Cenario 1 Broadcast

 CENÁRIO-1: MEDO DE DILUIÇÃO DO PACOTE FISCAL BLINDA BRASIL DE CLIMA POSITIVO EM NY APÓS PAYROLL

Os dados divergentes trazidos pelo relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que reforçaram a aposta em um novo corte nos juros dos Estados Unidos neste mês, deram fôlego ao mercado de ações do país e diminuíram as taxas dos Treasuries. O efeito, porém, não se estendeu ao mercado brasileiro, onde o Ibovespa recuava e os juros futuros operavam em alta no final da manhã. A curva de DIs, inclusive, passava a precificar chance superior a 50% de alta de 1 ponto porcentual na Selic na semana que vem. Os dados americanos mostraram criação de emprego e aumento dos salários em novembro, mas também apontaram aumento da taxa de desemprego e uma parcela menor da população na força de trabalho. No Brasil, porém, o tema central do mercado ainda é o andamento das medidas de ajuste fiscal no Congresso. Os deputados estão resistentes em validar as propostas do Executivo para cortar despesas, e os investidores temem risco de diluição do pacote. A desvalorização do petróleo e do minério de ferro agravava o clima negativo entre as ações, e no mercado de câmbio, assim como o receio fiscal, colaborava para o avanço do dólar ante o real. A moeda americana também se apoiava na possibilidade de uma política monetária mais rígida nos Estados Unidos em 2025 e em tensões geopolíticas.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO


MERCADOS INTERNACIONAIS 

O payroll comprovou a resiliência da economia americana ao mostrar criação de empregos acima do esperado nos EUA em novembro. Analistas apontaram que o dado não interfere em um possível corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro, mas a dirigente Michelle Bowman alertou sobre riscos de relaxar a política monetária cedo demais. Assim, as bolsas de Nova York ganharam força, enquanto os juros dos Treasuries firmaram queda em toda a curva. O dólar também foi enfraquecido temporariamente ante rivais fortes, mas o ambiente geopolítico global ainda incerto parece manter a divisa americana em valorização modesta. Na Europa, a promessa de um novo primeiro-ministro na França parece aliviar o prêmio de risco sobre ativos locais, colocando em segundo plano dado pior que o esperado na Alemanha e impulsionando os mercados acionários. Entre commodities, entretanto, o petróleo caía quase 1%. O mercado acompanhava o anúncio do acordo UE-Mercosul, após mais de 20 anos de tratativas e pesar da resistência da França.


A economia dos EUA criou 227 mil empregos em novembro, acima da mediana de 200 mil prevista por 27 analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Já a taxa de desemprego subiu a 4,2% no período, como esperado, enquanto o avanço salarial superou projeções ao avançar 0,37% na taxa mensal e 4,03% na anual. 


Além dos números de novembro, a criação de empregos em setembro e outubro também foi revisada para cima. Contudo, o Cibc avalia que, se somados, os números não apontam uma "tendência que mereça destaque", sinalizando apenas recuperação após os impactos dos furacões e de greves de trabalhadores. Para a Capital Economics, os resultados representam uma estabilização do mercado de trabalho dos EUA em níveis saudáveis, o que torna as leituras de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) e ao produtor (PPI, em inglês) da próxima semana decisivos para a possibilidade de o Fed cortar juros em dezembro. 


Conforme ferramenta de monitoramento do CME Group, a chance de o BC americano cortar juros em 25 pontos-base saltou a 91% após o payroll, mas parte desse avanço era devolvido neste início de tarde (87,1%). Redução de taxa também parece ser o consenso entre analistas, mas o economista sênior do Inter André Valério alerta que os dirigentes devem manter tom cauteloso no comunicado e abrir discussão sobre desaceleração no ritmo de relaxamento monetário no primeiro trimestre de 2025. Diretora do Fed, Michelle Bowman alertou nesta sexta-feira que uma redução excessiva dos juros pode reaquecer a economia e acelerar novamente a inflação no país.


Em Wall Street, as bolsas de Nova York abriram em alta, mas logo passaram a operar sem direção única. Às 12h35, o Dow Jones oscilava próximo à estabilidade (+0,07%). Já o S&P 500 (+0,34%) e o Nasdaq (+0,69%) sustentavam ganhos e renovaram recordes de máxima a 6.099,97 pontos e 19.863,14 pontos. 


Por outro lado, os juros dos Treasuries firmaram queda. O juro da T-note de 2 anos recuava a 4,091%, o da T-note de 10 anos cedia a 4,160% e o do T-bond de 30 anos caía a 4,339%.


O dólar também devolveu ganhos temporariamente, contudo, retomou força diante de tensões geopolíticas globais e depois de pesquisa da Universidade de Michigan mostrar avanço maior que o esperado do sentimento do consumidor em dezembro, a 74. Entre commodities, a força do dólar e o ambiente global incerto pesaram sobre o petróleo. O euro caía a US$ 1,0559, a libra cedia a US$ 1,2704 e o índice DXY tinha alta de 0,26%. O petróleo WTI para janeiro recuava 1,83% e o Brent para fevereiro cedia 1,64%.


O Mercosul e a União Europeia anunciaram hoje, por meio de comunicado conjunto, que fecharam o acordo de livre comércio bilateral entre ambos os blocos econômicos, apesar da resistência da França e de parte do setor agrícola europeu. A Comissão Europeia destacou que a parceria apresenta oportunidades para ganhos mútuos e que os interesses de todos os europeus foram considerados.


Enquanto isso, a crise política na Coreia do Sul persiste, com impasse no partido governista sobre apoiar ou não o impeachment contra o presidente Yoon Seok Yeol ao mesmo tempo em que a oposição pressiona para adiantar o horário de votação em busca de garantir a aprovação da moção. No Oriente Médio, os conflitos na Síria intensificaram nesta manhã e alcançam agora a fronteira com a Jordânia, enquanto a embaixada da Rússia - um dos maiores aliados do governo do presidente sírio Bashar Al-Assad - ordenou a retirada de cidadãos russos do país. Na Europa, o tribunal da Romênia anulou resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, a França segue negociações em busca de um novo primeiro-ministro e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu transportar mísseis intermediários para Belarus. 


Nos mercados acionários europeus, a redução dos prêmios de risco na França, ante expectativa de resolução rápida do impasse político, deram viés positivo para as bolsas ao longo da manhã, colocando em segundo plano a queda inesperada de 1% na produção industrial da Alemanha em outubro ante setembro. Para o Commerzbank, a leitura amplia o risco de contração do PIB alemão no quarto trimestre. Na marcação, a Bolsa de Paris subia 1,36%, a de Milão avançava 0,12% e a de Frankfurt subia 0,18% - depois de renovar recorde de máxima a 20.425,86 pontos. (Laís Adriana - lais.almeida@estadao.com)

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JUROS 

O risco fiscal ofuscou o relatório de emprego dos Estados Unidos e responde pela alta das taxas nesta sexta-feira. O mercado agora teme que o pacote de cortes de gastos seja desidratado no Congresso e coloca mais prêmio na curva. Há pouco, a curva precificava 52% de chance de alta de 100 pontos-base da Selic na próxima semana e 48% para 75 pontos-base, dos atuais 11,25%. A Selic terminal estava mais cedo em 15,24%, de 15,18% ontem, nos cálculos da EPS Investimentos. 


"Hoje não tem payroll, é o fiscal que predomina. Acho que o mercado de alguma forma ficou com a impressão de que o Congresso ia fazer com que o pacote fosse um pouco mais duro e o que está parecendo é o contrário. A urgência passou com voto apertado, há resistência na questão dos supersalários. Acaba sendo difícil pegar militares, o judiciário, porque são grupos que se organizam muito bem para se posicionarem contra", diz Patricia Pereira, gerente executiva de estratégia macroeconômica da Fapes. 


Na opinião da economista, o governo terá que ceder na questão das emendas parlamentares. "Os parlamentares querem dinheiro e o governo quer que o pacote seja aprovado e Dino é pouco para barra", diz Pereira, que cita também a resistência na Câmara à mudança no BPC. 


Parlamentares resistem a mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda e há o impasse envolvendo o pagamento de emendas parlamentares após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).


Por causa do risco fiscal, desde o fechamento da última sexta-feira até o início desta tarde, a curva ganhou forte inclinação, com alta de ao redor de 60 pontos-base nos vértices médios e longos, e de 40 pontos na ponta curta. 


"O (pacote) fiscal já veio meio que desidratado e aquém do que o mercado esperava. Dentro do próprio partido, eles tinham pontos de resistência muito fortes, visto que se vai mexer em algumas despesas conforme, mesmo que são a parte social, e isso já gera resistência. E mais um corte de taxa de juros dos Estados Unidos também já deixa o mercado um pouquinho mais ansioso", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.


Após o payroll, o mercado passou a precificar 90% de chance de um corte de 25 pontos-base dos Fed Funds neste mês, segundo o CME Group. 


O mercado segue revisando para cima as projeções para Selic em 2025, a poucos dias da decisão do Copom, na próxima quarta-feira. O BTG Pactual elevou a Selic terminal em 2025 de 13,25% para 14%, permanecendo estável ao longo de 2025. Já a projeção do Inter para o déficit estrutural é de 1% do PIB em 2025, o equivalente a cerca de R$ 110 bilhões.


O Inter&Co afirma, em relatório divulgado em primeira mão ao Broadcast, que vê um risco fiscal no Brasil, estimando que a relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá de 78,3% ao fim de 2024 para 82,0% no fim de 2025. Já a dívida líquida em relação ao PIB deve subir de 63,4% para 68,0% no mesmo intervalo.


O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta de 1,18% em novembro, após elevação de 1,54% em outubro, superando a mediana das previsões do mercado financeiro colhidas pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 1,06%. Em 12 meses, houve avanço acumulado de 6,62%.


Às 12h25, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subia para 11,828%, de 11,809%, e o para janeiro de 2026 subia para 14,295%, de 14,194% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2027 avançava para 14,525%, de 14,435% no ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2029 subia para 14,225%, de 14,126%. O retorno da T-note de 2 anos subia a 4,162% (de 4,139%), da T-note de 10 anos avançava a 4,180% (de 4,173%).(Luciana Antonello Xavier)


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BOLSA 

O quadro de cautela com o fiscal no Brasil e em relação aos juros americanos leva o Ibovespa às mínimas no final da primeira sessão desta sexta-feira. O principal indicador da B3 já cedeu quase 1.600 - passando da máxima de 127.871,80 pontos (alta de 0,01%) à mínima de 126.211,30 pontos (-1,29%). O recuo ocorre apesar da alta das bolsas americanas.


O avanço em Nova York vem na esteira do payroll de novembro, reforçando que o mercado de trabalho dos EUA segue aquecido, mas sem elevar os temores de muito mais inflação. Assim, coloca dúvidas se o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) seguirá cortando os juros depois deste mês, quando se espera baixa de 0,25 ponto porcentual.


Neste cenário, o Ibovespa tenta defender alta no acumulado da semana. Até as 12h37, subia 0,53%, mas com poucas elevações na carteira, quando só oito avançavam (de 86 papéis). O temor de desidratação das medidas fiscais também reforça o mau humor dos investidores, com o dólar subindo 0,89%, a R$ 6,0626, na máxima intradia, influenciando os juros futuros, a poucos dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Para a decisão da semana que vem, as expectativas majoritárias são de alta de 0,75 ponto porcentual, para 12% ao ano. Mas há quem estime elevação para 12,25%.


A desvalorização das commodities também pesa no Ibovespa, uma dia após a Opep+ adiar para o 2° trimestre do ano que vem os esperados aumentos na produção de petróleo. O óleo cede perto de 1,50%, enquanto o minério de ferro fechou com queda de 0,93% hoje em Dalian. Os investidores aguardam a reunião na semana que vem de membros do Politburo, na China, na tentativa de ver se haverá anuncio de medidas de estimulo ao país.


Nos EUA, houve criação de 227 mil empregos em novembro, acima da mediana de analistas de mercado de 200 mil. A taxa de desemprego dos EUA ficou em 4,2% em novembro, uma alta em relação à do mês anterior, de 4,1%, em linha com o esperado. Ainda houve aumento dos salários.


Para Harrison Gonçalves, CFA e sócio da CMS Invest, a geração de vagas acima da esperada nos Estados Unidos coloca uma incógnita em relação ao ritmo de corte de juros e se inclusive haverá novas reduções pelo Fed. "O mercado de trabalho aquecido coloca mais pressão nos salários e eleva a inflação, que é o que o Fed está tentando combater sem gerar uma recessão", analisa Harrison Gonçalves, CFA e sócio da CMS Invest. 


Segundo Gonçalves, um eventual ritmo de queda mais lento nos EUA ou se nem reduzem mais as taxas é ruim para a Bolsa, pois o diferencial de juros com o Brasil tenderá a seguir pequeno e o fluxo cambial continuará saindo daqui. "É ruim para a Bolsa pois pressiona os juros aqui. E pode-se ter uma perspectiva ainda pior para os ativos dado o que temos visto em todo o contexto de inflação e fiscal no Brasil", diz. 


Já para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os dados do payroll indicam que a economia dos EUA está aquecida, mas é algo que não preocupa, que não tende a intensificar muito a inflação no país. "Tem cenário para cortar juros", diz.


Também para Bruno Takeo, da Potenza Capital, os dados americanos corroboram a expectativa de um corte de 0,25 ponto porcentual no juro dos EUA este mês. "O número de vagas veio bem acima, mas a taxa de desemprego está controlada, e ainda tem de levar em conta toda a volatilidade que teve o dado do mês anterior", analisa.


No Brasil, afirma Laatus, a queda das commodities e o fiscal pesam no Índice Bovespa. "O mercado amenizou um pouco após perceber andamento das medidas, mas há muitas duvidas quanto ao valor em si da economia que será gerada, quanto isso custará e se o pacote será desidratado", acrescenta Laatus.


Para Inácio Alves, analista da Melver, há dias as preocupações internas têm influenciado mais os ativos no Brasil do que as questões externas. Segundo avalia, o andamento dos mercados está muito relacionado a perspectivas, sobretudo em relação ao plano de redução de despesas fiscais. "O mercado não enxerga o pacote como um programa de corte de gastos, mas apenas como uma troca financeira. Espera-se um valor menor do que os R$ 70 bilhões anunciado", analisa.


Há temores de uma desidratação do pacote de corte de gastos. Isso porque parlamentares resistem a mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. "Aqui, segue a expectativa em relação às medidas fiscais. A tramitação na Câmara nesta semana ajudou a aliviar um pouco as preocupações, ao indicar celeridade ao processo. No entanto, há dúvidas se haverá desidratação. Assim, o mercado segue cauteloso", analisa Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.


Em meio ao avanço dos juros ações ligadas ao ciclo econômico se destacam em baixa. CVC ON puxava o grupo das baixas, ao ceder 6,87%, seguida por Carrefour (-5,01%) e Assai (-4,70%). Na contramão MRV subia 2,98%. A construtora anunciou ontem revisão estratégica em sua subsidiária Resia, nos EUA, para simplificar operações e acelerar a desalavancagem do grupo. Outro destaque é B3, com alta de 2,66%. Hoje o Goldman Sachs elevou recomendação das ações da empresa para compra.


Entre as blue chips, Vale cedia 1,21%; Petrobrás perdia entre 1,54% (PN) e 2,00% (ON). No caso dos bancos, Banco do Brasil perdia 3,18% e Itaú Unibanco PN, 1,53%; Bradesco cedia quase 2,00% e Unit de Santander recuava 1,51%. (Maria Regina Silva - Contato: reginam.silva@estadao.com




12:51 


 Índice Bovespa   Pontos   Var. %  

Último 126149.36 -1.3360 

Máxima 127871.80 +0.01 

Mínima 126149.36 -1.34 

Volume (R$ Bilhões) 7.71B 

Volume (US$ Bilhões) 1.28B 

 




12:51 


 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. %  

Último 126400 -1.4809 

Máxima 128055 -0.19 

Mínima 126390 -1.49 

 




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CÂMBIO 

O dólar à vista começa a tarde em alta, rodando em torno de R$ 6,06, em linha com a valorização da divisa lá fora e com temor fiscal aqui. A máxima ficou em R$ 6,0706 (+1,01%) há pouco, maior valor intradia desde quarta-feira (R$ 6,0734). Fortes perdas de petróleo e minério de ferro e a perspectiva de um Federal Reserve mais rígido na política monetária em 2025 justificam a demanda cambial defensiva. Há também receio com o tamanho do pacote de corte de gastos após a tramitação no Congresso. 


Durante a manhã, houve relatos de ingressos de fluxo comercial pressionando a moeda, que caiu até R$ 5,9847 (-0,42%), após os dados do payroll dos EUA de novembro. Pouco acima da mediana e dentro das expectativas do mercado, os números consolidaram as apostas em corte de juros no país em 18 de dezembro. 


O relatório do payroll mostrou que foram criados 227 mil empregos no período, em termos líquidos, pouco acima da mediana das projeções do mercados (200 mil); com taxa de desemprego de 4,2%, acima da mediana esperada(4,1%) e aumento no salário médio por hora na comparação mensal e anual. Logo após o dado, a chance de uma redução de 25 pontos-base neste mês disparou e chegou a registrar mais de 91% de probabilidade. A chance estimada de redução acumulada de 50 pontos-base pelo Fed até maio de 2025 também aumentou, de 41,4% para 44,2%.


O mercado volta a busca proteção no dólar lá fora e aqui o risco fiscal segue como principal fator de incerteza, afirma a economista-chefe e CEO da Buysidebrazil, Andrea Damico. O tempo é curto para a aprovação do pacote neste ano e há temor com uma desidratação das medidas, após a tramitação no Congresso. 


Damico diz que havia expectativa de uma surpresa mais forte no payroll, mas que a leitura perto da esperada no indicador sobre a criação de empregos trouxe tranquilidade aos mercados. Além disso, segundo ela, a média trimestral de geração de emprego mostra desaceleração no mercado de trabalho americano. Os salários vieram mais fortes em novembro, não desaceleraram como o esperado, o que é um elemento desconfortável para o Fed, mas não deve impedir corte nos juros neste mês, aposta.


O analista de mercado da Stonex, Leonel Mattos, diz que o mercado opera sob incertezas com a tramitação do pacote fiscal no Congresso e preocupações com a trajetória da dívida pública em meio à subida dos juros futuros e da Selic. 


A maioria do mercado espera aceleração no ritmo de aperto monetário na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima quarta-feira, com uma alta de 0,75 ponto porcentual na Selic, para 12%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. 


Pesquisa realizada pelo BTG Pactual aponta que, para 78% de instituições do mercado, o Copom irá elevar a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual na próxima semana. Uma alta de 1,0 ponto porcentual no juro é esperada por 15% dos participantes da pesquisa, enquanto 7% dos entrevistados apostam em alta mais modesta, de 0,5 pp. Além disso, o mercado segue revisando para cima as projeções para Selic em 2025. O BTG Pactual elevou a Selic terminal em 2025 de 13,25% para 14%, permanecendo estável ao longo de 2025. 


Em relação ao payroll, Mattos comenta que a leitura de novembro favorece a expectativa de que o Federal Reserve vá cortar os juros na decisão deste mês. Porém, a perspectiva é de maior cautela à frente. "O novo governo de Donald Trump promete tarifas comerciais que são inflacionárias, e o Fed poderá fazer menos cortes de juros, o que deve manter os rendimentos dos Treasuries mais elevados e ajudar à força do dólar ao longo de 2025, comenta.


A assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul é considerado positiva para o País, mas não afetou a precificação da taxa de câmbio. O desfecho desse acordo é ultra relevante, mas a tramitação no congresso do pacote de contenção de gastos e as sinalizações do governo em relação ao fiscal são bem mais relevantes para a precificação dos ativos financeiros, avalia Damico, da Buysidebrazil.


Às 12h26, o dólar à vista subia 0,85%, a R$ 6,0596, e apontando ganho na semana de 0,97%. O dólar futuro para janeiro ganhava 1,11%, a R$ 6,0745, com giro de negócios registrado de cerca de US$ 7,017 bilhões. (Silvana Rocha - silvana.rocha@estadao.com)

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