segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Agenda Macro

 *Agenda macroeconômica Brasil*


➡️ *Segunda-feira, 24 de novembro*:  

08:00 Índice de Preços ao Consumidor - IPC-S FGV: Consenso 0,24%  

08:00 Índice de Confiança do Consumidor FGV: Consenso 88,50  

08:25 Relatório Focus do Banco Central  

10:30 Arrecadação Tributária Federal: sem consenso | Anterior R$216,7bi | BTG R$262,1bi  

11:30-12:00 Eventos/Debates Diretores e Presidente do Banco Central


➡️ *Terça-feira, 25 de novembro*:  

05:00 Índice de Preços ao Consumidor - FIPE (Semanal): Consenso 0,20%  

08:00 Índice Nacional de Custo da Construção - FGV: Consenso 0,31% | Anterior 0,21%  

08:30 Balança de Conta Corrente: Consenso -US$4.600mi | Anterior -US$9.774mi  

08:30 Investimento Estrangeiro Direto: Consenso US$6.000mi | Anterior US$10.671mi


➡️ *Quarta-feira, 26 de novembro*:  

08:00 Índice de Confiança da Indústria FGV  

08:30 Empréstimos Totais em Aberto - variação mensal: Consenso 1,10%  

08:30 Total de Empréstimos em Aberto: Consenso R$6.844bi  

09:00 Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) - 12 meses: Consenso 4,49% | Anterior 4,94% | BTG 4,52%  

09:00 IPCA-15 variação mensal: Consenso 0,18% | Anterior 0,18% | BTG 0,22%  

Dívida Federal Total: Consenso R$8.122bi


➡️ *Quinta-feira, 27 de novembro*:  

08:00 Índice Geral de Preços - Mercado (IGPM) FGV - mensal: Consenso 0,28% | Anterior -0,36%  

08:00 IGPM FGV - 12 meses: Consenso -0,09% | Anterior 0,92%  

08:00 Índice de Confiança do Comércio e Serviços FGV  

Resultado Orçamentário do Governo Central: Consenso R$37,4bi | Anterior -R$14,5bi | BTG R$36,8bi


➡️ *Sexta-feira, 28 de novembro*:  

08:30 Saldo Orçamentário Nominal: Consenso -R$57,4bi | BTG -R$102,2bi  

08:30 Saldo Primário do Setor Público: Consenso R$33,4bi | Anterior -R$17,5bi | BTG R$34,6bi  

09:00 Taxa de Desemprego Nacional: Consenso 5,60% | Anterior 5,60% | BTG 5,70%  

Criação Formal de Empregos: Consenso 107.500 | Anterior 213.002 | BTG 90.200

Leitura de domingo

 *Leitura de Domingo: Resgate de valores no Master fora do FGC depende de localizar recursos*


Por Lavínia Kaucz


Brasília, 18/11/25 - As perspectivas de recuperação dos valores aplicados no Banco Master que não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ainda são incertas e o resgate depende da disponibilidade de recursos, alertam especialistas à Broadcast. O caminho para encontrar o dinheiro passa pelo levantamento do patrimônio do Master e pela responsabilização e bloqueio de bens dos seus dirigentes, como Daniel Vorcaro, dono do banco, preso pela Polícia Federal (PF).


Com a liquidação do Master decretada hoje pelo Banco Central (BC), o FGC é acionado para ressarcir os investidores - cobre até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição, limitado a R$ 1 milhão a cada quatro anos. Quem tinha aplicações acima desse teto não receberá a diferença.


O fundo também se limita a cobrir modalidades de depósito, como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Há diversos produtos financeiros que não são garantidos, como debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), Letra Imobiliária Garantida (LIG) e Letra Financeira (LF).


De acordo com o advogado Oduvaldo Lara Júnior, sócio da área de Direito Societário e M&A do escritório Abe Advogados, “valores não cobertos seguem para o processo de habilitação na massa liquidanda e poderão ser recuperados integralmente, parcialmente ou não recuperados, a depender da disponibilidade de ativos e da ordem legal de pagamentos”


Luciano Ramos Volk, sócio do escritório Volk & Giffoni Ferreira Advogados, também avalia que ainda é difícil afirmar se os valores não cobertos poderão ser efetivamente recuperados. “Essa é uma resposta ainda difícil de dar. O processo de liquidação visa justamente fazer o balanço de ativos e passivos, buscando recuperar os recursos para devolver os investimentos. Diante disso, é possível que haja, infelizmente, a perda de tudo, mas também existe espaço para recuperação de recursos e pagamento dos investidores, ainda que não integralmente, dado o alto valor do prejuízo”, avalia.


Marília Milani, head de contencioso do CBA Advogados, orienta os clientes do banco a aguardarem a liquidação extrajudicial antes de cobrar os valores na Justiça. “Vai ter o processamento da liquidação extrajudicial e, havendo saldo suficiente, entra na lista de pagamentos e acaba pagando esses credores. E aí depende, porque cada credor pode ter uma modalidade de crédito, e essa modalidade vai interferir na ordem de pagamento do crédito”, explica. As prioridades de pagamento são os créditos de natureza trabalhista e fiscal.


O levantamento dos valores necessários para arcar com as obrigações do banco passa ainda por bloquear o patrimônio dos responsáveis por eventuais fraudes, mas é comum a Justiça encontrar obstáculos. A operação que mirou Vorcaro por suspeita de fraude obteve autorização para bloquear R$ 12,2 bilhões em contas bancárias, mas apenas R$ 1,6 milhão foi apreendido até agora.


“A ocultação patrimonial é bem estruturada e sofisticada, nesses casos. Eles podem ocultar (o dinheiro) de diversas formas. Por exemplo, no caso do Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos (liquidado em 2004), ele tinha muito patrimônio ocultado por meio de compras de obras de arte, por meio de laranjas, por meio de empresas terceiras…”, lembra Milani.


A busca por ativos no patrimônio dos responsáveis pela situação financeira do banco ainda pode servir para reparar o rombo causado ao FGC. O fundo tem cerca de R$ 121 bilhões de liquidez. Já o volume de CDBs distribuídos pelo Master no mercado estava em torno de R$ 50 bilhões em março deste ano.


“(O fundo) vai buscar receber esses valores. Eles têm uma equipe jurídica robusta para poder ir atrás desse valor, para fazer investigação patrimonial, o que for necessário para reaver esse dinheiro”, destaca Milani.


Contato: lavinia.kaucz@estadao.com


Broadcast+

domingo, 23 de novembro de 2025

Amilton Aquino: O sistema é foda parceiro...

 O sistema é foda, parceiro

Mais um megaesquema de corrupção envolvendo algumas das figuras mais importantes do Brasil. Como tantos outros, não vai dar em nada. No máximo, algumas manchetes, um período sabático em uma cela especial até que um habeas corpus direto do STF “garanta o direito de responder em liberdade”. Quem sabe até a devolução da devolução do dinheiro roubado, como já aconteceu tantas vezes — de bandidos do colarinho branco a líderes do crime organizado, como André do Rap, que recuperou até um helicóptero após decisões judiciais que consideraram ilegal a apreensão, num processo tocado no STJ.
Mas, se está tudo dominado, por que o escândalo veio à tona? Isso não seria a prova de que as instituições estão funcionando, apesar de tudo?
Gostaria de acreditar nisso, mas o fato é que a conta chegou. A cada dia, novos papéis do banco vencem e os valores precisam ser pagos. Alguém vai ter que arcar com a conta. Eis a questão.
Que a coisa cheirava mal já fazia anos. Não por acaso, o banqueiro se cercou de algumas das figuras mais importantes do país. Do ex-ministro da Fazenda (Guido Mantega) ao ex-ministro do STF e atual Ministro da Justiça (Ricardo Lewandowski), ambos como conselheiros, até familiares de Alexandre de Moraes como advogados, o banqueiro ficou famoso por patrocinar eventos da nossa elite político-judiciária no Brasil e no exterior.
O caso retrata, mais uma vez, o grau de promiscuidade a que chegamos — e tudo institucionalizado com a jurisprudência do STF, que não vê nada de errado em um juiz julgar um caso em que cônjuge ou familiar próximo advoga. Ora, se um juiz não se sente constrangido em atuar em um processo em que ele é, ao mesmo tempo, vítima e promotor, todo o resto é possível. A Constituição vira um mero detalhe a ser interpretado conforme as conveniências do momento.
Não é a primeira vez que ex-ministros do STF e seus familiares advogam formalmente para corruptos famosos. Lewandowski, por exemplo, além de ter trabalhado para os irmãos Batista, tem um filho que atuou para entidades investigadas por fraudes no INSS. No caso de Moraes, o escritório da família — que inclui a esposa e dois filhos — foi contratado pelo Banco Master. E eles não são exceção. Entre ministros atuais e recém-aposentados, a maioria tem parentes com grandes escritórios, defendendo clientes cujos casos frequentemente transitam pelas instâncias superiores.
A esposa de Toffoli, por exemplo, atuou ativamente na defesa de alvos da Lava Jato e, claro, também dos irmãos Batista — réus confessos cujos processos e até acordos de devolução de bilhões aos cofres públicos foram anulados em decisões monocráticas do próprio marido.
Ao mesmo tempo em que a impunidade reina para corruptos, alguns casos chamam atenção pelos excessos de punibilidade. O caso da jornalista Rosane Oliveira, do Zero Hora, é um escândalo: ela foi condenada a pagar R$ 600 mil por danos morais após divulgar o salário da desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira — uma entre tantos privilegiados do setor público que recebem gordos penduricalhos independentemente do estado de calamidade das contas públicas. Noutro caso, uma jornalista da IstoÉ foi condenada por “excesso de ironia” ao ministro Gilmar Mendes, assim como o próprio Moro pode ser condenado por suposta ofensa ao próprio Gilmar.
Como chegamos até aqui? O que nos levou a mudar tão radicalmente da trajetória de faxina ensaiada pela Lava Jato para a atual situação de conformismo absoluto com a corrupção institucionalizada?
Para mim, o divisor de águas foi o momento em que as delações passaram a mencionar ou tangenciar figuras do STF. A partir dali começou o conchavo descrito por Romero Jucá — “com Supremo e tudo” — inclusive com Lula.
A censura à Crusoé, após a revista publicar uma capa com delações que citavam ministros do STF, foi o segundo degrau da escalada. O inquérito das “fake news” consolidou o arcabouço institucional que concedeu poderes praticamente ilimitados ao Supremo.
E aqui chegamos. A frase que dá título a este texto, eternizada em Tropa de Elite (2007), abriu caminho para a indignação crescente da direita emergente, inconformada com o banditismo ascendente — apesar dos bons ventos da economia mundial que impulsionaram nosso crescimento nos anos 2000. Os sucessivos escândalos petistas abriram caminho para a Lava Jato, que, infelizmente, assim como a Operação Mãos Limpas na Itália ou o curto verão de Buenaventura Durruti na Espanha, terminou de forma melancólica.
E, depois do sucesso de Tropa de Elite 1, que transformou, sem querer, o capitão Nascimento em herói da direita, Tropa de Elite 2 tenta fazer um contraponto, exaltando a figura de Freixo como herói da esquerda. Em ambos os casos, o diagnóstico é o mesmo: o sistema é foda, parceiro.

Os políticos q apoiam o Vorcaro

 A BANCADA DO VORCARO – Carlos Eduardo Novaes


A bancada do Vorcaro, capitaneada pelo senador Ciro Nogueira, amigo do peito, inclui também um grupo de governadores bolsonaristas que se encontrou em Brasília, na casa do Ibaneis, aquele governador gordinho, com cara de batráquio, que convocou a reunião.

- Chamei vocês aqui – disse Ibaneis – porque estou preocupado com o comportamento do nosso padrinho. Acho que ele está exagerando...

- Exag...exage...exagerando em que? – cortou o govenador do Estado do Rio que os amigos chamam de Gago Coutinho

- Ele acabou de comprar um jato executivo por 200 milhões!!

- E daí? – rosnou o Caiado – Ele é um banqueiro...tem dinheiro pra isso!

- Acontece – voltou o cara de batráquio – que este é o terceiro avião que ele compra!

- Pelo dinheiro que tem pode ser dono de até dez jatos -  comentou o Zema, mineiro bolsonarista raiz... 

- Mas não precisa ostentar – voltou o preocupado Ibaneis – Ele chega lá na Faria Lima e vai logo dizendo “comprei uma casa no Sul da Bahia por 280 milhões, vocês são meus convidados” ...

- Acho que o Ibaneis tem razão – concordou Ratinho Jr – Ele nos prometeu muita grana nas eleições de 2026...mas se continuar se exibindo assim, uma hora o bicho vai pegar...

- Vai nada! – reagiu o amigão Ciro Nogueira – Ele nunca fez nada de errado!!!

Claudio Castro assustou-se:

- O qu...que... que...que? Ele nunca fez nada certo, isso sim. Mas nós gostamos dele, gostamos tanto que eu até aportei R$ 1 bilhão do Rio Previdência no banco Master...

- É o tal fundo de benefícios para pensionistas e aposentados? – indagou Ciro, ex- chefe da Casa Civil do Governo Bolsonaro

- É,,,é...si... sim – respondeu Gago Coutinho

- Por que ajudar essa gente, Gago? Precisamos acabar com os pobres.  Fazer como os Carecas do INSS...

- Minha preocupação é essa! Também fiz uma operação financeira! – voltou o cara de batráquio – Mandei meu banco, o BRB, comprar R$ 12,2 bilhões em carteiras de credito do Master...por pura camaradagem!

Nesse momento tocou o celular do Tarcísio, governador de São Paulo. Era Vorcaro para informar que comprara mais uma casa, no condomínio mais caro da Florida, injetara 300 milhões na SAF do Atlético Mineiro e estava indo para o aeroporto onde pegaria seus jato de 200 milhões para a ilha de Malta.

- Vamos! – gritou o batráquio – Vamos pedir a ele para ser mais reservado. Vamos correndo antes que ele embarque e resolva comprar a ilha.

Não deu tempo. A Policia Federal chegou primeiro e levou o banqueiro. Aos leais amigos da bancada resta acompanha-lo, na cadeia!

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Brazil Journal no centro das polêmicas

 Sobre fatos, fofocas e innuendo

 

Ao longo das últimas semanas – e em especial à luz das notícias recentes – diversos leitores me perguntaram acerca do Banco Master. Dada a importância do tema para o mercado, esclareço – sem ressalvas e com todas as letras – que nem o Banco Master nem quaisquer de seus acionistas tem qualquer tipo de participação societária, direta ou indireta, no capital social do Brazil Journal. Estou interpelando os veículos que afirmaram o contrário. Associar nossa ausência de cobertura a qualquer tipo de vínculo com o Banco Master é leviano e beira a desonestidade. O jornalismo investigativo é importantíssimo para o Brasil e para o mercado de capitais. Esta, no entanto, não é a tradição deste site. Parabéns aos veículos que têm coberto os escândalos financeiros do País com afinco e profundidade, frequentemente a um alto custo pessoal para seus profissionais. Quando e se tivermos algo a agregar à cobertura deste e de outros escândalos em gestação, vamos fazê-lo. Enquanto isso, continuaremos a priorizar matérias que trazem análise, insights e breaking news ao leitor ávido por informações sobre as empresas, os mercados e as políticas públicas. Agradeço as inúmeras mensagens de reconhecimento à integridade deste veículo, que em apenas nove anos se tornou uma referência para tantos – e, para mim, uma responsabilidade que cresce a cada dia. Presto estes esclarecimentos por gratidão e em atenção a estes leitores, e não a blogs ideológicos com credibilidade pífia.

Blindagem do MASTER atrasou a atuação do BCB

 Blindagem que atrasou ação do BC contra o Master também precisa ser investigada


 


 


A operação da Polícia Federal (PF) que prendeu Daniel Vorcaro e outros dirigentes do Banco Master por falsificar títulos de crédito para encobrir um desvio de R$ 12,2 bilhões do Banco de Brasília, o BRB, foi certeira, mas o Banco Central não precisava ter esperado até que surgisse uma fraude tão grosseira para começar a agir. As peripécias de Vorcaro são acompanhadas com lupa no mercado já há alguns anos, pelo menos desde 2021, quando seu banco passou a crescer vertiginosamente vendendo títulos que prometiam rendimentos extraordinários aos clientes e pagando comissões fora do comum aos corretores. O dono do Master também é velho conhecido da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, onde já fez acordo para pagar multas de R$ 1,2 milhão e respondeu a processos por manipulação dos preços de ativos e operações fraudulentas com debêntures e títulos imobiliários. Em julho de 2024, técnicos da Caixa Econômica Federal que examinaram os números do Master para opinar sobre a compra de R$ 500 milhões em títulos de renda fixa escreveram num relatório que o modelo de negócios era “de difícil compreensão” e tinha “alto risco de solvência”. Afirmaram, ainda, que o banco dependia de uma “operação complexa de investimentos” em empresas em recuperação judicial, superendividadas, ou de precatórios de difícil recebimento. Por lei, bancos insolventes — em bom português, quebrados — são passíveis de medidas duras, incluindo a intervenção, pelo Banco Central, que tem o dever de proteger a integridade do sistema financeiro. Ao longo destes anos, porém, o BC e seus diretores não pareciam muito abalados com a picaretagem que se vislumbrava no horizonte. Por falta de aviso é que não foi. Desde a gestão de Roberto Campos Neto, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre perdas de até R$ 250 mil em caso de quebra, enviou mais de 38 alertas ao BC sobre os problemas do Master. Sem contar as dezenas de reuniões e conversas de bastidores com pedidos de providências a Campos Neto, na era Jair Bolsonaro, e a Gabriel Galípolo, no governo Lula. Em 2023, depois de muita pressão do mercado, o BC criou regras diminuindo a proporção de precatórios e CDBs que os bancos podem acumular. Mas deu até o final de 2025 para o pessoal se enquadrar — uma temeridade, como está demonstrado agora. Desde então, só o passivo do banco mais que dobrou. O FGC calcula que será necessário desembolsar no mínimo R$ 40 bilhões para compensar as perdas dos investidores. Mas não cobre o rombo dos fundos de pensão de servidores dos estados e municípios que compraram quase R$ 2 bilhões em títulos do Master que virarão pó. Não é difícil entender a demora do BC em agir. A blindagem de Vorcaro era poderosa, ecumênica e ostensiva. Demonstrava-se em festas milionárias e viagens de jato com políticos e autoridades do governo e do Judiciário, ricos patrocínios a eventos jurídicos, além de contratos generosos com figuras estreladas — como Ricardo Lewandowski, que entre o STF e o Ministério da Justiça passou um ano como conselheiro do Master, ou Guido Mantega, que levou Vorcaro para dar um abraço no presidente Lula no Palácio do Planalto. Só com “consultorias jurídicas” o banco gastou cerca de R$ 250 milhões em 2024. Entre os contratados estava Viviane Barci de Moraes, mulher de Alexandre de Moraes, que em abril daquele ano foi convidado de honra de um evento jurídico promovido pelo Master em Londres. A “bancada do Vorcaro” também era famosa em Brasília. Seu líder honorário era o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que também em 2024 propôs aumentar a cobertura do FGC dos atuais R$ 250 mil para R$ 1 milhão. Batizada de “emenda Master”, a iniciativa não colou. Em março, quando o BRB se ofereceu para comprar 58% do Master e ainda assim manter Vorcaro no controle, num salvamento com o dinheiro do contribuinte brasiliense, o senador Izalci Lucas (PL-DF) fez um pedido de CPI e obteve as assinaturas necessárias, mas desistiu misteriosamente em duas semanas. O negócio com o BRB também provocou celeuma interna no Banco Central, com uma ala defendendo a transação e outra considerando que apenas transferiria o rombo de um banco privado a um estatal. Mesmo depois de reprovar a compra, continuou a haver impasse sobre a necessidade de intervenção. O decreto de liquidação do Master já estava pronto havia tempos, mas só quando a PF entrou em campo o BC apertou o botão. A razão da demora não foi outra que não a pressão dos amigos de Vorcaro em Brasília. Os mesmos que, espera-se, sejam investigados a sério e a fundo. Já passou da hora, mas antes tarde do que mais tarde.

Papel de Roberto Campos Neto no MASTER

 É preciso investigar o papel de Roberto Campos Neto na fraude do Banco Master

 


A implosão do Banco Master e a descoberta de fraudes bilionárias reveladas pela Operação Compliance Zero escancaram um ponto que não pode mais ser varrido para baixo do tapete: por que Roberto Campos Neto deixou a farra ir tão longe? Diante dos alertas insistentes do mercado, do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e de banqueiros de peso, como justificar a apatia regulatória que permitiu que o Master se transformasse numa bomba-relógio de R$ 12 bilhões? O silêncio do ex-presidente do Banco Central é politicamente suspeito. Segundo revelou o colunista Lauro Jardim em maio deste ano, o FGC enviou 38 comunicados pedindo esclarecimentos sobre o Master. Trinta e oito. Não foram dois, nem cinco — trinta e oito alertas formais. Além disso, grandes banqueiros apresentaram os mesmos temores em reuniões oficiais no ano passado. E nada aconteceu. Por que Campos Neto não agiu? Por incapacidade? Por escolha? Ou por conveniência? Os indícios de que interesses políticos contornaram a atuação técnica do regulador são cada vez mais incômodos. A proximidade entre Campos Neto e Ciro Nogueira, principal aliado de Daniel Vorcaro, dono do Master, não é uma especulação conspiratória: está registrada em fotografia de 2021, com direito a confraternização e churrasco “fogo de chão” ao lado de ministros de Jair Bolsonaro. Naquele momento, Campos Neto já presidia o BC, nomeado pelo próprio Bolsonaro. Nogueira, por sua vez, viria a ser o padrinho político do banqueiro cuja instituição romperia todas as barreiras do risco. A afinidade política, por si só, não comprova favorecimento. Mas, diante da sequência de fatos, torna-se impossível ignorar o contexto. Especialmente porque, durante a gestão de Campos Neto, todos os sinais de gestão temerária do Master estavam explícitos. Mesmo assim, a fiscalização simplesmente não veio. O Master explodiu sua captação ao usar o FGC como isca de venda: CDBs prometendo até 140% do CDI, uma anomalia evidente em comparação ao sistema bancário. A instituição só emitiu, em poucos anos, mais de R$ 45 bilhões em depósitos a prazo — oito vezes mais do que em 2021. Esse crescimento explosivo moveu o mercado, que cobrou o BC. E o que o BC fez? Deu respostas tímidas: exigiu contribuições extras para o FGC e, só em 2024, apertou minimamente as regras de emissão de títulos. Frouxidão regulatória não é acidente — é decisão. E as decisões mais problemáticas vieram no âmbito técnico. Em outubro de 2023, ainda sob a gestão de Roberto Campos Neto, o Banco Central editou uma norma que permitiu que bancos com grande exposição a precatórios e direitos creditórios — como o Master — não fossem obrigados a recalcular o risco desses ativos. A regra estabeleceu um corte em 30 de junho de 2023, salvando justamente as instituições já carregadas de papéis de altíssimo risco e baixíssima liquidez. Era como permitir que um ônibus sem freio continuasse descendo a ladeira, desde que tivesse começado a acelerar antes de determinada data. Essa mudança regulatória foi decisiva para manter o Master operando sem a necessidade de aporte dos sócios ou venda de ativos. E foi assinada durante a gestão de Campos Neto. Enquanto isso, no Congresso, o aliado político do controlador do Master — o senador Ciro Nogueira — tentava elevar o limite de garantia do FGC de R$ 250 mil para R$ 1 milhão, o que facilitaria ainda mais a expansão das emissões de bancos médios e pequenos. A proposta foi rechaçada por todas as entidades bancárias sérias do país e acabou derrotada. Mas sua mera existência reforça o problema: havia um movimento político coordenado para ampliar o espaço de atuação justamente das instituições que vinham distorcendo o sistema. Sob a presidência de Gabriel Galíplo, o BC teve de liquidar a Master Corretora e investigar os desdobramentos que a Polícia Federal agora expõe: operações fraudulentas, créditos falsos, substituição de ativos duvidosos aceitos após aprovação contábil do próprio Banco Central. Como é possível que tudo isso tenha acontecido sem que quem tinha o dever de impedir… impedisse? A pergunta central — e incontornável — é esta: qual foi o papel de Roberto Campos Neto na permissividade que permitiu a escalada do risco sistêmico do Master? Porque, diante do histórico de alertas ignorados, vínculos políticos, decisões regulatórias lenientes e omissões sucessivas, a hipótese de que o ex-presidente do Banco Central falhou gravemente no exercício de suas funções não é apenas plausível — é inevitável. Se o sistema financeiro brasileiro está hoje às voltas com os escombros dessa crise, é porque, por muito tempo, quem deveria apertar o freio decidiu deixar correr solto. E isso não pode ficar sem resposta.

BDM Matinal Riscala

 *Bom Dia Mercado.* Sexta Feira, 26 de Dezembro de 2.025. *Bolsonaro oficializa Flávio e mantém crise* ​ BC divulga nota de crédito de novem...