirigente do BCE Mário Centeno ter defendido juros abaixo do nível neutro para evitar que a inflação fique inferior à meta.


… A libra ganhou 0,25%, a US$ 1,3419, depois de o índice de preços ao consumidor (CPI) ter saltado de 2,6% em março para 3,5% em abril, na taxa mais alta desde janeiro do ano passado e acima das previsões de 3,3%.


… O iene avançou para 143,63/US$. Washington e Pequim devem iniciar negociações tarifárias amanhã.


EM TEMPO… PETROBRAS prevê chegada de sonda à Foz do Amazonas até o fim de junho. Cronograma foi informado pela estatal após Ibama aprovar o conceito do Plano de Proteção e Atendimento à Fauna…


… O TCU apontou nesta 4ªF a identificação de “déficit de governança” após uma denúncia de suposta irregularidade no processo seletivo na indicação de Henrique Jäger para o cargo de presidente da Petros.


BB distribuirá JCP de R$ 516,3 milhões, ou R$ 0,0904 brutos por ação; ex em 03/6; pagamento em 12/6.


V.TAL realizou o pré-pagamento da segunda emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie com garantia real, com garantia adicional fidejussória, com esforços restritos, de R$ 5,7 bilhões.


COMPASS GÁS E ENERGIA anunciou a quarta emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em até duas séries, no valor de R$ 2,3 bilhões.


IOCHPE-MAXION. Conselho aprovou 16ª emissão de debêntures simples, no montante de R$ 300 milhões, com prazo de 5 anos.


MERCADO LIVRE. A partir do ano que vem, Ariel Szarfsztejn, atual presidente de comércio do grupo, assumirá o cargo de CEO global. Vai suceder o fundador Marcos Galperin, que atuará como presidente-executivo.


WALMART planeja cortar cerca de 1.500 postos de trabalho em uma reestruturação com o objetivo de reduzir suas despesas e acelerar a tomada de decisões, segundo fontes da agência Dow Jones.


AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

[22/05, 06:07] Riquelme: Vai rolar: Relatório bimestral é destaque

 Resumir

[22/05/25] A Câmara dos EUA varou a madrugada negociando o projeto de Trump que corta impostos e aumenta gastos para tentar votar ainda nas próximas horas. Índices PMI de atividade industrial e de serviços abrem o dia na Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido e nos EUA, onde sairão também pedidos de auxílio-desemprego e vendas de casas usadas. O Fed boy do dia é John Williams (15h). Não há balanços relevantes previstos em NY – que monitora os riscos do elevado déficit fiscal. Aqui, em mais um pregão de agenda sem indicadores, será realizada reunião do CMN, mas a expectativa é para o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que deverá vir com as medidas preparadas pela equipe econômica para permitir o cumprimento da meta do ano. Haddad e Tebet concedem entrevista às 15h. (Rosa Riscala)


👉 Confira abaixo a agenda de hoje


Indicadores


▪️ 04h30 – Alemanha: PMI/S&P Global composto de maio (preliminar)

▪️ 05h00 – Zona do euro: PMI/S&P Global composto de maio (preliminar)

▪️ 05h00 – Alemanha: Índice Ifo de sentimento das empresas em maio

▪️ 05h30 – Reino Unido: PMI/S&P Global composto de maio (preliminar)

▪️ 08h30 – Zona do euro: BCE divulga ata da última reunião

▪️ 09h30 – EUA: Pedidos de auxílio-desemprego

▪️ 09h30 – EUA: Índice de atividade nacional medido pelo Fed de Chicago em abril

▪️ 10h45 – EUA: PMI/S&P Global composto de maio (preliminar)

▪️ 11h00 – EUA: Vendas de moradias usadas em abril

Eventos


▪️ 14h30 – Fazenda e Planejamento divulgam relatório bimestral de receitas e despesas

▪️ 15h00 – Haddad e Tebet comentam relatório bimestral em coletiva

▪️ 15h00 – John Williams (Fed) participa de evento

▪️ 18h00 – CMN divulga votos de sua reunião

▪️ EUA: Câmara pode tentar votar projeto de corte de impostos de Trump

▪️ Canadá: Reunião dos ministros das Finanças do G7

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Bco Master

 Como o Banco Master transformou precatórios em CDBs — e pôs em xeque o sistema financeiro


Modelo agressivo de captação escancara brechas regulatórias, mobiliza figurões nos bastidores e testa BC e FGC


No final de março, quando o Banco de Brasília (BRB) anunciou que havia firmado um memorando de entendimentos para a aquisição do controle acionário do Banco Master, os sussurros que rondavam a Faria Lima se tornaram mais altos. O motivo: o Master acumulava um passivo implícito de bilhões de reais em ativos com liquidez duvidosa, usados como base para a captação de depósitos garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como os Certificados de Depósito Bancário (CBD). “Todo mundo sabia que a estratégia do Master era irresponsável”, disse um analista do mercado financeiro ao JOTA sob condição de anonimato. “Quando saiu a operação com o BRB, ficou difícil de varrer isso para debaixo do tapete.”


A poeira então se espalhou. O acordo, divulgado em fato relevante ao mercado em 28 de março, prevê a aquisição de 58% do capital total do Master. Um mês depois, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) ajuizou uma ação civil pública solicitando a suspensão da compra. Obteve liminar favorável alguns dias depois, mas foi revertida pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) João Egmont. Os promotores argumentam que a operação descumpre exigências legais, como a necessidade de deliberação da assembleia de acionistas do BRB e autorização legislativa específica da Câmara Legislativa do Distrito Federal para que estatais participem de empresas privadas. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Contas do Distrito Federal também instauraram investigações para apurar possíveis irregularidades na negociação, alegando possíveis riscos ao patrimônio público.


Isso porque a engenharia financeira do Master, comandado pelo empresário Daniel Vorcaro, converteu títulos judiciais da União, que têm risco de postergação no pagamento, em produtos bancários considerados de baixo risco, como CDBs e letras financeiras, cobertos pelo FGC. Segundo os dados do balanço patrimonial de 2024, o Banco Master mantinha cerca de R$ 17,9 bilhões em depósitos a prazo (dinheiro captado pelo banco, geralmente com promessa de devolução com juros). O valor é compatível com a estimativa dada ao JOTA por fontes do mercado de que aproximadamente R$ 18 bilhões tenham sido captados junto ao varejo via CDBs com garantia do FGC. Se esses ativos não forem liquidados no prazo esperado, a conta pode recair diretamente sobre o FGC, colocando em risco cerca de metade do seu montante.


Procurados, Master, BRB, FGC e Banco Central não retornaram aos contatos da reportagem. 


Da máxima ao master


O Master chegou a ter uma sede em um endereço cobiçado no coração do mercado financeiro, dividindo o prédio com empresas como o Google, com estruturas comparáveis a de instituições de maior porte. Foi uma transformação em relação ao passado: o Banco Master tem origem no Banco Máxima, fundado em 1970 e que, por décadas, manteve perfil discreto e atuação modesta no mercado. Com foco no mercado imobiliário, o então Máxima estava em situação complicada em 2016, quando Daniel Vorcaro, um empresário também do ramo imobiliário, virou sócio minoritário. 


Vorcaro e outros novos sócios fizeram aportes de R$ 400 milhões para recuperar o Máxima, segundo números divulgados pelos próprios à época. “Adquirimos um banco tradicional e promovemos uma verdadeira virada”, disse Vorcaro em uma entrevista à CNN em 2021, quando anunciou a mudança de nome para Master. Dos negócios focados em crédito imobiliário, o banco passou a operar também em crédito pessoal e consignado, serviços financeiros, seguradora e banco de investimentos. “Hoje, somos um banco digital, novo, ágil, inovador e capaz de atender nossos clientes em todos os segmentos”, afirmou Vorcaro ao Valor Econômico naquele ano.


Segundo reportagem da revista piauí, havia rumores sobre a presença de um “acionista oculto” no banco — especulava-se que Nelson Tanure, investidor conhecido por atuação em reestruturações de empresas, estaria por trás de Daniel Vorcaro. Na última terça-feira (20/5), o Estadão revelou que, no ano passado, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o suposto papel de Tanure no Master, a pedido da gestora de investimentos Esh Capital. Para a piauí, Vorcaro afirmou que Tanure é “parceiro de negócios”. 


A falta de clareza sobre aspectos como quem estava de fato no comando traziam desconfiança ao mercado. “Quando eventualmente tentávamos sair com alguma operação que envolvia o Master, sempre tinha a negativa do mercado”, disse um advogado do setor ao JOTA. “Um banco pode até estar tecnicamente solvente. Mas, se o mercado começa a duvidar, ninguém mais senta com ele. E aí, acabou", explica Jefferson Alvares, procurador do Banco Central.


Mas houve quem sentasse. Por exemplo, em maio de 2024, o Banco Master foi o principal injetor de recursos em um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão na Oncoclínicas, empresa do setor de saúde voltada para tratamentos de câncer. Com isso, o Master passou a deter uma fatia de 12% do negócio, que despontou como queridinha durante sua listagem na B3 em 2021. Hoje, no entanto, a Oncoclínicas perdeu quase 90% do seu valor de mercado, com investidores desconfiados de seu crescimento acelerado a partir de parcerias com perfil de crédito mais arriscado. 


À revista piauí, Vorcaro afirmou que os movimentos do Master faziam sentido à época, já que o mercado parecia receptivo à pulverização com novas fintechs, que desafiavam a concentração no setor bancário no país. Mas as coisas mudaram e, para Vorcaro, aí vieram os problemas para o Master. “A partir de dois ou três anos atrás, no entanto, começou um movimento de concentração e essas corretoras começaram a ser compradas, como a Órama pelo BTG, a Guide pelo Safra”, disse ele à publicação. “Nós pressentimos, no final do ano passado, que novas regras poderiam dificultar ainda mais o nosso negócio e fomos em busca de alternativas.” E a compra pelo BRB seria uma dessas opções levantadas, segundo ele. 


A transformação de Máxima em Master também contou com um novo Comitê Consultivo, que incluiu ex-ministros como Guido Mantega, Henrique Meirelles e, por um breve período, entre sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF) e seu posto como ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Segundo o jornal O Globo, Mantega esteve no Palácio do Planalto e pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ajuda para evitar a bancarrota do Master.


Precatórios como ativos 


À primeira vista, as operações do braço bancário do Master são semelhantes às de todos os bancos – médios como ele, ou maiores. Eles captam via depósitos a prazo (como CDBs), e usam esses recursos para comprar créditos de terceiros ou conceder financiamentos. No entanto, o que distingue o caso Master é a concentração de risco em ativos com baixa liquidez e a transformação de papéis com dependência de pagamento do Tesouro em parte relevante da sua operação, com empacotamento passível de cobertura pelo FGC, algo que não é feito por outras instituições financeiras.


Bancos maiores, por exemplo, geralmente mantêm carteiras de crédito lastreadas em operações mais tradicionais e pagamentos mais previsíveis — como financiamento a empresas, crédito pessoal e imobiliário. Por exemplo, ao fim de 2024, o Itaú tinha, segundo seu balanço, mais de R$ 1 trilhão em crédito expandido, com pequena exposição a ativos estruturados ou judiciais, mais arriscados. O Bradesco seguia padrão semelhante. Ambos usam como funding uma combinação entre depósitos, letras financeiras e instrumentos de mercado, com diversificação e risco mais baixo.


Mesmo entre os bancos médios, comparáveis com o Master, o padrão se mantém mais conservador. O BMG, por exemplo, declarou patrimônio de mais de R$ 25 bilhões em depósitos, mas apenas R$ 5 bilhões em securitizações, e focadas em crédito consignado, que representa risco mais baixo. O Digimais, em seus relatórios de 2024, aponta como principal atividade a concessão de crédito para pessoas físicas com foco em portabilidade e veículos. 


Já o Master, segundo o balanço de dezembro de 2024, mantinha R$ 22,4 bilhões em carteira de crédito (dinheiro emprestado pelo banco, com expectativa de recebimento futuro com juros). Desse total, R$ 8,7 bilhões eram compostos por "direitos creditórios com expectativa de recebimento de recursos públicos", isto é, precatórios e créditos tributários adquiridos pela instituição junto a terceiros.


Precatórios são dívidas que o poder público reconhece, por decisão judicial definitiva, e que devem ser pagas conforme cronograma orçamentário, o que pode levar anos. O banco Master também aposta em créditos tributários federais, valores que empresas ou pessoas têm a receber da União, geralmente por tributos pagos indevidamente ou reconhecidos judicialmente, e podem ser usados para compensar débitos fiscais ou vendidos a terceiros. Ambos são considerados de difícil liquidez e dependem de decisões administrativas ou políticas para serem pagos. Os precatórios estão sujeitos a filas constitucionais de pagamento, enquanto os créditos tributários exigem homologação da Receita Federal. Na prática, não há uma data determinada para que o pagamento ocorra: o banco pode apenas esperar receber do Tesouro Nacional. 


No entanto, nos balanços do Master, os precatórios são registrados a valor de custo amortizado, com base em laudos de avaliação. Isso significa que o banco registra, nos documentos, que conta com o recebimento integral desses precatórios, apesar da incerteza orçamentária da União intrínseca a esse tipo de título. A aposta, dessa forma, é que o governo federal irá pagar dentro do prazo. Mas isso está longe de ser regra. 


Um exemplo dessa incerteza é recente. A PEC dos Precatórios, promulgada como Emenda Constitucional 113 em 2021, permitiu ao governo adiar o pagamento de bilhões de reais em precatórios federais entre 2022 e 2026, criando um teto para esse tipo de despesa, em detrimento de outros gastos. À época, a medida foi criticada por criar insegurança jurídica e por transformar dívidas judiciais definitivas da União em passivos a serem pagos segundo conveniência fiscal. Já neste ano, o STF julgou inconstitucionais trechos da PEC que postergaram os pagamentos, obrigando o Tesouro Nacional a quitar os débitos. Em resposta, o Ministério da Fazenda anunciou que em 2025 seriam pagos R$ 70 bilhões em precatórios (parte deles, inclusive, fora da meta estabelecida na nova âncora do arcabouço fiscal).


Mesmo com esse cenário mais nebuloso, investir em precatórios não é incomum: há espaço em carteiras balanceadas para fatias menores de ativos mais arriscados. Mas essa não é uma estratégia típica dos bancos ao emitir CBDs. Esse tipo de operação é mais comum no mercado de escritórios de advocacia e fundos especializados. Nesses casos, os investidores adquirem os créditos com deságio, assumindo o risco e o tempo de espera até o pagamento pelo governo, em troca da possibilidade de lucro futuro. Escritórios estruturam essas operações para clientes, enquanto fundos formam carteiras com vários processos, buscando retornos mais elevados a prazos longos. A diferença é que esses fundos de direitos creditórios, ao contrário de um CBD, não contam com proteção do FGC, como o Master. 


Riscos


Para Jefferson Alvares, procurador do Banco Central, o uso de precatórios como ativos bancários não é, por si só, um problema, mas exige interpretação dos laudos de avaliação e forte governança sobre os critérios contábeis. “Você pode ter um ativo que, juridicamente, existe. Mas a pergunta prudencial é: quando esse ativo vai se tornar caixa? Qual é a probabilidade real disso?”.


Quando se fala em regulação prudencial, isto é, as regras que buscam garantir a solidez e a estabilidade das instituições financeiras, o Brasil segue um conjunto de normas internacionais conhecidas como Acordos da Basileia. Esses acordos são elaborados pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, órgão ligado ao Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Suíça. Os Acordos de Basileia são atualizados periodicamente, e o Basileia III, em 2010, pós-crise de 2008, introduziu exigências mais rigorosas de capital mínimo, liquidez e alavancagem, que devem ser seguidas por todas as instituições bancárias.


Segundo relatórios do Master de 2024, o índice de Basileia do conglomerado ficou em 11,51% em 2024, acima do mínimo regulatório de 10,5%. O piso regulatório é o  nível absoluto mínimo de capital que um banco precisa manter em relação ao seu risco total. Os documentos também mostram que o Master mantinha conformidade com os requerimentos mínimos, isto é, cumpria as exigências prudenciais mais amplas requeridas na Basileia III.


Estar em conformidade com esses padrões, no entanto, não garante que a operação do banco seja saudável. O índice de Basileia mede quanto capital o banco tem em relação aos seus ativos ponderados pelo risco (RWA). Mas esses riscos são calculados com base em modelos padronizados, e isso depende de como os ativos foram registrados: no caso do Master, os precatórios e créditos tributários foram registrados com expectativa de recebimento integral, o que diminui artificialmente sua ponderação de risco. Além disso, o índice de Basileia é um indicador de solvência contábil -- não de liquidez real, isto é, a capacidade do banco de responder a saques imediatos.


Outras regulações são capazes de fazer isso -- e o Brasil chegou a usá-las, como no caso do conglomerado econômico-financeiro, o CONEF, como explica Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e professor da Fundação Getulio Vargas. "Em sua essência, o CONEF fazia com que, para fins prudenciais, qualquer empresa controlada por um banco teria que ser integralmente consolidada como se fosse uma instituição financeira. Aliado a isso, qualquer participação acionária não controladora era tratada como se fosse um ativo permanente, portanto sem liquidez. Por fim, os fundos eram sempre tratados pela composição de seus ativos. Por exemplo, um fundo com 50% em ações e 50% em títulos públicos líquidos era tratado como 50% liquidez e 50% ativo permanente". Para o professor, o CONEF poderia ser usado, em adição ao conglomerado prudencial. "Eventualmente as instituições financeiras levariam tempo para adaptar-se a isto, podendo ser feito de modo gradual", diz. 


Ao capitalizar os precatórios como crédito performado e a emitir CDBs lastreados nele, o Master ofereceu os títulos a investidores de varejo com taxas acima do mercado e garantidos até R$ 250 mil pelo FGC. Criado em 1995, o Fundo Garantidor de Créditos é uma entidade privada mantida por contribuições das próprias instituições financeiras. Ele assegura até R$ 250 mil por CPF por banco, por modalidade de produto, em caso de quebra da instituição. Essa estrutura permite que bancos médios e digitais captem com maior segurança no varejo, já que ajuda investidores a confiarem nas novas instituições, que ainda não têm reputação consolidada.


No entanto, a ausência de arcabouço legal em torno do FGC também faz com que o organismo atue em zonas cinzentas, muitas vezes assumindo responsabilidades aquém de sua capacidade. "Nos Estados Unidos, o fundo garantidor também cobre 250 mil dólares, só que a renda per capita de um americano é umas 10 vezes maior do que a renda brasileira", diz Jefferson Alvares, do BC. "Isso dá a dimensão de quão generosa é o nosso sistema". Há também um descompasso entre quem mais contribui e mais é protegido: os bancos maiores pagam mais, e acabam financiando a proteção de operações de bancos menores.


Nos primeiros meses de 2025, por exemplo, o Banco Master oferecia CDBs com rentabilidade de até 120% do CDI — uma taxa significativamente superior à de outros bancos. Apesar dessa rentabilidade ser um chamariz, o risco do empacotamento via CBD, ao estarem atrelados a precatórios e créditos tributários federais, era pouco transparente aos investidores do varejo. Enquanto isso, outras instituições médias como BTG Pactual e Banco XP praticavam remunerações entre 101,5% e 104,5% do CDI, e grandes bancos como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil pagavam entre 97,5% e 101%. 


Na prática, isso significa que a instituição pôde captar e crescer rapidamente. Os ativos do Master saltaram de R$ 13,3 bilhões em 2022 para R$ 23,6 bilhões em 2024, mas ele não elevou proporcionalmente seu capital de base. Após o anúncio da possível aquisição pelo BRB, o banco passou a reduzir as taxas, com cortes de até 3 pontos percentuais nos pós-fixados e de ao menos 0,3 ponto nos prefixados. Além disso, no mercado secundário, onde investidores negociam títulos entre si, os CDBs do Banco Master chegaram a ser oferecidos com retornos de até 160% do CDI, reflexo da busca por liquidez por parte dos investidores diante das incertezas sobre a saúde financeira do banco.


'Janela' regulatória


A explosão dos CBDs do Master não passou despercebida pelo mercado, nem por reguladores, que ajustaram seus arcabouços para, aparentemente, conter operações como as que foram empreendidas pelo banco. Entre os ajustes regulatórios mais recentes adotados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a Resolução 5.114, de dezembro de 2023, limita o grau de alavancagem de instituições financeiras de menor porte por meio da emissão de CDBs. Antes da norma, que entrou em vigor em março de 2024, não havia um teto claro que restringisse quanto um banco podia crescer com base exclusivamente na captação por CDBs, o que favorecia estratégias de crescimento acelerado. Com a nova regra, o CMN passou a estabelecer que o saldo de CDBs emitidos por uma instituição financeira não pode ultrapassar seis vezes o seu Patrimônio Líquido de Referência (PLR). Assim, a nova regra cria um limitador estrutural: quanto menor o capital próprio do banco, menor a sua capacidade de captar via CDBs.


Outra medida, a Resolução BCB 346/23, publicada em março de 2023, passou a determinar maior exigência de capital para ativos como precatórios, alterando a ponderação de risco deles dentro do RWA do Índice de Basileia -- o que impediria o registro feito pelo Master nos balanços, que contabilizava o pagamento dos títulos como certo. No entanto, sua aplicação efetiva foi postergada até janeiro de 2025, por meio da Resolução BCB 448/24. Até lá, os bancos puderam continuar registrando esses créditos com menor peso de risco, reduzindo, assim, a necessidade de capital próprio.


Foi desta forma que o Master conseguiu aproveitar uma “janela” regulatória: nos documentos entregues ao Banco Central, o Master reconhece que os efeitos da norma só começarão a impactar seus índices de capital em 2025. Em 2024, ele ainda operou sob o regime anterior. Segundo Alvares, procurador do Banco Central, o caso Master evidenciou uma prática comum: o uso de brechas temporárias para crescer mais rápido do que o sistema comporta. “Isso é algo que já vimos em outros ciclos: a norma existe, mas a corrida para aproveitar a janela vem antes da sua entrada em vigor.”


Mesmo assim, no ano passado, o Master já preocupava as autoridades monetárias. Segundo reportagem da revista piauí, o Banco Central convocou os dirigentes do Banco Master para uma reunião urgente, exigindo a interrupção das operações arriscadas e um aumento de capital de R$ 2 bilhões. Segundo a matéria, o banco foi alertado de que, caso não cumprisse essas exigências, poderia ser liquidado, com os donos tendo seu patrimônio congelado e sendo proibidos de operar no mercado.


No mês passado, o jornal O Globo revelou que a Polícia Federal já investigava o Master desde 2024 por suposta fraude na precificação de precatórios. Um fundo vinculado ao banco teria comprado precatórios por valor inferior e os vendido de volta ao próprio Master por até 235% do valor de face, inflando artificialmente os ativos registrados no balanço. Esse tipo de operação supostamente indicaria tentativa de mascarar a real qualidade do crédito da instituição.


'Ninguém solta a mão de ninguém'


A possível quebra do Master não é motivo de preocupação apenas para o FGC. Outros casos mostram como crises como essa podem deixar um rastilho de pólvora e incendiar a confiança em todo o sistema financeiro. Um exemplo é o caso do Banco Santos, que em novembro de 2004 sofreu intervenção do Banco Central após a constatação de irregularidades: a liberação de crédito estava condicionada à aplicação em papéis de empresas do próprio grupo econômico, controlado por Edemar Cid Ferreira. Assim, os balanços eram maquiados e o banco ocultava prejuízos bilionários. A falência foi decretada em setembro de 2005, mas, quase duas décadas depois, o processo ainda não foi concluído. A dívida total da massa falida do Banco Santos ultrapassa R$ 16 bilhões, e os credores enfrentam um labirinto jurídico para recuperar valores. É esse tipo de efeito dominó que o mercado teme com o caso Master.


O receio também pode atingir especialmente plataformas que distribuíram CDBs do Master, corretoras como BTG e XP. Embora não sejam responsáveis pela emissão, as distribuidoras se beneficiam da intermediação e da confiança dos clientes na curadoria dos produtos ofertados. Investidores impactados poderiam buscar resgates imediatos, o que geraria uma corrida por liquidez e pressão sobre o sistema. Além disso, poderiam surgir ações judiciais e queixas aos reguladores, alegando omissões ou falta de transparência. Para fontes ouvidas pelo JOTA, "faltou diligência também de quem distribuiu” os papéis do Master.


Não seria a primeira vez. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) analisou um recurso de um investidor que alegou ter sofrido prejuízo de R$ 110 mil devido a uma operação estruturada recomendada por um preposto da plataforma XP. O investidor afirmou não ter sido adequadamente informado sobre os riscos envolvidos e que a operação era incompatível com seu perfil conservador. A CVM decidiu pelo ressarcimento -- mas a decisão foi posteriormente anulada no Judiciário.


Fintechs e bancos digitais, que operam com lógicas de captação garantida, também podem ser afetados. No início do mês, a Associação Brasileira de Internet (Abranet), que representa fintechs como Mercado Pago e PicPay, publicou uma nota afirmando que o Fundo Garantidor de Crédito é um instrumento “fundamental” para a “democratização do acesso a produtos financeiros” a brasileiros, e que qualquer alteração nele “exige discussões amplas com a sociedade, de forma a não ameaçar a pluralidade do sistema financeiro”. 


Assim, ao adquirir ativos judiciais de liquidez incerta do Banco Master, o BRB não estaria apenas incorporando um banco — mas sendo uma espécie de "tábua de salvação" para o sistema, costurada politicamente. Vorcaro, no entanto, disse, à piauí, que essa interpretação é um “absurdo” e “ataques dos concorrentes que não se conformam com o crescimento do Master”. 


E agora, quem irá nos defender?


O movimento ecoa, em escala menor, o modelo de resgate de instituições financeiras usado nos anos 1990 com o Proer, programa federal de estímulo à reestruturação do sistema bancário, duramente criticado porque o governo, com dinheiro de contribuintes, acaba injetando capital para reestruturar operações -- indiretamente "recompensando" banqueiros e administradores, que não sofrem perdas. Na época, bancos em risco foram socorridos com recursos públicos em troca de reorganização e venda de ativos problemáticos – a divisão conhecida entre “good bank” e “bad bank” internacionalmente, e prevista na lei brasileira com o Regime de Administração Especial Temporária (RAET).


Segundo reportagens da Folha de S.Paulo revelaram que o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual (um dos grupos que distribuiu CDBs do Master em sua plataforma) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, estariam atuando nos bastidores para viabilizar a venda do Master ao BRB. Segundo a Bloomberg, os irmãos Joesley e Wesley Batista, pela holding J&F, chegaram a negociar alguns ativos do Master, mas desistiram. Segundo fontes do mercado, o BTG poderia assumir os ativos mais problemáticos, "bad bank". “Não temos interesse particular em nenhum negócio ou ativo do Banco Master, mas, dependendo do que acontecer, se houver ativos disponíveis no mercado e de acordo com os objetivos dos reguladores, podemos ajudar nesse processo. Ajudando tanto reguladores quanto sistema financeiro”, disse o CFO do BTG, Renato Cohen, em uma call com jornalistas. Também segundo a Folha, o banco Itaú, no entanto, seria mais resistente ao acordo, defendendo uma saída mais “pedagógica” para evitar problemas semelhantes no futuro. 


Se o Banco Master realmente quebrar, o Banco Central hoje pode atuar em outros dois regimes, além do RAET, para lidar com bancos em dificuldades. Uma delas é a intervenção, considerada mais drástica. Nela, o Banco Central afasta os dirigentes da instituição e nomeia interventores para assumir a administração. Em tese, o objetivo seria reestruturar o banco e tentar recuperar sua operação. Mas, na prática, isso nunca aconteceu no Brasil. Com a intervenção, os depósitos dos clientes são congelados -- o que afeta profundamente a confiança, e, na prática, representa a morte da instituição.


Assim, a maioria dos bancos entrou, após a intervenção, no segundo regime, o de liquidação, isto é, falência. Nessa etapa, o Banco Central fecha o banco e inicia um processo para vender seus ativos e pagar os passivos (dívidas com credores e clientes). O objetivo é encerrar a instituição da forma menos danosa possível, mas não há tentativa de salvar a operação.


Daqui pra frente


Também no front político, a senadora Leila Barros (PDT-DF) solicitou que a compra pelo BRB fosse debatida na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O pedido foi aceito, e a audiência havia sido marcada para esta quarta-feira (21/5), mas foi cancelada. A operação ainda depende de aprovação do Banco Central, do Conselho Monetário Nacional e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ser concluída. As instituições têm 360 dias para analisar o negócio.


BRB e Banco Master solicitaram ao Cade que a operação fosse analisada sob rito sumário, argumentando que a transação não implicaria eliminação da concorrência nem criação de posição dominante no mercado.


Já no Banco Central, uma série de critérios como capacidade financeira do comprador e plano de negócios é analisada. Um dos requisitos é também a conformidade prudencial: é preciso demonstrar que o novo grupo manterá os índices de capital e liquidez exigidos, como a Basileia. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a autarquia está avaliando a viabilidade econômica da operação.


O BRB já reestruturou a primeira proposta enviada ao BC, revisando o escopo da aquisição para incluir apenas os ativos mais estratégicos e financeiramente sólidos do Banco Master. Os ativos de maior risco e menor liquidez, estimados em cerca de R$ 33 bilhões, permanecerão fora do negócio, à la RAET. Paralelamente, o Fundo Garantidor de Créditos estaria se preparando para aprovar uma linha de assistência de liquidez ao Master, a pedido do próprio banco.


Além disso, segundo notícia publicada pelo Valor Econômico, o BRB foi questionado pela CVM sobre a suposta contratação de um serviço de "fairness opinion" para avaliar a aquisição da fatia do Master. É um dos passos do processo de transação de fusão e aquisição. Na resposta à CVM, o banco afirmou que “está conduzindo um processo preliminar de levantamento de cotações com empresas especializadas nesse tipo de avaliação, mas que até o momento não recebeu propostas nos valores mencionados, tampouco concluiu o processo de seleção ou firmou qualquer contrato”.


Reformas 


Com as fragilidades expostas pelo caso, os reguladores podem enfrentar maior pressão por reformas. Segundo reportagem do Valor Econômico, os grandes bancos estão pressionando as autoridades para alterar as regras do FGC. Em 2023, o Banco Central determinou que a instituição financeira que ultrapassar 75% da captação garantida pelo fundo deveria pagar uma contribuição adicional, de 0,01% sobre o valor dos depósitos garantidos. Com o caso Master, há a pressão de instituições maiores para que esse teto caia para 50% e que a alíquota da contribuição adicional suba para 0,10%.


O BC também já anunciou que fará uma revisão do tamanho e das regras do FGC em 2026, apesar de não citar explicitamente o caso Master como propulsor das mudanças. "Minha impressão é que o FGC deveria avaliar o risco de cada instituição participante do sistema e limitar o tamanho do seguro oferecido, por exemplo em função do patrimônio líquido da instituição", diz Werlang, da FGV. 


Outra possibilidade de reformar o fundo seria limitar a garantia oferecida em casos de "super CDBs", como os ofertados pelo Master, em que a diferença acima do CDI ultrapassar determinado valor, diz o professor. Nesse caso, destaca Werlang, seria importante considerar que o rendimento acima do CDI (o chamado “spread”) não é composto apenas pelo que o banco está efetivamente oferecendo. Parte desse valor costuma ser destinado às corretoras e plataformas de investimento, como forma de comissão pela venda dos produtos. Por isso, para avaliar se um banco está, de fato, pagando uma taxa elevada para captar dinheiro, o que pode indicar maior risco, seria preciso descontar esse custo de distribuição.


O Tribunal de Contas da União (TCU) também determinou uma auditoria sobre a atuação do BC na supervisão de CDBs garantidos. No legislativo, o governo deve dar prioridade, segundo reportagem do Broadcast, ao Projeto de Lei 281/2019, apresentado ainda na administração anterior, de Jair Bolsonaro. O texto prevê a criação de mecanismos para aumentar as ferramentas em caso de instituições em dificuldade, como outros fundos garantidores de crédito e um fundo de resolução.


A necessidade de alterações da regulamentação e endurecimento da fiscalização, no entanto, não é unanimidade – e talvez o problema não esteja nessas frentes. “O que aconteceu com o Master não é representativo do sistema como um todo”, afirmou ao JOTA um advogado experiente em operações bancárias. Para Jefferson Alvares, procurador do Banco Central, o caso do Banco Master não revela uma falha normativa, mas um dilema sobre como e quando intervir. “As regras existem. A supervisão existe. Mas, às vezes, você está vendo o problema, tem todos os dados na sua frente, e precisa decidir se age agora ou monitora mais um pouco.”


A autarquia envia projeções e alertas periódicos às instituições financeiras, inclusive com cenários adversos, e essas ferramentas são usadas preventivamente para mapear riscos crescentes — um sistema que funciona bem, segundo vários operadores jurídicos da área bancária ouvidos pelo JOTA. Para Sergio Werlang, "é preciso que o BC possa (e faça isto na prática) intervir em uma instituição assim que observado que o capital caiu abaixo do mínimo de Basileia III", diz. "Não há nenhuma razão para esperar que o patrimônio líquido fique negativo." 


Isso não significa que o caso não deixa de jogar luz sobre possíveis aperfeiçoamentos, principalmente na modernização das opções para crises, como o RAET, a liquidação e a intervenção. A falta de arcabouço para esses momentos do lado do BC fez com que o FGC ficasse sobrecarregado nesses casos -- como está hoje com o caso Master, diz Jefferson Alvares, e o primeiro passo para mudar esse cenário pode ser o Projeto de Lei 281/2019.


Atualmente, o espaço para atuação do BC nesses casos é limitado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que o estabelece como prestamista de última instância, isto é, como uma instituição que pode emprestar dinheiro a bancos em apuros para evitar o colapso. Isso significa que o BC pode emprestar dinheiro emergencial por somente até um ano, com garantias reais e para instituições solventes.


Depois da crise financeira de 2008, que mostrou como o colapso de grandes bancos podia arrastar economias, vários países reformaram suas legislações para criar instrumentos de intervenção bancária, conhecidos como "resolution tools". O Brasil não adotou plenamente essas ferramentas. "A gente precisa de um arcabouço legal alinhado com os princípios internacionais de resolução bancária", diz Jefferson Alvares.


O país não conta, por exemplo, com mecanismo de bail-in, também conhecido como recapitalização interna. Com esse processo, existente em países como EUA e na Europa, se um banco quebra, a autoridade pode obrigar os próprios credores e acionistas a arcar com parte das perdas, convertendo dívidas em capital. Isso evita o uso de dinheiro público e preserva o funcionamento do banco. "A principal lição da crise financeira global foi que essas pessoas têm que sofrer perdas", diz Alvares. "Do contrário, vai se perpetuar no sistema uma cultura de tomada de risco excessiva, uma vez que os controladores, os administradores não sofrem consequências pelos seus atos de má gestão."


Enquanto isso, o futuro do Banco Master permanece nebuloso. Paralelamente à aquisição por parte do BRB, pendente de aprovações regulatórias, as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal continuam em curso. Paralelamente, a pressão de players maiores por mudanças no arcabouço prudencial pode se intensificar. Agora, o futuro do Master -- e do sistema bancário -- dependerá de decisões políticas, regulatórias e de mercado que vão muito além de balanços contábeis.logo-jota


https://www.jota.info/tributos-e-empresas/mercado/como-o-banco-master-transformou-precatorios-em-cdbs-e-pos-em-xeque-o-sistema-financeiro

Perrier e purificação

 Como a Perrier virou um escândalo político na França

Giuliano Guandalini21 de maio de 2025

https://braziljournal.com/como-a-perrier-virou-um-escandalo-politico-na-franca/


A Perrier, conhecida como a champanhe das águas minerais, está no centro do mais novo escândalo na França. A marca teria usado métodos de purificação não condizentes com o selo de “água mineral natural.”


A revelação acaba de se transformar em crise política porque um relatório do Senado diz que a gigante suíça Nestlé Waters, que adquiriu a Perrier no início dos anos 90, teria feito lobby entre autoridades francesas, inclusive assessores do presidente Emmanuel Macron, para que a borbulhante informação não viesse à tona.


De acordo com os senadores, o Governo tinha conhecimento desde 2022 de que a Nestlé vinha burlando a regulamentação e usando indevidamente a seleta classificação de “natural.”


“Call it the French Watergate,” resumiu o site Politico, valendo-se do trocadilho pronto.


O prêmio no preço cobrado pela centenária Perrier se justificava, em boa parte, pela distinção de ser considerada uma água pura como saída de sua fonte, em Vergèze, no sul da França. Mas, assim como acontece com a água de torneira, ela vem passando há anos por um tratamento com filtros de carvão ativado e luz ultravioleta.


Pelas regras da França e da União Europeia, a prática não é condizente com o selo de “natural”.


Segundo a imprensa francesa, a Nestlé Waters enviou um relatório aos reguladores dizendo que o uso de métodos de tratamento se fez necessário no passado em razão de “esporádicas contaminações bacterianas ou químicas” causadas por “contaminações fecais.”


O caso foi revelado pelo jornal Le Monde e pela Radio France, que publicaram reportagens conjuntas em setembro. A empresa teria chegado a pagar € 2 milhões para encerrar um processo legal.


A novidade desta semana foi o documento do Senado denunciando o acobertamento político da informação.


“Esse escândalo é um livro-texto sobre a captura dos reguladores e conluio do governo com a indústria,” disse ao New York Times o senador que liderou as investigações, o oposicionista Alexandre Ouizille, do Partido Socialista.


De acordo com o relatório do Senado, o ex-secretário-geral no gabinete de Macron no Élysée, Alexis Kohler, manteve reuniões com executivos da Nestlé. Macron, entretanto, negou que tivesse conhecimento do caso.


A Nestlé Waters confirmou que manteve conversas com as autoridades sobre o assunto, mas seguindo as “regras da ética.”


A empresa disse ainda que “todos os seus produtos de água mineral natural no mercado sempre foram e continuam sendo seguros para beber, e sua mineralidade única corresponde ao descrito no rótulo.”


Um caso parecido havia estourado em 2019. As marcas Cristaline e Vichy Célestins, da Sources Alma, estariam passando por tratamentos de purificação, de acordo com uma denúncia. A empresa negou.


Mas a partir dessa notícia a Nestlé Waters, dona também da marca Vittel, teria procurado voluntariamente as autoridades para informar sobre os seus métodos de purificação.


A empresa negociou uma transição, deixando de usar carbono ativado e passando a empregar uma microfiltragem com poros de 0,2 mícron. Pela regras existentes, filtragens abaixo de 0,8 mícron configuram risco de alterar a composição natural. Mas as autoridades revisaram as normas e autorizaram a Nestlé Waters a utilizar esse método.


Está sob análise agora se a Perrier poderá continuar usando a classificação de “água mineral natural”. Por ora, a empresa recebeu a ordem para suspender o tratamento das águas envasadas



https://braziljournal.com/como-a-perrier-virou-um-escandalo-politico-na-franca/

Alex Ribeiro

 ANALISE: O desafio do BC para manter o aperto monetário apenas com a comunicação


Alex Ribeiro De São Paulo


 


O Banco Central enfrenta o desafio de manter o grau de aperto monetário necessário para cumprir a meta de inflação apenas com a sua comunicação, agora que o ciclo de alta da taxa Selic se aproxima do fim.


O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse na segunda-feira, em evento da Goldman Sachs, que o Comitê de Política Monetária (Copom) ainda está calibrando o grau de aperto monetário adequado para baixar a inflação para a meta — portanto, ainda não se sabe se ele terminou. E afirmou que, cada vez mais, ganha importância manter os furos altos por mais tempo do Que em ciclos de aperto anteriores.


A reação do mercado foi considerar nas opções de Copom da B3 chances maiores (70%) de manutenção da taxa básica em 14,75% ao ano na reunião do colegiado de junho, além de reduzir um pouco a trajetória da Selic precificada em praticamente todos os prazos da curva de juros futuros.


Cada vez mais, os mercados buscam pistas nos pronunciamentos do BC sobre quando os juros precisarão baixar. Já a preocupação do próprio BC é convencer o mercado de que não é hora de falar em corte de juros e que a Selic precisa seguir em níveis elevados.


Especialistas em política monetária do mercado estão fazendo propostas ao BC para lidar com o problema. No evento da Goldman Sachs, mais de um analista econômico sugeriu que o Banco Central adote um "forward guidance" (prescrição futura) para mostrar um firme compromisso de manter a taxa de juros em patamar apertado.


Não é o que o BC pretende fazer. No evento, Galípolo respondeu que, num ambiente de incertezas como o atual, o Copom precisa manter flexibilidade para mudar a política monetária se o cenário econômico não se desenrolar da forma esperada. Por isso, não achava adequado fazer um "forward guidance".


Ainda assim, o Banco Central está fazendo uma espécie de indicação futura de sua intenção para a taxa de juros. Porém, essa comunicação, tecnicamente, não pode ser chamada de "forward guidance", já que ela não amarra as mãos do Copom para seguir uma prescrição independentemente do que vier a acontecer no futuro.


Qual é a indicação futura do BC? O comitê disse, no comunicado de sua reunião de maio, que o "cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta".


Na segunda-feira, Galípolo foi um pouco além: deu uma ideia do prazo mínimo em que seria preciso manter o aperto. Segundo ele, como o aperto monetário de 2021 a 2023 não surtiu o efeito necessário para esfriar a economia, desta vez será preciso manter o grau de aperto por mais tempo. Naquele período, o comitê manteve o juro em 13,75% ao ano por sete reuniões. Então, desta vez, precisaria ser mais do que sete reuniões.


Essa indicação futura não é uma promessa firme porque o BC procurou manter a flexibilidade para reagir a mudanças no cenário. A única promessa que o Copom faz é a de fazer o que for necessário para cumprir a meta de inflação, seguindo sua forma usual de agir — o que, tecnicamente, chama-se de "função de reação".


Como não amarrou as mãos, a desconfiança no mercado é que, a despeito das promessas, o Banco Central vá ceder à tentação de cortar. É por isso que alguns especialistas em política monetária têm sugerido um compromisso mais firme. Ex-diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk sugeriu a Galípolo, no evento da Goldman Sachs, que a autoridade monetária se comprometesse a não baixar o juro até a inflação cair abaixo de 3,5%.


Ou seja, o Copom só flexibilizaria depois que a inflação, hoje em 5,53%, andasse mais de 80% de seu percurso em direção à meta, de 3%. Mas essa regra limitaria a margem de manobra do BC. Quando decide a taxa de juros, o Copom considera como vários outros fatores podem afetar a inflação muitos trimestres à frente, como expectativas de inflação, o grau de aquecimento da economia e todos os riscos mapeados. A intenção do "forward guidance" sugerido por Kanczuk seria exatamente essa: o BC se comprometeria a fazer algo mesmo que a sua função de reação mandasse fazer algo diferente.


Como o Copom não fez um "forward guidance", a sustentação dos juros de mercado vai depender da credibilidade do comitê. Ou seja: o mercado tem que acreditar que o Copom vai seguir com a postura austera necessária para baixar a inflação para a meta. Com o choque de juros em dezembro, o BC de Galípolo ganhou alguns pontos, mas a reputação do BC será testada a cada comunicação e decisão.

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: Ontem, Nova Iorque enfraqueceu e Europa seguiu o seu próprio caminho, subindo sem causa aparente. Home Depot influenciou em positivo na abertura americana ao publicar resultados trimestrais que bateram em Vendas (39.860 $ vs. 39.310M $ esperados), mas não em lucros (EPS 3,56 $ vs. 3,60 $), mas o mais importante foi que confirmou o seu guidance de Vendas 2025 em +2,8% e afirmou que não irá aumentar preços para compensar os impostos alfandegários, o que lhe evitou a ira de Trump… porque Walmart afirmou que o iria fazer quando publicou resultados, e Trump afirmou literalmente que “deveriam comer os impostos alfandegários”. Embora Home Depot tenha iniciado com subidas, terminou em -0,6% devido à perda do tom de Wall St. no final da sessão. Musk afirmou que continuará a ser CEO de Tesla durante 5 anos, deixando de lado a política: Tesla +0,5% e abandono definitivo a Trump, que pouco a pouco irá ficando sozinho. Huang, CEO de Nvidia, afirmou que é um erro restringir a venda de chips de IA à China, porque as empresas americanas perdem receitas. No fecho americano, Palo Alto publicou a bater expetativas, mas com guidance apenas em linha, o que o mercado já esperava, e por isso caiu ca.-4% em aftermarket. E o USD cai além de 1,13/€, que estimávamos ontem, principalmente devido a essa redução de impostos que Trump tenta que o Congresso aprove e que implicaria um aumento da dívida entre 3Bn$ e 5Bn$ em 10 anos, equivalente a 10%/ 16% do PIB, que acrescentaria 120% de dívida/PIB atual. Em suma, sensação de debilitamento de fundo sobre o conjunto do mercado e particularmente sobre os ativos americanos.    


HOJE temos algumas emoções que condicionarão a sessão em baixa: (i) Inflação do Reino Unido (7 h) má:  +3,5% vs. +3,3% esperado vs. +2,6% março, com Subjacente +3,8% nada menos vs. +3,6% vs. +3,4%. Pode ser o prelúdio dos aumentos de inflação que defendemos que se materializarão no segundo semestre. (ii) Israel estaria a preparar um ataque iminente sobre instalações nucleares de Israel, segundo fugas de informação da Inteligência americana à CNN. (iii) Vários conselheiros da Fed (Bostic, Hammack, Daly) expressam atitude passiva perante taxas de juros, referindo desconhecimento do impacto dos impostos alfandegários e também sobre os preços, mas que temem que farão aumentar a inflação. Isso significa taxas de juros menos baixas do que o esperado. Bostic insiste em apenas mais uma descida este ano, até 4,00/4,25%.


CONCLUSÃO: Mudança para debilitamento. Bolsas ca. -0,2% Europa e ca.-0,5% Wall St., como aproximação. O USD poderá testar 1,14/€, com as obrigações a elevarem as suas yields, ca.+3/5pb em geral. O importante do dia já saiu, que era a inflação do Reino Unido, e foi pior do que o esperado. Cuidado com este assunto do aumento da inflação, porque insistimos no risco que representa para o segundo semestre desde uma perspetiva global. É provável que esteja a começar o choque com uma realidade menos benigna do que as bolsas vinham a descontar. 


S&P500 -0,4% Nq-100 -0,4% SOX -0,1% ES50 +0,5% IBEX +1,6% VIX 18,1% Bund 2,60% T-Note 4,51 Spread 2A-10A USA=+53pb B10A: ESP 3,21% PT 3,09% FRA 3,26% ITA 3,60% Euribor 12m 2,095% (fut.2,053%) USD 1,133 JPY 162,8 Ouro 3.313$ Brent 66,3$ WTI 63,0$ Bitcoin +1,1% (107.433$) Ether +0,7% (2.583$). 


FIM

BDM Matinal Riscala

 *Rosa Riscala: Agenda vazia aqui e no exterior*


… Depois do lucro abaixo do esperado reportado pela Walmart, mais três varejistas americanas divulgam balanços hoje em NY – Best Buy, Target e Lowes – em outro dia de agenda esvaziada aqui e no exterior. Nenhum indicador está previsto na Zona do Euro e nos EUA, com destaque apenas para os estoques de petróleo do DoE e a fala do Fed boy Thomas Barkin. A ida do ministro Fernando Haddad à Comissão da Câmara, que aconteceria esta manhã para falar da isenção do IR e do consignado, foi adiada para 11/6. Na véspera do anúncio das medidas fiscais que constam do Relatório Bimestral de Despesas e Receitas, a Fazenda se dedica aos últimos ajustes, enquanto o discurso populista de Lula continua deixando o mercado desconfortável sobre os gastos que poderão vir pela frente, no ano eleitoral.


… Nesta 3ªF, na XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, o presidente disse que seu governo lançará três novas políticas públicas ainda neste ano e anunciou um programa de crédito para reforma de casas em complemento ao Minha Casa, Minha Vida.


… “Nós vamos anunciar outro programa. Vamos anunciar uma política de crédito para reformas. O cidadão que quiser reformar sua casa, fazer uma garagem, um quarto, um banheiro, ele tem o direito de pegar um crédito com juros mais baratos possíveis.”


… Presente ao evento, o ministro das Cidades, Jader Filho, disse aos jornalistas que está trabalhando em ajustes no programa de reformas das moradias precárias, a pedido do presidente, e aguarda uma agenda com ele para apresentar os resultados.


… Jader confirmou que o programa de reformas será um braço do Minha Casa, Minha Vida e que os recursos virão do Fundo Social.


… O governo vai lançar 130 mil novas unidades habitacionais do MCMV, que estarão disponíveis a partir do dia 28 para que as empresas, prefeitos e governadores possam fazer o processo de inscrição. O limite de valores dos imóveis também será reajustado.


… A medida faz parte do pacote de ações que o Planalto prepara para tentar reverter a queda de popularidade do presidente Lula.


… Sobre essas medidas, o Estadão apurou que o novo Vale Gás deve restringir para 16 milhões de famílias o número de pessoas de baixa renda beneficiadas. Quando o programa foi lançado, Lula anunciou que estenderia a gratuidade para 20 milhões de famílias.


… O Vale Gás foi redesenhado pela equipe econômica e é objeto de uma MP em fase final de ajustes. Os custos com o programa ficarão limitados a R$ 3,5 bilhões neste ano, como previsto no Orçamento. Já em 2026, devem ser ampliados para R$ 5 bilhões.


A ISENÇÃO DO IR – Uma eventual correção de toda a tabela do Imposto de Renda foi tema recorrente nos debates da Comissão Especial, na Câmara, nesta 3ªF, com a participação do secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto.


… Ele afirmou que a correção integral pela inflação custaria mais de R$ 100 bilhões.


… “A gente fez a escadinha do benefício para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil porque não ia ter condições de fazer a tabela toda. A escadinha reduz significativamente o montante para algo em torno de R$ 25 bilhões”, disse Marcos Pinto.


… O secretário ainda rebateu as projeções de Estados e municípios sobre as perdas que seriam geradas com o projeto do IR, descartando valores de R$ 12 bilhões, como foi mencionado. Segundo ele, o que precisa ser compensado soma entre R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.


… O relator do projeto que amplia a isenção do IR, deputado Arthur Lira (PP), aproveitou a chance para cobrar da Fazenda as informações solicitadas pelo Congresso, para que os números possam ser checados de maneira clara e transparente.


… Ainda ontem, a Comissão aprovou requerimentos para a realização de audiências públicas com 56 especialistas e autoridades, entre os quais, o secretário especial da Receita, Robinson Barreirinhas. Todos devem ser ouvidos até o dia 20 de junho.


CONSIGNADO – A Febraban e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirmam que o volume de reclamações por consignado contratado sem a permissão de aposentados e pensionistas do INSS caiu 88% entre 2021 e 2024.


… De acordo com as entidades, isso aconteceu devido à implementação da confirmação por biometria facial, em 2022.


… As informações foram apresentadas pelos presidentes das entidades, Isaac Sidney e Leandro Vilain, em reunião com o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e com o presidente do INSS, Gilberto Waller Junior, nesta 3ªF, em Brasília.


GRIPE AVIÁRIA – Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que o governo brasileiro está negociando com a China a flexibilização das restrições sobre os embarques de produtos avícolas, suspensos desde o dia 16.


… As exportações de frango foram interrompidas para 19 destinos, segundo o último levantamento da pasta.


…. O governador Eduardo Leite disse que deu negativo o resultado do teste para influenza aviária feito em trabalhador da granja de Montenegro (RS), onde foi registrado o primeiro caso em aves de criação comercial.


… Há ainda seis investigações de suspeitas de gripe aviária, duas em plantas comerciais, em Ipumirim (SC) e em Aguiarnópolis (TO).


O LUCRO DA XP – A ação subiu 0,48% no after market em NY, após o balanço reportar lucro líquido ajustado recorde de R$ 1,236 bilhão, alta de 20% em relação ao mesmo período de 2024 e crescimento de 2% frente ao quarto trimestre.


… Já a Nu Holdings caiu 2,74% no after hours com a saída de Youssef Lahrech dos cargos executivos, após quase seis anos na companhia.


… Ele passará a atuar no comitê de auditoria e risco do conselho de administração e será consultor em iniciativas estratégias relacionadas a crédito. As funções serão absorvidas pelo CEO e cofundador do Nubank, David Vélez.


PETRÓLEO – O barril subia quase 2% no pregão estendido, após relatos de que Israel prepara ataque a instalações nucleares iranianas, segundo a CNN, que citou informações de inteligência obtidas pelos EUA.


MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. O BC informou ontem que vai dar início no dia 2 de junho à rolagem dos contratos de swap cambial com vencimento em julho (US$ 24,980 bi).


… Lula recebe Alcolumbre às 11h para apresentar a MP da reforma do setor elétrico.


… Nos EUA, os estoques de petróleo do DoE saem às 11h30 e Thomas Barkin fala às 13h.


… Os integrantes do Fed continuam sem pressa de decidir os próximos passos, diante das incertezas sobre a guerra comercial. Beth Hammack recomendou “esperar” e disse que o BC americano está “paciente”.


… Para Alberto Musalem, a incerteza da política econômica está “excepcionalmente alta”, mas o impacto das tarifas na economia “tende a ser significativo”, exercendo pressão inflacionária, pelo menos no curto prazo.


… Também Mary Daly afirmou que está “altamente sensível ao risco de inflação”. Raphael Bostic voltou a dizer que não espera uma recessão nos EUA, mas que as empresas continuarão a esperar por mais clareza.


QUEM DÁ MAIS? – Na rotina de recordes, o Ibovespa (+0,34%) fechou ontem acima dos 140 mil pontos (140.109,63) pela primeira vez na história, depois de uma virada do mercado na reta final de negociação.


… O start para mais esta conquista inédita veio do relatório do Morgan Stanley, recomendando a compra das ações brasileiras e prevendo que o índice à vista chegará aos 189 mil pontos até meados do ano que vem.


… O patamar representa potencial de alta de 35% nos próximos doze meses, mais que o dobro do CDI esperado no período. Para o banco americano, o Brasil está barato e um cenário otimista agora é o mais provável.


… Também o Safra está confiante que a bolsa doméstica vai surfar numa onda positiva nos próximos tempos e elevou a sua projeção do preço-alvo do Ibovespa de 141 mil pontos para 170 mil pontos daqui a um ano.


… A instituição financeira afirma que a perspectiva de fim do ciclo de aperto da taxa Selic, reforçada por sinais de moderação na atividade econômica, resultou em uma melhora do sentimento do mercado para a bolsa.


… Destaca ainda que os resultados das companhias seguem saudáveis e que a diversificação dos portfólios globais com a guerra comercial dos EUA-China impulsionou o fluxo para cá, movimento que deve continuar.


… A B3 completou 18 dias seguidos de entrada de capital estrangeiro e só interrompeu este rali na última 6ªF, quando saiu um pouquinho (R$ 178,456 milhões). No mês, já entraram quase R$ 10 bilhões em k externo.


… No acumulado do ano, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 20,381 bilhões.


… Os ganhos do Ibovespa ontem foram impulsionados pelos frigoríficos. JBS ON (+4,79%, a R$ 42,01) operou embalada pela expectativa de sua dupla listagem em NY, que será votada em assembleia de acionistas na 6ªF.


… O volume negociado pelas ações da JBS explodiu ontem para R$ 1,403 bilhão, quase o dobro do dia anterior.


… Marfrig ON (+4,31%, a R$ 24,47) voltou a repercutir a incorporação da BRF ON (+2,44%, a R$ 21,00).


… Entre as blue chips, o dia foi morno para a Vale (ON, +0,02%, a R$ 55,35). Petrobras registrou altas modestas, apesar de a empresa ter avançado com o Ibama nos passos para a possível exploração da Margem Equatorial.


… O papel ON subiu 0,32%, a R$ 34,17, e o PN, +0,41%, a R$ 32,11. O Brent/julho caiu 0,24%, a US$ 65,38.


… O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, exibiu ceticismo sobre um sucesso nas negociações em curso com os EUA sobre o programa nuclear e pediu para o governo Trump parar de falar “bobagens”.


… No setor bancário, as ações do BB (ON, +1,84%, a R$ 25,50) corrigiram parte das quedas expressivas dos últimos dias provocadas pelo balanço fraco. Bradesco PN (+0,97%, a R$ 15,69) também foi bem ontem.


… Já Itaú PN (-0,13%, a R$ 38,30) e Santander Unit (-0,10%, a R$ 30,53) fecharam com perdas modestas.


… Gol PN saltou 12,09% e figurou como segunda melhor colocada no ranking do índice de altas do Ibovespa. O movimento foi impulsionado pela decisão do Tribunal de falências de NY de aprovar o plano de reestruturação.


… A empresa espera sair até o mês que vem do “Chapter 11”, equivalente à recuperação judicial no Brasil.


… Na ponta negativa, ficaram as empresas de educação, afetadas pelas mudanças do governo na regras de ensino a distância: Cogna ON (-7,79%, a R$ 2,84) e Yduqs ON (-5,07%, a R$ 14,97) lideraram as perdas.


DIZEM QUE SOU LOUCO – Em NY, as bolsas não conseguiram ignorar nesta 3ªF as preocupações de que o projeto de corte de impostos pretendido por Trump possa custar caro ao endividamento público dos EUA.


… Em visita ao Congresso americano, ontem, o presidente assegurou que não pretende cortar “nada significativo” e que iria apenas reduzir gastos de programas de saúde relacionados a fraudes.


… Ele continuou negando que existam resistências à sua proposta orçamentária dentro de sua base aliada e garantiu que reunião realizada ontem com os republicanos no Capitólio “foi um ótimo encontro de amor”.


… Trump bota pressão para aprovar o “grande e lindo projeto de lei” que tramita na Câmara americana.


… Enquanto isso, os mercados não escondem as preocupações com a trajetória da dívida americana e o tamanho do pacote de isenção de impostos e vendem risco (bolsa) para comprar segurança (Treasuries).


… Na reação clássica de cautela, o S&P 500 quebrou uma sequência de seis altas e recuou 0,39% (5.940,46 pontos). O Dow Jones caiu 0,27% (42.677,24 pontos) e o Nasdaq perdeu 0,38% (19.142,71 pontos).


… Precificando os riscos fiscais, a taxa da Note de 10 anos avançou para 4,484%, contra 4,455% na véspera, e a do T-Bond de 30 anos chegou ainda mais perto da marca dos 5%, a 4,966%, de 4,914% no pregão anterior.


… Apesar da alta dos Treasuries e de o Brasil ter também no radar, como os EUA, o risco de populismo fiscal, os juros futuros terminaram a sessão aqui com alta modesta nos prêmios, ajudados pelo apetite por risco no Ibov.


… Este sentimento mais positivo ajudou também a moderar o impacto de alta na curva do DI do megaleilão de NTN-Bs (títulos atrelados à inflação) feito pelo Tesouro Nacional nesta 3ªF, o maior em quatro anos.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,735% (de 14,720% no pregão anterior); Jan/27, 13,965% (de 13,915%); Jan/29, 13,505% (de 13,465%); Jan/31, 13,740% (de 13,690%); e Jan/33, 13,810% (de 13,760%).


… Em relatório, o Banco Inter revisou ontem em baixa a projeção para o IPCA deste ano, de 5,4% para 5,3%, e manteve a expectativa de que ciclo de aperto monetário do Copom já acabou, com a Selic abaixo dos 15%.


… No câmbio, o dólar fechou em leve alta de 0,25%, a R$ 5,6693. Operou descolado da queda lá fora, onde o índice DXY recuou 0,3%, a 100,118 pontos, de olho na tensão fiscal e perda do rating triplo A pela Moody´s.


… O euro registrou alta de 0,33%, a R$ 1,1284, impulsionado por Lagarde (BCE), que enxerga a valorização como uma “oportunidade e não uma ameaça”. A libra ganhou 0,20%, a US$ 1,3390, e o iene subiu para 144,48/US$.


EM TEMPO… PETROBRAS se prepara para iniciar teste do primeiro poço para exploração de petróleo em águas profundas na Foz do Amazonas já em junho, embora data ainda não tenha sido marcada pelo Ibama… (Folha)


… Ainda no noticiário da estatal, a companhia informou que o navio-plataforma Duque de Caxias alcançou esta semana o topo de produção de 180 mil barris de óleo por dia (bpd) no campo de Mero, na Bacia de Santos.


SABESP inicia hoje o programa de recompra de ações. Operação, anunciada semana passada, terá duração de 18 meses e terminará em novembro/26. Serão comprados até 6.904.170 papéis ON, o que equivale a 1% do total…


… O objetivo do programa é o cumprimento das obrigações assumidas no âmbito de dois planos de incentivo de longo prazo, além da potencial valorização indireta das ações para os acionistas.


AZUL. A S&P rebaixou o rating da de CCC+ para CCC-, devido ao aumento do risco de inadimplência. A perspectiva para a nota é negativa.


CEMIG vai recorrer de decisão judicial que suspendeu leilão de quatro usinas de pequeno porte em MG: Marmelos, Martins, Sinceridade e Machado Mineiro…


… A empresa ainda vai recorrer de outro revés: liminar determinou o depósito de R$ 912,2 milhões em juízo, em ação de cobrança movida pela Forluz, responsável pelo fundo de pensão dos empregados da estatal mineira.


EQUATORIAL pagará no dia 28/5 os proventos de R$ 876,320 milhões anunciados em 30/4. Montante corresponde a dividendo de R$ 0,5315/ação e JCP de R$ 0,1685/ação; ações estão ex desde 02/5.


JBS. BNDESPar reduziu participação para 18,18% das ações ON; vendas foram feitas entre 23/4 e ontem.


ALPARGATAS. A Dynamo reduziu a participação na empresa de 9,42% para 4,98%.


MÉLIUZ estuda possibilidade de listar suas ações nos EUA, no segmento OTCQX Markets, considerado o mais elevado em termos de governança e conformidade dentro da OTC Markets Group, segundo a empresa…


… A Méliuz informou ainda que a Canary IV LP, com sede em Delaware (EUA), aumentou sua participação na empresa para 5,8% das ações ON.


BB celebrou Termo de Compromisso de US$ 1 bilhão com o China Development Bank (CDB), o que permite “expandir suas operações de financiamento nas áreas de infraestrutura, agronegócio, exportação e importação”.


CEF avalia nova emissão no exterior ainda este ano, depois de ter levantado US$ 700 milhões lá fora via emissão de bonds (títulos) sociais, apurou a Coluna do Broadcast.


WILSON SONS aprovou pagamento de R$ 87,56 milhões em dividendos intermediários, equivalentes a R$ 0,1985 por ON. Pagamento será efetuado até 30 de maio; ex dia 24.


RIO TINTO. O governo da Argentina aprovou um projeto de mineração de lítio de US$ 2,5 bilhões da gigante anglo-australiana, marcando o primeiro projeto de mineração sob novo regime de incentivo ao investimento.


Agenda vazia aqui e no exterior


Mariana15-19 minutes 20/05/2025


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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


[21/05/25]


… Depois do lucro abaixo do esperado reportado pela Walmart, mais três varejistas americanas divulgam balanços hoje em NY – Best Buy, Target e Lowes – em outro dia de agenda esvaziada aqui e no exterior. Nenhum indicador está previsto na Zona do Euro e nos EUA, com destaque apenas para os estoques de petróleo do DoE e a fala do Fed boy Thomas Barkin. A ida do ministro Fernando Haddad à Comissão da Câmara, que aconteceria esta manhã para falar da isenção do IR e do consignado, foi adiada para 11/6. Na véspera do anúncio das medidas fiscais que constam do Relatório Bimestral de Despesas e Receitas, a Fazenda se dedica aos últimos ajustes, enquanto o discurso populista de Lula continua deixando o mercado desconfortável sobre os gastos que poderão vir pela frente, no ano eleitoral.


… Nesta 3ªF, na XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, o presidente disse que seu governo lançará três novas políticas públicas ainda neste ano e anunciou um programa de crédito para reforma de casas em complemento ao Minha Casa, Minha Vida.


… “Nós vamos anunciar outro programa. Vamos anunciar uma política de crédito para reformas. O cidadão que quiser reformar sua casa, fazer uma garagem, um quarto, um banheiro, ele tem o direito de pegar um crédito com juros mais baratos possíveis.”


… Presente ao evento, o ministro das Cidades, Jader Filho, disse aos jornalistas que está trabalhando em ajustes no programa de reformas das moradias precárias, a pedido do presidente, e aguarda uma agenda com ele para apresentar os resultados.


… Jader confirmou que o programa de reformas será um braço do Minha Casa, Minha Vida e que os recursos virão do Fundo Social.


… O governo vai lançar 130 mil novas unidades habitacionais do MCMV, que estarão disponíveis a partir do dia 28 para que as empresas, prefeitos e governadores possam fazer o processo de inscrição. O limite de valores dos imóveis também será reajustado.


… A medida faz parte do pacote de ações que o Planalto prepara para tentar reverter a queda de popularidade do presidente Lula.


… Sobre essas medidas, o Estadão apurou que o novo Vale Gás deve restringir para 16 milhões de famílias o número de pessoas de baixa renda beneficiadas. Quando o programa foi lançado, Lula anunciou que estenderia a gratuidade para 20 milhões de famílias.


… O Vale Gás foi redesenhado pela equipe econômica e é objeto de uma MP em fase final de ajustes. Os custos com o programa ficarão limitados a R$ 3,5 bilhões neste ano, como previsto no Orçamento. Já em 2026, devem ser ampliados para R$ 5 bilhões.


A ISENÇÃO DO IR – Uma eventual correção de toda a tabela do Imposto de Renda foi tema recorrente nos debates da Comissão Especial, na Câmara, nesta 3ªF, com a participação do secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto.


… Ele afirmou que a correção integral pela inflação custaria mais de R$ 100 bilhões.


… “A gente fez a escadinha do benefício para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil porque não ia ter condições de fazer a tabela toda. A escadinha reduz significativamente o montante para algo em torno de R$ 25 bilhões”, disse Marcos Pinto.


… O secretário ainda rebateu as projeções de Estados e municípios sobre as perdas que seriam geradas com o projeto do IR, descartando valores de R$ 12 bilhões, como foi mencionado. Segundo ele, o que precisa ser compensado soma entre R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.


… O relator do projeto que amplia a isenção do IR, deputado Arthur Lira (PP), aproveitou a chance para cobrar da Fazenda as informações solicitadas pelo Congresso, para que os números possam ser checados de maneira clara e transparente.


… Ainda ontem, a Comissão aprovou requerimentos para a realização de audiências públicas com 56 especialistas e autoridades, entre os quais, o secretário especial da Receita, Robinson Barreirinhas. Todos devem ser ouvidos até o dia 20 de junho.


CONSIGNADO – A Febraban e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirmam que o volume de reclamações por consignado contratado sem a permissão de aposentados e pensionistas do INSS caiu 88% entre 2021 e 2024.


… De acordo com as entidades, isso aconteceu devido à implementação da confirmação por biometria facial, em 2022.


… As informações foram apresentadas pelos presidentes das entidades, Isaac Sidney e Leandro Vilain, em reunião com o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e com o presidente do INSS, Gilberto Waller Junior, nesta 3ªF, em Brasília.


GRIPE AVIÁRIA – Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que o governo brasileiro está negociando com a China a flexibilização das restrições sobre os embarques de produtos avícolas, suspensos desde o dia 16.


… As exportações de frango foram interrompidas para 19 destinos, segundo o último levantamento da pasta.


…. O governador Eduardo Leite disse que deu negativo o resultado do teste para influenza aviária feito em trabalhador da granja de Montenegro (RS), onde foi registrado o primeiro caso em aves de criação comercial.


… Há ainda seis investigações de suspeitas de gripe aviária, duas em plantas comerciais, em Ipumirim (SC) e em Aguiarnópolis (TO).


O LUCRO DA XP – A ação subiu 0,48% no after market em NY, após o balanço reportar lucro líquido ajustado recorde de R$ 1,236 bilhão, alta de 20% em relação ao mesmo período de 2024 e crescimento de 2% frente ao quarto trimestre.


… Já a Nu Holdings caiu 2,74% no after hours com a saída de Youssef Lahrech dos cargos executivos, após quase seis anos na companhia.


… Ele passará a atuar no comitê de auditoria e risco do conselho de administração e será consultor em iniciativas estratégias relacionadas a crédito. As funções serão absorvidas pelo CEO e cofundador do Nubank, David Vélez.


PETRÓLEO – O barril subia quase 2% no pregão estendido, após relatos de que Israel prepara ataque a instalações nucleares iranianas, segundo a CNN, que citou informações de inteligência obtidas pelos EUA.


MAIS AGENDA – O BC divulga às 14h30 os dados semanais do fluxo cambial. O BC informou ontem que vai dar início no dia 2 de junho à rolagem dos contratos de swap cambial com vencimento em julho (US$ 24,980 bi).


… Lula recebe Alcolumbre às 11h para apresentar a MP da reforma do setor elétrico.


… Nos EUA, os estoques de petróleo do DoE saem às 11h30 e Thomas Barkin fala às 13h.


… Os integrantes do Fed continuam sem pressa de decidir os próximos passos, diante das incertezas sobre a guerra comercial. Beth Hammack recomendou “esperar” e disse que o BC americano está “paciente”.


… Para Alberto Musalem, a incerteza da política econômica está “excepcionalmente alta”, mas o impacto das tarifas na economia “tende a ser significativo”, exercendo pressão inflacionária, pelo menos no curto prazo.


… Também Mary Daly afirmou que está “altamente sensível ao risco de inflação”. Raphael Bostic voltou a dizer que não espera uma recessão nos EUA, mas que as empresas continuarão a esperar por mais clareza.


QUEM DÁ MAIS? – Na rotina de recordes, o Ibovespa (+0,34%) fechou ontem acima dos 140 mil pontos (140.109,63) pela primeira vez na história, depois de uma virada do mercado na reta final de negociação.


… O start para mais esta conquista inédita veio do relatório do Morgan Stanley, recomendando a compra das ações brasileiras e prevendo que o índice à vista chegará aos 189 mil pontos até meados do ano que vem.


… O patamar representa potencial de alta de 35% nos próximos doze meses, mais que o dobro do CDI esperado no período. Para o banco americano, o Brasil está barato e um cenário otimista agora é o mais provável.


… Também o Safra está confiante que a bolsa doméstica vai surfar numa onda positiva nos próximos tempos e elevou a sua projeção do preço-alvo do Ibovespa de 141 mil pontos para 170 mil pontos daqui a um ano.


… A instituição financeira afirma que a perspectiva de fim do ciclo de aperto da taxa Selic, reforçada por sinais de moderação na atividade econômica, resultou em uma melhora do sentimento do mercado para a bolsa.


… Destaca ainda que os resultados das companhias seguem saudáveis e que a diversificação dos portfólios globais com a guerra comercial dos EUA-China impulsionou o fluxo para cá, movimento que deve continuar.


… A B3 completou 18 dias seguidos de entrada de capital estrangeiro e só interrompeu este rali na última 6ªF, quando saiu um pouquinho (R$ 178,456 milhões). No mês, já entraram quase R$ 10 bilhões em k externo.


… No acumulado do ano, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 20,381 bilhões.


… Os ganhos do Ibovespa ontem foram impulsionados pelos frigoríficos. JBS ON (+4,79%, a R$ 42,01) operou embalada pela expectativa de sua dupla listagem em NY, que será votada em assembleia de acionistas na 6ªF.


… O volume negociado pelas ações da JBS explodiu ontem para R$ 1,403 bilhão, quase o dobro do dia anterior.


… Marfrig ON (+4,31%, a R$ 24,47) voltou a repercutir a incorporação da BRF ON (+2,44%, a R$ 21,00).


… Entre as blue chips, o dia foi morno para a Vale (ON, +0,02%, a R$ 55,35). Petrobras registrou altas modestas, apesar de a empresa ter avançado com o Ibama nos passos para a possível exploração da Margem Equatorial.


… O papel ON subiu 0,32%, a R$ 34,17, e o PN, +0,41%, a R$ 32,11. O Brent/julho caiu 0,24%, a US$ 65,38.


… O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, exibiu ceticismo sobre um sucesso nas negociações em curso com os EUA sobre o programa nuclear e pediu para o governo Trump parar de falar “bobagens”.


… No setor bancário, as ações do BB (ON, +1,84%, a R$ 25,50) corrigiram parte das quedas expressivas dos últimos dias provocadas pelo balanço fraco. Bradesco PN (+0,97%, a R$ 15,69) também foi bem ontem.


… Já Itaú PN (-0,13%, a R$ 38,30) e Santander Unit (-0,10%, a R$ 30,53) fecharam com perdas modestas.


… Gol PN saltou 12,09% e figurou como segunda melhor colocada no ranking do índice de altas do Ibovespa. O movimento foi impulsionado pela decisão do Tribunal de falências de NY de aprovar o plano de reestruturação.


… A empresa espera sair até o mês que vem do “Chapter 11”, equivalente à recuperação judicial no Brasil.


… Na ponta negativa, ficaram as empresas de educação, afetadas pelas mudanças do governo na regras de ensino a distância: Cogna ON (-7,79%, a R$ 2,84) e Yduqs ON (-5,07%, a R$ 14,97) lideraram as perdas.


DIZEM QUE SOU LOUCO – Em NY, as bolsas não conseguiram ignorar nesta 3ªF as preocupações de que o projeto de corte de impostos pretendido por Trump possa custar caro ao endividamento público dos EUA.


… Em visita ao Congresso americano, ontem, o presidente assegurou que não pretende cortar “nada significativo” e que iria apenas reduzir gastos de programas de saúde relacionados a fraudes.


… Ele continuou negando que existam resistências à sua proposta orçamentária dentro de sua base aliada e garantiu que reunião realizada ontem com os republicanos no Capitólio “foi um ótimo encontro de amor”.


… Trump bota pressão para aprovar o “grande e lindo projeto de lei” que tramita na Câmara americana.


… Enquanto isso, os mercados não escondem as preocupações com a trajetória da dívida americana e o tamanho do pacote de isenção de impostos e vendem risco (bolsa) para comprar segurança (Treasuries).


… Na reação clássica de cautela, o S&P 500 quebrou uma sequência de seis altas e recuou 0,39% (5.940,46 pontos). O Dow Jones caiu 0,27% (42.677,24 pontos) e o Nasdaq perdeu 0,38% (19.142,71 pontos).


… Precificando os riscos fiscais, a taxa da Note de 10 anos avançou para 4,484%, contra 4,455% na véspera, e a do T-Bond de 30 anos chegou ainda mais perto da marca dos 5%, a 4,966%, de 4,914% no pregão anterior.


… Apesar da alta dos Treasuries e de o Brasil ter também no radar, como os EUA, o risco de populismo fiscal, os juros futuros terminaram a sessão aqui com alta modesta nos prêmios, ajudados pelo apetite por risco no Ibov.


… Este sentimento mais positivo ajudou também a moderar o impacto de alta na curva do DI do megaleilão de NTN-Bs (títulos atrelados à inflação) feito pelo Tesouro Nacional nesta 3ªF, o maior em quatro anos.


… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,735% (de 14,720% no pregão anterior); Jan/27, 13,965% (de 13,915%); Jan/29, 13,505% (de 13,465%); Jan/31, 13,740% (de 13,690%); e Jan/33, 13,810% (de 13,760%).


… Em relatório, o Banco Inter revisou ontem em baixa a projeção para o IPCA deste ano, de 5,4% para 5,3%, e manteve a expectativa de que ciclo de aperto monetário do Copom já acabou, com a Selic abaixo dos 15%.


… No câmbio, o dólar fechou em leve alta de 0,25%, a R$ 5,6693. Operou descolado da queda lá fora, onde o índice DXY recuou 0,3%, a 100,118 pontos, de olho na tensão fiscal e perda do rating triplo A pela Moody´s.


… O euro registrou alta de 0,33%, a R$ 1,1284, impulsionado por Lagarde (BCE), que enxerga a valorização como uma “oportunidade e não uma ameaça”. A libra ganhou 0,20%, a US$ 1,3390, e o iene subiu para 144,48/US$.


EM TEMPO… PETROBRAS se prepara para iniciar teste do primeiro poço para exploração de petróleo em águas profundas na Foz do Amazonas já em junho, embora data ainda não tenha sido marcada pelo Ibama… (Folha)


… Ainda no noticiário da estatal, a companhia informou que o navio-plataforma Duque de Caxias alcançou esta semana o topo de produção de 180 mil barris de óleo por dia (bpd) no campo de Mero, na Bacia de Santos.


SABESP inicia hoje o programa de recompra de ações. Operação, anunciada semana passada, terá duração de 18 meses e terminará em novembro/26. Serão comprados até 6.904.170 papéis ON, o que equivale a 1% do total…


… O objetivo do programa é o cumprimento das obrigações assumidas no âmbito de dois planos de incentivo de longo prazo, além da potencial valorização indireta das ações para os acionistas.


AZUL. A S&P rebaixou o rating da de CCC+ para CCC-, devido ao aumento do risco de inadimplência. A perspectiva para a nota é negativa.


CEMIG vai recorrer de decisão judicial que suspendeu leilão de quatro usinas de pequeno porte em MG: Marmelos, Martins, Sinceridade e Machado Mineiro…


… A empresa ainda vai recorrer de outro revés: liminar determinou o depósito de R$ 912,2 milhões em juízo, em ação de cobrança movida pela Forluz, responsável pelo fundo de pensão dos empregados da estatal mineira.


EQUATORIAL pagará no dia 28/5 os proventos de R$ 876,320 milhões anunciados em 30/4. Montante corresponde a dividendo de R$ 0,5315/ação e JCP de R$ 0,1685/ação; ações estão ex desde 02/5.


JBS. BNDESPar reduziu participação para 18,18% das ações ON; vendas foram feitas entre 23/4 e ontem.


ALPARGATAS. A Dynamo reduziu a participação na empresa de 9,42% para 4,98%.


MÉLIUZ estuda possibilidade de listar suas ações nos EUA, no segmento OTCQX Markets, considerado o mais elevado em termos de governança e conformidade dentro da OTC Markets Group, segundo a empresa…


… A Méliuz informou ainda que a Canary IV LP, com sede em Delaware (EUA), aumentou sua participação na empresa para 5,8% das ações ON.


BB celebrou Termo de Compromisso de US$ 1 bilhão com o China Development Bank (CDB), o que permite “expandir suas operações de financiamento nas áreas de infraestrutura, agronegócio, exportação e importação”.


CEF avalia nova emissão no exterior ainda este ano, depois de ter levantado US$ 700 milhões lá fora via emissão de bonds (títulos) sociais, apurou a Coluna do Broadcast.


WILSON SONS aprovou pagamento de R$ 87,56 milhões em dividendos intermediários, equivalentes a R$ 0,1985 por ON. Pagamento será efetuado até 30 de maio; ex dia 24.


RIO TINTO. O governo da Argentina aprovou um projeto de mineração de lítio de US$ 2,5 bilhões da gigante anglo-australiana, marcando o primeiro projeto de mineração sob novo regime de incentivo ao investimento.

Produtividade é a saída

  O mundo está girando (e rápido): o Brasil vai acompanhar ou ficar para trás? 🌎🇧🇷 Acabei de ler uma análise excelente de Marcello Estevã...