domingo, 15 de junho de 2025

The Economist

 

A revista britânica The Economist voltou sua atenção ao Brasil, desta vez apontando uma crise de credibilidade crescente do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a publicação, o julgamento dos réus pelo 8 de janeiro em turmas menores, como a Primeira Turma do STF, sem passar pelo plenário completo, escancara um poder considerado “excessivo” concentrado em ministros específicos – com destaque direto para Alexandre de Moraes. A revista questiona duramente a falta de freios e contrapesos institucionais diante do que classifica como uma atuação “quase monárquica” no sistema de justiça brasileiro.

A crítica mais direta foi a associação do Brasil a um modelo de “julgamento por um sistema de juízes com poder excessivo”, comparando o que ocorre com Moraes ao que seria “um juiz estrela”. Além disso, a publicação internacional enfatizou os riscos de decisões concentradas e monocráticas, sugerindo que isso tem efeitos negativos não só internamente, mas também na imagem internacional do País. As repercussões são ainda maiores quando há, como citado, cobertura fotográfica e mediática constante das ações do ministro, como no julgamento de Jair Bolsonaro e outros acusados por tentativa de golpe.

O artigo ainda relembra críticas passadas contra ministros como Gilmar Mendes, acusado de reunir “pessoas influentes” em eventos privados, e Toffoli, que anulou provas da Odebrecht num ato visto como político. A Economist alerta para uma erosão da confiança popular no Judiciário, o que compromete o estado de direito sob o argumento de “proteger a democracia”.

Conclusão e Pergunta Final:

Diante do cenário retratado, com ministros acumulando funções de polícia, promotor e juiz, e decisões monocráticas se tornando regra, a própria função de um Supremo como órgão colegiado se dissolve. As críticas externas apenas refletem o que muitos brasileiros já sentem: a justiça parece ter perdido sua bússola. A pergunta que fica – e que exige reflexão profunda – é: Como o Brasil, sob o pretexto de “salvar a democracia”, chegou ao fundo do poço da insegurança jurídica institucionalizada? 

Amilton de Aquino

 Mais uma guerra! Mas esta não é uma guerra qualquer. Trata-se da luta pela própria existência de Israel, uma vez que o Irã — principal financiador do terrorismo islâmico e que há décadas jura exterminar os judeus do mapa — alcançou o nível de enriquecimento de urânio necessário para produzir armas nucleares.

Como sempre, o duplo padrão moral da esquerda mundial entra em cena quando o assunto envolve os judeus. Até o momento, os israelenses já eliminaram mais de 200 militares iranianos, incluindo mais da metade da alta cúpula do regime e cientistas envolvidos no programa nuclear. Sim, houve a morte de algumas dezenas de civis como efeito colateral — algo praticamente inevitável em tempos de guerra —, mas trata-se de um número pequeno diante dos alvos militares atingidos. Com exceção das residências de figuras-chave do regime, atingidas com precisão cirúrgica e mínimo impacto colateral, todos os alvos israelenses foram alvos militares válido — e todos devidamente divulgados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF). Já no Irã, imagens e informações vindas da população estão proibidas, e o acesso à internet bloqueado.
Por outro lado, até a manhã deste domingo, os iranianos haviam atingido apenas dois alvos militares israelenses, sem causar a morte de nenhum soldado. As únicas vítimas foram civis — onze pessoas, entre elas duas crianças —, mesmo tendo atingido dezenas de prédios residenciais.
Do ponto de vista estratégico, Israel mantém ampla vantagem. Seus caças circulam livremente pelo espaço aéreo iraniano, podendo atingir qualquer objetivo, especialmente após a redução adicional da já combalida capacidade defensiva iraniana — fragilizada desde os ataques do ano passado. Em outras palavras, se Israel quisesse provocar um massacre entre civis, como tenta o regime iraniano em território israelense, teria total capacidade para isso. Mas por que não o faz?
Primeiro, porque Israel aposta que a oposição interna ao regime dos aiatolás possa, eventualmente, derrubá-lo. Atacar a população civil poderia, ao contrário, fortalecer o apoio interno ao regime. Segundo, porque qualquer erro de cálculo israelense que resulte na morte de civis já é suficiente para gerar reações extremadas da comunidade internacional. E isso apesar de os israelenses avisarem previamente os civis iranianos sobre ataques a complexos militares, como anunciado neste sábado.
Mesmo diante da ampla desvantagem iraniana, as poucas mortes causadas em Israel já bastam para regozijar a esquerda nas redes sociais. Não há lamento pela morte de crianças — ao contrário, há exaltação das capacidades bélicas do Irã e torcida pela entrada da Rússia na guerra ao lado dos iranianos. Nesse cenário, as fake news também não incomodam: qualquer declaração vinda de Teerã é repetida sem filtro, como no caso da falsa notícia sobre a derrubada de quatro caças israelenses.
No campo diplomático, o espetáculo de hipocrisia continua. O agressor Putin tenta posar de mediador!!! Muitos condenam publicamente os ataques de Israel, enquanto, nos bastidores, diversos líderes — inclusive de países árabes — torcem pela queda do regime iraniano. Na ONU, o Irã segue se colocando como vítima, exigindo providências da comunidade internacional contra Israel e, pasmem, ameaçando atacar os Estados Unidos, o Reino Unido e a França. Esse é o nível de desconexão com a realidade do aiatolá que a esquerda internacional insiste em relativizar.
Enfim, apesar da covardia ocidental, Israel e Ucrânia seguem firmes na luta contra o eixo do mal que se ergue contra as democracias liberais, as mesmas democracias que os autoritários se aproveitam para divulgar suas fake news, com amplo apoio da esquerda. Contra tudo e contra todos, os israelenses já livraram o mundo de termos hoje Iraque e Síria como ameaças globais, ao neutralizar seus programas nucleares com ataques preventivos — os mesmos ataques que agora a diplomacia mundial critica, ignorando o real perigo que o Irã representa para a paz mundial.

Israel em defesa

 Israel exerce o direito de se defender


O programa nuclear iraniano é uma ameaça existencial a Israel e, por isso, é um alvo legítimo. Ademais, interromper a escalada nuclear do Irã será um alívio para o mundo


Em 1981, quando a Força Aérea de Israel destruiu o reator nuclear de Osirak, no Iraque de Saddam Hussein, houve muitas manifestações de indignação na comunidade internacional. Em 2007, o mesmo se repetiu após o bombardeio às instalações nucleares secretas do regime sírio. Mas o tempo se encarregou de mostrar quem estava certo. Por isso, o ataque israelense contra o Irã na madrugada de 13 de junho deve ser compreendido pelo que é: um ato preventivo de legítima defesa e um serviço à segurança regional e global.


A operação Leão em Ascensão, que envolveu cerca de 200 aeronaves e mais de uma centena de alvos, teve como objetivo impedir que a teocracia xiita que governa o Irã desde 1979 alcance a capacidade de fabricar armas nucleares. Realizada com precisão cirúrgica, a ofensiva atingiu centros de enriquecimento de urânio em Natanz, instalações de mísseis balísticos, depósitos militares, centros de comando e a cúpula do aparato militar iraniano, incluindo o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o chefe do Estado-Maior, Mohammad Bagheri.


O momento foi calculado. Após quase 20 meses de confronto aberto com os braços armados de Teerã – Hamas, Hezbollah, Houthis –, Israel obteve superioridade tática. O Irã, isolado, exaurido, com sua defesa aérea degradada por ataques anteriores, vivia um raro momento de vulnerabilidade. Tel Aviv avaliou que a janela de oportunidade seria curta. E que esperar mais significaria correr o risco de uma bomba nuclear na mão de quem prometeu aniquilar Israel.


O histórico do regime iraniano justifica o ceticismo em relação às vias diplomáticas. Por décadas, Teerã violou suas obrigações no Tratado de Não Proliferação Nuclear. Há poucos dias, a Agência Internacional de Energia Atômica confirmou que o Irã está enriquecendo urânio em níveis próximos ao grau militar, operando instalações secretas e ocultando informações. Ao mesmo tempo, seguia promovendo negociações com os EUA enquanto acelerava seu programa. A confiança se esgotou.


A comunidade internacional pregava calma. Mas a história ensina que, diante de ameaças existenciais, a passividade cobra seu preço. A doutrina de sobrevivência israelense – expressa há décadas – é clara: não haverá um segundo Holocausto por omissão. A ofensiva atual, como as de 1981 e 2007, é guiada por esse princípio.


As consequências são imprevisíveis. O Irã já está retaliando com drones e mísseis, e pode promover atentados terroristas. Mas o custo da inação seria maior. O que está em jogo não é apenas a existência de Israel, mas a própria lógica da não proliferação nuclear. Um Irã armado com bombas nucleares não ameaçaria apenas Israel, mas desestabilizaria todo o Oriente Médio, empurrando outras potências regionais a buscarem seus próprios arsenais atômicos.


A aposta de Israel é arriscada, mas coerente com os sinais que o próprio Irã emitiu. A operação parece mirar não apenas as instalações nucleares, mas também desmantelar o “Eixo da Resistência” e enfraquecer estruturalmente o regime teocrático – eventualmente oferecendo à oposição oportunidades para uma mudança de regime. Se bem-sucedida, poderá abrir caminho para uma nova arquitetura de segurança regional – com maior aproximação entre Israel e os países árabes sunitas e, quem sabe, até mesmo condições futuras mais realistas para um Estado palestino estável.


Israel agiu sozinho, mas não agiu só por si. Agiu também por aqueles que, mesmo em silêncio ou em crítica pública, reconhecem a natureza predatória do regime iraniano. Os líderes ocidentais que hoje pedem “moderação” terão, como no passado, de admitir que foi Israel quem fez o que precisava ser feito.


O dia 13 de junho de 2025 pode marcar o início de uma nova era no Oriente Médio, menos marcada pela chantagem e mais próxima de uma estabilidade duramente conquistada. O tempo dirá. É cedo para prever os desdobramentos. Mas, se o ataque conseguiu de fato atrasar o programa nuclear iraniano e enfraquecer sua capacidade de agressão, o mundo terá um motivo concreto para agradecer – ainda que em silêncio.


https://www.estadao.com.br/opiniao/israel-exerce-o-direito-de-se-defender/

Operação do Mossad no Irã

 *A operação do Mossad dentro do Irã.* 


_Wall Street Journal_ revela novos detalhes: Israel vem trazendo centenas de drones e explosivos para dentro do Irã há meses — por meio de caminhões, malas e contêineres. Agentes do Mossad se posicionaram próximos a sistemas de defesa aérea iranianos e locais de lançamento de mísseis — e os atacaram. Isso contribuiu, entre outras coisas, para que nossos pilotos possam voar livremente nos céus do Irã e para dissuadir um ataque iraniano imediato contra Israel.


Grupo de Noticias Likud Brasil: https://bit.ly/walikudbr

Leitura de sábado 5

 Leitura de Sábado: Em primeira sessão pós-aumento de capital, Gol tem alta de 400%


Por Elisa Calmon e Amélia Alves*


São Paulo, 12/6/2025 - O primeiro pregão da Gol após o aumento de capital de R$ 12 bilhões promovido pela companhia gerou ruídos no mercado nesta quinta-feira, 12. Analistas relataram que investidores ainda buscam entender o novo formato de negociações diante da alta de 406,30%, cotada a R$ 52,01, sucessivos leilões e diluição de acionistas.


Na operação de aumento de capital, a Gol emitiu ações para atender os credores que colocaram dinheiro na companhia para saída do Chapter 11 nos EUA, anunciada na última sexta-feira, 6. O lote padrão de negociação, que é de 100 ações, passou hoje a ser de 1.000, o que dificultou a leitura do forte movimento altista pelos investidores nesta quinta-feira.


"Tem muita gente tendo de ajustar as suas posições no intraday quando se dá conta deste 'pequeno' detalhe", diz o sócio da Fatorial Investimentos, Fábio Lemos.


O especialista em investimentos do grupo Axia Investing, Felipe Sant'Anna, explica que o momento é de transição dos papéis, com a emissão de direitos de subscrição aos acionistas minoritários e bonificação.


"Essa alteração causou uma enorme confusão, mas as corretoras dizem que tudo vai se ajustar amanhã", diz, descrevendo o momento como "bastante bagunçado".


A Gol emitiu um número relevante de papéis na operação: 8.193.921.300.487 ações ordinárias e 968.821.806.468 preferenciais no aumento de capital. O preço estipulado foi de R$ 0,01 cada por preferencial e de R$ 0,0002857142 por cada ordinária. No fechamento de ontem, a PN, mais líquida, fechou em R$ 0,79.


Na época do anúncio do aumento de capital, o BTG Pactual avaliou, em relatório, que a operação marca "uma forte diluição dos acionistas anteriores". Enquanto isso, o Grupo Abra, holding de companhias aéreas, passou a deter direta ou indiretamente 80,21% do número total de ações ordinárias e 80,19% do número total de ações da Gol.


Diante da diluição, investidores precisam comprar mais papéis para atingir a mesma participação que tinham anteriormente. Esse é outro fator que pode ajudar a explicar a disparada vista hoje nos papéis.


Com o Chapter 11, que durou quase um ano e meio, a Gol conseguiu turbinar o caixa. No entanto, o cenário macroeconômico e dúvidas sobre o andamento da fusão com a Azul seguem no radar, gerando incertezas sobre o novo momento da empresa.


Contatos: elisa.ferreira@estadao.com ; amelia.alves@estadao.com


*Colaborou Isabela Mendes


Broadcast+

Leitura de sábado 4

 leitura de Sábado:Trump promete agir por cartas e escala guerra comercial após trégua com China


Por Aline Bronzati, correspondente


Nova York, 12/06/2025 - O renovado tom de desescalada da guerra comercial capitaneada por Washington durou menos do que Wall Street poderia prever. Em aparição inédita nas estreias musicais de Nova York desde que tomou posse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu impor novas tarifas unilaterais a parceiros comerciais nos próximos dias por meio de cartas, encerrando o breve tom de trégua após o acordo com a China.


"Em um determinado momento vamos simplesmente enviar cartas. E acho que vocês entendem isso, dizendo que este é o acordo, é pegar ou largar", afirmou o republicano, a repórteres, ao comparecer à estreia do musical Les Misérables no Kennedy Center, em Nova York, nesta quarta-feira.


Segundo o chefe da Casa Branca, isso pode ocorrer nas próximas uma ou duas semanas, antes do prazo de 9 de julho para reintroduzir as chamadas tarifas recíprocas, anunciadas no início de abril. A fala de Trump ocorre enquanto investidores globais começavam a se posicionar em torno de sinais de melhora na relação entre os EUA e a China.


O analista do BMO Capital, Ian Lyngen, diz que não está claro se a nova tacada de Trump é só mais uma de seu manual de negociações. Mas, de toda forma, o foco do mercado está no fim da pausa das tarifas recíprocas no início de julho, conforme ele. "Isso não é negociação. É escalada. E força o capital institucional a reprecificar o risco geopolítico em todos os níveis", diz o CEO do Devere Group, Nigel Green. Na visão do especialista, a janela de otimismo que se abriu a partir do acordo dos EUA com a China se fechou. E as implicações vão muito além do comércio, avalia. A nova mudança de tom por parte de Trump reintroduz a imprevisibilidade na política econômica americana em um momento em que a confiança global estava apenas começando a se estabilizar, alerta.


O alemão Danske Bank diz que as negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais podem ganhar corpo nos próximos dias em meio à nova ofensiva americana. "As negociações comerciais devem avançar, já que Trump anunciou planos de enviar cartas aos parceiros comerciais delineando tarifas unilaterais específicas e informando os países sobre o acordo", afirma, em nota a clientes.


Questionado por jornalistas, Trump disse estar aberto a prorrogar o prazo para concluir negociações com parceiros comerciais antes do fim da pausa de 90 dias, em 9 de julho. "Mas não acho que teremos essa necessidade", acrescentou o republicano, que foi vaiado e aplaudido em espetáculo no Kennedy Center.


Faltando menos de um mês para o fim da pausa tarifária, os EUA selaram apenas um acordo com o Reino Unido, no mês passado, e caminham na direção de um tratado com Pequim. Ainda há ao menos 18 parceiros comerciais importantes na fila para negociar com os americanos, incluindo Índia, Coreia do Sul, Japão e União Europeia, calcula o Danske Bank. Um documento de trabalho com detalhes de um possível acordo com o Canadá foi revelado pela imprensa local nesta semana.


O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou hoje que o acordo comercial com o Reino Unido entrará em vigor nos próximos dias. Em uma postagem no 'X', mencionou novas cotas comerciais para automóveis britânicos e carne bovina e etanol americanos.


Ainda do outro lado do Atlântico, a consultora de risco político Eurasia considera "provável" que Trump consiga selar um acordo com a União Europeia até o fim da pausa tarifária, em 9 de julho. Tais chances são de 55%, calcula. A consultoria vê ainda probabilidade de 35% de uma "escalada contida" que resulte em tarifas adicionais dos EUA "contra-ataque contido" do bloco europeu. "Um acordo com a UE provavelmente levará mais tempo para ser finalizado do que acordos com outros parceiros comerciais, tornando uma trégua fundamental para a estabilização das relações bilaterais", diz o time de analistas da Eurasia.


O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, espera mais acordos com parceiros comerciais "muito rapidamente" na esteira do acordo preliminar com a China. Segundo ele, o governo americano trabalha para reduzir as incertezas, mas não está disposto a perder a oportunidade de eliminar o déficit que os EUA mantêm no comércio exterior. "Estamos agindo o mais rapidamente que conseguimos para obter os melhores acordos que conseguirmos", afirmou Bessent, durante sessão no Senado americano.


Por sua vez, a China indicou hoje que está determinada a cumprir o acordo comercial firmado com os EUA esta semana. Os detalhes do acordo ainda não foram divulgados. Os principais pontos negociados foram a flexibilização temporária das restrições às terras raras por parte de Pequim em troca de os americanos aliviarem restrições em exportações de produtos químicos e tecnológicos, incluindo motores de aeronaves.


A Capital Economics atenta que questões comerciais e econômicas mais amplas, que deveriam ser o foco das negociações entre chineses e americanos após a reunião de Genebra, não foram abordadas. E vê pouco avanço entre Pequim e Washington. "Mas isso parece ser suficiente para o presidente Trump. Na sua presidência, enquanto ele estiver satisfeito, tudo estará bem, mesmo que ambos os lados tenham feito pouco progresso", diz o economista-chefe da Capital Economics para a Ásia, Mark Williams. Ainda que Trump tenha celebrado o acordo preliminar com a China, um novo rompimento no relacionamento está a apenas uma publicação no Truth Social de distância, alerta.


Contato: aline.bronzati@estadao.com


Broadcast+

Leitura de sábado 3

 Leitura de Sábado: estreia da JBS na Nyse é marco para internacionalização e plano de expansão


Por Leandro Silveira


São Paulo, 13/06/2025 - A JBS dá um passo decisivo em sua estratégia de internacionalização nesta sexta-feira, quando suas ações começam a ser negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse), após anos de preparação e superação de obstáculos. A dupla listagem, que mantém a negociação de BDRs na B3, representa não apenas uma mudança de estrutura societária, mas uma aposta da companhia em atrair investidores globais e reduzir a distância que avalia ter em relação a concorrentes internacionais, como a Tyson Foods.


O mercado já precificava a listagem nos Estados Unidos, mas agora o foco se volta para os próximos passos, segundo disse ao Broadcast Agro o analista de Agro, Alimentos e Bebidas da XP Investimentos Leonardo Alencar. “A listagem só termina de fato em dezembro de 2026, quando teremos clareza sobre o free float e a liquidez. Até lá, o preço da ação ainda reflete mais o fluxo desse processo do que os fundamentos da empresa”, afirmou.


Os fundamentos, porém, são um dos principais trunfos da JBS na conquista do mercado global. Com diversificação geográfica e de proteínas, a companhia reduziu a volatilidade de seus resultados - um ponto-chave para investidores. “A JBS é uma commodity com recorrência. Em 2024, teve desempenho excelente, e 2025 segue positivo, mesmo com margens potencialmente menores”, destacou Alencar.


O desafio agora é convencer o mercado americano de que merece múltiplos mais altos. Enquanto a JBS opera hoje a cerca de 4,5 vezes EV (valor de mercado)/Ebitda, a Tyson Foods negocia a 6x e a Hormel, focada em processados, a 12x. A expectativa da empresa é que, ao se aproximar dos investidores internacionais, ocorra uma reavaliação gradual do seu valor de mercado. Projeções do Bradesco BBI apontam para um potencial de valorização de 50% a 149% caso a JBS se aproxime dos múltiplos de suas pares globais.


Do lado da JBS, o discurso é de otimismo. “A listagem aumentará nossa visibilidade internacional e fortalecerá nossa posição como líder global”, afirmou o CEO, Gilberto Tomazoni, em teleconferência com analistas e investidores. O CFO, Guilherme Cavalcanti, destacou que a base de acionistas estrangeiros já saltou de 65% para 80%, e que o spread da dívida caiu em antecipação à mudança. O acionista controlador e conselheiro da JBS, Wesley Batista, foi além: “O múltiplo lá [nos EUA] é infinitamente superior. É transformacional estar no maior centro financeiro do mundo”, comentou à CNN Money.


Com a listagem consolidada, a JBS mira agora a inclusão no S&P 500 - o que exigirá ajustes como aumento do free float (fração de ações de uma empresa que estão disponíveis para negociação livre no mercado de ações). A empresa espera entrar no índice Russell em junho de 2026 e no S&P 500 em um momento posterior. A possibilidade de a JBS se tornar a primeira empresa brasileira a integrar o S&P 500 é tratada como um marco. "Nós vamos perseguir isso", afirmou Batista. "Nós acreditamos que vamos estar lá e vamos celebrar muito."


A empresa também sinaliza que a maior liquidez pode abrir portas para aquisições. “Crescer faz parte do nosso DNA”, disse Batista, citando alimentos industrializados (como pizzas e margarinas) como eventual foco de expansão da atuação da JBS. "Estando listados na Nyse acessando um volume de recursos detido pelos maiores fundos de investimento dos Estados Unidos, logicamente isso vai abrir condições para a JBS", acrescentou.


Se já pensa nos próximos passos após a dupla listagem, a JBS completou caminho até a Nyse que não foi livre de controvérsias. A empresa enfrentou resistência de grupos ambientalistas, como o Greenpeace, e críticas de políticos americanos. A senadora democrata Elizabeth Warren questionou doações de US$ 5 milhões da subsidiária Pilgrim’s Pride a comitês ligados a Donald Trump, sugerindo possível influência na aprovação da listagem pela SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. Consultorias de governança como ISS e Glass Lewis também recomendaram que acionistas votassem contra a reestruturação, embora o fundo Mason Capital tenha defendido a operação como “oportunidade multibilionária”.


Alencar lembra que o processo foi longo e marcado por incertezas. “A expectativa da empresa já existia há muito tempo, mas faltava o aval da SEC. Havia ainda a dúvida sobre a posição do BNDES, que no passado foi contra, mas acabou se abstendo na votação decisiva", explicou o analista da XP.


Enquanto o mercado acompanha os primeiros pregões em Nova York, o desafio da JBS será equilibrar as promessas de valorização com a necessidade de provar que sua diversificação e governança estão à altura dos padrões globais. Como resume Alencar: "Ainda estamos no começo. O verdadeiro teste virá quando a poeira da listagem baixar, e os investidores passarem a olhar apenas para os fundamentos".


Contato: leandro.silveira@estadao.com


Broadcast+

Anatomia de uma fraude

 *Anatomia de uma fraude* Como um desconhecido boêmio mineiro, com um histórico de fracassos empresariais, conseguiu liderar a maior fraude ...