sábado, 7 de junho de 2025

Banqueiros x Haddad

 A reunião dos banqueiros com Haddad


Instituições privadas contestam aumento de IOF e levam propostas alternativas


Os representantes dos grandes bancos privados - Itaú, BTG Pactual, Santander e Bradesco - e o presidente da Febraban tiveram reunião ontem com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No encontro da sexta-feira, que não estava na agenda oficial do ministro, os banqueiros reforçaram o coro contra o IOF e levaram propostas para a discussão fiscal.


“As propostas que estão sendo discutidas passam tanto por receita quanto por despesa. Há abertura para discutir despesa", disse uma fonte que esteve na reunião. Houve um trato com o ministro de não divulgar quais são as propostas alternativas levadas pelos bancos, mas eles queriam apresentá-las antes do encontro da equipe econômica com os presidentes da Câmara e Senado no domingo.


Os banqueiros não ouviram de Haddad que o IOF é carta fora do baralho, disse um dos presidentes de banco ao Pipeline. Mas o presidente da Câmara, Hugo Motta, pretende levar a derrubada do decreto que aumenta a alíquota à pauta na terça-feira.



https://pipelinevalor.globo.com/mercado/noticia/a-reuniao-dos-banqueiros-com-haddad.ghtml

EUA x Rússia

 *RADAR DE IMPRENSA: CASA BRANCA PRESSIONA SENADOR PARA SUAVIZAR PROJETO DE SANÇÃO À RÚSSIA*


Wall Street Journal - O governo Trump estaria pressionando o senador republicano Lindsey Graham para "suavizar" o projeto de lei de sanções contra a Rússia. O texto, que conta com o apoio de mais de 80 senadores, impõe punições à Rússia e a países que fazem negócio com o território liderado por Vladimir Putin. A nova versão da proposta permitiria que o próprio Trump escolhesse quem seria incluído na lista passível de sanções. A pressão se dá simultaneamente à escalada de Trump na pressão contra a Rússia de forma pública. Na quinta-feira, 05, ele afirmou que pretende manter uma linha dura em relação ao governo russo, caso não haja avanços diplomáticos.

XP na seguridade

 https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2025/06/xp-encerra-parceria-com-icatu-e-sulamerica-em-previdencia-privada-e-parte-para-voo-100percent-solo-no-segmento.ghtml


*XP encerra parceria com Icatu e SulAmérica em previdência privada e parte para voo 100% solo no segmento*


_Clientes poderão fazer portabilidade para produtos da XP ou seguir com seguradoras_


Capital - Por Rennan Setti


A XP encerrou parceria que mantinha há anos com as seguradoras Icatu e SulAmérica no segmento de previdência privada e passará a oferecer aos clientes apenas produtos próprios na categoria, segundo fontes a par do movimento e comunicados internos vistos pela coluna.


A decisão marca o início de um voo 100% solo no segmento de previdência para a XP Seguros, criada em 2019 e que, desde então, se tornou a sexta maior companhia da categoria, sendo a maior independente — as cinco primeiras estão todas ligadas a bancos —, ultrapassando a própria Icatu.


De acordo com as fontes, embora a oferta de produtos conjuntos seja interrompida imediatamente, a XP dará suporte, pelo menos até o fim de outubro, aos planos de Icatu e SulAmérica já vendidos. Ao longo desse período, os clientes serão abordados por seus assessores de investimento a respeito da portabilidade para planos da própria XP, que está replicando os principais fundos criados em parceria com Icatu e SulAmérica. Quem não migrar deixará de visualizar seus saldos nos aplicativos e sites da XP e passará a ser atendido diretamente por Icatu e SulAmérica.


Icatu e SulAmérica continuam distribuindo seguros de vida e fundos por meio da XP, sem qualquer alteração nessas outras parcerias.


*Custo e complexidade*


Fontes ouvidas pela coluna disseram que a parceria foi encerrada porque os custos e a complexidade que ela impunha deixaram de fazer sentido financeiro diante do crescimento dos produtos próprios da XP. Quando havia mudanças regulatórias, por exemplo, a companhia acabava tendo que implementá-las três vezes para contemplar Icatu, SulAmérica e os próprios produtos.


A XP tem cerca de R$ 70 bilhões em ativos sob custódia em planos de previdência, segundo ranking da Federação Nacional da Previdência Privada (Fenaprevi). Já os planos PGBL e VGBL criados por Icatu e SulAmérica junto à XP somam cerca de R$ 13 bilhões em ativos.


Se a XP parece estar confiante no voo solo, o fim da parceria tende a ser um golpe na perspectiva de captação de recursos para Icatu e SulAmérica.


Procuradas pela coluna, XP e SulAmérica não comentaram a notícia. Já a Icatu enviou nota afirmando que “os planos de previdência contratados via XP seguem ativos, sem qualquer alteração nas condições acordadas.”


“A partir de novembro, os clientes poderão acompanhar seus planos diretamente pelos canais da Icatu, com o padrão de qualidade já reconhecido. A parceria entre as companhias permanece sólida, com continuidade na oferta de seguro de vida e dos fundos geridos pela Icatu Vanguarda, reforçando o alinhamento das duas empresas em torno de investimentos e de soluções de proteção financeira”, acrescentou.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Bankinter Portugal Matinal

 Análise Bankinter Portugal 


SESSÃO: O mais relevante das últimas horas foi o cariz extremamente divertido do divórcio/duelo entre Musk e Trump. O universo conhecido é pequeno para estes dois egos. Ontem, Tesla -14% após a troca de repreensões, arrastando consigo uma parte da tecnologia, incluindo Broadcom (-4% aftermarket), que cumpriu com resultados e guias, embora talvez se esperasse uma orientação um pouco melhor nas margens. 


Ontem, o BCE baixou os -25 p.b. esperados até 2,00%/2,15%, revendo muito timidamente em baixa as suas estimativas macro e, principalmente, transmitindo a impressão de que são menos prováveis futuras descidas de taxas de juros.


Esta madrugada, a Índia baixou -50 p.b. vs. -25 p.b. esperados, até 5,50%, reduzindo também por surpresa o coeficiente de caixa dos seus bancos desde 4% até 3%. Continuamos a pensar que a Índia é o único emergente que devemos recomendar e parece que a evolução das circunstâncias favorece esta ideia.


EUA/China Trump/Xi Jing Ping falaram e transmitem comentários cordiais, mas sem nenhuma conclusão e com mais vontade de pacificação por parte de Trump. Mas isso não significa nada, porque se hoje, sexta-feira, estiver em “modo ira” devido ao seu duelo com Musk, pode ser que diga qualquer coisa sobre China.


HOJE, os futuros americanos vêm um pouco melhor do que os europeus. Sobem ca. +2% enquanto os europeus retrocedem ligeiramente. Às 10 h, saem Vendas a Retalho na UE, que se esperam +1,3% vs. +1,5% anterior. Mas, principalmente, o emprego americano às 13:30 h: Criação de Emprego Não Agrícola +130k vs. +177k anterior, ídem Privado +120k vs. +167k e com Taxa de Desemprego a repetir em +4,2%. Os resultados de criação de emprego começam a parecer fracos. 


O mercado está a perder vontade e impulso da liquidez proveniente dos EUA devido à relocalização geográfica de fundos. Na próxima semana, a inflação americana irá aumentar (quarta-feira, +2,5% vs. +2,3%; Subjacente +2,9% vs. +2,8%), o que pode indicar uma mudança de tendência que o mercado não tem descontada e sobre a qual temos vindo a insistir. Cuidado com este assunto.


CONCLUSÃO: Provável debilitamento de bolsas. Europa durante a manhã, mas pode ser que Nova Iorque também durante a tarde, se os resultados de emprego acrescentarem indícios de debilitamento, como parece provável depois de um Inquérito ADP fraco na quarta-feira (+37K vs. +114k esperado vs. +60k anterior) e um Desemprego Semanal um pouco elevado ontem (+247k vs. +235k vs. 239k). E a atenção começa a estar na inflação americana da próxima quarta-feira: não irá agradar comprovar que provavelmente irá aumentar. Por isso, a probabilidade de retrocesso é superior á de subida. O USD poderá tender a apreciar-se um pouco devido ao comentado sobre a inflação, mas não além de 1,14 (1,143 agora), e as obrigações apreciarem-se um pouco ao atuarem como refúgio preventivo.


S&P500 -0,5% Nq-100 -0,8% SOX -0,5% ES50 +0,1% IBEX +0,7% VIX 18,5% Bund 2,58% T-Note 4,40 Spread 2A-10A USA=+47pb B10A: ESP 3,16% PT 3,05% FRA 3,25% ITA 3,52% Euribor 12m 2,044% (fut.2,112%) USD 1,143 JPY 164,7 Ouro 3.363$ Brent 65,2$ WTI 63,2$ Bitcoin +2,7% (103.198$) Ether +2,7% (2.464$). 


FIM

BDM Matinal Riscala

 Bom Dia Mercado


 Sexta-feira, 6 de Junho de 2025


*PAYROLL DEFINE JURO NOS EUA*

​Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*


… O investidor deve decidir hoje se sairá para o fim de semana comprado ou vendido nas medidas fiscais para substituir o IOF, que devem ser apresentadas no domingo pela Fazenda aos líderes do Congresso. O mercado está mais cético do que otimista. Mas há espaço tanto para decepções maiores como para uma reação positiva, se vier pelo menos uma boa proposta estrutural. Na agenda da 6ªF, o IGP-DI traz forte deflação, enquanto diretores do BC reúnem-se com economistas para discutir as apostas em nova alta da Selic. Nos EUA, entre os afagos de Trump a Xi Jinping e ataques a Musk, o payroll de maio (9h30) deve ser decisivo para definir as próximas decisões para o juro. A estimativa já é de desaceleração na criação de empregos, mas um resultado pior pode reforçar as expectativas de corte em julho.


… Na ferramenta do CME FedWatch, a precificação para o Fomc do dia 18 aponta de forma praticamente unânime para a estabilidade da taxa no intervalo entre 4,25% e 4,5%, mas para julho (30) as chances de uma queda de 25pbs estavam em 31,6% no final do dia.


… Os indicadores mais fracos da atividade e do mercado de trabalho, em especial, da pesquisa ADP nesta semana, deram o start para que fosse recuperada a esperança de uma ação antecipada do Fed, embora os dirigentes não tenham abandonado o discurso de cautela.


… Nesta 5ªF, Jeffrey Schmid disse estar desconfortável com o possível efeito inflacionário das tarifas. Patrick Harker, que o processo lento de desinflação já é motivo para manter a política monetária estável. E Adriana Kugler, que continua apoiando a manutenção da taxa.


… Mas o mercado acredita que essa mensagem poderá mudar com uma forte deterioração do emprego.


… Para o relatório de hoje, os analistas esperam que a economia tenha criado 125 mil vagas em maio, segundo pesquisa do Broadcast. As projeções captadas com 26 casas oscilam de 95 mil a 181 mil, representando um recuo frente a abril (+177 mil).


… A mediana para o salário médio é de avanço para 0,30% (de 0,17%), enquanto a taxa de desemprego deve se manter em 4,3%.


… É consenso no mercado que a desaceleração do emprego seja resultado do congelamento das contratações pelo governo federal e seus esforços para reduzir o quadro do funcionalismo. O mercado de trabalho ainda tem sido mantido pelo setor privado.


… Além da pesquisa da ADP, que derrubou a geração de vagas para apenas 37 mil, ante previsão de +130 mil, também os dados semanais dos pedidos iniciais do auxílio-desemprego tem aumentado, sinalizando que as demissões estão ocorrendo em ritmo mais rápido.


… O payroll, portanto, tem grande potencial de mexer com as expectativas e os negócios.


IGP-DI – A mediana das estimativas do mercado indica recuo de 0,69% para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, após alta de 0,30% na leitura de abril. As previsões variam de -0,90% a -0,41%. O dado será divulgado às 8h.


… A deflação é explicada pelo recuo dos preços agropecuários e retração intensa dos produtos industriais, mas não será relevante para as novas apostas surgidas nessa última semana na curva de juros, que voltou a projetar uma Selic de 15% (leia abaixo).


O MERCADO E O BC – Hoje, em reuniões de diretores do BC (Nilton David, Paulo Picchetti e Izabela Correa) com economistas do mercado, a expectativa é de que as preocupações com o emprego e a atividade fortes sejam avaliadas para justificar um ajuste adicional.


… Além disso, a piora da percepção fiscal em meio ao imbróglio do IOF deve ser tema garantido.


… O mercado não só reagiu mal ao aumento do IOF – tanto que conseguiu o recuo sobre investimentos no exterior horas depois – como também se surpreendeu com os confrontos abertos que se sucederam entre a Fazenda e o Congresso.


… No afã de defender as medidas, o ministro Haddad assumiu uma retórica que acabou ampliando a gravidade das finanças públicas.


… As pressões dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, por propostas estruturais em substituição ao IOF conseguiram arrancar algum entusiasmo inicial, que logo deu lugar a desconfianças e ao ceticismo.


S&P GLOBAL – Nesta 5ªF, após manter o rating BB do Brasil e a perspectiva estável da nota, a agência de classificação de risco avaliou que ações para ampliar a resiliência das contas públicas não devem ocorrer no Brasil antes das eleições de 2026.


… “Embora os setores público e privado estejam debatendo ativamente o Orçamento (…), à medida que o Brasil se aproxima das eleições de 2026, não esperamos a aprovação de políticas que fortaleçam significativamente o perfil fiscal do País.”


… A S&P lembra que, na Constituição brasileira, é necessário amplo consenso do espectro político para aprovar mudanças significativas e arrisca-se a prever que, “com o tempo, não antes das eleições presidenciais, haverá iniciativas para combater o fraco perfil fiscal”.


… Em uma análise que praticamente enterra as chances de o País recuperar o investment grade no governo Lula, a S&P Global avalia que, para o rating do Brasil aumentar, serão necessárias políticas que elevem os superávits primários e reduzam a rigidez orçamentária.


… A agência, contudo, diz que esse não é o seu cenário-base e alerta que a nota brasileira pode ser reduzida nos próximos dois anos se a implementação de políticas não conseguir conter a pressão sobre os gastos e levar a um aumento mais rápido da dívida.


SAÚDE E EDUCAÇÃO – Uma das medidas cogitadas nos bastidores para substituir o IOF, a revisão dos pisos constitucionais de saúde e da educação, “não é pauta” para a atual gestão, disse a ministra da Gestão, Esther Dweck, nesta 5ªF.


… Segundo ela, essa proposta não teria impacto fiscal relevante no curto prazo e, por isso, não há interesse do governo.


… A ministra fez o comentário em conversa com jornalistas após sua participação em evento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), em Brasília. Esther Dweck também descartou uma discussão sobre a reforma administrativa.


CAPTAÇÕES – Apesar da imprevisibilidade de Trump, a Coluna do Broadcast apurou queas emissões do Brasil no exterior no acumulado do ano já somam US$ 15,5 bilhões, volume superior ao de US$ 11,8 bi em igual período/24.


… Em entrevista à Bloomberg, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o Brasil deve fazer novas captações este ano, após a emissão desta semana de US$ 2,75 bilhões de títulos em dólar com vencimento para 2030 e 2035.


… Ele antecipou que o País avalia emitir “panda bonds” (denominadas em yuan), como estratégia para diversificar o perfil da dívida e, ao mesmo tempo, dar uma referência para empresas que querem fazer operações semelhantes.


DE FÉRIAS – O Diário Oficial da União publicou o período de férias de Haddad, antecipado para a semana de 16 a 22 de junho.


… Hoje, o ministro da Fazenda participa (10h30), em São Paulo, do Congresso Brasileiro de Direito Tributário do Instituto Internacional de Direito Público e Empresarial (IDEPE). Este é o único compromisso que consta na agenda oficial do ministro.


… Às 16h30, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, falará sobre política econômica no Fórum Esfera, no Guarujá.


MAIS AGENDA – O resultado final do PIB/1Tri na Zona do Euro abre o dia dos mercados na Europa (6h). Na segunda preliminar, a economia cresceu 0,3%, abaixo da previsão de +0,4%.


… O crescimento foi sustentado pela demanda mais forte, queda da inflação, empréstimos menores e pelo otimismo após a decisão da Alemanha de flexibilizar as restrições fiscais. 


… Às 7h30, o BC da Rússia anuncia decisão de política monetária; juro deve ser mantido em 21%.


… Nos EUA, a vice-presidente de Supervisão do Fed, Michelle Bowman, discursa em evento (11h).


… Às 14h, a Baker Hughes divulga poços e plataformas de petróleo em operação; às 16h, saem os dados do crédito ao consumidor em abril.


NÃO TEM APOSTA DE GRAÇA – Em uma dessas reviravoltas inesperadas de última hora, virou minoritária a chance de pausa no ciclo de alta da Selic no Copom deste mês, que até semana passada era dada como praticamente certa.


… Recolocando no radar a precificação de Selic a 15%, o placar das apostas está agora em 72% para um aperto de 0,25pp, contra 28% de juro estável, segundo cálculos ao Broadcast do economista-chefe do Bmg, Flávio Serrano.


… O conservadorismo prospera a tal ponto, que surgiram ainda na curva a termo apostas de que o BC possa nem parar em junho, eventualmente cogitando uma elevação extra da taxa básica também na reunião de julho.


… Com o emprego bombando em abril, pelo que se confirmou nos resultados do Caged e da Pnad Contínua, Galípolo questionou, em evento na última 2ªF, se a taxa de juros já estaria em patamar suficientemente contracionista.


… O comentário deu início à recalibragem das apostas para a Selic, que têm ainda um outro fator em jogo:


… “Se a medida do IOF for revertida, uma nova alta de 0,25 ponto [da Selic] volta a ganhar probabilidade, em meio à atividade econômica forte e expectativas inflacionárias desancoradas”, comentou a XP Investimentos em relatório.


… A corretora elevou a projeção de crescimento do PIB deste ano (de 2,3% para 2,5%) e do ano que vem (de 1,5% para 1,7%), citando o mercado de trabalho doméstico aquecido e a resiliência nas concessões de crédito.


… Ainda segundo a XP, a liberação de saldos do FGTS, a ampliação do Minha Casa Minha Vida e o novo modelo de crédito consignado para trabalhadores do setor privado ainda não apareceram integralmente no ritmo do PIB.


… Diante do fôlego acelerado da economia, com o pleno emprego mantendo a renda elevada, o BV puxou fortemente a sua estimativa para o PIB de 2025 (de 1,7% para 2,3%) e de 2026 (de 0,5% para 1,5%).


… Na visão do banco, com novos estímulos fiscais e parafiscais sendo anunciados pelo governo e a provável ampliação dos programas de transferência de recursos, o quadro segue positivo para a atividade econômica.


… Do lado da inflação, o mercado vem promovendo uma onda de revisões em baixa para o ano: ontem, a XP baixou a previsão para o IPCA de 5,7% para 5,5% e o C6 Bank, de 5,5% para 5,3%. Mas seguem longe do teto da meta (4,5%).


… A desconfiança de que a Selic não vai parar em 14,75% disparou o DI: Jan/26, 14,910% (de 14,830% na véspera); Jan/27, 14,365% (de 14,210%); Jan/29, 13,790% (de 13,600%); e Jan/31, 13,930% (máxima do dia), contra 13,720%.


PORTA DE ENTRADA – Do ponto de vista do fluxo estrangeiro, a perspectiva de que o Copom siga em frente com o ciclo de aperto é promissora e ajudou a colocar o dólar ontem abaixo de R$ 5,60, o que não ocorria desde outubro.


… Outros gatilhos de queda vieram da fraqueza global da moeda americana, diante do telefonema entre Trump e Xi Jinping, que esfria a guerra de tarifas, e da pressão do mercado por corte de juro pelo Fed com os indicadores fracos.


… Aqui, o dólar fechou em queda de 1,08%, a R$ 5,5845. Lá fora, o índice DXY cedeu 0,5%, a 98,741 pontos. O destaque do dia ficou com o euro (+0,21%), a US$ 1,1440, com Lagarde (BCE) telegrafando o fim dos cortes de juros.


… Em coletiva de imprensa, ela mencionou várias vezes que, com a redução de 25pb promovida ontem (completando oito quedas consecutivas), as taxas estão bem posicionadas para lidar com o ambiente incerto.


… Apesar da cautela com as negociações comerciais entre EUA e Europa, com data marcada para daqui a praticamente um mês (dia 9/7), o BCE já parece se sentir à vontade para uma pausa na próxima reunião, em 24/7.


… Nestes tempos em que a dominância do dólar tem sido colocada em xeque, Lagarde reconheceu a chance de fortalecer a moeda europeia para assumir o posto de reserva global de valor. “Mas não será simples nem garantido.”


… A libra esterlina registrou valorização de 0,17% ontem, para US$ 1,3574, e o iene fechou negociado a 143,74/US$.


… Ao contrário do BCE, que já finaliza o seu ciclo de alívio dos juros, o Fed se prepara para começar a relaxar. A última rodada de indicadores fracos eleva o sentimento no investidor de que os EUA estão desacelerando para valer.  


… Um dia depois da pesquisa fraca da ADP, veio mais um sinalizador de que a saúde do mercado de trabalho americano não vai bem. Os pedidos de auxílio-desemprego subiram 8 mil, a 247 mil, superando o consenso (235 mil).


… Num primeiro momento, o dado derrubou os juros dos Treasuries, que depois conseguiram reverter a queda, quando o governo americano confirmou que Trump conversou durante 1h30 com Xi Jinping pelo telefone.


… A taxa da Note de 2 anos subiu a 3,929%, de 3,871% na véspera, e a de 10 anos avançou para 4,395%, de 4,360%.


… O apelo defensivo pelos títulos do Tesouro americano diminuiu depois do “excelente” diálogo com o presidente chinês, segundo Trump, alimentando nos mercados globais a perspectiva de normalização das relações comerciais.


… O presidente dos EUA informou que três integrantes do alto escalão – Bessent (Tesouro), Lutnick (Comércio) e o embaixador Greer – terão uma reunião agendada “em breve” com representantes de Pequim em local a ser definido.


VIRA-CASACA – No mesmo dia em que estreitou os laços com os chineses na longa conversa telefônica, Trump também ganhou os holofotes ontem ao protagonizar um bate-boca público com o seu ex-fiel aliado Elon Musk.


… O dono da Tesla foi ao X para criticar a “abominação repugnante” do plano orçamentário de Trump e conclamar o Senado a barrar o texto. Trump revidou, dizendo que a maneira mais fácil de economizar é cortar subsídios a Musk.


… A briga descambou, com Musk insinuando ligação de Trump com o escândalo sexual de Jeffrey Epstein.


… Atingida em cheio pela treta entre os dois, as ações da Tesla afundaram 14,27% e pesaram no Nasdaq (-0,83%, a 19.298,45 pontos). Já o Dow Jones (-0,25%; 42.319,74 pontos) e S&P 500 (-0,53%; 5.939,31 pontos) caíram menos.


… Enquanto o fim do romance entre Trump e Musk levava NY a operar na defensiva, por aqui, o Ibov (-0,56%) perdia os 137 mil pontos (136.236,37). Não caiu bem para a bolsa a consolidação das apostas de que a Selic pode ir a 15%.


… Além disso, segundo o Valor, causaram desconforto nos papéis do setor financeiro as discussões em andamento no BC sobre a chance de aumento no futuro próximo do Adicional Contracíclico de Capital Principal (ACCP).


… Isso significa que os bancos poderão ser obrigados a reservar mais capital para lidar com eventuais contrações no mercado de crédito, como uma forma de suavizar os efeitos das flutuações na economia doméstica. 


… As ações do Bradesco figuraram no ranking das maiores perdas do Ibovespa: PN registrou -2,92% (R$ 15,97) e ON, -2,75% (R$ 13,79). Itaú caiu 1,22%, a R$ 36,49; BB ON cedeu 0,49%, a R$ 22,24; e Santander, -0,31% (R$ 28,94).


… Petrobras também continuou operando sem fôlego, influenciada pelas medidas em estudo pelo governo para compensar as mudanças do IOF. O papel ON recuou 0,54%, para R$ 31,20, e PN fechou estável (+0,03%, a R$ 29,36).


… Uma das propostas envolve a mudança do cálculo do Preço de Referência do Petróleo (PRP). A equipe econômica estuda ainda o repasse de valores que estão na reserva de lucros da Petrobras, BB e BNDES, em forma de dividendos.


… Incomodado, o investidor desprezou a notícia da estatal sobre o interesse em blocos exploratórios na Costa do Marfim e ignorou também a alta do petróleo (Brent para agosto, +0,74%, a US$ 65,34) com o telefonema de Trump.


… Vale subiu 0,27%, a R$ 52,91, em dia de leve queda do minério de ferro no mercado chinês (-0,14%).  


… A maior valorização do dia foi da Suzano, com +6,31%, a R$ 52,90, após a companhia anunciar que fechou acordo para compra de 51% dos negócios internacionais de papéis de higiene (tissue) da Kimberly-Clark por US$ 1,73 bilhão.


EM TEMPO… CASAS BAHIA informou que está em “discussões avançadas” com alguns credores, detentores de debêntures, para antecipar o prazo de conversão de R$ 1,5 bilhão da dívida em ações ordinárias…


… A companhia afirmou que os detentores de 99,99% das debêntures da 2ª série em circulação pretendem permitir a conversão já a partir deste mês.


BB captou US$ 100 milhões em operação chamada “Climate-Smart Agriculture”, com prazo de dois anos, para financiar agricultura sustentável, contratada junto ao banco francês Natixis CIB.


PETRORECÔNCAVO adquiriu 50% de participação na UPGN Guamaré, no Rio Grande do Norte, da Brava Energia, por US$ 65 milhões.


BRASKEM esclareceu que Projeto Transforma Rio, iniciativa para ampliar a capacidade produtiva de sua central petroquímica no RJ em 220 mil t de eteno/ano, ainda depende de assinatura de contrato com a Petrobras.


RUMO rescindiu acordo vinculante firmado para venda de sua participação de 50% no capital social do Terminal XXXIX de Santos…


… Segundo a empresa, decisão ocorreu após não cumprimento de determinadas condições precedentes até data-limite estabelecida contratualmente…


… Com a desistência da operação, companhia manterá sua participação de 50% no T-XXXIX.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Errando como sempre

 Operadores do mercado financeiro erram todas as previsões porque desconhecem a evidência empírica e conceitos elementares de Séries Temporais


A montagem desta postagem mostra duas realidades contrastantes: o mundo de quem é remunerado para prever o movimento dos mercados financeiros de um lado, e a realização desse mercado de outro, que foi na contramão das previsões dos “especialistas”

Uma ideia da magnitude do erro: analistas previam queda e desastre, mas em 6 meses tudo mudou: o índice de renda variável brasileiro valorizou 9.04% (1.50% por mês)

Se descontarmos a inflação acumulada nesse período (IBGE, inflação média mensal de 0,50%), o retorno fica em 1% ao mês (essa é uma média ao longo dos 6 meses). Para efeitos de comparação, no mesmo período, o S&P 500 teve retorno acumulado de -1.31%

Por que isso acontece?

Primeiramente, por causa da evidência com pesquisas com humanos em ambiente de finanças. Evidências mostram um viés implícito dos operadores do mercado financeiro. Veja a seguir:

- Indivíduos se baseiam em informações financeiras irrelevantes para fazerem suas previsões no mercado financeiro, que determinam suas escolhas e alocações nos ativos, direcionadas por reações afetivas e narrativas (notícias), em vez de fundamentos racionais (Johnson & Tuckett, 2022)

- Essa “confiança na narrativa” resulta em uma superestimação nos preços de ativos (Morag & Loewenstein, 2024)

Em segundo lugar, o mais importante: falta conhecimento das propriedades elementares de Séries Temporais. Exemplos:

- Se você “plota” duas variáveis ao longo do tempo, você possui um terceiro elemento neste gráfico (o tempo), que pode estar conectando o movimento dessas duas variáveis.

Em linguagem econométrica, essas variáveis podem estar cointegradas, gerando uma correlação espúria

(Muitos operadores do mercado financeiro desconsideram essa questão e elaboram conclusões de correlações a partir de gráficos de Séries Temporais)

- “Prever” o futuro implica em considerar efeitos exógenos/externos que de certa forma são imprevisíveis e podem influenciar o movimento de uma variável ao longo do tempo

(Exemplos: uma pandemia mundial ou um presidente recém-eleito que promete impor tarifas em todos os países do mundo)

- Não se realiza inferências em processos de Séries Temporais a partir do ‘framework’ tradicional da Estatística. Nassim Taleb está finalizando um livro que vai discutir as propriedades matemáticas e estatísticas de distribuições de probabilidade que são assimétricas em sua variabilidade (ex: mercado acionário)

- Por fim, todos esses pontos consideram agentes imbuídos de espírito “honesto” em suas avaliações. Entretanto, como as análises deste print em geral são capazes de produzirem volatilidade no mercado, essa volatilidade pode remunerar atores estrategicamente “posicionados” neste mercado (mais detalhes em Housel, 2020)

Referências nos comentários

Vai rolar 0506

 Vai rolar: Balança comercial de maio e falas de Lagarde e Fed boys são destaques do dia


[05/06/25] Com a inflação abaixo da meta de 2% na Zona do Euro, o BCE deve cortar o juro hoje (9h15) em mais 25pbs, de 2,25% para 2%, segundo avaliação unânime do mercado. Lagarde concede entrevista às 9h45. Nos EUA, o susto com a forte queda na geração de empregos no setor privado, associado à retração no setor de serviços, aumentou as apostas em corte do juro nesse mês, elevando as expectativas para o payroll amanhã. Os dados fracos da economia americana, explicados pelas incertezas com as tarifas de Trump, e os riscos com a elevada dívida do país mantêm os investidores na defensiva em NY. Aqui, sai o resultado da balança comercial de maio (15h), mas os negócios são conduzidos pelas dúvidas sobre as medidas fiscais que a equipe econômica prepara como alternativa ao aumento do IOF. (Rosa Riscala)


👉 Confira abaixo a agenda de hoje


Indicadores


▪️ 06h00 – Zona do euro/Eurostat: PPI de abril

▪️ 09h15 – Zona do euro: BCE anuncia decisão de política monetária

▪️ 09h30 – EUA/Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego da semana até 31/05

▪️ 09h30 – EUA/Deptº do Comércio: balança comercial de abril

▪️ 11h00 – Anfavea: Produção de veículos de maio

▪️ 15h00 – Secex: Balança comercial de maio, seguida de coletiva


Eventos


▪️ 09h45 – Zona do euro/BCE: Christine Lagarde participa de coletiva

▪️ 13h00 – EUA/Fed: Adriana Kugler discursa em evento

▪️ 14h30 – EUA: Patrick Harker (Fed/Filadélfia) discursa em evento

▪️ 14h30 – EUA: Jeff Schmid (Fed/Kansas) discursa em evento

Fabio Alves